Questões de Concurso Militar CBM-AP 2022 para Soldado
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Q2063092
Português
Texto associado
Apesar de as garantias fundamentais do cidadão estarem bem definidas pela maioria das constituições democráticas, o exercício da cidadania plena no Brasil sempre foi limitado para a maior parte da população. E poderia ter sido diferente? Desde a Antiguidade, a constituição de um Estado finca suas raízes no sistema social. Ao largo dos ideais presentes nas constituições, os procedimentos jurídicos e o funcionamento da lei refletem as cruéis realidades da sociedade brasileira e não conseguem temperar as sesquipedais diferenças entre pobres e ricos. O sistema jurídico é um instrumento e um reflexo da sociedade e, portanto, da desigualdade
social: o direito não se situa fora e acima da sociedade e das realidades sociais, sem essência própria, sem lógica autônoma ou existência independente. O Estado não pode ser diferente da própria sociedade: não é nele que se afrontam os interesses em conflito, as
lutas de classe? As formas de governar dependem da estrutura particular da sociedade, pois um governo não pode operar democraticamente num lugar onde, em diversos períodos constitucionais, as mulheres e os analfabetos não votavam, os trabalhadores
rurais e os empregados domésticos não estavam assistidos pelos direitos sociais, um racismo estrutural predominava e os órgãos do
Estado jamais renunciavam ao arbítrio.
Nenhum regime pode ser efetivamente democrático se camadas desfavorecidas não têm acesso a direitos básicos. Ao lado
dos requisitos minimalistas de um constitucionalismo democrático – liberdade de reunião e de expressão, sufrágio universal, eleições
regulares e limpas, independência dos poderes –, a democracia requer a realização de um elenco mais alargado de exigências. São
essas o estado de direito, o devido processo da lei ou o direito a um julgamento justo e equânime, o respeito à integridade física dos
cidadãos. Essas últimas exigências, independentemente do regime político vigente, foram atendidas na República de forma limitada.
(Adaptado de: PINHEIRO, Paulo Sérgio et al. (orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001)
Verifica-se o emprego de voz passiva no seguinte trecho:
Q2063094
Português
Texto associado
Atualmente, a maioria das considerações sobre a violência se concentra na criminalidade, cujo aumento quer denunciar. Mas
essa progressão da violência criminal não foi provada e o que se assiste é, ao contrário, uma pacificação progressiva da sociedade;
admitindo-se ou não, os costumes se civilizaram. O fato de a opinião pública preocupar-se com uma crescente insegurança não tem
entretanto nada a ver com o volume efetivo da criminalidade, mas sim com as normas a partir das quais concebemos os fenômenos
criminosos. Ao contrário das sociedades do passado, as nossas estão habituadas a uma segurança cada vez maior, que não depende
só dos números da criminalidade, mas também e até mais da organização dos seguros e da previdência social, da homogeneidade de
um espaço de livre circulação, da regulação de múltiplos aspectos da vida através do Estado. Sobre o pano de fundo de uma segurança crescente, os comportamentos criminosos são percebidos com uma ansiedade desproporcional em relação ao seu volume
real. No entanto, isso não significa que a mudança das normas possa ser subestimada.
Do ponto de vista histórico, é difícil dispor de informações quantitativas certas sobre um passado distante, mas nossa ignorância não é total; em todo caso, tudo o que sabemos vai na mesma direção: a violência é a marca registrada de períodos inteiros do
passado.
(Adaptado de: MICHAUD, Yves. A violência. Tradução de L. Garcia. São Paulo: Editora Ática,1989)
Dos seguintes trechos extraídos do texto, aquele cujo enunciado NÃO carrega marca da 1ª pessoa do plural é: