Questões de Concurso Militar APMBB 2013 para Aspirante da Polícia Militar
Foram encontradas 5 questões
Q528698
Português
Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa para responder à questão.
Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;
Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, coas enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.
Adorar as traições, amar o engano,
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, o mês, e o ano;
Seja embora prazer; que a meu ouvido
Soa melhor a voz do desengano,
Que da torpe lisonja o infame ruído.
(Biblioteca Virtual de Literatura. Em: www.biblio.com.br)
No verso – Se sou pobre pastor, se não governo – a conjunção, que se repete, estabelece relação de
Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;
Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, coas enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.
Adorar as traições, amar o engano,
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, o mês, e o ano;
Seja embora prazer; que a meu ouvido
Soa melhor a voz do desengano,
Que da torpe lisonja o infame ruído.
(Biblioteca Virtual de Literatura. Em: www.biblio.com.br)
No verso – Se sou pobre pastor, se não governo – a conjunção, que se repete, estabelece relação de
Q528702
Português
Texto associado
Fronteiras do pensamento
SÃO PAULO – O livro é um catatau de quase 600 páginas
e traz só uma ideia. Ainda assim, “Surfaces and Essences” (superfícies
e essências), do físico convertido em cientista cognitivo
Douglas Hofstadter e do psicólogo Emmanuel Sander, é uma
obra importante. Os autores apresentam uma tese que é a um
só tempo capital e contraintuitiva – a de que as analogias que
fazemos constituem a matéria-prima do pensamento – e se põem
a demonstrá-la.
Para fazê-lo, eles se valem de um pouco de tudo. A argumentação
opera nas fronteiras entre a linguística, a filosofia, a
matemática e a física, com incursões pela literatura, o estudo
comparativo dos provérbios e a enologia, para enumerar algumas
poucas das muitas áreas em que os autores se arriscam.
A ideia básica é que o cérebro pensa através de analogias.
Elas podem ser infantis (“mamãe, eu desvesti a banana”), banais
(termos como “e” e “mas” sempre introduzem comparações
mentais) ou brilhantes (Galileu revolucionou a astronomia “vendo”
os satélites de Júpiter como luas), mas estão na origem de
todas as nossas falas, raciocínios, cálculos e atos falhos – mesmo
que não nos demos conta disso.
Hofstadter e Sander sustentam que o processo de categorização, que muitos especialistas consideram a base do pensamento,
não envolve nada mais do que fazer analogias.
Para não falar apenas de flores (mais uma analogia), o livro
ganharia bastante se tivesse passado por um bom editor disposto
a cortar pelo menos uns 30% de gorduras. Algumas das digressões
dos autores são francamente dispensáveis e eles poderiam
ter sido mais contidos nos exemplos, que se contam às centenas,
estendendo-se por páginas e mais páginas, quando meia dúzia
teriam sido suficientes.
A prolixidade e o exagero, porém, não bastam para apagar o
brilho da obra, que definitivamente muda nossa forma de pensar
o pensamento.
(Hélio Schwartsman, Fronteiras do pensamento.
Folha de S.Paulo, 19.05.2013. Adaptado)
Na passagem do terceiro parágrafo – ... mas estão na origem de
todas as nossas falas, raciocínios, cálculos e atos falhos – mesmo
que não nos demos conta disso. – a expressão em destaque
pode ser substituída, sem prejuízo de sentido ao texto, por
Q528707
Português
Texto associado
Fronteiras do pensamento
SÃO PAULO – O livro é um catatau de quase 600 páginas
e traz só uma ideia. Ainda assim, “Surfaces and Essences” (superfícies
e essências), do físico convertido em cientista cognitivo
Douglas Hofstadter e do psicólogo Emmanuel Sander, é uma
obra importante. Os autores apresentam uma tese que é a um
só tempo capital e contraintuitiva – a de que as analogias que
fazemos constituem a matéria-prima do pensamento – e se põem
a demonstrá-la.
Para fazê-lo, eles se valem de um pouco de tudo. A argumentação
opera nas fronteiras entre a linguística, a filosofia, a
matemática e a física, com incursões pela literatura, o estudo
comparativo dos provérbios e a enologia, para enumerar algumas
poucas das muitas áreas em que os autores se arriscam.
A ideia básica é que o cérebro pensa através de analogias.
Elas podem ser infantis (“mamãe, eu desvesti a banana”), banais
(termos como “e” e “mas” sempre introduzem comparações
mentais) ou brilhantes (Galileu revolucionou a astronomia “vendo”
os satélites de Júpiter como luas), mas estão na origem de
todas as nossas falas, raciocínios, cálculos e atos falhos – mesmo
que não nos demos conta disso.
Hofstadter e Sander sustentam que o processo de categorização, que muitos especialistas consideram a base do pensamento,
não envolve nada mais do que fazer analogias.
Para não falar apenas de flores (mais uma analogia), o livro
ganharia bastante se tivesse passado por um bom editor disposto
a cortar pelo menos uns 30% de gorduras. Algumas das digressões
dos autores são francamente dispensáveis e eles poderiam
ter sido mais contidos nos exemplos, que se contam às centenas,
estendendo-se por páginas e mais páginas, quando meia dúzia
teriam sido suficientes.
A prolixidade e o exagero, porém, não bastam para apagar o
brilho da obra, que definitivamente muda nossa forma de pensar
o pensamento.
(Hélio Schwartsman, Fronteiras do pensamento.
Folha de S.Paulo, 19.05.2013. Adaptado)
Assinale a alternativa correta quanto à norma-padrão e em conformidade
com o sentido do texto.
Q528715
Português
Texto associado
A seca
De repente, uma variante trágica.
Aproxima-se a seca.
O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular
com que se desencadeia o flagelo.
Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e
pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não
afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam.
Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano;
e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado
pelas vibrações da terra.
Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora.
É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a
em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolorosas
tradições que conhece através de um sem-número de terríveis
episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência
impossível.
Com os escassos recursos das próprias observações e das
dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a
extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o
conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade
para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão,
especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas.
Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla
dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda
das primeiras chuvas.
Procura em seguida desvendar o futuro. Volve o olhar para
as alturas; atenta longamente nos quadrantes; e perquire os tra-
ços mais fugitivos das paisagens...
Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados
em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos
de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra. Passam
as “chuvas do caju" em outubro, rápidas, em chuvisqueiros
prestes delidos nos ares ardentes, sem deixarem traços; e pintam
as caatingas, aqui, ali, por toda a parte, mosqueadas de tufos
pardos de árvores marcescentes, cada vez mais numerosos e
maiores, lembrando cinzeiros de uma combustão abafada, sem
chamas; e greta-se o chão; e abaixa-se vagarosamente o nível das
cacimbas... Do mesmo passo nota que os dias, estuando logo ao
alvorecer, transcorrem abrasantes, à medida que as noites se vão
tornando cada vez mais frias. A atmosfera absorve-lhe, com avidez
de esponja, o suor na fronte, enquanto a armadura de couro,
sem mais a flexibilidade primitiva, se lhe endurece aos ombros,
esturrada, rígida, feito uma couraça de bronze. E ao descer das
tardes, dia a dia menores e sem crepúsculos, considera, entristecido,
nos ares, em bandos, as primeiras aves emigrantes, transvoando
a outros climas...
É o prelúdio da sua desgraça.
(Euclides da Cunha, Os Sertões.
Em: Massaud Moisés, A literatura brasileira através dos tempos, 2004.)
Observe os trechos do texto.
– Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar.
– Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra.
– ... as primeiras aves emigrantes, transvoando a outros climas...
No contexto em que estão empregadas, a preposição “Com", no primeiro trecho; a conjunção “como", no segundo; e a preposição “a", no terceiro, estabelecem nos enunciados, respectivamente, sentido de
– Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar.
– Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra.
– ... as primeiras aves emigrantes, transvoando a outros climas...
No contexto em que estão empregadas, a preposição “Com", no primeiro trecho; a conjunção “como", no segundo; e a preposição “a", no terceiro, estabelecem nos enunciados, respectivamente, sentido de
Q528722
Português
Leia a letra da canção do cantor cearense Falcão para responder à questão. Guerra de Facão
A dor do cocho é não ter ração pro gado A dor do gado é não achar capim no pasto A dor do pasto é não ver chuva há tanto tempo A dor do tempo é correr junto da morte A dor da morte é não acabar com os nordestinos A dor dos nordestinos é ter as penas exageradas E a viola por desculpa pra quem lhe pisou no lombo e lhe lascou no cucurute vinte quilos de lajedo. Em vez de achatar pra caixa-prego o vagabundo, que se deitou no trono e acordou num pau-de-sebo. Eh eh eh boi, eh boiada, eh eh boi A dor do jegue, tadin, nasceu sem chifre A dor do chifre é não nascer em certa gente A dor de gente é confiar demais nos outros A dor dos outros é que nem todo mundo é besta A dor da besta é não parir pra ter seu filho A dor pior de um filho é chorar e mãe não ver. Tá chegando o fim das épocas, vai pegar fogo no mundo, e o pior, que os vagabundos toca música estrangeira em vez de aproveitar o que é da gente do Nordeste. Vou chamar de mentiroso quem dizer que é cabra da peste. (Falcão, Guerra de Facão. Em: http://letras.mus.br. Adaptado)
No verso – A dor pior de um filho é chorar e mãe não ver. –, a conjunção “e" articula duas orações, encerrando entre elas sentido de
A dor do cocho é não ter ração pro gado A dor do gado é não achar capim no pasto A dor do pasto é não ver chuva há tanto tempo A dor do tempo é correr junto da morte A dor da morte é não acabar com os nordestinos A dor dos nordestinos é ter as penas exageradas E a viola por desculpa pra quem lhe pisou no lombo e lhe lascou no cucurute vinte quilos de lajedo. Em vez de achatar pra caixa-prego o vagabundo, que se deitou no trono e acordou num pau-de-sebo. Eh eh eh boi, eh boiada, eh eh boi A dor do jegue, tadin, nasceu sem chifre A dor do chifre é não nascer em certa gente A dor de gente é confiar demais nos outros A dor dos outros é que nem todo mundo é besta A dor da besta é não parir pra ter seu filho A dor pior de um filho é chorar e mãe não ver. Tá chegando o fim das épocas, vai pegar fogo no mundo, e o pior, que os vagabundos toca música estrangeira em vez de aproveitar o que é da gente do Nordeste. Vou chamar de mentiroso quem dizer que é cabra da peste. (Falcão, Guerra de Facão. Em: http://letras.mus.br. Adaptado)
No verso – A dor pior de um filho é chorar e mãe não ver. –, a conjunção “e" articula duas orações, encerrando entre elas sentido de