Questões de Concurso Público CVM 2003 para Analista - Sistemas
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Q2241576
Português
Texto associado
A compensação
Não faz muito, li um artigo sobre as pretensões literárias
de Napoleão Bonaparte. Aparentemente, Napoleão era um
escritor frustrado. Tinha escrito contos e poemas na juventude,
escreveu muito sobre política e estratégia militar, e sonhava em
escrever um grande romance. Acreditava-se, mesmo, que
Napoleão considerava a literatura sua verdadeira vocação, e
que foi sua incapacidade de escrever um grande romance e
conquistar uma reputação literária que o levou a escolher uma
alternativa menor, conquistar o mundo.
Não sei se é verdade, mas fiquei pensando no que isto
significa para os escritores de hoje e daqui. Em primeiro lugar,
claro, leva a pensar na enorme importância que tinha a literatura
nos séculos XVIII e XIX, e não apenas na França, onde,
anos depois de Napoleão Bonaparte, um Victor Hugo
empolgaria multidões e faria história não com batalhas e
canhões, mas com a força da palavra escrita, e não só em
conclamações e panfletos, mas, muitas vezes, na forma de
ficção. Não sei se devemos invejar uma época em que
reputações literárias e reputações guerreiras se equivaliam
desta maneira, e em que até a imaginação tinha tanto poder.
Mas acho que podemos invejar, pelo menos um pouco, o que a
literatura tinha então e parece ter perdido: relevância. Se
Napoleão pensava que podia ser tão relevante escrevendo
romances quanto comandando exércitos, e se um Victor Hugo
podia morrer como um dos homens mais relevantes do seu
tempo sem nunca ter trocado a palavra e a imaginação por
armas, então uma pergunta que nenhum escritor daquele tempo
se fazia é essa que nos fazemos o tempo todo: para que serve
a literatura, de que adianta a palavra impressa, onde está a
nossa relevância? Gostávamos de pensar que era através dos
seus escritores e intelectuais que o mundo se pensava e se
entendia, e a experiência humana era racionalizada. O estado
irracional do mundo neste começo de século é a medida do
fracasso desta missão, ou desta ilusão.
Depois que a literatura deixou de ser uma opção tão
vigorosa e vital para um homem de ação quanto a conquista
militar ou política – ou seja, depois que virou opção para
generais e políticos aposentados, mais compensação pela
perda de poder do que poder, e uma ocupação para, enfim,
meros escritores – ela nunca mais recuperou a sua respeitabilidade, na medida em que qualquer poder, por armas ou por
palavras, é respeitável. Hoje a literatura só participa da política,
do poder e da história como instrumento ou cúmplice. E não
pode nem escolher que tipo de cúmplice quer ser. Todos os que
escrevem no Brasil, principalmente os que têm um espaço na
imprensa para fazer sua pequena literatura ou simplesmente
dar seus palpites, têm esta preocupação. Ou deveriam ter. (...)
(Luiz Fernando Veríssimo, Banquete com os deuses. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2003, pp. 113-14)
O autor demonstra estar convencido de que a atividade
literária
Q2241577
Português
Texto associado
A compensação
Não faz muito, li um artigo sobre as pretensões literárias
de Napoleão Bonaparte. Aparentemente, Napoleão era um
escritor frustrado. Tinha escrito contos e poemas na juventude,
escreveu muito sobre política e estratégia militar, e sonhava em
escrever um grande romance. Acreditava-se, mesmo, que
Napoleão considerava a literatura sua verdadeira vocação, e
que foi sua incapacidade de escrever um grande romance e
conquistar uma reputação literária que o levou a escolher uma
alternativa menor, conquistar o mundo.
Não sei se é verdade, mas fiquei pensando no que isto
significa para os escritores de hoje e daqui. Em primeiro lugar,
claro, leva a pensar na enorme importância que tinha a literatura
nos séculos XVIII e XIX, e não apenas na França, onde,
anos depois de Napoleão Bonaparte, um Victor Hugo
empolgaria multidões e faria história não com batalhas e
canhões, mas com a força da palavra escrita, e não só em
conclamações e panfletos, mas, muitas vezes, na forma de
ficção. Não sei se devemos invejar uma época em que
reputações literárias e reputações guerreiras se equivaliam
desta maneira, e em que até a imaginação tinha tanto poder.
Mas acho que podemos invejar, pelo menos um pouco, o que a
literatura tinha então e parece ter perdido: relevância. Se
Napoleão pensava que podia ser tão relevante escrevendo
romances quanto comandando exércitos, e se um Victor Hugo
podia morrer como um dos homens mais relevantes do seu
tempo sem nunca ter trocado a palavra e a imaginação por
armas, então uma pergunta que nenhum escritor daquele tempo
se fazia é essa que nos fazemos o tempo todo: para que serve
a literatura, de que adianta a palavra impressa, onde está a
nossa relevância? Gostávamos de pensar que era através dos
seus escritores e intelectuais que o mundo se pensava e se
entendia, e a experiência humana era racionalizada. O estado
irracional do mundo neste começo de século é a medida do
fracasso desta missão, ou desta ilusão.
Depois que a literatura deixou de ser uma opção tão
vigorosa e vital para um homem de ação quanto a conquista
militar ou política – ou seja, depois que virou opção para
generais e políticos aposentados, mais compensação pela
perda de poder do que poder, e uma ocupação para, enfim,
meros escritores – ela nunca mais recuperou a sua respeitabilidade, na medida em que qualquer poder, por armas ou por
palavras, é respeitável. Hoje a literatura só participa da política,
do poder e da história como instrumento ou cúmplice. E não
pode nem escolher que tipo de cúmplice quer ser. Todos os que
escrevem no Brasil, principalmente os que têm um espaço na
imprensa para fazer sua pequena literatura ou simplesmente
dar seus palpites, têm esta preocupação. Ou deveriam ter. (...)
(Luiz Fernando Veríssimo, Banquete com os deuses. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2003, pp. 113-14)
Considere as seguintes afirmações:
I. No primeiro parágrafo, o autor insinua, ironicamente, que as façanhas napoleônicas tiveram origem numa compensação que Bonaparte buscou para uma frustração pessoal.
II. No segundo parágrafo, o autor se mostra nostálgico de uma época em que o prestígio de um grande escritor era comparável ao de um estadista ou comandante militar.
III. No terceiro parágrafo, o autor se consola com o fato de que a alta literatura é hoje exercida por grandes homens que, embora na condição de aposentados, reconhecem a ficção como expressão de um poder maior.
Em relação ao texto, está correto somente o que se afirma em
I. No primeiro parágrafo, o autor insinua, ironicamente, que as façanhas napoleônicas tiveram origem numa compensação que Bonaparte buscou para uma frustração pessoal.
II. No segundo parágrafo, o autor se mostra nostálgico de uma época em que o prestígio de um grande escritor era comparável ao de um estadista ou comandante militar.
III. No terceiro parágrafo, o autor se consola com o fato de que a alta literatura é hoje exercida por grandes homens que, embora na condição de aposentados, reconhecem a ficção como expressão de um poder maior.
Em relação ao texto, está correto somente o que se afirma em
Q2241578
Português
Texto associado
A compensação
Não faz muito, li um artigo sobre as pretensões literárias
de Napoleão Bonaparte. Aparentemente, Napoleão era um
escritor frustrado. Tinha escrito contos e poemas na juventude,
escreveu muito sobre política e estratégia militar, e sonhava em
escrever um grande romance. Acreditava-se, mesmo, que
Napoleão considerava a literatura sua verdadeira vocação, e
que foi sua incapacidade de escrever um grande romance e
conquistar uma reputação literária que o levou a escolher uma
alternativa menor, conquistar o mundo.
Não sei se é verdade, mas fiquei pensando no que isto
significa para os escritores de hoje e daqui. Em primeiro lugar,
claro, leva a pensar na enorme importância que tinha a literatura
nos séculos XVIII e XIX, e não apenas na França, onde,
anos depois de Napoleão Bonaparte, um Victor Hugo
empolgaria multidões e faria história não com batalhas e
canhões, mas com a força da palavra escrita, e não só em
conclamações e panfletos, mas, muitas vezes, na forma de
ficção. Não sei se devemos invejar uma época em que
reputações literárias e reputações guerreiras se equivaliam
desta maneira, e em que até a imaginação tinha tanto poder.
Mas acho que podemos invejar, pelo menos um pouco, o que a
literatura tinha então e parece ter perdido: relevância. Se
Napoleão pensava que podia ser tão relevante escrevendo
romances quanto comandando exércitos, e se um Victor Hugo
podia morrer como um dos homens mais relevantes do seu
tempo sem nunca ter trocado a palavra e a imaginação por
armas, então uma pergunta que nenhum escritor daquele tempo
se fazia é essa que nos fazemos o tempo todo: para que serve
a literatura, de que adianta a palavra impressa, onde está a
nossa relevância? Gostávamos de pensar que era através dos
seus escritores e intelectuais que o mundo se pensava e se
entendia, e a experiência humana era racionalizada. O estado
irracional do mundo neste começo de século é a medida do
fracasso desta missão, ou desta ilusão.
Depois que a literatura deixou de ser uma opção tão
vigorosa e vital para um homem de ação quanto a conquista
militar ou política – ou seja, depois que virou opção para
generais e políticos aposentados, mais compensação pela
perda de poder do que poder, e uma ocupação para, enfim,
meros escritores – ela nunca mais recuperou a sua respeitabilidade, na medida em que qualquer poder, por armas ou por
palavras, é respeitável. Hoje a literatura só participa da política,
do poder e da história como instrumento ou cúmplice. E não
pode nem escolher que tipo de cúmplice quer ser. Todos os que
escrevem no Brasil, principalmente os que têm um espaço na
imprensa para fazer sua pequena literatura ou simplesmente
dar seus palpites, têm esta preocupação. Ou deveriam ter. (...)
(Luiz Fernando Veríssimo, Banquete com os deuses. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2003, pp. 113-14)
Ao comparar os casos do imperador Napoleão Bonaparte
e do escritor Victor Hugo, o autor argumenta em favor da
tese de que, naquele tempo,
Q2241584
Português
Texto associado
O que é a CVM?
A CVM – Comissão de Valores Mobiliários – é uma
entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério
da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios,
dotada de autoridade administrativa independente, ausência de
subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus
dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária. (Redação
dada pela Lei no. 10.411, de 26 de fevereiro de 2002)
A CVM surgiu com vistas ao desenvolvimento de uma
economia fundamentada na livre iniciativa, tendo por princípio
básico defender os interesses do investidor, especialmente o
acionista minoritário, e o mercado de valores mobiliários em
geral, entendido como aquele em que são negociados títulos
emitidos pelas empresas para captar, junto ao público, recursos
destinados ao financiamento de suas atividades.
Ao eleger como objetivo básico defender os investidores,
especialmente os acionistas minoritários, a CVM oferece ao
mercado as condições de segurança e desenvolvimento
capazes de consolidá-lo como instrumento dinâmico e eficaz na
formação de poupanças, de capitalização das empresas e de
dispersão de renda e da propriedade, através da participação
do público de uma forma crescente e democrática,
assegurando o acesso do público às informações sobre valores
mobiliários negociados e sobre quem os tenha emitido.
(Texto institucional)
Na ordem em que se apresentam, os três parágrafos do
texto constituem, basicamente,
Q2241587
Português
Texto associado
O que é a CVM?
A CVM – Comissão de Valores Mobiliários – é uma
entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério
da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios,
dotada de autoridade administrativa independente, ausência de
subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus
dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária. (Redação
dada pela Lei no. 10.411, de 26 de fevereiro de 2002)
A CVM surgiu com vistas ao desenvolvimento de uma
economia fundamentada na livre iniciativa, tendo por princípio
básico defender os interesses do investidor, especialmente o
acionista minoritário, e o mercado de valores mobiliários em
geral, entendido como aquele em que são negociados títulos
emitidos pelas empresas para captar, junto ao público, recursos
destinados ao financiamento de suas atividades.
Ao eleger como objetivo básico defender os investidores,
especialmente os acionistas minoritários, a CVM oferece ao
mercado as condições de segurança e desenvolvimento
capazes de consolidá-lo como instrumento dinâmico e eficaz na
formação de poupanças, de capitalização das empresas e de
dispersão de renda e da propriedade, através da participação
do público de uma forma crescente e democrática,
assegurando o acesso do público às informações sobre valores
mobiliários negociados e sobre quem os tenha emitido.
(Texto institucional)
Está correta a grafia de todas as palavras da frase: