Questões de Vestibular
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Ano: 2021
Banca:
PUC-MINAS
Órgão:
PUC-MINAS
Prova:
PUC-MINAS - 2021 - PUC-MINAS - Vestibular Medicina - Caderno 1 |
Q1796684
Português
A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das avencas de minha mãe -,
o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. (...) Os "textos", as "palavras”,
as "letras” daquele contexto - em cuja percepção experimentava e, quanto mais o fazia, mais
aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja
compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus irmãos mais
velhos e com meus pais.
Sobre elementos de coesão presentes no excerto, avalie as afirmativas:
I. “... o quintal amplo em que se achava....” ➜ “em que”, relativo, pode ser substituído por “no qual” ou “onde”, sem alteração do sentido. II. “.... daquele contexto – em cuja percepção...” ➜ “em cuja” poderia ser substituído por “em que”, sem alteração funcional ou de sentido. III. “... tudo isso foi o meu primeiro mundo” ➜ os pronomes “tudo isso” retomam, de forma resumitiva, uma série de elementos enumerados. IV. “experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava...” ➜ o conectivo usado empresta um sentido de consequência aos fatos indicados.
Estão corretas as afirmativas presentes apenas em:
Sobre elementos de coesão presentes no excerto, avalie as afirmativas:
I. “... o quintal amplo em que se achava....” ➜ “em que”, relativo, pode ser substituído por “no qual” ou “onde”, sem alteração do sentido. II. “.... daquele contexto – em cuja percepção...” ➜ “em cuja” poderia ser substituído por “em que”, sem alteração funcional ou de sentido. III. “... tudo isso foi o meu primeiro mundo” ➜ os pronomes “tudo isso” retomam, de forma resumitiva, uma série de elementos enumerados. IV. “experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava...” ➜ o conectivo usado empresta um sentido de consequência aos fatos indicados.
Estão corretas as afirmativas presentes apenas em:
Ano: 2021
Banca:
PUC-MINAS
Órgão:
PUC-MINAS
Prova:
PUC-MINAS - 2021 - PUC-MINAS - Vestibular Medicina - Caderno 1 |
Q1796682
Português
Texto associado
Texto 1 / Parte 1
A importância do ato de ler1
Paulo Freire
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que
me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos.
Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um
pouco da importância do ato de ler.
Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo
em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto
ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do
ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita,
mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a
leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a
ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o
contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado - e até
gostosamente - a "reler" momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória,
desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha
mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim
constituindo.
Ao ir escrevendo este texto, ia "tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de
ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno
mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha
escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo
particular em que me movia - e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente
significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, e revivo, no texto que escrevo, a
experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana
em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós - à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu
me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores.
A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das avencas de minha
mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. [...] Os "textos",
as "palavras”, as "letras” daquele contexto - em cuja percepção experimentava e, quanto mais
o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de coisas, de
objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas
relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam no canto dos pássaros -
o do sanhaçu, o do olha-pro-caminho-quem-vem, o do bem-te-vi, o do sabiá; na dança das
copas das árvores sopradas por fortes ventanias que anunciavam tempestades, trovões,
relâmpagos; as águas da chuva brincando de geografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos.
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam também no assobio do
vento, nas nuvens do céu, nas suas cores, nos seus movimentos; na cor das folhagens, na
forma das folhas, no cheiro das flores - das rosas, dos jasmins -, no corpo das árvores, na
casca dos frutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos.
[...]
Daquele contexto faziam parte igualmente os animais: os gatos da família, a sua maneira
manhosa de enroscar-se nas pernas da gente, o seu miado, de súplica ou de raiva; Joli, o
velho cachorro negro de meu pai, o seu mau humor toda vez que um dos gatos incautamente
se aproximava demasiado do lugar em que se achava comendo [...].
Daquele contexto - o do meu mundo imediato - fazia parte, por outro lado, o universo da
linguagem dos mais velhos, expressando as suas crenças, os seus gostos, os seus receios, os
seus valores. Tudo isso ligado a contextos mais amplos que o do meu mundo imediato e de
cuja existência eu não podia sequer suspeitar. No esforço de re-tomar a infância distante, a
que já me referi, buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me
movia, permitam-me repetir, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no
momento em que ainda não lia a palavra. E algo que me parece importante, no contexto geral
de que venho falando, emerge agora insinuando a sua presença no corpo destas reflexões. [...]
Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de
mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do
menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que
desajudado por meus pais. E foi com eles, precisamente, em certo momento dessa rica
experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse
significado malquerenças ao que ele tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a
ser introduzido na leitura da palavra.
A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular. Não era algo que
se estivesse dando superpostamente a ele. Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa,
à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais.
O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz. Por isso é que, ao chegar à escolinha
particular de Eunice Vasconcelos [...] já estava alfabetizado. Eunice continuou e aprofundou o
trabalho de meus pais. Com ela, a leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou
uma ruptura com a "leitura" do mundo. Com ela, a leitura da palavra foi a leitura da
“palavramundo”.
Atente para o excerto:
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Sobre ele, a afirmação CORRETA encontra-se na opção:
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Sobre ele, a afirmação CORRETA encontra-se na opção:
Ano: 2020
Banca:
FGV
Órgão:
FGV
Prova:
FGV - 2020 - FGV - Graduação em Economia - Química e Língua Portuguesa - 1º Dia |
Q1796198
Português
Texto associado
Considere o trecho inicial do conto "Uns sábados, uns agostos", de Caio Fernando Abreu, para
responder à questão.
Eles vinham aos sábados, sem telefonar. Não lembro desde quando criou-se o hábito de virem aos
sábados, sem telefonar – e de vez em quando isso me irritava, pensando que se quisesse sair para, por
exemplo, passear pelo parque ou tomar uma dessas lanchas de turismo que fazem excursões pelas
ilhas, não poderia porque eles bateriam com as caras na porta fechada e ficariam ofendidos (eles eram
sensíveis) e talvez não voltassem nunca mais. E como, aos sábados, eu jamais faria coisas como ir ao
parque ou andar nessas tais lanchas que fazem excursões pelas ilhas, era obrigado a esperá-los,
trancado em casa. Certamente os odiava um pouco enquanto não chegavam: um ódio de ter meus
sábados totalmente dependentes deles, que não eram eu, e que não viveriam a minha vida por mim –
embora eu nunca tivesse conseguido aprender como se vive aos sábados, se é que existe uma maneira
específica de atravessá-los.
[...]
E afinal, chovesse ou fizesse sol, sagradamente lá estavam eles, aos sábados. Naturalmente
chovesse-ou-fizesse-sol é apenas isso que se convencionou chamar força de expressão, já que há
muito tempo não fazia sol, talvez por ser agosto − mas de certa forma é sempre agosto nesta cidade,
principalmente aos sábados.
Não é que fossem chatos. Na verdade, eu nunca soube que critérios de julgamento se pode usar
para julgar alguém definitivamente chato, irremediavelmente burro ou irrecuperavelmente
desinteressante. Sempre tive uma dificuldade absurda para arrumar prateleiras. Acontece que não
tínhamos nada em comum, não que isso tenha importância, mas nossas famílias não se conheciam,
então não podíamos falar sobre os meus pais ou os avós deles, sobre os meus tios ou os seus
sobrinhos ou qualquer outra dessas combinações genealógicas. Também não sabia que tipo de trabalho
faziam, se é que faziam alguma coisa, nem sequer se liam, se estudavam, iam ao cinema, assistiam à
televisão ou com que se ocupavam, enfim, além de me visitar aos sábados.
(Caio Fernando Abreu. Mel e girassóis, 1988. Adaptado.)
"E como, aos sábados, eu jamais faria coisas como ir ao parque ou andar nessas tais lanchas que
fazem excursões pelas ilhas, era obrigado a esperá-los, trancado em casa" (1° parágrafo).
No contexto em que está inserida, a conjunção sublinhada introduz uma oração com sentido de
No contexto em que está inserida, a conjunção sublinhada introduz uma oração com sentido de
Ano: 2020
Banca:
FGV
Órgão:
FGV
Prova:
FGV - 2020 - FGV - Graduação em Economia - Química e Língua Portuguesa - 1º Dia |
Q1796192
Português
Texto associado
Leia o poema de Alberto Caeiro para responder à questão.
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave1
.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
(Obra poética, 1992.)
1cave: pavimento de uma construção que fica abaixo do nível do solo.
Considere os versos:
"Não basta abrir a janela Para ver os campos e o rio." "E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse"
No contexto, os termos sublinhados podem ser corretamente substituídos por:
"Não basta abrir a janela Para ver os campos e o rio." "E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse"
No contexto, os termos sublinhados podem ser corretamente substituídos por:
Ano: 2020
Banca:
FGV
Órgão:
FGV
Prova:
FGV - 2020 - FGV - Graduação em Economia - Química e Língua Portuguesa - 1º Dia |
Q1796191
Português
Texto associado
Leia o poema de Alberto Caeiro para responder à questão.
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave1
.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
(Obra poética, 1992.)
1cave: pavimento de uma construção que fica abaixo do nível do solo.
No verso "Não basta abrir a janela", a oração sublinhada funciona como sujeito do verbo "basta".
Um sujeito oracional ocorre também no verso: