Questões de Vestibular UNESP 2017 para Vestibular - Segundo Semestre

Foram encontradas 12 questões

Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2017 - UNESP - Vestibular - Segundo Semestre |
Q815329 Português

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A charge explora, sobretudo, a oposição

Alternativas
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2017 - UNESP - Vestibular - Segundo Semestre |
Q815330 Português

Para responder à questão, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980), publicada originalmente em setembro de 1953.

      Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como linguista, cultor do vernáculo¹e aplicador de sutilezas gramaticais, seu Afredo estava sozinho.

      Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação linguística perturbava às vezes a colocação pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou ligeiramente ressabiada2 quando seu Afredo, casualmente de passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:

      – Onde vais assim tão elegante?

      Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à lide3 caseira, queixou-se do fatigante ramerrão4 do trabalho doméstico. Seu Afredo virou-se para ela e disse:

      – Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é muito bão.

      De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo, acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto minha tia mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:

      – Cantas? Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo:

      – É, canto às vezes, de brincadeira...

      Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso encerador:

       – Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É excesso de... gramática.

      Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar disfarçado e falou:

      – Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em programa de calouro!

      E, a seguir, ponderou:

      – Agora, piano é diferente. Pianista ela é!

      E acrescentou:

      – Eximinista pianista!

                                                                           (Para uma menina com uma flor, 2009.)


1 vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.

2 ressabiado: desconfiado.

3 lide: trabalho penoso, labuta.

4 ramerrão: rotina.

Na crônica, o personagem seu Afredo é descrito como uma pessoa
Alternativas
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2017 - UNESP - Vestibular - Segundo Semestre |
Q815331 Português

Para responder à questão, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980), publicada originalmente em setembro de 1953.

      Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como linguista, cultor do vernáculo¹e aplicador de sutilezas gramaticais, seu Afredo estava sozinho.

      Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação linguística perturbava às vezes a colocação pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou ligeiramente ressabiada2 quando seu Afredo, casualmente de passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:

      – Onde vais assim tão elegante?

      Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à lide3 caseira, queixou-se do fatigante ramerrão4 do trabalho doméstico. Seu Afredo virou-se para ela e disse:

      – Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é muito bão.

      De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo, acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto minha tia mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:

      – Cantas? Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo:

      – É, canto às vezes, de brincadeira...

      Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso encerador:

       – Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É excesso de... gramática.

      Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar disfarçado e falou:

      – Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em programa de calouro!

      E, a seguir, ponderou:

      – Agora, piano é diferente. Pianista ela é!

      E acrescentou:

      – Eximinista pianista!

                                                                           (Para uma menina com uma flor, 2009.)


1 vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.

2 ressabiado: desconfiado.

3 lide: trabalho penoso, labuta.

4 ramerrão: rotina.

Em “Mas, como linguista, cultor do vernáculo e aplicador de sutilezas gramaticais, seu Afredo estava sozinho.” (1° parágrafo), o cronista sugere que seu Afredo
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Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2017 - UNESP - Vestibular - Segundo Semestre |
Q815336 Português

Leia o soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, do poeta português Luís de Camões (1525?-1580), para responder à questão.

                            Alma minha gentil, que te partiste

                            tão cedo desta vida descontente,

                            repousa lá no Céu eternamente,

                            e viva eu cá na terra sempre triste.

                            Se lá no assento etéreo, onde subiste,

                            memória desta vida se consente,

                            não te esqueças daquele amor ardente

                            que já nos olhos meus tão puro viste.

                            E se vires que pode merecer-te

                            alguma coisa a dor que me ficou

                            da mágoa, sem remédio, de perder-te,

                            roga a Deus, que teus anos encurtou,

                            que tão cedo de cá me leve a ver-te,

                            quão cedo de meus olhos te levou.

                                                                     (Sonetos, 2001.)

No soneto, o eu lírico
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Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2017 - UNESP - Vestibular - Segundo Semestre |
Q815337 Português

Leia o soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, do poeta português Luís de Camões (1525?-1580), para responder à questão.

                            Alma minha gentil, que te partiste

                            tão cedo desta vida descontente,

                            repousa lá no Céu eternamente,

                            e viva eu cá na terra sempre triste.

                            Se lá no assento etéreo, onde subiste,

                            memória desta vida se consente,

                            não te esqueças daquele amor ardente

                            que já nos olhos meus tão puro viste.

                            E se vires que pode merecer-te

                            alguma coisa a dor que me ficou

                            da mágoa, sem remédio, de perder-te,

                            roga a Deus, que teus anos encurtou,

                            que tão cedo de cá me leve a ver-te,

                            quão cedo de meus olhos te levou.

                                                                     (Sonetos, 2001.)

Embora predomine no soneto uma visão espiritualizada da mulher (em conformidade com o chamado platonismo), verifica-se certa sugestão erótica no seguinte verso:
Alternativas
Respostas
1: E
2: C
3: E
4: C
5: A