Questões de Vestibular Comentadas por alunos sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português
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Ano: 2020
Banca:
FGV
Órgão:
FGV
Prova:
FGV - 2020 - FGV - Graduação em Economia - Química e Língua Portuguesa - 1º Dia |
Q1796196
Português
Texto associado
Considere o trecho inicial do conto "Uns sábados, uns agostos", de Caio Fernando Abreu, para
responder à questão.
Eles vinham aos sábados, sem telefonar. Não lembro desde quando criou-se o hábito de virem aos
sábados, sem telefonar – e de vez em quando isso me irritava, pensando que se quisesse sair para, por
exemplo, passear pelo parque ou tomar uma dessas lanchas de turismo que fazem excursões pelas
ilhas, não poderia porque eles bateriam com as caras na porta fechada e ficariam ofendidos (eles eram
sensíveis) e talvez não voltassem nunca mais. E como, aos sábados, eu jamais faria coisas como ir ao
parque ou andar nessas tais lanchas que fazem excursões pelas ilhas, era obrigado a esperá-los,
trancado em casa. Certamente os odiava um pouco enquanto não chegavam: um ódio de ter meus
sábados totalmente dependentes deles, que não eram eu, e que não viveriam a minha vida por mim –
embora eu nunca tivesse conseguido aprender como se vive aos sábados, se é que existe uma maneira
específica de atravessá-los.
[...]
E afinal, chovesse ou fizesse sol, sagradamente lá estavam eles, aos sábados. Naturalmente
chovesse-ou-fizesse-sol é apenas isso que se convencionou chamar força de expressão, já que há
muito tempo não fazia sol, talvez por ser agosto − mas de certa forma é sempre agosto nesta cidade,
principalmente aos sábados.
Não é que fossem chatos. Na verdade, eu nunca soube que critérios de julgamento se pode usar
para julgar alguém definitivamente chato, irremediavelmente burro ou irrecuperavelmente
desinteressante. Sempre tive uma dificuldade absurda para arrumar prateleiras. Acontece que não
tínhamos nada em comum, não que isso tenha importância, mas nossas famílias não se conheciam,
então não podíamos falar sobre os meus pais ou os avós deles, sobre os meus tios ou os seus
sobrinhos ou qualquer outra dessas combinações genealógicas. Também não sabia que tipo de trabalho
faziam, se é que faziam alguma coisa, nem sequer se liam, se estudavam, iam ao cinema, assistiam à
televisão ou com que se ocupavam, enfim, além de me visitar aos sábados.
(Caio Fernando Abreu. Mel e girassóis, 1988. Adaptado.)
Ao dizer "força de expressão" (2° parágrafo), o narrador informa que não se devem tomar as
palavras em seu sentido
Q1794440
Português
Texto associado
Leia o texto de Jorge Coli para responder à questão.
Dizer o que seja a arte é coisa difícil. Um sem-número de
tratados de estética debruçou-se sobre o problema, procurando situá-lo, procurando definir o conceito. Mas, se buscamos uma resposta clara e definitiva, decepcionamo-nos: elas
são divergentes, contraditórias, além de frequentemente se
pretenderem exclusivas, propondo-se como solução única.
Desse ponto de vista, a empresa é desencorajadora.
Entretanto, se pedirmos a qualquer pessoa que possua
um mínimo contato com a cultura para nos citar alguns exemplos de obras de arte ou de artistas, ficaremos certamente
satisfeitos. Todos sabemos que a Mona Lisa, que a Nona Sinfonia de Beethoven, que a Divina Comédia, que Guernica de
Picasso ou o Davi de Michelangelo são, indiscutivelmente,
obras de arte. Assim, mesmo sem possuirmos uma definição
clara e lógica do conceito, somos capazes de identificar algumas produções da cultura em que vivemos como “arte”.
É possível dizer, então, que arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que
denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia. Portanto, podemos ficar tranquilos: se não conseguimos saber o que a arte é, pelo menos sabemos quais coisas
correspondem a essa ideia e como devemos nos comportar
diante delas.
(O que é arte, 2010. Adaptado.)
“arte são certas manifestações da atividade humana
diante das quais nosso sentimento é admirativo” (3°
parágrafo)
Os dois segmentos sublinhados podem ser substituídos, com correção gramatical, por:
Os dois segmentos sublinhados podem ser substituídos, com correção gramatical, por:
Q1794437
Português
Texto associado
Leia o trecho do romance Iracema, de José de Alencar, para
responder à questão.
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu
talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as
primeiras águas.
Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da
floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre
esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na
folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja,
como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de
seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho
próximo, o canto agreste.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto
dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a
virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada,
onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá,
as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que
matiza o algodão.
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista
perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta.
Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos
olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha
embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na
face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião
de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor.
Sofreu mais d’alma que da ferida.
O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei
eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu
para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha
homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo
a ponta farpada.
(Iracema, 2006.)
“Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica” (5°
parágrafo)
No contexto em que está inserida, a frase é equivalente a
No contexto em que está inserida, a frase é equivalente a
Q1794434
Português
Texto associado
Considere o poema de Augusto Massi para responder à questão.
Homem rindo
A roda de amigos
sacudida por uma
rajada de risos.
Me concentro num
homem tímido que
sorri por dentro.
Deslocado na roda
rapidamente corta
o riso pela raiz.
Mas o riso retorna.
Coceira furiosa nos
orifícios do nariz.
Bebe graça no gargalo
rola rala racha o bico
ri até ficar sem graça.
A rodada de amigos
explode às gargalhadas:
o tímido é sua cachaça.
(Negativo, 1991.)
“Deslocado na roda
rapidamente corta
o riso pela raiz.”
A expressão “cortar pela raiz” equivale a
A expressão “cortar pela raiz” equivale a
Q1794433
Português
Texto associado
Considere o poema de Augusto Massi para responder à questão.
Homem rindo
A roda de amigos
sacudida por uma
rajada de risos.
Me concentro num
homem tímido que
sorri por dentro.
Deslocado na roda
rapidamente corta
o riso pela raiz.
Mas o riso retorna.
Coceira furiosa nos
orifícios do nariz.
Bebe graça no gargalo
rola rala racha o bico
ri até ficar sem graça.
A rodada de amigos
explode às gargalhadas:
o tímido é sua cachaça.
(Negativo, 1991.)
No contexto do poema, o sentido expresso pelo último verso
é: