Questões de Vestibular PUC - RS 2014 para Vestibular - Prova 2
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A estrada estendia-se deserta; à esquerda os campos desdobravam-se a perder de vista, serenos, verdes, clareados pela luz macia do sol morrente, manchados de pontas de gado que iam se arrolhando nos paradouros da noite; à direita, o sol, muito baixo, vermelho-dourado, entrando em massa de nuvens de beiradas luminosas. Nos atoleiros, secos, nem um quero-quero: uma que outra perdiz, sorrateira, piava de manso por entre os pastos maduros; e longe, entre o resto da luz que fugia de um lado e a noite que vinha, peneirada, do outro, alvejava a brancura de um joão- grande, voando, sereno, quase sem mover as asas, como uma despedida triste, em que a gente também não sacode os braços... Foi caindo uma aragem fresca; e um silêncio grande, em tudo.
( ) O autor deste conto, que pertence à obra Contos gauchescos, é Simões Lopes Neto.
( ) O narrador utiliza-se de uma série de adjetivos em sua descrição para dar vida a uma cena que traz o amanhecer no campo.
( ) O trecho descreve o campo como um lugar em que a imensidão compactua com a solidão, sendo espaço também de melancolia.
( ) Outra obra do mesmo autor de Trezentas onças é Lendas do Sul.
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
É tão vasto o silêncio da noite na montanha. É tão despovoado. Tenta-se em vão trabalhar para não ouvi-lo, pensar depressa para disfarçá-lo. Ou inventar um programa, frágil ponto que mal nos liga ao subitamente improvável dia de amanhã. Silêncio tão grande que o desespero tem pudor. Os ouvidos se afiam, a cabeça inclina, o corpo todo escuta: nenhum rumor. Nenhum galo. Como estar ao alcance dessa profunda meditação do silêncio. (...) Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece. O coração bate ao reconhecê-lo. Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e para sempre se perderam. (...) Pode-se tentar enganá-lo também. Deixa-se como por acaso o livro de cabeceira cair no chão. Mas, horror – o livro cai dentro do silêncio e se perde na muda e parada voragem deste. E se um pássaro enlouquecido cantasse? Esperança inútil. O canto apenas atravessaria como uma leve flauta o silêncio. Que se espere. Não o fim do silêncio, mas o auxílio bendito de um terceiro elemento, a luz da aurora. Depois nunca mais se esquece. Inútil até fugir para outra cidade. Pois quando menos se espera pode-se reconhecê-lo – de repente. Ao atravessar a rua no meio das buzinas dos carros. Entre uma gargalhada fantasmagórica e outra. Depois de uma palavra dita. Às vezes no próprio coração da palavra. Os ouvidos se assombram, o olhar se esgazeia – ei-lo. E dessa vez ele é fantasma.
I. A autora sugere a dificuldade do homem de ficar em silêncio.
II. Alguns de nossos sentidos tornam-se mais aguçados em momentos de absoluto silêncio.
III. A autora aponta que a fuga para a cidade é a forma de, afinal, vencer o silêncio.
IV. Em determinada passagem, a narradora personifica o silêncio.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são