Questões de Português - Pronomes Indefinidos para Concurso
Foram encontradas 372 questões
Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Câmara de São Joaquim da Barra - SP
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - Câmara de São Joaquim da Barra - SP - Oficial Legislativo |
Q2266558
Português
Texto associado
Analfabetismo
Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas
nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havendo outro, não o escolhem.
São sinceros, francos, ingênuos. As letras fizeram-se para frases: o algarismo não tem frases, nem retórica.
Assim, por exemplo, um homem, o leitor ou eu, querendo falar do nosso país dirá:
— Quando uma Constituição livre pôs nas mãos de um
povo o seu destino, força é que este povo caminhe para o futuro com as bandeiras do progresso desfraldadas. A soberania
nacional reside nas Câmaras; as Câmaras são a representação
nacional. A opinião pública deste país é o magistrado último,
o supremo tribunal dos homens e das coisas. Peço à nação
que decida entre mim e o Sr. Fidélis Teles de Meireles Queles;
ela possui nas mãos o direito a todos superior a todos os direitos.
A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade:
— A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não leem letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância. Não saber ler
é ignorar o Sr. Meireles Queles: é não saber o que ele vale, o
que ele pensa, o que ele quer; nem se realmente pode querer
ou pensar. 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber por que nem o quê. Votam como vão à festa
da Penha, — por divertimento. A Constituição é para eles uma
coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para tudo:
uma revolução ou um golpe de Estado.
Replico eu:
— Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituições…
— As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos. Proponho uma reforma no estilo político. Não se deve
dizer: “consultar a nação, representantes da nação, os poderes da nação”; mas — “consultar os 30%, representantes dos
30%, poderes dos 30%”. A opinião pública é uma metáfora
sem base: há só a opinião dos 30%. Um deputado que disser
na Câmara: “Sr. Presidente, falo deste modo porque os 30%
nos ouvem…” dirá uma coisa extremamente sensata.
E eu não sei que se possa dizer ao algarismo, se ele falar
desse modo, porque nós não temos base segura para os nossos discursos, e ele tem o recenseamento.
(ASSIS, Machado. Analfabetismo. In: Crônicas Escolhidas. São Paulo:
Editora Ática S.A, 1994.)
De acordo com a natureza e função gramatical das palavras
destacadas no enunciado, pode-se afirmar que pertencem a
uma mesma classe os termos destacados a seguir, EXCETO:
Ano: 2022
Banca:
INSTITUTO MAIS
Órgão:
Câmara de Santos - SP
Prova:
INSTITUTO MAIS - 2022 - Câmara de Santos - SP - Assistente Legislativo |
Q2258857
Português
Texto associado
Leia o texto abaixo para responder à questão.
Todo mundo na cidade andava animado com a presença
deles, dizia-se que eram mineralogistas e que tinham vindo fazer
estudos para montar uma fábrica e dar trabalho para muita gente,
houve até quem fizesse planos para o dinheiro que iria ganhar na
fábrica; mas o tempo passava e nada de fábrica, eram só aqueles
passeios todos os dias pelos campos, pelos morros, pela beira
do rio. Que queriam eles, que faziam afinal?
Encontrando-os um dia debruçados na grade da ponte,
apontando qualquer coisa na pedreira lá embaixo, meu pai
cumprimentou-os e puxou conversa; eles olharam-no
desconfiados, viraram as costas e foram embora. Meu pai achou
que talvez eles não entendessem a língua, mas depois vimos que
a explicação não servia: quando encontraram o preto Demoste
de volta do pasto com a mula do padre eles conversaram com
ele e perguntaram se a lobeira era fruta de comer. E como
poderiam viver na pensão se não conhecessem um pouco da
língua? Por menos que falassem, tinham que falar alguma coisa.
O que me preocupou desde o início foi eles nunca rirem.
Entravam e saíam da pensão de cara amarrada, e o máximo que
concediam a dona Elisa, só a ela, era um cumprimento mudo,
batendo a cabeça como lagartixa. Aprendi com minha vó que
gente que ri demais, e gente que nunca ri, dos primeiros queira
paz, dos segundos desconfie; assim, eu tinha uma boa razão
para ficar desconfiado.
(José J. Veiga. Cavalinhos de platiplanto).
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa,
assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, a
análise correta da palavra destacada em cada frase.
Ano: 2004
Banca:
CESPE / CEBRASPE
Órgão:
Polícia Federal
Prova:
CESPE / CEBRASPE - 2004 - Polícia Federal - Técnico em Assuntos Culturais |
Q2249424
Português
Julgue o item que se segue, a respeito do texto acima.
Na linha 4, a opção pelo emprego do pronome “tudo”, em lugar de todos ou todas e pelo emprego coloquial da forma verbal “virou” reforça no texto a idéia — não partilhada pelo autor — de pouco respeito à multiculturalidade dos indígenas e dos brasileiros.
Na linha 4, a opção pelo emprego do pronome “tudo”, em lugar de todos ou todas e pelo emprego coloquial da forma verbal “virou” reforça no texto a idéia — não partilhada pelo autor — de pouco respeito à multiculturalidade dos indígenas e dos brasileiros.
Ano: 2023
Banca:
Avança SP
Órgão:
Prefeitura de Araçariguama - SP
Provas:
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Desenhista
|
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Fiscal Sanitário |
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Técnico em Contabilidade |
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Técnico em Preservação Ambiental |
Q2237775
Português
Texto associado
Uma galinha
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã. Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio. Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E, por mais ínfima que fosse a presa, o grito de conquista havia soado. Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre. Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que, morrendo uma, surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma. Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem! Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha.
O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
— Se você mandar matar esta galinha, nunca mais comerei galinha na minha vida!
— Eu também! jurou a menina com ardor.
A mãe, cansada, deu de ombros.
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto. Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado. Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos. Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.
Clarice Lispector
Considere o excerto "É verdade que não se poderia contar com ela para nada." Em relação à classe gramatical, as palavras "que", "não", "com" e "nada" são, respectivamente:
Ano: 2023
Banca:
Avança SP
Órgão:
Prefeitura de Araçariguama - SP
Provas:
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Bibliotecário
|
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Engenheiro Agrônomo |
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Engenheiro Sanitarista |
Avança SP - 2023 - Prefeitura de Araçariguama - SP - Psicólogo |
Q2236970
Português
Texto associado
Uma galinha
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque
não passava de nove horas da manhã. Parecia
calma. Desde sábado encolhera-se num canto da
cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém
olhava para ela. Mesmo quando a escolheram,
apalpando sua intimidade com indiferença, não
souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se
adivinharia nela um anseio. Foi pois uma
surpresa quando a viram abrir as asas de curto
vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances,
alcançar a murada do terraço. Um instante ainda
vacilou - o tempo da cozinheira dar um grito - e em breve estava no terraço do vizinho, de onde,
em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado.
Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora
num, ora noutro pé. A família foi chamada com
urgência e consternada viu o almoço junto de
uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da
dupla necessidade de fazer esporadicamente
algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um
calção de banho e resolveu seguir o itinerário da
galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado
onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com
urgência outro rumo. A perseguição tornou-se
mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido
mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma
luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que
decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem
nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era
um caçador adormecido. E, por mais ínfima que
fosse a presa, o grito de conquista havia soado.
Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria,
arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga,
pairava ofegante num beiral de telhado e
enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade
tinha tempo de se refazer por um momento. E
então parecia tão livre. Estápida, tímida e livre.
Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que
é que havia nas suas vísceras que fazia dela um
ser? A galinha é um ser. É verdade que não se
poderia contar com ela para nada. Nem ela
prÛpria contava consigo, como o galo crê na sua
crista. Sua única vantagem é que havia tantas
galinhas que, morrendo uma, surgiria no mesmo
instante outra tão igual como se fora a mesma.
Afinal, numa das vezes em que parou para gozar
sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em
triunfo por uma asa através das telhas e pousada
no chão da cozinha com certa violência. Ainda
tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos
e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura
afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida,
exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo
depois, nascida que fora para a maternidade,
parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se
sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando
e desabotoando os olhos. Seu coração, tão
pequeno num prato, solevava e abaixava as
penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca
passaria de um ovo. Só a menina estava perto e
assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu
desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se
do chão e saiu aos gritos:
- Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela
pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam
mudos a jovem parturiente. Esquentando seu
filho, esta não era nem suave nem arisca, nem
alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha.
O que não sugeria nenhum sentimento especial.
O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo,
sem propriamente um pensamento qualquer.
Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha.
O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
- Se você mandar matar esta galinha, nunca
mais comerei galinha na minha vida!
- Eu também! jurou a menina com ardor.
A mãe, cansada, deu de ombros.
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto. Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga - e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado. Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar.
Nesses momentos enchia os pulmões com o ar
impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas
cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais
contente. Embora nem nesses instantes a
expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na
fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando
milho - era uma cabeça de galinha, a mesma
que fora desenhada no começo dos séculos. Até
que um dia mataram-na, comeram-na e
passaram-se anos.
Clarice Lispector
Considere o excerto "É verdade que não se poderia contar com ela para nada." Em relação à classe gramatical, as palavras "que", "não", "com" e "nada" são, respectivamente: