Questões Militares
Foram encontradas 1.996 questões
Resolva questões gratuitamente!
Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!
Q2289330
Português
Texto associado
Texto I
O incendiador de caminhos
Uma das intervenções a que sou chamado a
participar em Moçambique destina-se a combater as
chamadas “queimadas descontroladas”. Este combate
parece ter todo o fundamento: trata-se de proteger
ecossistemas e de conservar espaços úteis e
produtivos.
Contudo, eu receio que seja mais uma das ingratas
batalhas sem hipótese de sucesso imediato. Na
realidade, nós não entendemos a complexa ecologia do
fogo na savana africana. Não entendemos as razões
que são anteriores ao fogo. De qualquer modo, não
param de me pedir para que fale com os camponeses
sobre os malefícios dos incêndios rurais. Devo
confessar que nunca fui capaz de cumprir essa
incumbência.
Na realidade, o que tenho feito é tentar descortinar
algumas das razões que levam os camponeses a
converter os capinzais em chamas. Sabe-se que a
agricultura de corte e queimada é uma das principais
razões para estas práticas incendiárias. Mas fala-se
pouco de um outro culpado que é uma personagem a
que chamarei de “homem visitador”. É sobre este
“homem visitador” que irei falar neste breve
depoimento.
Na família rural de Moçambique, a divisão de tarefas
sugere uma sociedade que faz pesar sobre a mulher a
maior parte do trabalho. Os que adoram quantificar as
relações sociais publicaram já gráficos e tabelas que
demonstram profusamente que, enquanto o homem
repousa, a mulher se ocupa o dia inteiro. Mas esse
mesmo camponês faz outras coisas que escapam aos
contabilistas sociais. Entre as ocupações invisíveis do
homem rural sobressai a visitação. Essa atividade é
central nas sociedades rurais de Moçambique.
O homem passa meses do ano prestando visitas aos
vizinhos e familiares distantes. As visitas parecem não
ter um propósito prático e definido. Quando se pergunta
a um desses visitantes qual a finalidade da sua viagem
ele responde: “Só venho visitar”. Na realidade, prestar
visitas é uma forma de prevenir conflitos e construir
bons laços de harmonia que são vitais numa sociedade
dispersa e sem mecanismos estatais que garantam
estabilidade.
Os visitadores gastam a maior parte do tempo em
rituais de boas-vindas e de despedida. Abrir as portas
de um sítio requer entendimentos com os
antepassados que são os únicos verdadeiros “donos”
de cada um dos lugares. Pois os homens visitadores
percorrem a pé distâncias inacreditáveis. À medida que
progridem, vão ateando fogo ao capim. A não ser que
seja em pleno Inverno, esse capim arde pouco. O fogo
espalha-se e desfalece pelas imediações do atalho que
os viajantes vão percorrendo. Esse incêndio tem
serviços e vantagens diversas que se manifestam
claramente no regresso: define um mapa de
referências, afasta as cobras e os perigos de
emboscadas, facilita o piso e torna o retorno mais fácil
e seguro. [...]
(COUTO, Mia. E se Obama fosse africano?. São Paulo: Companhia
das Letras. 2011)
O vocábulo “boas-vindas” (6º§) é um substantivo
composto. Dentre os vocábulos compostos abaixo,
indique o que apresenta a flexão de número correta:
Q2289325
Português
Texto associado
Texto I
O incendiador de caminhos
Uma das intervenções a que sou chamado a
participar em Moçambique destina-se a combater as
chamadas “queimadas descontroladas”. Este combate
parece ter todo o fundamento: trata-se de proteger
ecossistemas e de conservar espaços úteis e
produtivos.
Contudo, eu receio que seja mais uma das ingratas
batalhas sem hipótese de sucesso imediato. Na
realidade, nós não entendemos a complexa ecologia do
fogo na savana africana. Não entendemos as razões
que são anteriores ao fogo. De qualquer modo, não
param de me pedir para que fale com os camponeses
sobre os malefícios dos incêndios rurais. Devo
confessar que nunca fui capaz de cumprir essa
incumbência.
Na realidade, o que tenho feito é tentar descortinar
algumas das razões que levam os camponeses a
converter os capinzais em chamas. Sabe-se que a
agricultura de corte e queimada é uma das principais
razões para estas práticas incendiárias. Mas fala-se
pouco de um outro culpado que é uma personagem a
que chamarei de “homem visitador”. É sobre este
“homem visitador” que irei falar neste breve
depoimento.
Na família rural de Moçambique, a divisão de tarefas
sugere uma sociedade que faz pesar sobre a mulher a
maior parte do trabalho. Os que adoram quantificar as
relações sociais publicaram já gráficos e tabelas que
demonstram profusamente que, enquanto o homem
repousa, a mulher se ocupa o dia inteiro. Mas esse
mesmo camponês faz outras coisas que escapam aos
contabilistas sociais. Entre as ocupações invisíveis do
homem rural sobressai a visitação. Essa atividade é
central nas sociedades rurais de Moçambique.
O homem passa meses do ano prestando visitas aos
vizinhos e familiares distantes. As visitas parecem não
ter um propósito prático e definido. Quando se pergunta
a um desses visitantes qual a finalidade da sua viagem
ele responde: “Só venho visitar”. Na realidade, prestar
visitas é uma forma de prevenir conflitos e construir
bons laços de harmonia que são vitais numa sociedade
dispersa e sem mecanismos estatais que garantam
estabilidade.
Os visitadores gastam a maior parte do tempo em
rituais de boas-vindas e de despedida. Abrir as portas
de um sítio requer entendimentos com os
antepassados que são os únicos verdadeiros “donos”
de cada um dos lugares. Pois os homens visitadores
percorrem a pé distâncias inacreditáveis. À medida que
progridem, vão ateando fogo ao capim. A não ser que
seja em pleno Inverno, esse capim arde pouco. O fogo
espalha-se e desfalece pelas imediações do atalho que
os viajantes vão percorrendo. Esse incêndio tem
serviços e vantagens diversas que se manifestam
claramente no regresso: define um mapa de
referências, afasta as cobras e os perigos de
emboscadas, facilita o piso e torna o retorno mais fácil
e seguro. [...]
(COUTO, Mia. E se Obama fosse africano?. São Paulo: Companhia
das Letras. 2011)
No título “O incendiador de caminhos”, o
vocábulo destacado tem em sua formação um
morfema que indica “aquele que realiza
determinada ação”. O morfema que confere
esse sentido chama-se:
Q2261938
Português
Texto associado
ChatGPT ajuda a criar roteiro criativo de viagem
Planejar uma viagem pode ser uma tarefa desafiadora. Os guias, por sua natureza, mandam todos os leitores para os mesmos destinos. E as pesquisas na web podem ter como resultado dados confusos e inúteis. Mas, alguns viajantes que são fãs de tecnologia estão tendo sucesso recorrendo aos chatbots de inteligência artificial, como o ChatGPT e o Bard, para se inspirar e planejar as férias, tratando esses serviços como agentes de viagens gratuitos e sob demanda.
Alpa Patel, uma viajante ávida que vive na cidade de Nova Iorque, gostou da ideia de usar o ChatGPT porque ele oferece uma lista muito clara às pessoas. Ela está planejando uma viagem com a família para Edimburgo, na Escócia, no verão. Depois de ficar frustrada com a mesmice de sempre dos sites de viagens que aparecem no Google, Alpa teve uma ideia: que tal pedir alguns conselhos ao ChatGPT?
Ela perguntou de forma bem específica pelos passeios de um dia, adequados quando se tem um filho que enjoa ao andar de carro. Portanto, ela achava que não seria viável passar horas dentro de um carro para chegar a seu destino. Em resposta, o ChatGPT sugeriu a ela algumas opções nas quais ela poderia deslocar-se de trem.
(Disponível em: estadão.com.br. Acesso em: 26.06.2023. Adaptado)
O elemento de sequenciação e coesão textual
– Portanto –, em destaque no terceiro parágrafo, está
em coordenação com o enunciado anterior expressando relação de sentido de
Ano: 2023
Banca:
VUNESP
Órgão:
EsFCEx
Prova:
VUNESP - 2023 - EsFCEx - Oficial - Magistério em Português |
Q2260605
Português
Texto associado
A hora era de muito sol – o povo caçava jeito de ficarem
debaixo da sombra das árvores de cedro. O carro lembrava um canoão no seco, navio. A gente olhava: nas reluzências do ar, parecia que ele estava torto, que nas pontas se
empinava.
(João Guimarães Rosa, “Soroco, sua mãe, sua filha”,
em Primeiras estórias.)
A criação neológica é uma característica da prosa de
Guimarães Rosa. No texto, as palavras “reluzências” e
“canoão” suscitam
Ano: 2023
Banca:
VUNESP
Órgão:
EsFCEx
Prova:
VUNESP - 2023 - EsFCEx - Oficial - Magistério em Português |
Q2260600
Português
Texto associado
Fomos jantar com a minha velha. Já lhe podia chamar
assim, posto que os seus cabelos brancos não o fossem todos
nem totalmente, e o rosto estivesse comparativamente fresco;
era uma espécie de mocidade quinquagenária ou de ancianidade viçosa, à escolha... Mas nada de melancolias: não me
compraz falar dos olhos molhados, à entrada e à saída. Pouco
entrou na conversação. Também não era diferente da costumada. José Dias falou do casamento e suas belezas, da política,
da Europa e da homeopatia, tio Cosme das suas moléstias,
prima Justina da vizinhança, ou de José Dias, quando ele saía
da sala.
Quando voltamos, à noite, viemos por ali a pé, falando
das minhas dúvidas. Capitu novamente me aconselhou que
esperássemos. Sogras eram todas assim; lá vinha um dia e
mudavam. Ao passo que me falava, recrudescia de ternura. Dali em diante foi cada vez mais doce comigo; não me
ia esperar à janela, para não espertar-me os ciúmes, mas
quando eu subia, via no alto da escada, entre as grades da
cancela, a cara deliciosa da minha amiga e esposa, risonha
como toda a nossa infância. Ezequiel às vezes estava com
ela; nós o havíamos acostumado a ver o ósculo da chegada
e da saída, e ele enchia-me a cara de beijos.
(Machado de Assis, Dom Casmurro. Adaptado)
O termo destacado na oração – para não espertar-me os
ciúmes – tem equivalente de estrutura morfossintática e
de sentido em: