Questões de Vestibular INSPER 2017 para Vestibular - Primeiro Semestre
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Na década de 20, uma prosódia veloz, que soava como se fosse uma conversa árabe sob batida de pandeiro, deixava o modernista Mário de Andrade, em viagem etnográfica, com cara de turista abestalhado.
Era o choque diante da embolada, ou coco de embolada, poesia cantada de improviso que acaba de ganhar, juntamente com o repente de viola, o mais amplo registro fonográfico de todos os tempos: um pacote de 50 CDs.
A primeira dúzia de discos foi lançada este mês em São Paulo, por iniciativa do repentista Téo Azevedo, 59, caboclo do sertão mineiro que se firma, depois de 3000 produções musicais do gênero, como um dos maiores apanhadores dos ritmos populares do país.
Os repentistas de viola (cantadores) e de pandeiro (emboladores) escaparam da praga apocalíptica de muitos folcloristas.
Agora o gênero alcança até o mercado pirata, mesmo sem nunca ter sido xodó da indústria cultural. É a tecnologia da cópia a serviço do folclore?
(Xico Sá, Gravadora lança 50 discos de repentistas e emboladores. Folha de S.Paulo, 22.11.2001. Adaptado)
Analise a imagem e o texto que a acompanha.
À vista do texto de Xico Sá e dos versos de João Santana, é
correto concluir que o repente
Texto 1
Os teus olhos espalham luz divina,
a quem a luz do sol em vão se atreve;
papoila ou rosa delicada e fina
te cobre as faces, que são cor da neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
teu lindo corpo bálsamo vapora.
Ah! não, não fez o céu, gentil pastora,
para a glória de amor igual tesouro!
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
(Tomás Antônio Gonzaga, Obras Completas)
Texto 2
Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e, seguido por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. Aí, de queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e traiçoeiro.
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
(Aluísio Azevedo, O Cortiço, 1991)
Texto 1
Os teus olhos espalham luz divina,
a quem a luz do sol em vão se atreve;
papoila ou rosa delicada e fina
te cobre as faces, que são cor da neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
teu lindo corpo bálsamo vapora.
Ah! não, não fez o céu, gentil pastora,
para a glória de amor igual tesouro!
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
(Tomás Antônio Gonzaga, Obras Completas)
Texto 2
Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e, seguido por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. Aí, de queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e traiçoeiro.
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
(Aluísio Azevedo, O Cortiço, 1991)
Observe as passagens do texto:
– papoila ou rosa delicada e fina / te cobre as faces, que são cor da neve. (Texto 1);
– Ah! não, não fez o céu, gentil pastora, / para a glória de amor igual tesouro! (Texto 1);
– ... aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. (Texto 2);
– Aí, de queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim... (Texto 2).
Na organização textual, as informações em destaque expressam, correta e respectivamente, sentido de:
“Dá um Google”. “Manda um Whats”. “Joga no Waze”. Que atire a primeira pedra quem não usou pelo menos uma dessas expressões no dia a dia. O mundo da tecnologia é um prato cheio para a criação de frases que pareceriam loucura se as disséssemos no passado. E olha que não são poucos os exemplos.
O fenômeno, para linguistas, é a prova concreta de que a língua não é permanente e está em constante mudança. A tecnologia, como a cultura pop, é um dos exemplos mais claros de como o que falamos está em mudança ininterrupta.
“São exemplos que mostram como as línguas são produtivas. Não se pode achar que uma língua não vai mudar nunca, vai mudar sempre. Seja para extinguir coisas velhas ou criar novas coisas. É um mecanismo para vermos que não podemos regular a língua. Isso é uma questão de produtividade da língua”, afirma Maria Helena de Moura Neves, professora de linguística da Unesp de Araraquara.
Como a tecnologia está em constante evolução, o que nós dizemos também muda constantemente. Por isso, alguns termos podem ficar ultrapassados e serem substituídos por outros – o termo GPS, por exemplo, é muitas vezes usado como Waze. Essas expressões ainda podem circular em diferentes níveis da sociedade. Ah, e não, não é errado usar tais expressões.
“Não tem nada a ver com errado. É uma coisa que é criada. Às vezes é um grupo só que utiliza isso, às vezes esse grupo se amplia e vira coisa de toda a sociedade. Até que chegue um tempo que não é mais tecnologia nova e vai caducando”, explica Maria Helena.
(https://tecnologia.uol.com.br. Adaptado)
“Dá um Google”. “Manda um Whats”. “Joga no Waze”. Que atire a primeira pedra quem não usou pelo menos uma dessas expressões no dia a dia. O mundo da tecnologia é um prato cheio para a criação de frases que pareceriam loucura se as disséssemos no passado. E olha que não são poucos os exemplos.
O fenômeno, para linguistas, é a prova concreta de que a língua não é permanente e está em constante mudança. A tecnologia, como a cultura pop, é um dos exemplos mais claros de como o que falamos está em mudança ininterrupta.
“São exemplos que mostram como as línguas são produtivas. Não se pode achar que uma língua não vai mudar nunca, vai mudar sempre. Seja para extinguir coisas velhas ou criar novas coisas. É um mecanismo para vermos que não podemos regular a língua. Isso é uma questão de produtividade da língua”, afirma Maria Helena de Moura Neves, professora de linguística da Unesp de Araraquara.
Como a tecnologia está em constante evolução, o que nós dizemos também muda constantemente. Por isso, alguns termos podem ficar ultrapassados e serem substituídos por outros – o termo GPS, por exemplo, é muitas vezes usado como Waze. Essas expressões ainda podem circular em diferentes níveis da sociedade. Ah, e não, não é errado usar tais expressões.
“Não tem nada a ver com errado. É uma coisa que é criada. Às vezes é um grupo só que utiliza isso, às vezes esse grupo se amplia e vira coisa de toda a sociedade. Até que chegue um tempo que não é mais tecnologia nova e vai caducando”, explica Maria Helena.
(https://tecnologia.uol.com.br. Adaptado)