Questões Militares de Português - Figuras de Linguagem
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Q1795534
Português
Ao longo do Texto, encontram-se as seguintes figuras de
linguagem:
Ano: 2021
Banca:
Aeronáutica
Órgão:
EEAR
Provas:
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Eletrônica
|
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Enfermagem |
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Administração |
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Informática |
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Eletricidade |
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Radiologia |
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Laboratório |
Aeronáutica - 2021 - EEAR - Topografia |
Q1772662
Português
Assinale a alternativa que contém a mesma figura de
linguagem presente na seguinte frase:
E viram-se chegar, quase sem intermitência, homens carregados de gigos de champanha, caixas de Porto e Bordéus, barricas de cerveja... (Aluísio Azevedo)
E viram-se chegar, quase sem intermitência, homens carregados de gigos de champanha, caixas de Porto e Bordéus, barricas de cerveja... (Aluísio Azevedo)
Q1727954
Português
Texto associado
A QUESTÃO DEVE SER RESPONDIDA A PARTIR DO TEXTO .
Ao longo do Texto II, encontram-se as seguintes figuras de
linguagem:
Ano: 2020
Banca:
Marinha
Órgão:
ESCOLA NAVAL
Prova:
Marinha - 2020 - ESCOLA NAVAL - Aspirante - 2º Dia |
Q1696275
Português
Texto associado
O CORPO ESCRITO DA LITERATURA
A escrita se faz com o corpo, e dar sua pulsação,
seu ritmo pulslonal, sua respiração singular, sua rebeldia,
às vezes domada pela força da armadura da língua, pela
sintaxe, freios e ordenamentos. Assim, nunca são puras
ideias abstratas que se escrevem e por isso, quando se
lida com a escrita alheia do escritor ou do escrevente
comum, como leitor ou crítico, toca-se em textos, com as
mãos, com os olhos, com a pele. Tal gesto pode irritar
profundamente aquele que escreveu, como se seu corpo
sofresse uma agressão ou uma invasão Indevida, da qual
ele tem que se defender, sob o risco de se ver ferido por
um olhar ou mäo estranha. Por isso, aquele que escreve,
a todo momento, talvez tente se explicar, se suturar, na
tentativa de se preservar de um outro intrusivo, que fala de
um lugar que nem sempre é o da cumplicidade especular, obrigando a um dizer outro que ele - o que escreve -
recusa, desconhece ou simplesmente cala.
O escrever tem a ver com uma intimidade que, no
entanto, sempre se volta para fora, paradoxalmente se
mascarando e se desvelando, ao mesmo tempo. Dar, a
fugaz medida do texto, que o faz se dizer e se desdizer, no
palco mesmo da folha branca, onde ele se exibe, com
pudor, falso pudor, ou uma espécie de bravata exibicionista. Textos poéticos ou romanescos querem
agradar ou seduzir o incauto leitor com suas manhas e
artimanhas, prometendo e faltando à palavra dada, às
promessas de respostas. à avidez ingênua de quem
espera dele mais do que palavras, letras.
Assim, o texto fala e fala mais do que o autor
pretende, e não há como evitar essa rebeldia de palavras
que fogem de um ilusório comando, mesmo quando se
buscam recursos os mais variados, para domá-las, se
assim se pretende, no cárcere privado da sintaxe, das
normas, dos modelos, sonetos, tercetos ou a mais rígida
rima livre.
Porque as palavras são "palavras em pássaros" como afirma um personagem de João Gilberto Noll que se
diz dominado por elas, no ato mesmo da escrita, como se
elas escapassem de seus dedos que dedilham as teclas
da máquina, sem conseguir controlá-las.
Um dia, escrevi ou me escrevi: literatura são
palavras. Mas nem todas as palavras fazem literatura, a
não ser aquelas que trabalham no velho barro da língua,
laborando nele como quem forja alguma coisa tão
material, como com o cristal sonoro ou o som bruto de
cordas que esperam as mãos do violinista, para afiná-las
ou quebrá-las com som novo que possa arranhar nossos
ouvidos duros, rapidamente surdos aos velhos verbos
repetidos que ecoam sinistramente na velha casa da
escrita. [...]
A escrita não segura todos os riscos, todos os
pontos finais, mas alguma coisa ela faz, quando se
gastam todos os recursos do semblant, quando, de
repente, ela começa a se dizer sozinha, avizinhando-nos
do real, este insabido que fascina e nos deixa nus diante
de todos os leitores.
Talvez ar, nessa hora, surja um voyeurismo que
surpreenda o escritor, lá onde ele não se adivinhava, quando pode se desconhecer em suas palavras, estas que
saem de seu pobre teatro do quotidiano e o espreitam, no
chão mesmo da poesia, na sua letra, ao pé da letra.
Ela, a poesia, vem, sem suas vestimentas-textos,
que, de tão decorados, se põem a despir-se. pois todo ator
ou atriz tem sua hora de cansaço, quando sua fala já não
fala, quando uma brusca opacidade faz que ele ou ela
tropece as palavras e as gagueje, num hiato.
Depois da luta, a luta mais vã de Drummond, fica-se sabendo que ela - a luta - é de outra ordem e se
escreve com outras armas. Mas só se sabe isso depois de
liquefazer suas palavras-lutas, de passar por um estado
de ruptura do velho chão da gramática, da língua pátria.
Língua pátria necessária, mas que precisa ser
transformada em herança, para ser reescrita e relida,
agora, noutros tempos, sem que se deixe de trabalhar o
limo verde de seus vocábulos esquecidos no museu de
tudo. Tudo o que me diz ou nos diz na floresta de
símbolos onde nos perdermos, onde perdemos o rumo e o
prumo. Mas também onde inventamos outros itinerários,
com outras bússolas. no papel lívido, como disse a voz de
um escritor cujo nome esqueci, mas que me fala agora. Ou mesmo, escrevendo nessa outra tela, a dos nossos
fantasmas, bela ou temida janela. ou nessa outra, cujo
brilho ofusca, a do computador, que faz voar, correr nas
suas teclas as palavras-pássaros, sem pouso, sem pausa.
Palavras-pássaros do tempo-espaço que não se
deixam apagar nas letras empoeiradas das prateleiras de Babel, de Borges, sempre reescritas. Sempre renovadas e
reinventadas, que é para isso que serve a literatura.[...]
BRANDÃO, Ruth Silviano. A vida escrita.
Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006. (Texto adaptado)
No tftulo do texto, Ruth Silviano Brandão usou uma figura
de linguagem. Assinale a opção que identifica
corretamente essa figura.
Ano: 2020
Banca:
Marinha
Órgão:
ESCOLA NAVAL
Prova:
Marinha - 2020 - ESCOLA NAVAL - Aspirante - 2º Dia |
Q1696265
Português
Texto associado
AS MARGENS DA ALEGRIA
Esta é a estória.
la um menino, com os Tios, passar dias no lugar
onde se construía a grande cidade. Era uma viagem
inventada no feliz; para ele, produzia-se em caso de
sonho. Saíam ainda com o escuro, o ar fino de cheiros
desconhecidos. A Mãe e o Pai vinham trazê-lo ao
aeroporto. A Tia e o Tio tomavam conta dele,
justinhamente. Sorria-se, saudava-se, todos se ouviam e
falavam. O avião era da Companhia, especial, de quatro
lugares. Respondiam-lhe a todas as perguntas, até o piloto
conversou com ele. O voo ia ser pouco mais de duas
horas. O menino fremia no acorçoo, alegre de se rir para
si, confortavelzinho, com um jeito de folha a cair. A vida
podia às vezes raiar numa verdade extraordinária. Mesmo
o afivelarem-lhe o cinto de segurança virava forte afago,
de proteção, e logo novo senso de esperança: ao não sabido, ao mais. Assim um crescer e desconter-se - certo
como o ato de respirar - o de fugir para o espaço em
branco. O Menino.
E as coisas vinham docemente de repente,
seguindo harmonia prévia, benfazeja, em movimentos
concordantes: as satisfações antes da consciência das
necessidades.[...]
O Menino tinha tudo de uma vez, e nada, ante a
mente. A luz e a longa-longa-longa nuvem. Chegavam.
Enquanto mal vacilava a manhã. A grande cidade
apenas começava a fazer-se, num semi-ermo, no
chapadão: a mágica monotonia, os diluídos ares. O campo
de pouso ficava a curta distância da casa - de madeira, sobre estações, quase penetrando na mata. O Menino via,
vislumbrava. Respirava muito. Ele queria poder ver ainda
mais vívido - as novas tantas coisas - o que para os seus
olhos se pronunciava. A morada era pequena, passava-se
logo à cozinha, e ao que não era bem quintal, antes breve
clareira, das árvores que não podem entrar dentro de
casa. Altas, cipós e orquideazinhas amarelas delas se
suspendiam. Dali, podiam sair índios, a onça, leão, lobos,
caçadores? Só sons. Um - e outros pássaros - com cantos
compridos. Isso foi o que abriu seu coração. Aqueles
passarinhos bebiam cachaça?
Senhor! Quando avistou o peru, no centro do
terreiro, entre a casa e as árvores da mata. O peru,
imperial, dava-lhe as costas, para receber sua admiração.
Estalara a cauda, e se entufou, fazendo roda: o rapar das
asas no chão - brusco, rijo, - se proclamara. Grugulejou!
sacudindo o abotoado grosso de bagas rubras; e a cabeça
possuía laivos de um azul-claro, raro, de céu e sanhaços;
e ele, completo, torneado, redondoso, todo em esferas e
planos, com reflexos de verdes metais em azul-e-preto - o
peru para sempre. Belo, belo! Tinha qualquer coisa de
calor, poder e flor, um transbordamento. Sua ríspida
grandeza tonitruante. Sua colorida empáfia. Satisfazia os
olhos, era de se tanger trombeta. Colérico, encachiado,
andando, gruziou outro gluglo. O Menino riu, com todo o
coração. Mas só bis-viu. Já o chamavam, para passeio.
[...]
Pensava no peru, quando voltavam. Só um pouco, para não gastar fora de hora o quente daquela lembrança, do mais importante, que estava guardado para ele, no
terreirinho das árvores bravas. Só pudera tê-lo um
instante, ligeiro, grande, demoroso. Haveria um, assim, em
cada casa, e de pessoa?
Tinham forne, servido o almoço, tomava-se
cerveja. O Tio, a Tia, os engenheiros. Da sala, não se
escutava o galhardo ralhar dele, seu grugulejo? Esta
grande cidade ia ser a mais levantada no mundo. Ele abria
leque, impante, explodido, se enfunava ... Mal comeu dos
doces, a marmelada, da terra, que se cortava bonita, o
perfume em açúcar e carne de flor. Saiu, sôfrego de o
rever.
Não viu: imediatamente. A mata é que era tão feia
de altura. E - onde? Só umas penas, restos, no chão. -
"Ué, se matou. Amanhã não é o dia-de-anos do doutor?"
Tudo perdia a eternidade e a certeza; num lufo, num
átimo, da gente as mais belas coisas se roubavam. Como
podiam? Por que tão de repente? Soubesse que ia
acontecer assim, ao menos teria olhado mais o peru -
aquele. O peru - seu desaparecer no espaço. Só no grão
nulo de um minuto, o Menino recebia em si um miligrama
de morte. Já o buscavam: - "Vamos aonde a grande
cidade vai ser, o lago..."
Cerreva-se, grave, num cansaço e numa renúncia
à curiosidade, para não passear com o pensamento. la.
Teria vergonha de falar do peru. Talvez não devesse, não
fosse direito ter por causa dele aquele doer, que põe e
punge, de dö, desgosto e desengano. Mas, matarem-no,
também, parecia-lhe obscuramente algum erro. Sentia-se
sempre mais cansado. Mal podia com o que agora lhe
mostravam, na circuntristeza: o um horizonte, homens no
trabalho de terraplenagem, os caminhões de cascalho, as
vagas árvores, um ribeirão de águas cinzentas, o velame-do-campo apenas uma planta desbotada, o encantamento
morto e sem pássaros, o ar cheio de poeira. Sua fadiga, de impedida emoção, formava um medo secreto:
descobria o possível de outras adversidades, no mundo
maquinal, no hostil espaço; e que entre o contentamento e
a desilusão, na balança infidelíssima, quase nada medeia.
Abaixava a cabecinha. [...]
De volta, não queria sair mais ao terreirinho, lá era
uma saudade abandonada, um incerto remorso. Nem ele
sabia bem. Seu pensamentozinho estava ainda na fase
hieroglífica. Mas foi, depois do jantar. E - a nem
espetaculosa surpresa - viu-o, suave inesperado: o peru, ali estava! Oh, não. Não era o mesmo. Menor, menos
muito. Tinha o coral, a arrecauda, a escova, o
grugrulhargrufo, mas faltava em sua penosa elegância o
recacho, o englobo, a beleza esticada do primeiro. Sua
chegada e presença, em todo o caso, um pouco
consolavam.
Tudo se amaciava na tristeza. Até o dia; isto era:
já o vir da noite. Porém, o subir da noitinha é sempre e
sofrido assim, em toda a parte. O silêncio safa de seus
guardados. O Menino, timorato, aquietava-se com o
próprio quebranto: alguma força, nele, trabalhava por
arraigar raízes, aumentar-lhe alma.
Mas o peru se adiantava até à beira da mata. Ali
adivinhara - o quê? Mal dava para se ver, no escurecendo.
E era a cabeça degolada do outro, atirada ao montura. O
Menino se doía e se entusiasmava.
Mas: não. Não por simpatia companheira e sentida
o peru até ali viera, certo, atraído. Movia-o um ódio.
Pegava de bicar, feroz, aquela outra cabeça. O Menino
não entendia. A mata, as mais negras árvores, eram um
montão demais; o mundo.
Trevava.
Voava, porém, a luzinha verde, vindo mesmo da
mata, o primeiro vaga-lume. Sim, o vaga-lume, sim, era
lindo! - tão pequenino, no ar, um instante só, alto, distante,
indo-se. Era, outra vez em quando, a Alegria.
ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. (Texto adaptado)
Assinale a opção em que o autor emprega a sinestesia no
trecho apresentado.