Questões Militares de Literatura - Romantismo

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Q646508 Literatura

Falta de educação e velocidade 

    Os anjos da morte estão cansados de nos recolher, a nós que nos matamos ou somos assassinados no tráfego das estradas, cidades, esquinas deste país. Os anjos da morte estão exaustos de pegar restos de vidas botadas fora. Os anjos da morte andam fartos de corpos mutilados e almas atônitas. Os anjos da morte suspiram por todo esse desperdício.
Não sei se as propagandas que tentam aos poucos aliviar essa tragédia ajudam tanto a preservar vidas quanto as intermináveis, ricas e coloridas propagandas de cerveja ajudam a beber mais e mais e mais, colaborando para uma parte dessa carnificina. Mas sei que estou no limite. Não apenas porque abro jornais, TV e computador e vejo a mortandade em andamento, mas porque tenho observado as coisas em questão. Recentemente, dirigindo numa autoestrada, percebi um motorista tentando empurrar para o canteiro central um carro que seguia à minha frente na faixa esquerda, na velocidade adequada ao trajeto. Chegava provocadoramente perto, pertinho, pertíssimo, quase batia no outro, que se desviava um pouco lutando para manter-se firme no seu trajeto sem despencar.
    [...]
    Atenção: os jovens são – em geral, mas não sempre – mais arrojados, mais imprudentes, têm menos experiência na direção. Portanto, são mais inclinados a acidentes, bobos ou fatais, em que a gente mata e morre. Mas há um número impressionante de adultos – mais homens do que mulheres, diga-se de passagem, porque talvez sejam biologicamente mais agressivos – cometendo loucuras ao dirigir, avançando o sinal, quase empurrando o veículo da frente com seu parachoque, não cedendo passagem, ultrapassando em locais absurdos sem a menor segurança, bebendo antes de dirigir, enfim, usando o carro como um punhal hostil [...].
    Cada um se porta como quer – ou como consegue. Isso vem do caráter inato, combinado com a educação recebida em casa. Quando esse comportamento ultrapassa o convívio cotidiano e pode mutilar pais de família, filhos e filhas amados, amigos preciosos, ou seja lá quem for, então é preciso instaurar leis férreas e punições comparáveis. Que não permitam escapadelas nem facilitem cometer a infração com branda cobrança. Que não admitam desculpas e subterfúgios, não premiem o erro, não pequem por uma criminosa omissão.
    Precisamos em quase tudo de autoridade e respeito, para que haja uma reforma generalizada, passando da desordem e do caos a algum tipo de segurança e bem-estar. [...]
Autoridade justa, mas muito rigorosa, é o que talvez nos deixe mais lúcidos e mais bem-educados: em casa, na escola, na rua, na estrada, no bar, no clube, dentro do nosso carro. E os fatigados anjos da morte poderão, se não entrar em férias, ao menos relaxar um pouco.

Lya Luft

O poeta da Segunda Geração Romântica que soube utilizar, de forma sensível e surpreendente, os temas e as formas estereotipados do Ultrarromantismo, bem como poetizar figuras e imagens retiradas do cotidiano mais banal foi
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Q622160 Literatura
INSTRUÇÃO: A questão refere-se a noções de Teoria da Literatura: Gêneros Literários; Estilos de Época (do Barroco ao Modernismo - Brasil): Contexto Histórico, características e principais autores.

Estilo de época remete ao conjunto de características comuns a vários escritores quanto ao modo de utilizar a língua, a explorar temas e a refletir uma visão de mundo em determinados períodos da história.

Considerando os estilos de época (do Barroco ao Modernismo no Brasil), é INCORRETO afirmar que

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Q603422 Literatura
Sobre os romances Lucíola, de José de Alencar, e Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, considere as seguintes afirmativas:

1. Nos dois romances, os nomes dos protagonistas são significativos: Lúcia, pseudônimo adotado pela brilhante cortesã, ofusca a pureza perdida de Maria da Glória; já no caso de Amaro, o apelido Bom-Crioulo é irônico, salientando o viés negativo adotado na caraterização dessa personagem.
2. Em Lucíola, busca-se legitimar o comportamento sexual da protagonista por meio de uma motivação ajustada à moralidade burguesa do século XIX: Lúcia inicia-se na prostituição por conta de sua ingenuidade e desamparo, tentando salvar a própria família da miséria extrema.
3. Bom-Crioulo estabelece paralelos entre o cativeiro da escravidão e aquele representado pela atração de Amaro por Aleixo: seja na cena do castigo físico a que Amaro é submetido no primeiro capítulo, seja nas agruras da personagem título quando, transferido de embarcação, se vê afastado de Aleixo.
4. A despeito das diferenças entre Romantismo e Naturalismo, no que se refere ao tratamento das cenas de intimidade sexual, ambos os romances adotam um tom sóbrio, com vocabulário discreto que evita expressões grosseiras de modo a ajustar-se às expectativas do público de seu tempo.

Assinale a alternativa correta.
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Q603421 Literatura
Leia o trecho abaixo, do capítulo XII de Inocência, do Visconde de Taunay. Trata-se de um diálogo entre o pai de Inocência, Pereira, e o médico ambulante, Cirino, sobre o naturalista alemão, Meyer.

    —Nem sei como me contenha... Estou cego de raiva... Que presente me mandou o Chico!... É uma peste, este diabo melado... Vê uma rapariguinha e enche logo as bochechas para lhe dizer meia dúzia de pachuchadas e graçolas... Não está má esta!... É um perdido. Nada... Isto não me cheira bem: vou ficar de olho nele...
    —Faz muito bem, apoiou Cirino.
 —Vejam só, continuou Pereira retendo o seu interlocutor para deixar Meyer distanciar-se, em boas me fui eu meter! ... Se não fosse a tal carta do mano, o cujo dançava ao som do cacete... Malcriadaço! Uma mulher que daqui a dois dias está para receber marido... Deus nos livre que o Manecão o ouvisse... Desancava-o logo, se não o cosesse a facadas... Vejam só, hem?... Sempre é gente de outras terras... Cruz! Também vi logo... um latagão bonito... todo faceiro... havera por força de ser rufião.
(Visconde de Taunay, Inocência. São Paulo: FTD, 1992, p. 87)

Assinale a alternativa correta. 
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Ano: 2014 Banca: Exército Órgão: EsFCEx Prova: Exército - 2014 - EsFCEx - Oficial - v |
Q587260 Literatura
Meus buritizais levados de verdes

Anderson Cunha

A derradeira...
A derradeira
Lágrima de dor
Teimou e caiu
Ai saudade, eu não sei esquecer
Lágrima de dor
Teimou e caiu

Ai saudade, eu não sei esquecer
Aquela estrela...
Aquela estrela
Marvada chegou
Tinhosa e vil
De mim levou meu bem querer
Aquela estrela ô
Tinhosa e vil
De mim levou meu bem querer
Minha pele é solidão
O meu colo, bem querer
Lágrima de dor
Teimou e caiu
Ai saudade, eu não sei esquecer
Aquela estrela ô
Tinhosa e vil
De mim levou meu bem querer “

(...) Era a Mulher, que falava. Ah, e a Mulher rogava: – Que
trouxessem o corpo daquele rapaz moço, vistoso, o dos olhos muito verdes...
Eu desguisei. Eu deixei minhas lágrimas virem, e ordenando: – 'Traz Diadorim!' (...)
Diadorim, Diadorim, oh, ah, meus buritizais levados de verdes... (...)
Sufoquei, numa estrangulação de dó. Constante o que a
Mulher disse: carecia de se lavar e vestir o corpo.
Piedade, como que ela mesma, embebendo toalha,
limpou as faces de Diadorim, casca de tão grosso sangue, repisado. (...) 
Eu dizendo que a Mulher ia lavar o corpo dele. Ela rezava rezas da Bahia.
Mandou todo o mundo sair. Eu fiquei. (...) Não me mostrou de propósito o corpo.
E disse...
Diadorim – nu de tudo. E ela disse:
– 'A Deus dada. Pobrezinha...' (...)
Como em todo o tempo antes eu não contei ao senhor – e mercê peço: – mas para o senhor divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo, sabendo somente no átimo em que eu também só soube... Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça perfeita... (...)
Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci,
retirando as mãos para trás (...) E a Mulher estendeu a toalha,recobrindo as partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. (...) E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo:
– 'Meu amor!...' "

Texto extraído do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa 
Sobre o romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, e sua apropriação pela canção popular brasileira contemporânea, em Meus buritizais levados de verdes, de Anderson Cunha, analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. 

I. Na trama de citações da canção Meus Buritizais levados de verdes, há uma referência à personagem Diadorim (“Diadorim, oh, ah, meus buritizais levados de verdes"), mas também uma citação textual direta à clássica canção do sertão, Asa Branca (“Quando o verde dos teus olhos/ Se espalhar na plantação").

II. Embora a saudade seja tema de ambos os textos, Meus buritizais levados de verdes e Grande Sertão: Veredas, é possível verificar um sentimento de plenitude e realização do desejo pelos amantes nos versos: “Minha pele é solidão/ O meu colo, bem querer" e no trecho citado: “Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. (...) E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo: – 'Meu amor!...' "

III. Meus buritizais levados de verdes tematiza uma das principais problemáticas do romance Grande Sertão: Veredas: a presença do maligno, a mistura entre bem e mal, o que é sintetizado na metáfora da “estrela tinhosa e vil".

IV. A cena clássica da morte de Diadorim, para a qual toda a narrativa de Riobaldo converge, é recuperada pela canção, decorrendo disso o seu teor dramático e trágico, corroborando a impossibilidade de realização do amor sintetizada no romance “até que ponto esses olhos, sempre havendo, aquela beleza verde, me adoecido, tão impossível." (p. 36). 
Alternativas
Respostas
41: C
42: D
43: B
44: C
45: E