Questões de Português - Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo para Concurso

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Q1952488 Português

Leia o texto a seguir e responda a questão.



      [...] Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste. 


      E, falando assim, compreendo que perco o tempo. Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a escrever.


      Quando os grilos cantam, sento-me aqui à mesa da sala de jantar, bebo café, acendo o cachimbo. Às vezes as ideias não vêm, ou vêm muito numerosas e a folha permanece meio escrita, como estava na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam. Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel. 


      Emoções indefiníveis me agitam inquietação terrível, desejo doido de voltar, tagarelar novamente com Madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade? Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no coração.


      Procuro recordar o que dizíamos. Impossível. As minhas palavras eram apenas palavras, reprodução imperfeita de fatos exteriores, e os dela tinham alguma coisa que não consigo exprimir. Para senti-las melhor, eu apagava as luzes, deixava que a sombra nos envolvesse até ficarmos dois vultos indistintos na escuridão.


     Lá fora os sapos arengavam, o vento gemia, as árvores do pomar tornavam-se massas negras.


      - Casimiro!


      Casimiro Lopes estava no jardim, acocorado ao pé da janela, vigiando.


      - Casimiro!


      A figura de Casimiro Lopes aparece à janela, os sapos gritam, o vento sacode as árvores, apenas visíveis na treva. Maria das Dores entra e vai abrir o comutador. Detenho-a: não quero luz.


      O tique-taque do relógio diminui, os grilos começam a cantar. E Madalena surge no lado de lá da mesa. Digo baixinho:


      - Madalena! A voz dela me chega aos ouvidos. Não, não é aos ouvidos. Também já não a vejo com os olhos.


     Estou encostado à mesa, as mãos cruzadas. Os objetos fundiram-se, e não enxergo sequer a toalha branca. 


      - Madalena... 


      A voz de Madalena continua a acariciar-me. Que diz ela? Pede-me naturalmente que mande algum dinheiro a mestre Caetano. Isto me irrita, mas a irritação é diferente das outras, é uma irritação antiga, que me deixa inteiramente calmo. Loucura estar uma pessoa ao mesmo tempo zangada e tranquila. Mas estou assim. Irritado contra quem? Contra mestre Caetano. Não obstante ele ter morrido, acho bom que vá trabalhar. Mandrião! 


      A toalha reaparece, mas não sei se é esta toalha sobre que tenho as mãos cruzadas ou a que estava aqui há cinco anos.


      Rumor do vento, dos sapos, dos grilos. A porta do escritório abre-se de manso, os passos de seu Ribeiro afastam-se. Uma coruja pia na torre da igreja. Terá realmente piado a coruja? Será a mesma que piada a dois anos? Talvez seja até o mesmo pio daquele tempo.


      Agora seu Ribeiro está conversando com d.Glória no salão. Esqueço que eles me deixaram e que esta casa está quase deserta.


      - Casimiro!


      Penso que chamei Casimiro Lopes. A cabeça dele, com chapéu de couro de sertanejo, assoma de quando em quando à janela, mas ignoro se a visão que me dá é atual ou remota.


      Agitam-se em mim sentimentos inconciliáveis: encolerizo-me e enterneço-me, bato na mesa e tenho vontade de chorar.



RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1982.

O tique-taque do relógio diminui,” A flexão no plural dos termos em negrito é tique-taques. Marque a alternativa em que há erro quanto ao emprego do plural: 
Alternativas
Q1940928 Português
O texto a seguir refere-se a questão.


QUESTIONANDO O CRESCIMENTO ECONÔMICO

Marcus Eduardo de Oliveira

    Para o fim último de uma sociedade que se pauta na busca da felicidade, via aquisição material, o crescimento econômico se apresenta como o caminho mais viável para isso, visto que potencializa o ciclo de acumulação do capital (produção, consumo, mais produção para mais consumo), consubstanciando-se na máxima tão proferida pelos neoclássicos de que a riqueza de um país aumenta à medida que o Produto Interno Bruto (PIB) se expande.

        Assim, o consumo que, nas palavras de F. Hirsch (1931-1978), “representa o verdadeiro sujeito e objeto do crescimento econômico”, ampara tal “necessidade” de crescimento. Essa “necessidade”, por sua vez, é justificada pelo encontro do crescimento demográfico com o progresso econômico, posto esse último cada vez mais a serviço do aumento da produção material.

         Pautado no interesse de fazer com que a sociedade alcance melhorias substanciais no padrão de vida das pessoas, o crescimento econômico, por ser uma espécie de “marca” que simboliza esse “progresso”, tornou-se obsessão maior das políticas governamentais pós Revolução Industrial, e, enquanto a economia mundial (atividade produtiva global) “coube” dentro do meio ambiente, tal obsessão jamais foi questionada.

       A insatisfação quanto a isso, apenas para os que estão do lado de fora da economia convencional, dita, neoclássica, portanto, para aqueles que não comungam às ideias da cartilha do modelo ora vigente, passou a ser gritante após os anos 1960, quando os sinais de estresse ambiental começaram a ser notados em diversas frentes, em paralelo ao fato da abundância material ter alcançado, a partir desse período, maior proeminência, afinal a economia global estava desfrutando as benesses da chamada “Era de Ouro” do capitalismo que somente iria terminar com a chegada do primeiro choque do petróleo, em 1973.

          A partir disso, a questão principal que se realça é que, à medida que o crescimento acontece, deteriora-se o meio ambiente, sem ao menos ter essas implicações ecológicas dimensionadas adequadamente na própria conta do crescimento econômico.

          Desse modo, questionar o crescimento, para dizer o mínimo, torna-se mais que razoável, além de permitir o questionamento do próprio sistema que lhe dá amparo, uma vez que seus defensores contextualizam que sem crescimento não há condições possíveis de sobrevivência para o sistema ora dominante. [...]

(Adaptado de: Revista Cidadania & Meio Ambiente. Disponível em:
https://www.ecodebate.com.br/wp-content/uploads/2016/05/rcman58.pdf)
Sobre o processo de formação de vocábulos e seus significados no texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1937884 Português

Texto para o item.




Lima Barreto. Recordações do Escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Ática, 1995.

Internet: <http://www.dominiopublico.gov.br/>  (com adaptações).


A respeito dos aspectos gramaticais e dos sentidos do texto apresentado, julgue o item.


O prefixo des–, em “desprazer” (linha 5), exprime os sentidos de intensidade e oposição. 

Alternativas
Q1937620 Português

Imagem associada para resolução da questão


O verbo disponibilizar (2º parágrafo) é grafado com o sufixo “izar” por não possuir um “s” na terminação de seu radical. Essa regra também atinge a palavra:

Alternativas
Q1932335 Português
Leia o texto a seguir e responda à questão.

Por que é tão difícil admitir que estamos errados? A psiquiatria explica



(POLLO, Luiza. Por que é tão difícil admitir que estamos errados? A psiquiatria explica. TAB Uol, 13 jun. 2020. Com adaptações. Disponível em: <
https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/13/como-neurociencia-e-psiquiatria-explicam-nossa-dificuldade-em-admitir-erros.htm>)

Dentre os substantivos compostos a seguir, indique o único cuja flexão para o plural é feita da mesma forma que em ―cabeças-duras (linha 07): 
Alternativas
Respostas
61: D
62: B
63: E
64: C
65: C