Questões de Vestibular UNIFESP 2016 para Vestibular - Português \ Inglês \ Redação

Foram encontradas 45 questões

Q1342588 Português
Leia o soneto“A uma dama dormindo junto a uma fonte”, do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696), para responder a questão.

À margem de uma fonte, que corria, 
Lira doce dos pássaros cantores 
A bela ocasião das minhas dores 
Dormindo estava ao despertar do dia.

Mas como dorme Sílvia, não vestia 
O céu seus horizontes de mil cores; 
Dominava o silêncio entre as flores, 
Calava o mar, e rio não se ouvia.

Não dão o parabém à nova Aurora 
Flores canoras, pássaros fragrantes, 
Nem seu âmbar respira a rica Flora.

Porém abrindo Sílvia os dois diamantes, 
Tudo a Sílvia festeja, tudo adora 
Aves cheirosas, flores ressonantes.

                                                                (Poemas escolhidos, 2010.)
Assinale a alternativa em que o trecho do soneto está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu sentido original.
Alternativas
Q1342590 Português

Leia a fábula “A raposa e o lenhador”, do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?), para responder à questão.


    Enquanto fugia de caçadores, uma raposa viu um lenhador e lhe pediu que a escondesse. Ele sugeriu que ela entrasse em sua cabana e se ocultasse lá dentro. Não muito tempo depois, vieram os caçadores e perguntaram ao lenhador se ele tinha visto uma raposa passar por ali. Em voz alta ele negou tê-la visto, mas com a mão fez gestos indicando onde ela estava escondida. Entretanto, como eles não prestaram atenção nos seus gestos, deram crédito às suas palavras. Ao constatar que eles já estavam longe, a raposa saiu em silêncio e foi indo embora. E o lenhador se pôs a repreendê- -la, pois ela, salva por ele, não lhe dera nem uma palavra de gratidão. A raposa respondeu: “Mas eu seria grata, se os gestos de sua mão fossem condizentes com suas palavras.”

                    (Fábulas completas, 2013.)

A moral mais apropriada para fechar a fábula seria:
Alternativas
Q1342591 Português

Leia a fábula “A raposa e o lenhador”, do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?), para responder à questão.


    Enquanto fugia de caçadores, uma raposa viu um lenhador e lhe pediu que a escondesse. Ele sugeriu que ela entrasse em sua cabana e se ocultasse lá dentro. Não muito tempo depois, vieram os caçadores e perguntaram ao lenhador se ele tinha visto uma raposa passar por ali. Em voz alta ele negou tê-la visto, mas com a mão fez gestos indicando onde ela estava escondida. Entretanto, como eles não prestaram atenção nos seus gestos, deram crédito às suas palavras. Ao constatar que eles já estavam longe, a raposa saiu em silêncio e foi indo embora. E o lenhador se pôs a repreendê- -la, pois ela, salva por ele, não lhe dera nem uma palavra de gratidão. A raposa respondeu: “Mas eu seria grata, se os gestos de sua mão fossem condizentes com suas palavras.”

                    (Fábulas completas, 2013.)

“Entretanto, como eles não prestaram atenção nos seus gestos, deram crédito às suas palavras.” Em relação à oração que a sucede, a oração destacada tem sentido de
Alternativas
Q1342592 Português

Leia a fábula “A raposa e o lenhador”, do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?), para responder à questão.


    Enquanto fugia de caçadores, uma raposa viu um lenhador e lhe pediu que a escondesse. Ele sugeriu que ela entrasse em sua cabana e se ocultasse lá dentro. Não muito tempo depois, vieram os caçadores e perguntaram ao lenhador se ele tinha visto uma raposa passar por ali. Em voz alta ele negou tê-la visto, mas com a mão fez gestos indicando onde ela estava escondida. Entretanto, como eles não prestaram atenção nos seus gestos, deram crédito às suas palavras. Ao constatar que eles já estavam longe, a raposa saiu em silêncio e foi indo embora. E o lenhador se pôs a repreendê- -la, pois ela, salva por ele, não lhe dera nem uma palavra de gratidão. A raposa respondeu: “Mas eu seria grata, se os gestos de sua mão fossem condizentes com suas palavras.”

                    (Fábulas completas, 2013.)

Os trechos “Ele sugeriu que ela entrasse em sua cabana” e “vieram os caçadores e perguntaram ao lenhador se ele tinha visto uma raposa” foram construídos em discurso indireto. Ao se transpor tais trechos para o discurso direto, o verbo “entrasse” e a locução verbal “tinha visto” assumem, respectivamente, as seguintes formas:
Alternativas
Q1342594 Português

Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder à questão.

     Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula¹ beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.

    – Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro², fazei dele um troféu e um lábaro3 , e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...

    Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.

    Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada4 . A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu”... [...] Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.

    As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloquência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.

    Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade5 . Um casuísta6 do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.

(Contos: uma antologia, 1998.)

1 cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos religiosos.

2 desdouro: descrédito, desonra.

3 lábaro: estandarte, bandeira.

4 esgalgado: comprido e estreito.

5 venalidade: condição ou qualidade do que pode ser vendido.

6 casuísta: pessoa que pratica o casuísmo (argumento fundamentado em raciocínio enganador ou falso).

“Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos.” (1° parágrafo) Tal promessa do Diabo constitui, sobretudo, uma inversão da seguinte máxima cristã:
Alternativas
Respostas
6: C
7: B
8: A
9: D
10: D