Questões de Português - Pronomes relativos para Concurso
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Q2198776
Português
Texto associado
O texto “Gauchês, mineirês, carioquês, cearês e outras maravilhas
nacionais” a seguir refere-se à questão.
Gauchês, mineirês, carioquês, cearês e outras maravilhas nacionais
Ana Elisa Ribeiro
Outro dia me disseram que eu falo diferente. É que eu estava entre
gaúchos e paulistas, então fiquei sendo a diferentona da rodada. Mas
aos meus ouvidos, eles pareciam todos diferentes em seus falares. É
que tudo depende do referencial, não é isso? Não matei essa aula de
Física.
Sempre amei sotaques. Qualquer um e todos. Sempre me intrigou a
valoração social que damos a eles, assim sem pensar. É um sentir, um
repetir, uma questão social e econômica ali misturada, produzindo
às vezes um preconceito, às vezes um deslumbramento meio bobo.
Ficava pau da vida quando um colega ou uma amiga passavam duas
semanas de férias no Rio de Janeiro e voltavam falando carioquês
advanced. “Precisa disso?”, pensava eu irritadinha. E às vezes falavam
e explicavam: ah, é que tenho facilidade de pegar sotaque. Hum, sei.
Lembro-me bem da rodinha de discussões de amigos: o sotaque mais
bonito é o gaúcho. E depois aqueles clichês engraçados: o português
mais perfeito é o de São Luís. Aí alguém corrigia: não, é o de Belém do
Pará. Ah, meus sais. O mineiro é o que não é: engolindo as metades
das palavras. Um amigo paulista, recentemente, contou da história do
gringo que lhe fez a pergunta do século: o que é isso que vocês dizem
quando querem passar? Nem sei reproduzir aqui a dúvida do fulano. É
que a gente aprende desde cedo, na escolinha, a pedir “licença”, não é
mesmo? Mas, na real, o que a gente diz uns aos outros, bem sussurrado
e surrado, é um “ss ss” ou no máximo um “cenççç”, que nada tem a
ver com as aulinhas de português que o gringo teve na vida, lá no país dele. Como faz? Vai passando assim, meio empurradinho, e dizendo
“cenççç”.
Sotaque é lindo. Poeticamente, fico pensando em como é bonito trazer
sua terra no seu falar. Não pode haver coisa mais visceral, pode? Abro
a boca e em segundos, juro, alguém manda esta: cê é mineira, né?
Nem tento negar. Melhor: nem quero. Oh, Minas Gerais. Comendo
sílabas, engolindo os pronomes reflexivos, emendando palavras umas
nas outras, fazendo cordões de lexemas, anulando consoantes. Até a
piadinha do cara falando com o mineiro me faz rir:
—- Diz que mineiro só fala vogal, né?
—- Uai, é? ó!
Eu de cá, reconheço paulistano de longe, carioca a quilômetros,
gaúcho até debaixo d'água e baiano até fingindo de morto. O sotaque
do interior de São Paulo se parece com o do interior de Minas, então
pode ser que eu confunda um pouco. Mas, fico ali naquela área entre o
norte de São Paulo, o sul e o triângulo mineiros e Goiás. Tenho grandes
chances de acertar. Como Minas são muitas, é preciso considerar as
fatias de variados sotaques, na parecença com baianos, paulistas
interioranos, cariocas forçados e o tipiquíssimo sotaque da região
metropolitana da capital, Belzonte. Bom, isso é lenda, falamos mesmo
é Beagá.
O Nordeste é que sofre com a ignorância do resto do país. Até eu, que
não sou de nenhum de seus maravilhosos estados, me arrepio quando
ouço aquela do “sotaque nordestino”. Coisa de quem nunca andou
por aquelas bandas imensas. Geralmente, o Sicrano que diz isso quer
se referir ao sotaque da Bahia (que também não é único nem uno). Não
sei assim certinho discernir, mas bem que identifico um pernambucano,
uma paraibana, um cearense, em suas pujanças vocálicas, em seus usos
do imperativo (coisa que a um mineiro parece o fim do mundo!) e em
sua majestosa pronúncia consonantal. Na segunda sílaba de “bom dia”
uma plateia inteira de paraibanos e paraibanas já sabe que venho de
longe, geralmente das plagas de baixo. Meu “d” africado (djia) soa
bem diferente lá, onde eles dizem “d” como “d” mesmo. Foi minha
tristeza em duas gravações diferentes de uma canção pelo músico
Lenine, recifense de nascença. Na primeira ele cantava “no toque da platinela” com esse “t” todo “t”; na segunda, anos depois, ele cantou
“platchinela”, como nós aqui falamos. Entristeci, embora a canção
tivesse continuado bonita.
Então, sotaque não é coisa simples. Sotaque é pronúncia, é melodia,
é ginga, é palavra menos e mais usada, é como dizer nos mínimos
detalhes, é cantando, é modo verbal, é como soa cada vogal ou
consoante, é um jeito, é uma origem, é como aprendemos a falar com
as nossas mães, em nossos lugares de convivência. Depois pode ser
que mude, se misture, se altere, se alterne. Pode ser que até suma, seja
substituído por outro. Sotaque é aquilo que volta quando a gente faz
uma visitinha. É aquilo que a gente evita quando tem trauma. Conheço
gente que mora fora do local natal faz tempo e tem um sotaque
misturado. A Renata e o Nathan, por exemplo, que são cearenses, já
misturam um pouco das bolas. Em Minas, são logo reconhecidos como
estrangeiros; mas quando voltam a Fortaleza, são logo acusados de se
terem “amineirado”. Nem cá, nem lá, todos, tudo. Um emaranhado no
outro. Sotaque é o chão na voz, o gesto no jeito. Sotaque, estrangeiro
ou dentro do Brasil, é lindo. Se não for, pode saber que é valoração de
outra ordem.
Fonte: RIBEIRO, Ana Elisa. Nossa Língua e outras encrencas. Crônicas. V1. Editora Parábola. 2023.
Considerando as escolhas lexicais e as estruturas oracionais presentes
no texto, avalie as afirmativas a seguir.
I- Os trechos “a diferentona da rodada” e “Ficava pau da vida.” demonstram o uso de expressões informais.
II- No trecho “Meu 'd' africado (djia) soa bem diferente lá, onde eles dizem 'd' como 'd' mesmo.”, o pronome relativo “onde” é usado para retomar um lugar físico.
III- No trecho “É que eu estava entre gaúchos e paulistas, então fiquei sendo a diferentona da rodada.”, o “que”, em sua forma coloquial, é empregado com valor de explicação e pode ser substituído por “porque”.
IV- No trecho “A Renata e o Nathan, por exemplo, que são cearenses, já misturam um pouco das bolas.”, o termo “por exemplo” exerce a função adverbial.
As afirmativas corretas são
I- Os trechos “a diferentona da rodada” e “Ficava pau da vida.” demonstram o uso de expressões informais.
II- No trecho “Meu 'd' africado (djia) soa bem diferente lá, onde eles dizem 'd' como 'd' mesmo.”, o pronome relativo “onde” é usado para retomar um lugar físico.
III- No trecho “É que eu estava entre gaúchos e paulistas, então fiquei sendo a diferentona da rodada.”, o “que”, em sua forma coloquial, é empregado com valor de explicação e pode ser substituído por “porque”.
IV- No trecho “A Renata e o Nathan, por exemplo, que são cearenses, já misturam um pouco das bolas.”, o termo “por exemplo” exerce a função adverbial.
As afirmativas corretas são
Ano: 2023
Banca:
UFMA
Órgão:
UFMA
Provas:
UFMA - 2023 - UFMA - Assistente em Administração
|
UFMA - 2023 - UFMA - Técnico de Laboratório - Área: Biotério |
UFMA - 2023 - UFMA - Técnico de Laboratório - Área: Alimentos |
UFMA - 2023 - UFMA - Técnico de Laboratório - Área: Histologia |
UFMA - 2023 - UFMA - Técnico de Laboratório - Área: Anatomia |
UFMA - 2023 - UFMA - Técnico de Laboratório - Área: Análises Clínicas |
Q2195833
Português
Assinale a alternativa na qual a palavra "que" exerce
a função de pronome relativo.
Ano: 2023
Banca:
Quadrix
Órgão:
CRB 9ª Região
Prova:
Quadrix - 2023 - CRB 9ª Região - Agente de Orientação e Fiscalização |
Q2188829
Português
A partir da leitura do texto e considerando seus aspectos formais e de conteúdo, julgue o item abaixo.
Na linha 3, a expressão “a que” poderia ser substituída por à qual, por referir-se ao termo “ideia central”, sem que isso acarretasse prejuízo à correção gramatical e ao sentido original do texto.
Na linha 3, a expressão “a que” poderia ser substituída por à qual, por referir-se ao termo “ideia central”, sem que isso acarretasse prejuízo à correção gramatical e ao sentido original do texto.
Ano: 2023
Banca:
UPENET/IAUPE
Órgão:
Prefeitura de Abreu e Lima - PE
Prova:
UPENET/IAUPE - 2023 - Prefeitura de Abreu e Lima - PE - Professor do Ensino Fundamental Anos Iniciais |
Q2185520
Português
Texto associado
Texto 3 para a questão:
Verdades da Profissão de Professor
Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores
para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho
de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar
de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e
continua apaixonada pelo seu trabalho.
Disponível em: https://www.pensador.com/texto_sobre_educacao_de_paulo_freire. Acesso em 27 de março de 2023
Assinale a alternativa em que o(s) termo(s) destacado(s) em maiúscula está(ão) INCORRETAMENTE classificado(s)
entre parênteses.
Ano: 2023
Banca:
VUNESP
Órgão:
Prefeitura de Palmas - TO
Prova:
VUNESP - 2023 - Prefeitura de Palmas - TO - Guarda Metropolitano |
Q2182248
Português
Texto associado
A rota dos falsários
O primeiro derrame de dinheiro falso no Brasil, em grande
escala, teve como ponto central de distribuição o Rio Grande
do Sul. Isso aconteceu em meados do século XIX. No dia 10
de agosto de 1843, o Ministro da Fazenda Joaquim Francisco
Viana determinou, em ofício reservado, ao presidente do Rio
Grande do Sul, Barão de Caxias, que estabelecesse séria
vigilância sobre as cargas e os passageiros dos navios procedentes de Portugal.
Segundo informações seguras, lá estavam fabricando
dinheiro falso brasileiro em volumes assustadores. E esse
dinheiro estava sendo trazido para o Brasil pelos navios que
atracavam no porto de Rio Grande, evitando assim os rigores da alfândega do Rio de Janeiro.
Diante da delicada situação, as autoridades rio-grandenses trataram de montar um rigoroso esquema de vigilância.
Apesar dos esforços e da dedicação dos agentes fiscais,
nada se descobria nas cargas nem nos passageiros. Por
ordem oficial, os volumes eram abertos a bordo dos navios,
antes mesmo de serem descarregados. E os passageiros,
por sua vez, eram também revistados a bordo, minuciosamente.
Enquanto isso, o dinheiro falso continuava chegando ao
Rio Grande do Sul e daí se espalhando para o resto do Brasil.
Até então os fiscais concentravam as revistas somente nas
cargas sólidas, mas quando resolveram revistar também as
cargas líquidas tiveram uma tremenda surpresa. O dinheiro
falso estava chegando ao porto de Rio Grande dentro de
barris de vinho, acondicionado em latas vedadas com resina
e bem fixadas no fundo dos barris, para evitar que fossem
percebidas quando os barris eram sacudidos.
Apesar de ter sido descoberta a trapaça, os nomes dos
trapaceiros foram mantidos em sigilo, possivelmente para
preservar a imagem de alguns figurões da época. Aliás, um
procedimento ainda em voga nos dias de hoje.
(Eloy Terra, 550 anos: crônicas pitorescas da história do Brasil. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o enunciado está reescrito,
nos colchetes, empregando pronomes para substituir o
trecho destacado, de acordo com a norma-padrão.