Questões de Concurso Militar PM-AP 2022 para Soldado do Q.P. Policiais Militares Combatentes
Foram encontradas 2 questões
Ano: 2022
Banca:
FCC
Órgão:
PM-AP
Prova:
FCC - 2022 - PM-AP - Soldado do Q.P. Policiais Militares Combatentes |
Q2056247
Português
Texto associado
Atenção: Para responder à questão, considere o texto a seguir.
A charada do consumo
Atacar a espiral consumista é fácil; o desafio é entender a natureza do seu poder sobre a psicologia humana. A busca por
respostas remonta ao mundo antigo. “A riqueza demandada pela natureza”, sentenciou Epicuro no século IV a.C., “é limitada e fácil
de obter; a demandada pela vã imaginação estende-se ao infinito e é difícil de obter”. A centralidade da imaginação como mola propulsora do consumo reaparece, 2 mil anos mais tarde, na observação do crítico social inglês John Ruskin: “Três quartos das demandas
existentes no mundo são românticas; e a regulagem da bolsa é, em essência, a regulagem da imaginação e do coração”.
O espectro dos desejos de consumo, todavia, não conhece divisões absolutas. As exigências da natureza, é certo, impõem
limites e têm de ser atendidas; mas seria ingênuo supor que nossas necessidades básicas de consumo possam ser demarcadas por
um critério rigidamente biológico: artigos de consumo de primeira necessidade hoje em dia, como anestésicos, escovas de dente e
geladeiras, eram simplesmente desconhecidos nos tempos de Epicuro.
Que o rol das coisas indispensáveis à vida cresceu na história é ponto pacífico. A pergunta inicial, porém, permanece:
supridas as exigências básicas, o que move o consumo? O bombardeio de estímulos publicitários a que estamos submetidos é, sem
dúvida, parte da resposta, mas é difícil acreditar que ele tenha o dom de criar do nada os desejos que insufla; se funciona, é porque
encontra solo fértil em nossa imaginação. A gama das fantasias que nos impelem a consumir não é menor que a pletora de artigos
disponíveis no mercado.
Há, não obstante, um aspecto peculiar da nossa “vã imaginação” que remete ao nervo do consumo no mundo moderno.
Quando os meios de vida já foram obtidos, há dois tipos de riqueza que podemos demandar. Uma delas é a riqueza democrática: são
os bens cujo valor reside na satisfação direta que nos proporcionam. Coisa muito distinta, porém, é a demanda por riqueza
oligárquica: o desejo de desfrutar daquilo que nos permite “ocupar um lugar de honra na mente dos nossos semelhantes” − os
chamados “bens posicionais”. A satisfação proporcionada por esse tipo de bem depende essencialmente do fato de que sua posse é
privilégio de poucos no grupo de referência.
Daí que na contenda por bens posicionais, onde o sucesso de alguns é por definição a exclusão da maioria, há apetites de
consumo que se estendem ao infinito (dos tênis de marca, novos gadgets e cosméticos às obras de arte). A moeda escassa nesse
jogo sisífico é a atenção respeitosa e o afeto das pessoas que nos cercam.
(GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. Companhia das Letras. Edição do Kindle)
Sem prejuízo para o sentido, o termo sublinhado pode ser substituído pelo que se encontra entre parênteses em:
Ano: 2022
Banca:
FCC
Órgão:
PM-AP
Prova:
FCC - 2022 - PM-AP - Soldado do Q.P. Policiais Militares Combatentes |
Q2056253
Português
Texto associado
Atenção: Para responde à questão, considere o texto a seguir.
No Brasil, genialidade e improviso aparecem como características fundamentais para se alcançar o sucesso. Isto se torna
ainda mais evidente no universo do esporte. A seleção brasileira que conquistou o tricampeonato em 1970, por exemplo, é até hoje
idealizada como uma equipe que não precisava treinar, quando sabemos que, na verdade, a comissão técnica daquela seleção se
utilizou de métodos de preparação física dos mais modernos da época. Já a seleção que conquistou o tetracampeonato em 1994 foi
criticada na mídia justamente por utilizar “marcação forte” e “disciplina rígida”.
As narrativas que retratam as trajetórias de vida dos ídolos esportivos frequentemente ressaltam características que os transformam em heróis, mas as dos ídolos da música ou dramaturgia, por exemplo, raramente salientam estas qualidades. A explicação
para este fato reside no aspecto de luta que permeia o universo do esporte. A competição é inerente ao próprio espetáculo.
Os estudiosos Edgar Morin e Joseph Campbell chamam a atenção para a diferença entre celebridades e heróis. Enquanto as
celebridades vivem para si, os heróis devem agir para redimir a sociedade. A saga clássica do herói fala de um ser que parte do
mundo cotidiano e se aventura a enfrentar obstáculos considerados intransponíveis, vence-os e retorna à casa, trazendo benefícios
aos seus semelhantes. Esta característica do “ídolo-herói” transforma o universo do esporte em terreno fértil para a produção de mitos
relevantes para a comunidade.
(Adaptado de: HELAL, Ronaldo. A construção de narrativas de idolatria no futebol brasileiro)
Considerado o contexto, aproximam-se pelo sentido as palavras