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Diabetes prejudica mais a saúde cardíaca das mulheres do que dos homens
Revisão de pesquisas concluiu que risco de doença coronária entre pessoas diabéticas é 44% maior entre o sexo
feminino
O diabetes pode impactar de forma mais negativa a saúde das mulheres do que a dos homens. É o que
indicam os resultados de uma pesquisa conduzida por especialistas europeus e australianos. Segundo o estudo, o
risco de que uma pessoa diabética sofra uma doença coronária é 44% maior se ela for do sexo feminino.
A doença coronária ocorre quando o transporte do sangue ao músculo cardíaco é bloqueado parcial ou
completamente devido ao acúmulo de gordura nas paredes das artérias. Alguns fatores de risco para a doença
incluem idade avançada, histórico familiar do mal, tabagismo, má alimentação, sedentarismo e obesidade. Tais
fatores de risco são muito semelhantes aos do diabetes tipo 2. O diabetes aumenta o risco de doença cardíaca,
especialmente entre o sexo feminino. A chance de mulheres com diabetes desenvolverem doença coronária é 44%
mais elevado do que o de homens diabéticos, e três vezes maior em comparação com mulheres livres do diabetes.
O novo estudo, conduzido por especialistas da Austrália, Grã-Bretanha e Holanda, ainda concluiu que
mulheres diabéticas têm o triplo de chance de sofrer uma doença coronária do que mulheres sem diabetes. Já entre
os homens, esse risco é dobrado.
Os resultados publicados no periódico Diabetologia se basearam em uma revisão de 64 estudos realizados
nas últimas cinco décadas com 850 000 pessoas.
Evidências — Em uma pesquisa anterior, essa mesma equipe de pesquisadores mostrou que mulheres com
diabetes têm 25% mais chances de sofrer um derrame cerebral do que homens diabéticos. “Juntando os resultados
dos nossos estudos, temos evidências suficientes de que o diabetes representa um maior risco à saúde
cardiovascular das mulheres do que dos homens”, escreveram os autores no artigo.
De acordo com a equipe, não está claro o motivo pelo qual o diabetes é mais perigoso ao coração das
mulheres do que dos homens, mas existem algumas hipóteses. Uma delas é a de que o metabolismo feminino precisa
se deteriorar muito mais do que o masculino para desencadear o diabetes. Assim, quando diagnosticadas com a
doença, as mulheres apresentam mais fatores de risco à saúde, como excesso de peso.
“Se os nossos resultados forem confirmados, saberemos que implementar intervenções específicas para
cada sexo no tratamento do diabetes poderá ter um grande impacto no risco de uma pessoa ter doença coronária”,
dizem os autores. Entre as formas evitar o diabetes tipo 2 estão: Perda da barriga.
Um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2 é o acúmulo da gordura visceral, ou seja, a gordura
acumulada na região abdominal que também se concentra no fígado e entre os intestinos. “Essa gordura obriga o
pâncreas a produzir cada vez mais insulina para que a glicose consiga entrar nas células. Esse excesso estimula uma
série de mudanças no metabolismo, como aumento da pressão arterial e das taxas de colesterol no sangue”, explica
Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Portanto, o ganho de peso pode significar o
aumento da gordura visceral e, consequentemente, do risco de diabetes tipo 2.
Muitos estudos já relacionaram o exercício físico ao menor risco de diabetes tipo 2, assim como outras
pesquisas mostraram que o sedentarismo pode levar ao desenvolvimento da doença. Em 2002, um estudo clássico
sobre diabetes, o Diabetes Prevention Program (DPP), mostrou que uma mudança no estilo de vida é melhor para
evitar a doença do que medicamentos como a metformina, que reduz a resistência à insulina. Essa mudança no estilo
de vida significa 150 minutos de atividade física por semana, uma melhora na alimentação e a perda de 7% do peso
corporal em seis meses. “Embora a pesquisa tenha sido feita há dez anos, seus resultados foram comprovados pelos
estudos que vieram depois”, diz Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Adaptado de http http://veja.abril.com.br/noticia/saude/diabetes-prejudica-mais-a-saude-cardiaca-das-mulheres-do-que-dos-homens