Questões de Vestibular Comentadas por alunos sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português

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Q1796196 Português
Considere o trecho inicial do conto "Uns sábados, uns agostos", de Caio Fernando Abreu, para responder à questão.

      Eles vinham aos sábados, sem telefonar. Não lembro desde quando criou-se o hábito de virem aos sábados, sem telefonar – e de vez em quando isso me irritava, pensando que se quisesse sair para, por exemplo, passear pelo parque ou tomar uma dessas lanchas de turismo que fazem excursões pelas ilhas, não poderia porque eles bateriam com as caras na porta fechada e ficariam ofendidos (eles eram sensíveis) e talvez não voltassem nunca mais. E como, aos sábados, eu jamais faria coisas como ir ao parque ou andar nessas tais lanchas que fazem excursões pelas ilhas, era obrigado a esperá-los, trancado em casa. Certamente os odiava um pouco enquanto não chegavam: um ódio de ter meus sábados totalmente dependentes deles, que não eram eu, e que não viveriam a minha vida por mim – embora eu nunca tivesse conseguido aprender como se vive aos sábados, se é que existe uma maneira específica de atravessá-los.  
[...]
     E afinal, chovesse ou fizesse sol, sagradamente lá estavam eles, aos sábados. Naturalmente chovesse-ou-fizesse-sol é apenas isso que se convencionou chamar força de expressão, já que há muito tempo não fazia sol, talvez por ser agosto − mas de certa forma é sempre agosto nesta cidade, principalmente aos sábados.
      Não é que fossem chatos. Na verdade, eu nunca soube que critérios de julgamento se pode usar para julgar alguém definitivamente chato, irremediavelmente burro ou irrecuperavelmente desinteressante. Sempre tive uma dificuldade absurda para arrumar prateleiras. Acontece que não tínhamos nada em comum, não que isso tenha importância, mas nossas famílias não se conheciam, então não podíamos falar sobre os meus pais ou os avós deles, sobre os meus tios ou os seus sobrinhos ou qualquer outra dessas combinações genealógicas. Também não sabia que tipo de trabalho faziam, se é que faziam alguma coisa, nem sequer se liam, se estudavam, iam ao cinema, assistiam à televisão ou com que se ocupavam, enfim, além de me visitar aos sábados.

(Caio Fernando Abreu. Mel e girassóis, 1988. Adaptado.) 
Ao dizer "força de expressão" (2° parágrafo), o narrador informa que não se devem tomar as palavras em seu sentido
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Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: UEA Prova: VUNESP - 2018 - UEA - Prova de Conhecimentos Gerais |
Q1794440 Português
Leia o texto de Jorge Coli para responder à questão. 

     Dizer o que seja a arte é coisa difícil. Um sem-número de tratados de estética debruçou-se sobre o problema, procurando situá-lo, procurando definir o conceito. Mas, se buscamos uma resposta clara e definitiva, decepcionamo-nos: elas são divergentes, contraditórias, além de frequentemente se pretenderem exclusivas, propondo-se como solução única. Desse ponto de vista, a empresa é desencorajadora.
     Entretanto, se pedirmos a qualquer pessoa que possua um mínimo contato com a cultura para nos citar alguns exemplos de obras de arte ou de artistas, ficaremos certamente satisfeitos. Todos sabemos que a Mona Lisa, que a Nona Sinfonia de Beethoven, que a Divina Comédia, que Guernica de Picasso ou o Davi de Michelangelo são, indiscutivelmente, obras de arte. Assim, mesmo sem possuirmos uma definição clara e lógica do conceito, somos capazes de identificar algumas produções da cultura em que vivemos como “arte”.
     É possível dizer, então, que arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia. Portanto, podemos ficar tranquilos: se não conseguimos saber o que a arte é, pelo menos sabemos quais coisas correspondem a essa ideia e como devemos nos comportar diante delas.

(O que é arte, 2010. Adaptado.)
“arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo” (3° parágrafo)
Os dois segmentos sublinhados podem ser substituídos, com correção gramatical, por:
Alternativas
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: UEA Prova: VUNESP - 2018 - UEA - Prova de Conhecimentos Gerais |
Q1794437 Português
Leia o trecho do romance Iracema, de José de Alencar, para responder à questão.

     Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
    Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
    O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
    Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
    Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
     Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste.
    A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.
     Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.
     Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
    Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.
    De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
    O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
    A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. 

(Iracema, 2006.)
“Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica” (5° parágrafo)
No contexto em que está inserida, a frase é equivalente a
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Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: UEA Prova: VUNESP - 2018 - UEA - Prova de Conhecimentos Gerais |
Q1794434 Português
Considere o poema de Augusto Massi para responder à questão. 

Homem rindo

A roda de amigos
sacudida por uma
rajada de risos.

Me concentro num
homem tímido que
sorri por dentro. 

Deslocado na roda
rapidamente corta
o riso pela raiz.

Mas o riso retorna.
Coceira furiosa nos
orifícios do nariz.

Bebe graça no gargalo
rola rala racha o bico
ri até ficar sem graça.

A rodada de amigos
explode às gargalhadas:
o tímido é sua cachaça. 

(Negativo, 1991.)
“Deslocado na roda rapidamente corta o riso pela raiz.”
A expressão “cortar pela raiz” equivale a
Alternativas
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: UEA Prova: VUNESP - 2018 - UEA - Prova de Conhecimentos Gerais |
Q1794433 Português
Considere o poema de Augusto Massi para responder à questão. 

Homem rindo

A roda de amigos
sacudida por uma
rajada de risos.

Me concentro num
homem tímido que
sorri por dentro. 

Deslocado na roda
rapidamente corta
o riso pela raiz.

Mas o riso retorna.
Coceira furiosa nos
orifícios do nariz.

Bebe graça no gargalo
rola rala racha o bico
ri até ficar sem graça.

A rodada de amigos
explode às gargalhadas:
o tímido é sua cachaça. 

(Negativo, 1991.)
No contexto do poema, o sentido expresso pelo último verso é:
Alternativas
Respostas
26: C
27: C
28: B
29: E
30: E