Questões de Vestibular IF-PR 2018 para Nível Médio
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Q1316298
Português
Texto associado
Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
Mia Couto.
O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no
acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o
pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele
nem incomodava os neurónios*:
– É conta que se faz sem cabeça.
Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida
a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia
ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua
equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto
de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o
zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva
não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem
de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da
dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era
nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se
apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda
a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá
para si*.
– Faça as contas mestre.
Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os
razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu
pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem
pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto
mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*.
O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores
da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o
professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.
*grafia usada em Moçambique
Mia Couto, escritor moçambicano, é um mestre das
palavras. Nesse texto, ele aproxima a linguagem matemática das relações humanas e do cotidiano do personagem
e, com isso:
Q1316299
Português
Texto associado
Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
Mia Couto.
O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no
acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o
pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele
nem incomodava os neurónios*:
– É conta que se faz sem cabeça.
Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida
a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia
ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua
equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto
de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o
zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva
não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem
de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da
dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era
nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se
apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda
a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá
para si*.
– Faça as contas mestre.
Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os
razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu
pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem
pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto
mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*.
O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores
da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o
professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.
*grafia usada em Moçambique
Analisando o contexto em que é empregada a expressão: “A paixão é o mundo a dividir por zero”, assinale
a alternativa que melhor a explica.
Q1316300
Português
Texto associado
Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
Mia Couto.
O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no
acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o
pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele
nem incomodava os neurónios*:
– É conta que se faz sem cabeça.
Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida
a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia
ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua
equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto
de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o
zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva
não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem
de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da
dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era
nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se
apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda
a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá
para si*.
– Faça as contas mestre.
Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os
razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu
pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem
pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto
mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*.
O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores
da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o
professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.
*grafia usada em Moçambique
Compare as expressões I e II abaixo (também
negritadas no texto) e, a seguir, assinale a alternativa correta.
I) “...reduzida a paixão ao seu equivalente numérico.” II) “A paixão é o mundo a dividir por zero.”
I) “...reduzida a paixão ao seu equivalente numérico.” II) “A paixão é o mundo a dividir por zero.”
Q1316301
Português
Texto associado
Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
Mia Couto.
O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no
acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o
pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele
nem incomodava os neurónios*:
– É conta que se faz sem cabeça.
Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida
a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia
ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua
equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto
de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o
zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva
não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem
de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da
dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era
nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se
apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda
a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá
para si*.
– Faça as contas mestre.
Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os
razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu
pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem
pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto
mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*.
O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores
da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o
professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.
*grafia usada em Moçambique
Nesse texto, o escritor “brinca” com o leitor e o desafia a utilizar a imaginação para interpretar e entender toda
a trama. Analisando-o segundo os elementos característicos das narrativas literárias, assinale a alternativa correta.
Q1316302
Português
Texto associado
Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
Mia Couto.
O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurónios*:
– É conta que se faz sem cabeça.
Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá para si*.
– Faça as contas mestre.
Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*. O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.
*grafia usada em Moçambique
Poesia matemática, Millôr Fernandes.
Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base.
Uma figura ímpar:
Olhos romboides, boca trapezoide,
Corpo ortogonal, seios esferoides.
Fez da sua
Uma vida Paralela à dela
Até que se encontraram
No infinito.
“Quem és tu?” indagou ele
Com ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me de Hipotenusa.”
E de falarem descobriram que eram
— O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
— Primos entre si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.
Comparando o texto de Mia Couto, com o de Millôr
Fernandes, pode-se afirmar que: