Questões de Vestibular FAG 2017 para Vestibular, Primeiro Semestre - Medicina
Foram encontradas 6 questões
Ano: 2017
Banca:
FAG
Órgão:
FAG
Prova:
FAG - 2017 - FAG - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina |
Q1376481
Português
Texto associado
Texto 1 - Repórter Policial
[...] Assim como o locutor esportivo jamais chamou nada pelo nome comum, assim também o repórter
policial é um entortado literário. Nessa classe, os que se prezam nunca chamariam um hospital de hospital. De jeito
nenhum. É nosocômio. Nunca, em tempo algum, qualquer vítima de atropelamento, tentativa de morte, conflito,
briga ou simples indisposição intestinal foi parar num hospital. Só vai para o nosocômio. E assim sucessivamente.
Qualquer cidadão que vai à Polícia prestar declarações que possam ajudá-la numa diligência (apelido que eles
puseram no ato de investigar), é logo apelidada de testemunha chave. Suspeito é Mister X, advogado é causídico,
soldado é militar, marinheiro é naval, copeira é doméstica e, conforme esteja deitada, a vítima de um crime – de
costas ou de barriga pra baixo – fica numa destas duas incômodas posições: decúbito dorsal ou decúbito ventral.
Num crime descrito pela imprensa sangrenta, a vítima nunca se vestiu. A vítima trajava. Todo mundo se
veste… mas, basta virar vítima de crime, que a rapaziada sadia ignora o verbo comum e mete lá: “A vítima traja terno
azul e gravata do mesmo tom”. Eis, portanto, que é preciso estar acostumado ao “métier” para morar no noticiário
policial. Como os locutores esportivos, a Delegacia do Imposto de Renda, os guardas de trânsito, as mulheres dos
outros, os repórteres policiais nasceram para complicar a vida da gente. Se um porco morde a perna de um caixeiro
de uma dessas casas da banha, por exemplo, é batata…a manchete no dia seguinte tá lá: “Suíno atacou
comerciário”.
Outro detalhezinho interessante: se a vítima de uma agressão morre, tá legal, mas se — ao contrário — em
vez de morrer fica estendida no asfalto, está prostrada. Podia estar caída, derrubada ou mesmo derribada, mas um
repórter de crime não vai trair a classe assim à toa. E castiga na página: "Naval prostrou desafeto com certeira
facada." Desafeto — para os que são novos na turma — devemos explicar que é inimigo, adversário, etc. E mais: se
morre na hora, tá certo; do contrário, morrerá invariavelmente ao dar entrada na sala de operações.
De como vive a imprensa sangrenta, é fácil explicar. Vive da desgraça alheia, em fotos ampliadas. Um
repórter de polícia, quando está sem notícia, fica na redação, telefonando pras delegacias distritais ou para os
hospitais, perdão, para os nosocômios, onde sempre tem um cupincha de plantão. [...]
Fonte: STANISLAW, Ponte Preta. São Paulo: Moderna, 1986.
Ao ler atentamente o excerto da crônica, verificasse o uso da linguagem:
Ano: 2017
Banca:
FAG
Órgão:
FAG
Prova:
FAG - 2017 - FAG - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina |
Q1376484
Português
Texto associado
Texto 3 - Memória coletiva
Em 1925, quando a era das comunicações começava a se acelerar, o filósofo francês Maurice Halbwachs
aventou a ideia de uma “memória coletiva”: o conjunto de lembranças que um grupo de pessoas compartilha sobre
um evento marcante e que, somado a fatos e imagens de domínio público, forma um tecido muito mais extenso e
bem tramado do que a simples soma das recordações individuais. Esse tecido é tão forte, aliás, que pode ser
compartilhado até mesmo por gerações que não assistiram aos acontecimentos. É um fenômeno presente na
maneira como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã. Na vida brasileira, o
ano de 1970 é um desses polarizadores da memória coletiva: o ano em que o país reuniu a mais brilhante escalação
da história do futebol, em que esse time derrotou de maneira quase heroica cada um dos seus adversários [...], em
que a população experimentou, na Copa do Mundo, seu primeiro grande evento de mídia – e também um ano em
que a ditadura militar arrancava as pessoas de suas casas e sumia com elas, em que tudo era dito aos sussurros e
em que essa euforia de uma torcida nacional foi usada como cortina de fumaça para o desgoverno e se misturou a
ele. [...] E está aí, em boa medida, a beleza de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil, 2006) [...]: na
maneira como ele ao mesmo tempo separa e une esses dois fios da memória.
No começo de 1970, Mauro (Michel Joelsas), de 12 anos, é tirado às pressas de sua casa em Belo Horizonte
e levado para o apartamento do avô, no bairro paulistano do Bom Retiro. Os pais, aflitos, dizem que estão saindo de
férias e, quando puderem, voltarão para buscá-lo, de preferência a tempo de assistirem juntos à Copa. Vão-se
embora sem conferir se o avô recebeu o menino em segurança. Mas ele não está em casa, nem vai voltar. Mauro
vira então atribuição da vizinhança. Mora meio na casa vazia do avô, meio no apartamento ao lado, do velho Shlomo
(Germano Haiut), zelador da sinagoga local – o Bom Retiro reunia então uma forte comunidade judaica, a que Mauro
nem sabia pertencer. Janta com uma pessoa, almoça com outra, brinca com as crianças do bairro e, o tempo todo,
mantém um olho grudado no futebol e o outro no telefone, à espera de uma ligação dos pais que não chega nunca.
[...]
(BOSCOV, Isabela. Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2006/10/memria-coletiva.html.)
No texto 3, é possível indicar uma contraposição estabelecida entre:
Ano: 2017
Banca:
FAG
Órgão:
FAG
Prova:
FAG - 2017 - FAG - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina |
Q1376485
Português
Texto associado
Texto 3 - Memória coletiva
Em 1925, quando a era das comunicações começava a se acelerar, o filósofo francês Maurice Halbwachs
aventou a ideia de uma “memória coletiva”: o conjunto de lembranças que um grupo de pessoas compartilha sobre
um evento marcante e que, somado a fatos e imagens de domínio público, forma um tecido muito mais extenso e
bem tramado do que a simples soma das recordações individuais. Esse tecido é tão forte, aliás, que pode ser
compartilhado até mesmo por gerações que não assistiram aos acontecimentos. É um fenômeno presente na
maneira como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã. Na vida brasileira, o
ano de 1970 é um desses polarizadores da memória coletiva: o ano em que o país reuniu a mais brilhante escalação
da história do futebol, em que esse time derrotou de maneira quase heroica cada um dos seus adversários [...], em
que a população experimentou, na Copa do Mundo, seu primeiro grande evento de mídia – e também um ano em
que a ditadura militar arrancava as pessoas de suas casas e sumia com elas, em que tudo era dito aos sussurros e
em que essa euforia de uma torcida nacional foi usada como cortina de fumaça para o desgoverno e se misturou a
ele. [...] E está aí, em boa medida, a beleza de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil, 2006) [...]: na
maneira como ele ao mesmo tempo separa e une esses dois fios da memória.
No começo de 1970, Mauro (Michel Joelsas), de 12 anos, é tirado às pressas de sua casa em Belo Horizonte
e levado para o apartamento do avô, no bairro paulistano do Bom Retiro. Os pais, aflitos, dizem que estão saindo de
férias e, quando puderem, voltarão para buscá-lo, de preferência a tempo de assistirem juntos à Copa. Vão-se
embora sem conferir se o avô recebeu o menino em segurança. Mas ele não está em casa, nem vai voltar. Mauro
vira então atribuição da vizinhança. Mora meio na casa vazia do avô, meio no apartamento ao lado, do velho Shlomo
(Germano Haiut), zelador da sinagoga local – o Bom Retiro reunia então uma forte comunidade judaica, a que Mauro
nem sabia pertencer. Janta com uma pessoa, almoça com outra, brinca com as crianças do bairro e, o tempo todo,
mantém um olho grudado no futebol e o outro no telefone, à espera de uma ligação dos pais que não chega nunca.
[...]
(BOSCOV, Isabela. Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2006/10/memria-coletiva.html.)
Tendo em vista o teor do conteúdo assim como os recursos de construção linguística utilizados,
pode-se afirmar que o texto 3, principalmente,
Ano: 2017
Banca:
FAG
Órgão:
FAG
Prova:
FAG - 2017 - FAG - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina |
Q1376486
Português
Texto associado
Texto 3 - Memória coletiva
Em 1925, quando a era das comunicações começava a se acelerar, o filósofo francês Maurice Halbwachs
aventou a ideia de uma “memória coletiva”: o conjunto de lembranças que um grupo de pessoas compartilha sobre
um evento marcante e que, somado a fatos e imagens de domínio público, forma um tecido muito mais extenso e
bem tramado do que a simples soma das recordações individuais. Esse tecido é tão forte, aliás, que pode ser
compartilhado até mesmo por gerações que não assistiram aos acontecimentos. É um fenômeno presente na
maneira como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã. Na vida brasileira, o
ano de 1970 é um desses polarizadores da memória coletiva: o ano em que o país reuniu a mais brilhante escalação
da história do futebol, em que esse time derrotou de maneira quase heroica cada um dos seus adversários [...], em
que a população experimentou, na Copa do Mundo, seu primeiro grande evento de mídia – e também um ano em
que a ditadura militar arrancava as pessoas de suas casas e sumia com elas, em que tudo era dito aos sussurros e
em que essa euforia de uma torcida nacional foi usada como cortina de fumaça para o desgoverno e se misturou a
ele. [...] E está aí, em boa medida, a beleza de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil, 2006) [...]: na
maneira como ele ao mesmo tempo separa e une esses dois fios da memória.
No começo de 1970, Mauro (Michel Joelsas), de 12 anos, é tirado às pressas de sua casa em Belo Horizonte
e levado para o apartamento do avô, no bairro paulistano do Bom Retiro. Os pais, aflitos, dizem que estão saindo de
férias e, quando puderem, voltarão para buscá-lo, de preferência a tempo de assistirem juntos à Copa. Vão-se
embora sem conferir se o avô recebeu o menino em segurança. Mas ele não está em casa, nem vai voltar. Mauro
vira então atribuição da vizinhança. Mora meio na casa vazia do avô, meio no apartamento ao lado, do velho Shlomo
(Germano Haiut), zelador da sinagoga local – o Bom Retiro reunia então uma forte comunidade judaica, a que Mauro
nem sabia pertencer. Janta com uma pessoa, almoça com outra, brinca com as crianças do bairro e, o tempo todo,
mantém um olho grudado no futebol e o outro no telefone, à espera de uma ligação dos pais que não chega nunca.
[...]
(BOSCOV, Isabela. Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2006/10/memria-coletiva.html.)
Ao iniciar a introdução do conceito de “memória coletiva”, pode-se afirmar que a autora do texto 3:
I. Utiliza como recurso textual, um argumento de autoridade de modo a gerar o nível de credibilidade pretendido. II. Através de fatos históricos e testemunhos comprováveis produz um nível de expectativa pertinente ao tipo textual proposto. III. Estabelece um comparativo entre tipos diferentes de lembranças, de modo a considerar a superioridade de um em relação ao outro.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
I. Utiliza como recurso textual, um argumento de autoridade de modo a gerar o nível de credibilidade pretendido. II. Através de fatos históricos e testemunhos comprováveis produz um nível de expectativa pertinente ao tipo textual proposto. III. Estabelece um comparativo entre tipos diferentes de lembranças, de modo a considerar a superioridade de um em relação ao outro.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
Ano: 2017
Banca:
FAG
Órgão:
FAG
Prova:
FAG - 2017 - FAG - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina |
Q1376487
Português
Texto associado
Texto 3 - Memória coletiva
Em 1925, quando a era das comunicações começava a se acelerar, o filósofo francês Maurice Halbwachs
aventou a ideia de uma “memória coletiva”: o conjunto de lembranças que um grupo de pessoas compartilha sobre
um evento marcante e que, somado a fatos e imagens de domínio público, forma um tecido muito mais extenso e
bem tramado do que a simples soma das recordações individuais. Esse tecido é tão forte, aliás, que pode ser
compartilhado até mesmo por gerações que não assistiram aos acontecimentos. É um fenômeno presente na
maneira como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã. Na vida brasileira, o
ano de 1970 é um desses polarizadores da memória coletiva: o ano em que o país reuniu a mais brilhante escalação
da história do futebol, em que esse time derrotou de maneira quase heroica cada um dos seus adversários [...], em
que a população experimentou, na Copa do Mundo, seu primeiro grande evento de mídia – e também um ano em
que a ditadura militar arrancava as pessoas de suas casas e sumia com elas, em que tudo era dito aos sussurros e
em que essa euforia de uma torcida nacional foi usada como cortina de fumaça para o desgoverno e se misturou a
ele. [...] E está aí, em boa medida, a beleza de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil, 2006) [...]: na
maneira como ele ao mesmo tempo separa e une esses dois fios da memória.
No começo de 1970, Mauro (Michel Joelsas), de 12 anos, é tirado às pressas de sua casa em Belo Horizonte
e levado para o apartamento do avô, no bairro paulistano do Bom Retiro. Os pais, aflitos, dizem que estão saindo de
férias e, quando puderem, voltarão para buscá-lo, de preferência a tempo de assistirem juntos à Copa. Vão-se
embora sem conferir se o avô recebeu o menino em segurança. Mas ele não está em casa, nem vai voltar. Mauro
vira então atribuição da vizinhança. Mora meio na casa vazia do avô, meio no apartamento ao lado, do velho Shlomo
(Germano Haiut), zelador da sinagoga local – o Bom Retiro reunia então uma forte comunidade judaica, a que Mauro
nem sabia pertencer. Janta com uma pessoa, almoça com outra, brinca com as crianças do bairro e, o tempo todo,
mantém um olho grudado no futebol e o outro no telefone, à espera de uma ligação dos pais que não chega nunca.
[...]
(BOSCOV, Isabela. Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2006/10/memria-coletiva.html.)
O excerto a seguir, extraído do primeiro parágrafo do texto 3, “É um fenômeno presente na maneira
como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã.” apresenta,
semanticamente, tendo em vista o contexto em que está inserido: