Questões de Concurso
Sobre orações subordinadas substantivas: subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas... em português
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Adaptado de: <http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2017/10/et-caicara-suposto-ovni-deixa-marcas-no-litoral-de-saopaulo.html>. Acesso em 23 out. 2017.


Nos sete primeiros assaltos, Raul foi duramente castigado. Não era de espantar: estava inteiramente fora de forma. Meses de indolência e até de devassidão tinham produzido seus efeitos. O combativo boxeador de outrora, o homem que, para muitos, fora estrela do pugilismo mundial, estava reduzido a um verdadeiro trapo. O público não tinha a menor complacência com ele: sucediam-se as vaias e os palavrões.
De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depois de ter recebido um cruzado devastador, Raul ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha Dóris, filha do falecido Alberto. A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas. Um olhar que trespassou Raul como uma punhalada. Algo rompeu-se dentro dele. Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do ringue. De um salto, pôs-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o público não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que uma verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de uma saraivada de golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz procedeu à contagem regulamentar e proclamou Raul o vencedor.
Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história. Este que conta a história era o adversário. Este que conta a história era o que estava caído. Este que conta a história era o derrotado. Ai, Deus.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)
Considere o trecho abaixo para responder à questão.
“Mas quando os fãs perceberam que uma verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo.” (2º§)
As duas conjunções destacadas no fragmento introduzem, respectivamente, as seguintes orações:
Quantas vezes o cérebro precisa ser exposto a uma palavra para aprendê-la?
Em um estudo conduzido em 1965, os especialistas em educação e psicologia David Ausubel e Mohamed Youssef foram categóricos em dizer que um estudante precisaria ser exposto a uma palavra 17 vezes antes de aprendê-la e passar a usá-la.
Outras pesquisas apontam para uma média que varia entre 15 e 20 vezes.
Mas Catherine Snow, professora de educação na prestigiada Universidade Harvard, nos EUA, pondera que existem diferentes condições de aprendizado e, às vezes, basta ouvir a palavra uma única vez para aprendê-la.
“Você pode apontar para algo e dizer a palavra. Com isso, as crianças podem aprender, se lembrar dela e passar a usá-la a partir desse momento. Mas há muitas palavras cujo significado não dá para personificar em um objeto ou imagem”, observa a especialista.
Snow diz ainda que há muitos aspectos sobre as palavras para se aprender. “Não apenas as pronúncias ou o que significam, mas também o contexto adequado para usá-las.”
Assim, explica a professora, algumas exigem mais repetições que outras. Ela afirma que a estimativa de 15 a 20 vezes serve como uma média entre o aprendizado de palavras mais fáceis e mais difíceis – ou seja, aquelas com significado simples e as mais complexas.
Aprender idioma estrangeiro
No caso do aprendizado de uma segunda língua, avalia Catherine Snow, espera-se que os estudantes aprendam uma média de 200 palavras por semana. “Mas não podemos assegurar que eles vão se lembrar dessas palavras”, salienta.
A estratégia usada por muitos professores é ensinar essas 200 palavras e garantir que os alunos estejam expostos a elas cinco vezes em um dia, quatro no próximo e três vezes nos dois seguintes.
“E uma ou duas vezes na semana seguinte. Dessa forma, são muitas as possibilidades de que o aluno escute ou leia essas palavras. Assim, é possível assegurar a consolidação da memória”, observa a especialista, referindo-se ao processo de transformação das lembranças de curto prazo em longo prazo.
Aprendizado varia com idade?
A professora de Harvard diz que o ensino de idiomas estrangeiros é uma das poucas formas que permite medir a frequência que uma palavra é exposta. “Com crianças pequenas, não sabemos com que frequência usamos uma palavra antes que tenham aprendido”, justifica.
Para ela, a partir dos 15 anos estudantes são mais eficientes em aprender. Já podem fazer isso sozinhos e usar referências bibliográficas para reforçar os conhecimentos. “Então, creio que os mais jovens provavelmente precisam de mais exposição.”
Questionada sobre qual a quantidade de vezes que um cérebro precisa estar exposto para aprender um idioma, Snow admite que, apesar de possível, são poucas as chances de se aprender uma palavra já na primeira exposição.
“Também é mais difícil ensinar palavras sem as relacionar entre si”, observa.
Estratégia para aprender mais rápido
Snow explica qual a estratégia que usa com seus alunos.
Primeiro, ela mostra uma foto relacionada a um tema que interesse os estudantes e os faz a pensar sobre as palavras das quais realmente precisam para falar sobre esse tópico.
Em seguida, ela apresenta leituras e cria oportunidades que eles escrevam as palavras relacionadas ao tema. Assim, diz a professora, elas vão se repetir muitas vezes.
Snow assinala ser muito importante praticar a forma oral e escrita das palavras, pois isso ajuda a formar a chamada representação léxica de alta qualidade, que inclui ortografia, semântica e fonética detalhada.
“Há palavras que conhecemos, apesar de não termos certeza de como as soletramos ou são pronunciadas. Ainda assim, podemos entendê-las quando as lemos. Essas palavras são frágeis no nosso vocabulário”, observa a professora. A solução, diz ela, é fazer com que os alunos entendam como usá-las – assim fica mais fácil de elas serem lembradas.
(Analía Llorente – Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/geral-42139658.)
Sabemos que não funciona assim. (l. 14-15)
A oração sublinhada acima complementa o verbo “saber” e, por isso, é classificada como uma oração subordinada substantiva do seguinte tipo:
Texto 2
11 de setembro de 1991
Querido amigo,
Eu não tenho muito tempo porque meu professor de inglês avançado me deu um livro para ler e gosto de ler os livros duas vezes. Por acaso, o livro é O sol nasce para todos (To kill a mockingbird). Se você ainda não leu, acho que deve, porque é muito interessante. O professor me disse para ler alguns capítulos de cada vez, mas eu não gosto de ler os livros dessa forma. Leio logo metade dele na primeira vez.
Mas eu estou escrevendo porque vi meu irmão na televisão. Normalmente não gosto muito de esportes, mas essa foi uma ocasião especial. Minha mãe começou a chorar, e meu pai colocou o braço em seu ombro, e minha irmã sorriu, o que é engraçado, porque meu irmão e minha irmã sempre brigam quando ele está por aqui.
Mas meu irmão mais velho estava na televisão, e até agora foi a melhor coisa que aconteceu em minhas duas semanas de escola. Sinto muita falta dele, o que é estranho, porque nós nunca conversamos muito quando ele está aqui. Nós não conversamos nunca, para ser sincero.
Eu diria a você em que posição ele joga, mas, como eu já lhe disse, gostaria de ser anônimo para você. Espero que você entenda.
Com amor,
Charlie
Stephen Chbosky. As vantagens de ser invisível.
A Trump o que é de César.
Há algumas semanas, um sujeito muito parecido com Donald Trump levou 33 punhaladas no meio do Central Park, em Nova York. O sangue era cênico e os punhais eram falsos, mas o furor causado pela encenação nada teve de figurativo. Entre 23 de maio e 18 de junho, milhares de pessoas enfrentaram filas para assistir ao assassinato, enquanto outras tantas campeavam a internet denunciando a peça como apologia do terror politico. Nada mau, repare-se, para um texto que anda entre nós há mais de 400 anos: o espetáculo em questão é uma montagem de Júlio César, peça escrita por William Shakespeare em 1599. Nessa adaptação, dirigida por Oskar Eustin, o personagem-título tinha uma cabeleireira desbotada e usava terno azul, com gravata vermelha mais comprida que o aconselhável; sua esposa, Calpúrnia, falava com reconhecível sotaque eslavo. Um sósia presidencial encharcado de sangue é visão que não poderia passar incólume em um país que já teve quatro presidentes assassinados: após as primeiras sessões, patrocinadores cancelaram seu apoio, fãs do presidente interromperam a peça aos gritos, e e-mails de ódio choveram sobre companhias teatrais que nada tinham a ver com o assunto - exceto pelo fato de carregarem a palavra "Shakespeare” no nome.
Trocar togas por ternos não é ideia nova. Orson Welles fez isso em 1973, no Mercury Theater de Nova York; nessa célebre montagem, o ditador romano ganhou ares de Mussolini e foi esfaqueado pelo próprio Welles, que interpretava Brutus. Nas décadas seguintes, outras figuras modernas emprestaram trajes e trejeitos ao personagem: entre elas, Charles de Gaulle, Fidel Castro e Nicolae Ceausescu. Atualizações como essas expandem, mas não esgotam, o texto de Shakespeare - é muito difícil determinar, pela leitura da peça, se a intenção do bardo era louvar, condenar ou apenas retratar, com imparcialidade, os feitos sanguinolentos dos Idos de Março. Por conta dessa neutralidade filosófica, a tarefa de identificar o protagonista da peça é famosamente complicada: há quem prefira Brutus; há que escolha Marco Antônio ou até o velho Júlio.
O texto, como bom texto, não corrobora nem refuta: ele nos observa. Tragédias não são panfletos, e obras que se exaurem em mensagens inequívocas dificilmente continuarão a causar deleite e fúria quatro séculos após terem sido escritas. Em certo sentido, a boa literatura é uma combinação bem-sucedida de exatidão e ambiguidade: se os versos de Shakespeare ainda causam tamanho alvoroço, é porque desencadeiam interpretações inesgotáveis e, às vezes, contraditórias, compelindo o sucessivo universo humano a se espelhar em suas linhas. Ao adaptar a grande literatura do passado ao nosso tempo, também nós nos adaptamos a ela: procuramos formas de comunicar o misterioso entusiasmo que essas obras nos causam e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas.
Não, Shakespeare não precisa ter terno e gravata para ser atual - mas se o figurino cai bem, por que não vesti-lo?
(Fonte: BOTELHO, José Francisco. Revista VEJA. Data: 18 de julho de 2017)
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