Questões de Vestibular UEMG 2018 para Vestibular
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Texto 1
O poeta contemporâneo ainda tem com o que se espantar?
(Audrey de Mattos)
Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendimento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas.
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Trata-se então de ouvir o inaudível e ver o invisível, conforme a fórmula clássica baudelairiana. A linguagem poética, até então mero instrumento de reprodução da realidade, “reclamará uma maior autonomia em relação à normatividade do mundo, reivindicando assim algo que parecia impossível: a capacidade de transfigurar o real e integrar-se ao mundo como elemento constitutivo deste” (Tereza Cabañas, in “A poética da inversão”).
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Do poema enterrado ao poema digital, a poesia incorporará tantas e tão variadas formas de expressão que levarão Antonio Cicero a afirmar, em fins da primeira década do século XXI: “Não há mais vanguarda”. “Qualquer fetichismo residual em relação a qualquer forma convencional da poesia” foi eliminado e “a consequente relativização de todas as formas tradicionais de poesia” afeta todos os poetas pós-vanguarda.
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Adaptado de <http://lounge.obviousmag.org/conversa_de_botequim/2014/09/poesia-no-seculo-xxi-rumos.html#ixzz4ybiYJXfM
Texto 2
Trabalivre
(Tribalistas)
Um dia minha mãe me disse
Você já é grande, tem que trabalhar
Naquele instante aproveitei a chance
Vi que eu era livre para me virar
Fiz minha mala, comprei a passagem
O tempo passou depressa e eu aqui cheguei
Passei por tudo que é dificuldade
Me perdi pela cidade mas já me encontrei
Domingo boto meu pijama
Deito lá na cama para não cansar
Segunda-feira eu já tô de novo
Atolado de trabalho para entregar
Na terça não tem brincadeira
Quarta-feira tem serviço para terminar
Na quinta já tem hora extra
E na sexta o expediente termina no bar
Mas tenho o sábado inteiro pra mim mesmo
Fora do emprego
Pra me aprimorar
Sou easy, eu não entro em crise
Tenho tempo livre
Pra me trabalhar
Disponível em: <https://www.letras.mus.br/tribalistas/trabalivre/>
Assinale a alternativa correta.
Texto 3
“ALIEN INTERVIEW” (Entrevista com um alienígena)
No momento em que o ser alienígena tinha sido devolvido à base eu já tinha passado várias horas com ela. Como já referi, o Sr. Cavitt me disse para ficar com a extraterrestre, já que eu era a única pessoa entre nós que poderia compreendê-la e manter comunicação telepaticamente. Eu não pude compreender e entender a minha capacidade de me “comunicar” telepaticamente com o ser extraterrestre. Eu nunca antes havia tido experiência com comunicação telepática com alguém.
A comunicação não-verbal que eu experimentei era como a compreensão que se tem quando uma criança ou um cão está tentando fazer você entender alguma coisa, mas muito, muito mais direta e poderosa! Mesmo que não houvesse falado “palavras”, ou comunicação através de sinais, a intenção dos pensamentos eram inconfundíveis para mim. Percebi mais tarde que, apesar de eu receber o pensamento, eu necessariamente não interpretava o seu significado exatamente.
[...]
Disponível em:<http://www.bibliotecapleyades.net/vida_alien/alieninterview/alieninterview.htm) >. Acesso em 10 nov.
Assinale a alternativa correta a respeito
do Texto 3 e de seus elementos
linguísticos.
A questão refere-se à obra As melhores histórias de Fernando Sabino.
O texto a seguir é um excerto da crônica O caso do charuto.
E o ascensorista inflexível. Que o homem guardasse o charuto no bolso, engolisse o charuto, fizesse o que melhor lhe parecesse. Sem o quê, ele não subiria. Distraído pelos próprios argumentos, o homem, em vez de se desfazer do charuto, tirou dele uma baforada. Foi o bastante para generalizar-se a confusão. A senhora do Bronx resolveu intervir, alegando raivosamente que ela não tinha nada com aquela história e queria subir. O panamenho, como se estivesse no mundo da lua, perguntava em vão e em mau inglês em que andar era o Consulado do Panamá. O gordinho gritava que aquilo era um desaforo etc. etc. E o elevador parado. O dono do charuto levou-o novamente à boca, para ter as mãos livres e poder se explicar, provocando indignação geral. Então o gordinho, fora de si, estendeu o braço para com uma tapa derrubar o charuto, resolvendo assim a questão. Acontece, porém, que seu gesto foi mal calculado e o que ele deu foi um bofetão na cara do homem. O charuto saltou no ar largando brasa para cima do panamenho, que até então não entendia coisa nenhuma.
SABINO, Fernando. As melhores histórias de Fernando Sabino. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010. p. 61.