Questões de Vestibular UNIFESP 2016 para 1º dia - Prova de Língua Portuguesa, Língua Inglesa
Foram encontradas 23 questões
Ano: 2016
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNIFESP
Provas:
VUNESP - 2016 - UNIFESP - 1º dia - Prova de Língua Portuguesa, Língua Inglesa
|
VUNESP - 2016 - UNIFESP - Vestibular - Português \ Inglês \ Redação |
Q1351578
Português
Caracterizou-o sempre um sincero amor pelas coisas de
sua terra, pela sua gente, e se existe obra que possa ser
chamada de brasileira, é a dele. Se seus assuntos eram o
homem e a terra do Brasil, apanhados no Norte, no Sul, no
Centro, a forma por que os explorava era também brasileira,
pela sintaxe que empregava e pelos modismos que introduzia. O Brasil do campo e o das cidades está presente em sua
obra, assim como o homem da sociedade, o homem da rua
e o trabalhador rural. Abarcou os aspectos mais variados da
nossa sensibilidade e da nossa formação, constituindo sua
obra um painel a que nada falta, inclusive o índio, que nela
tem participação considerável.
(José Paulo Paes e Massaud Moisés (orgs). Pequeno dicionário de literatura brasileira, 1980. Adaptado.)
Tal comentário refere-se ao escritor
(José Paulo Paes e Massaud Moisés (orgs). Pequeno dicionário de literatura brasileira, 1980. Adaptado.)
Tal comentário refere-se ao escritor
Ano: 2016
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNIFESP
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VUNESP - 2016 - UNIFESP - 1º dia - Prova de Língua Portuguesa, Língua Inglesa
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VUNESP - 2016 - UNIFESP - Vestibular - Português \ Inglês \ Redação |
Q1351580
Português
Texto associado
Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de
Assis (1839-1908), para responder à questão.
Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se
pressa em enfiar a cogula¹ beneditina, como hábito de boa
fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele
prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas
as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o
Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito
contavam as velhas beatas.
– Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites
sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o
Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que
se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens.
Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos
lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro², fazei
dele um troféu e um lábaro³
, e eu vos darei tudo, tudo, tudo,
tudo, tudo, tudo...
Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo
passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na
boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância,
porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica
e deslavada.
Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a
luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia,
com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada4
. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero;
sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a
cólera de Aquiles, filho de Peleu”... [...] Pela sua parte o Diabo
prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica,
pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não
faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do
mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude
principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa,
que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.
As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo
incutia-lhes, a grandes golpes de eloquência, toda a nova
ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as
perversas e detestar as sãs.
Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que
ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens
são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem
canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos,
outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem
nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi
a da venalidade5
. Um casuísta6
do tempo chegou a confessar
que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos.
Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu
chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal,
mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não
podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua
fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria
consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e
no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue
para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao
caráter, à porção moral do homem? Demonstrando assim o
princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de
ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à
vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de
um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo
a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.
(Contos: uma antologia, 1998.)
1cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos
religiosos.
2desdouro: descrédito, desonra.
3lábaro: estandarte, bandeira.
4esgalgado: comprido e estreito.
5venalidade: condição ou qualidade do que pode ser vendido.
6casuísta: pessoa que pratica o casuísmo (argumento fundamentado em
raciocínio enganador ou falso).
Estão empregados em sentido figurado os termos destacados nos seguintes trechos:
Ano: 2016
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNIFESP
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Q1351584
Português
Texto associado
Leia o excerto do livro 24/7: capitalismo tardio e os fins do
sono de Jonathan Crary para responder à questão.
No fim dos anos 1990, um consórcio espacial russo-europeu anunciou que construiria e lançaria satélites que refletiriam a luz do Sol para a Terra. O esquema previa colocar
em órbita uma cadeia de satélites, sincronizados com o Sol,
a uma altitude de 1700 quilômetros, cada um deles equipado com refletores parabólicos retráteis, da espessura de
uma folha de papel. Quando completamente abertos, cada
satélite-espelho, com duzentos metros de diâmetro, teria a
capacidade de iluminar uma área da Terra de 25 quilômetros
quadrados, com uma luminosidade quase cem vezes maior
do que a da Lua. Em princípio, o projeto visava fornecer iluminação para a exploração industrial de recursos naturais em
regiões remotas com longas noites polares, na Sibéria e no
leste da Rússia, permitindo atividade ao ar livre, noite e dia.
Mas o consórcio acabou expandindo seus planos para a possibilidade de oferecer iluminação noturna a regiões metropolitanas inteiras. Calculando que se reduziriam os custos de
energia da iluminação elétrica, o slogan da empresa era “Luz
do dia a noite toda”.
A oposição ao projeto surgiu de imediato e de diversas
frentes. Astrônomos temeram os efeitos nefastos da observação espacial a partir da Terra. Cientistas e ambientalistas
apontaram consequências fisiológicas prejudiciais tanto aos
animais quanto aos humanos, uma vez que a ausência de
alternância regular entre dia e noite interromperia vários padrões metabólicos, inclusive o sono. Associações culturais
e humanitárias também protestaram, alegando que o céu
noturno é um bem comum ao qual toda a humanidade tem
direito, e que desfrutar da escuridão da noite e observar as
estrelas é um direito humano básico que nenhuma empresa
pode eliminar. De qualquer modo, direito ou privilégio, ele já
está sendo violado para mais da metade da população do
planeta, em cidades que estão permanentemente envoltas
na penumbra da poluição e na intensa iluminação.
Defensores do projeto, todavia, afirmaram que tal tecnologia diminuiria o uso noturno de eletricidade e que a perda
da noite e de sua escuridão seria um preço razoável, considerando-se a redução do consumo global de energia. Seja
como for, esse empreendimento, ao fim inviável, ilustra o imaginário contemporâneo, para o qual um estado de iluminação
contínua é inseparável da ininterrupta operação de troca e
circulação globais. Em seus excessos empresariais, o projeto
é uma expressão hiperbólica de uma intolerância institucional
a tudo que obscureça ou impeça uma situação de visibilidade
instrumentalizada e constante.
(24/7: capitalismo tardio e os fins do sono, 2014. Adaptado.)
Em relação ao projeto, a postura do autor é de