Segundo Roberto Ventura, existe muita diferença entre o que pensava Antônio Conselheiro e a
versão que Euclides da Cunha fez dele e do movimento de Canudos. Escreveu Ventura que Euclides da
Cunha percebia Conselheiro como um líder “guiado por forças obscuras e ancestrais e por maldições
hereditárias, que o levaram à insanidade e ao conflito com a ordem” republicana. Viu Canudos como
“desvio histórico capaz de ameaçar a linha reta republicana”. Contudo, os sermões do Conselheiro,
recolhidos em dois volumes manuscritos a que Euclides não teve acesso, mostram um líder religioso
muito diferente “do fanático místico ou do profeta milenarista retratado em Os sertões. Revelam um
sertanejo letrado, capaz de exprimir, de forma articulada, suas concepções políticas e religiosas, que se
vinculavam a um catolicismo tradicional, corrente na Igreja do século XIX”.
(Roberto Ventura. Canudos como cidade iletrada. Revista de Antropologia, n. 40, vol. 1, 1997, retirado de
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77011997000100006 acessado em 07 03 2016)
De acordo com esta nova interpretação de Ventura, o movimento de Canudos e seu líder lutavam pela
criação de um local de