Questões de Vestibular PUC-GO 2015 para Vestibular , 2º Semestre

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Ano: 2015 Banca: PUC - GO Órgão: PUC-GO Prova: PUC - GO - 2015 - PUC-GO - Vestibular - 2º Semestre |
Q584531 Filosofia

TEXTO 2

                                                   XX

                                        Os Homens

                                         nesta manhã de sangrenta primavera

                                         parecem não mais saber

                                         o que nunca souberam,

                                         que a Vida é para sempre

                                         sã ou demente

                                          tão de repente

                                          tão de repente! 


                        (VIEIRA, Delermando.  Os tambores da tempestade. Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 108.)

      De acordo com Hugo Friedrich, em A Estrutura da lírica moderna (1978), a obscuridade lírica moderna fascina o leitor “na medida em que o desconcerta. A magia de sua palavra e seu sentido de mistério agem profundamente, embora a compreensão permaneça desorientada. “A poesia pode comunicar-se, antes de ser entendida", observou T. S. Eliot em seus ensaios. Essa junção de incompreensibilidade e fascinação pode ser chamada de dissonância, pois gera uma tensão que tende mais à inquietude que à serenidade. A tensão dissonante é um objetivo das artes modernas em geral" (FRIEDRICH, 1978, p. 15). O autor lembra ainda que Baudelaire escreveu: “Existe uma certa glória em não ser compreendido" (Baudelaire apud Friedrich, 1978, p. 16). E acrescenta que ninguém escreveria versos “se o problema da poesia consistisse em fazer-se compreensível" (Friedrich, 1978, p. 16). Essa tese defende a ideia da poesia como uma criação autossuficiente, plurissignificativa.

                                 (FRIEDRICH, Hugo. A estrutura da lírica moderna. São Paulo: Duas Cidades, 1978.)

      O texto poético de  Delermando Vieira confirma a assertiva de que poesia é um enigma e um ouriço não muito acessível, cheio de mistérios, encantos, matizes da polissemia da linguagem literária.

Considerando o poema selecionado, analise os itens abaixo quanto à sua correção:

I-A morte nesse poema é revelação e introdução. Todas as iniciações atravessam uma fase de morte antes de abrir o acesso a uma vida nova.

II-Esse texto, na qualidade de obra de arte, tem a propriedade de abrir-se sobre a totalidade do mundo para dele nos dar a ver e viver o essencial. E, enquanto abre-se ao mundo e à sua “realidade", visa não a uma explicação, mas a uma tomada de consciência em relação ao próprio ser das coisas: uma constatação.

III-O ser implica o não ser como sua condição, a vida segue a presença da morte, e o viver é, ao mesmo tempo, a existência do fim.

De acordo com os itens analisados, marque a alternativa que contém apenas proposições corretas:




Alternativas
Ano: 2015 Banca: PUC - GO Órgão: PUC-GO Prova: PUC - GO - 2015 - PUC-GO - Vestibular - 2º Semestre |
Q584546 Filosofia

TEXTO 4

      A dúvida, continuou Laura, maldita dúvida. Essa é minha companheira, a sombra inconveniente que me segura pelos calcanhares, que há de seguir comigo até o túmulo. A morte de Tomázia, será que ela me convinha? Talvez me conviesse. Essa hipótese, eu não tenho como descartar. Seu desaparecimento anularia a prova de meu crime? Teria poder para apaziguar a culpa que continuava latejando mesmo depois de meu rompimento definitivo com Vítor? A dúvida acabou se revelando muito superior à certeza. Mil, um milhão de vezes mais forte. Talvez se eu tivesse sido obrigada a confessar meu crime aos pés de um juiz, se tivesse sido enjaulada entre mulheres que me odiavam, que me submetessem ao horror do estupro, que atentassem contra minha pessoa, a sensação de culpa tivesse sido atenuada. Juro que cheguei a sentir inveja do destino reservado às muçulmanas que cometem o pecado do adultério. Desejei, sim, ser publicamente difamada, arrastada pelos cabelos, enterrada até o pescoço, e, finalmente, ter a cabeça esfacelada a pedradas. Qualquer coisa, qualquer situação limite teria sido menos penosa do que seguir carregando a culpa, enquanto simulava a mais absoluta indiferença. Não tenho vocação para o disfarce, a simulação. Ah, como eu lamentei a perda de meu direito de exibir minha fraqueza como outras mulheres faziam! Mas não, eu tinha a permanente obrigação de ser forte, de estar preparada para o momento em que meu mundo viesse abaixo, como veio.

      A visão de mulheres com as cabeças esfaceladas, transformadas em um bolo de carne sangrento e disforme, partículas de cérebro espatifadas pra tudo que é lado, arrepiou meu corpo dolorido. Sentindo um princípio de náusea, comecei a fungar uma emoçãozinha desconfiada. Essa bruxa tá me embromando, penso, daqui a pouco eu entro na dela, caio em prantos e, alagada de piedade, abraço a velha, aliso seus cabelos grisalhos, cubro-lhe a face enrugada com beijinhos consoladores. Calma, tia, calma! Cuidado com a pressão. Tem aí algum tranquilizante que eu possa lhe dar?

                                   (BARROS, Adelice da Silveira. A mesa dos inocentes. Goiânia: Kelps, 2010. p. 23.)

O Texto 4 faz referência a dúvida e a certeza. Descartes, o pai da filosofia moderna, começa duvidando de tudo. Na verdade, o seu método parte de um ceticismo que é levado ao extremo para se chegar a uma verdade indubitável. Tendo Descartes como referência, analise as proposições a seguir e marque a alternativa correta:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: PUC - GO Órgão: PUC-GO Prova: PUC - GO - 2015 - PUC-GO - Vestibular - 2º Semestre |
Q584547 Filosofia

TEXTO 4

      A dúvida, continuou Laura, maldita dúvida. Essa é minha companheira, a sombra inconveniente que me segura pelos calcanhares, que há de seguir comigo até o túmulo. A morte de Tomázia, será que ela me convinha? Talvez me conviesse. Essa hipótese, eu não tenho como descartar. Seu desaparecimento anularia a prova de meu crime? Teria poder para apaziguar a culpa que continuava latejando mesmo depois de meu rompimento definitivo com Vítor? A dúvida acabou se revelando muito superior à certeza. Mil, um milhão de vezes mais forte. Talvez se eu tivesse sido obrigada a confessar meu crime aos pés de um juiz, se tivesse sido enjaulada entre mulheres que me odiavam, que me submetessem ao horror do estupro, que atentassem contra minha pessoa, a sensação de culpa tivesse sido atenuada. Juro que cheguei a sentir inveja do destino reservado às muçulmanas que cometem o pecado do adultério. Desejei, sim, ser publicamente difamada, arrastada pelos cabelos, enterrada até o pescoço, e, finalmente, ter a cabeça esfacelada a pedradas. Qualquer coisa, qualquer situação limite teria sido menos penosa do que seguir carregando a culpa, enquanto simulava a mais absoluta indiferença. Não tenho vocação para o disfarce, a simulação. Ah, como eu lamentei a perda de meu direito de exibir minha fraqueza como outras mulheres faziam! Mas não, eu tinha a permanente obrigação de ser forte, de estar preparada para o momento em que meu mundo viesse abaixo, como veio.

      A visão de mulheres com as cabeças esfaceladas, transformadas em um bolo de carne sangrento e disforme, partículas de cérebro espatifadas pra tudo que é lado, arrepiou meu corpo dolorido. Sentindo um princípio de náusea, comecei a fungar uma emoçãozinha desconfiada. Essa bruxa tá me embromando, penso, daqui a pouco eu entro na dela, caio em prantos e, alagada de piedade, abraço a velha, aliso seus cabelos grisalhos, cubro-lhe a face enrugada com beijinhos consoladores. Calma, tia, calma! Cuidado com a pressão. Tem aí algum tranquilizante que eu possa lhe dar?

                                   (BARROS, Adelice da Silveira. A mesa dos inocentes. Goiânia: Kelps, 2010. p. 23.)

O Texto 4 retrata o conflito de uma mulher consigo mesma em razão de um sentimento de culpa. Culpa e punição sempre estiveram presentes no universo feminino. Durante a Idade Média e no limiar da modernidade, na Europa, as atitudes das mulheres eram vistas como ameaças à ordem estabelecida pelo poder patriarcal e pelo poder soberano, em nome do povo, para defender a moral e o direito da comunidade. Analise os itens a seguir sobre a temática:
I-Para os teólogos e moralistas da Idade Média, a sensualidade da mulher sempre esteve no centro das reprovações. Por isso, a preocupação constante dos religiosos com a repressão ou o controle da sexualidade, pois as mulheres, fracas e entregues aos próprios instintos, dificilmente resistiam às artimanhas do Demônio.
II-As canções medievais das fiandeiras retratam o espaço privado das mulheres como lugar de recolhimento, de devaneio, de espera e de convivência.
III-Na perspectiva do pensamento burguês, a imagem da mulher aparece depreciada nas narrativas literárias dos séculos XIV e XV. O amor cortês se transforma em ridicularização, malícia e reprovação dos excessos das mulheres, especialmente a gula e a falta de controle dos instintos.
De acordo com os itens analisados, marque a alternativa que contém apenas proposições corretas:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: PUC - GO Órgão: PUC-GO Prova: PUC - GO - 2015 - PUC-GO - Vestibular - 2º Semestre |
Q584548 Filosofia

TEXTO 4

      A dúvida, continuou Laura, maldita dúvida. Essa é minha companheira, a sombra inconveniente que me segura pelos calcanhares, que há de seguir comigo até o túmulo. A morte de Tomázia, será que ela me convinha? Talvez me conviesse. Essa hipótese, eu não tenho como descartar. Seu desaparecimento anularia a prova de meu crime? Teria poder para apaziguar a culpa que continuava latejando mesmo depois de meu rompimento definitivo com Vítor? A dúvida acabou se revelando muito superior à certeza. Mil, um milhão de vezes mais forte. Talvez se eu tivesse sido obrigada a confessar meu crime aos pés de um juiz, se tivesse sido enjaulada entre mulheres que me odiavam, que me submetessem ao horror do estupro, que atentassem contra minha pessoa, a sensação de culpa tivesse sido atenuada. Juro que cheguei a sentir inveja do destino reservado às muçulmanas que cometem o pecado do adultério. Desejei, sim, ser publicamente difamada, arrastada pelos cabelos, enterrada até o pescoço, e, finalmente, ter a cabeça esfacelada a pedradas. Qualquer coisa, qualquer situação limite teria sido menos penosa do que seguir carregando a culpa, enquanto simulava a mais absoluta indiferença. Não tenho vocação para o disfarce, a simulação. Ah, como eu lamentei a perda de meu direito de exibir minha fraqueza como outras mulheres faziam! Mas não, eu tinha a permanente obrigação de ser forte, de estar preparada para o momento em que meu mundo viesse abaixo, como veio.

      A visão de mulheres com as cabeças esfaceladas, transformadas em um bolo de carne sangrento e disforme, partículas de cérebro espatifadas pra tudo que é lado, arrepiou meu corpo dolorido. Sentindo um princípio de náusea, comecei a fungar uma emoçãozinha desconfiada. Essa bruxa tá me embromando, penso, daqui a pouco eu entro na dela, caio em prantos e, alagada de piedade, abraço a velha, aliso seus cabelos grisalhos, cubro-lhe a face enrugada com beijinhos consoladores. Calma, tia, calma! Cuidado com a pressão. Tem aí algum tranquilizante que eu possa lhe dar?

                                   (BARROS, Adelice da Silveira. A mesa dos inocentes. Goiânia: Kelps, 2010. p. 23.)

Chama atenção o drama vivido pela personagem do fragmento extraído do livro A mesa dos inocentes, de Adelice Barros (Texto 4).

Marque a alternativa correta concernente às reflexões da personagem no fragmento em questão:

Alternativas
Ano: 2015 Banca: PUC - GO Órgão: PUC-GO Prova: PUC - GO - 2015 - PUC-GO - Vestibular - 2º Semestre |
Q584564 Filosofia

TEXTO 6

[…]

Amado (na sua euforia profissional) – Cunha,

escuta. Vi um caso agora. Ali, na praça da Bandeira. Um caso que. Cunha, ouve. Esse caso pode ser a tua salvação!

Cunha (num lamento) – Estou mais sujo do que pau de galinheiro!

Amado (incisivo e jocundo) – Porque você é uma besta, Cunha. Você é o delegado mais burro do Rio de Janeiro.

(Cunha ergue-se.)

Cunha (entre ameaçador e suplicante) – Não pense que. Você não se ofende, mas eu me ofendo.

Amado (jocundo) – Senta!

(Cunha obedece novamente.)

Cunha (com um esgar de choro) – Te dou um tiro!

Amado – Você não é de nada. Então, dá. Dá!

Quedê?

Cunha – Qual é o caso?

Amado – Olha. Agorinha, na praça da Bandeira. Um rapaz foi atropelado. Estava juntinho de mim. Nessa distância. O fato é que caiu. Vinha um lotação raspando. Rente ao meio-fio. Apanha o cara. Em cheio. Joga longe. Há aquele bafafá. Corre pra cá, pra lá. O sujeito estava lá, estendido, morrendo.

Cunha (que parece beber as palavras do repórter) – E daí?

Amado (valorizando o efeito culminante) – De repente, um outro cara aparece, ajoelha-se no asfalto, ajoelha-se. Apanha a cabeça do atropelado e dá-lhe um beijo na boca.

CUNHA (confuso e insatisfeito) – Que mais?

Amado (rindo) – Só.

Cunha (desorientado) – Quer dizer que. Um sujeito beija outro na boca e. Não houve mais nada. Só isso?

(Amado ergue-se. Anda de um lado para outro. Estaca, alarga o peito.)

Amado – Só isso!

Cunha – Não entendo.

Amado (abrindo os braços para o teto) – Sujeito burro! (para o delegado) Escuta, escuta! Você não quer se limpar? Hein? Não quer se limpar?

Cunha – Quero!

Amado – Pois esse caso.

Cunha – Mas ...

Amado – Não interrompe! Ou você não percebe?

Escuta […]

(RODRIGUES,  Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 12/13.)

O Texto 6 relata uma situação polêmica sobre o beijo na boca entre dois homens. Sobre o beijo, até onde se tem notícia, o primeiro beijo entre pessoas do mesmo sexo na história do cinema foi no ano de 1927, no filme Wings (Asas). Os astros Buddy Rogers e Richard Arlen interpretam dois pilotos de combate que disputam a afeição de uma mesma mulher (Clara Bow). Essa é a trama do filme. Nenhum dos dois “mostra tanto amor por ela... como demonstra um pelo outro.” O beijo foi bastante tímido. No ano de 2014, uma cena se destacou nas novelas da Globo. O beijo gay entre Felix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) que foi ao ar no último capítulo da novela Amor à vida. Na verdade, a quebra de determinados preconceitos ou mudança de comportamento geralmente ocorre porque a sociedade constituída de homens está em constante mudança. Há os que defendem a quebra de paradigmas e lutam por sua liberdade e autonomia. Dentre as correntes filosóficas citadas a seguir, marque a alternativa que apresenta a corrente que contribuiu para a valorização da autonomia e liberdade do indivíduo.
Alternativas
Respostas
1: D
2: D
3: B
4: B
5: B