Questões de Vestibular Esamc 2015 para Vestibular - Primeiro Semestre

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Ano: 2015 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q1354371 Português
Texto para a questão:


     É uma das recordações mais desagradáveis que me fi caram: sujeito magro, de olho duro, aspecto tenebroso. Não me lembro de o ter visto sorrir. A voz áspera, modos sacudidos, ranzinza, impertinente, Fernando era assim. E junto a isso qualquer coisa de frio, úmido, viscoso, que me dava a absurda impressão de uma lesma vertebrada e muito rápida. [...]
     Essas noções me chegavam lentas e incompletas. Novo ainda, eu não entendia certas coisas. Entretanto, aquele indivíduo me causava arrepios. Sempre foi demasiado grosseiro comigo, e isto me levou a aceitar sem exame os boatos que circulavam a respeito dele. Acostumei-me a julgálo um bicho perigoso. E lendo no dicionário encarnado, onde existiam bandeiras de todos os países e retratos de personagens vultosas, que Nero tinha sido o maior dos monstros, duvidei. Maior que Fernando? A afirmação do livro me embaraçava. Como seria possível medir por dentro as pessoas? E senti pena de Nero, que nunca me havia feito mal. Fernando me atormentava e era péssimo. Talvez não fosse o pior monstro da Terra, mas era safadíssimo. O rosto de caneco amassado, a fala dura e impertinente, os resmungos, o olho oblíquo e cheio de fel, um jeito impudente e desgostoso, um ronco asmático findo em sopro, tudo me dava a certeza de que Fernando encerrava muito veneno. Se aquele sopro, rumor de caldeira, se transformava em palavras, saíam dali brutalidades. O sujeito se tornou para mim um símbolo — e pendurei nele todas as misérias.
(RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008. pp. 185-6.)
Infância, de Graciliano Ramos, é considerado um livro de memórias, ou seja, o narrador conta, literariamente, ao leitor as recordações de um período de sua vida. Sabendo disso, assinale a alternativa que apresente todas as afirmações corretas:

I. O texto pode ser considerado autobiográfico, o que pode ser verificado pelo uso de primeira pessoa do singular (“E senti pena de Nero”); II. Há, no texto, a convivência de dois tempos o do enunciador, ou seja, o momento em que o narrador conta a história aos leitores, e o do enunciado, o tempo em que os acontecimentos narrados ocorreram; III. A subjetividade do narrador impregna o texto a partir de imagens que simbolizam tal fato da infância: “qualquer coisa de frio, úmido, viscoso, que me dava a absurda impressão de uma lesma vertebrada e muito rápida”; IV. A variedade de características negativas ligadas ao personagem descrito amplifica o sentimento que o narrador parece ainda guardar por Fernando.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q1354372 Português
Texto para a questão:


     É uma das recordações mais desagradáveis que me fi caram: sujeito magro, de olho duro, aspecto tenebroso. Não me lembro de o ter visto sorrir. A voz áspera, modos sacudidos, ranzinza, impertinente, Fernando era assim. E junto a isso qualquer coisa de frio, úmido, viscoso, que me dava a absurda impressão de uma lesma vertebrada e muito rápida. [...]
     Essas noções me chegavam lentas e incompletas. Novo ainda, eu não entendia certas coisas. Entretanto, aquele indivíduo me causava arrepios. Sempre foi demasiado grosseiro comigo, e isto me levou a aceitar sem exame os boatos que circulavam a respeito dele. Acostumei-me a julgálo um bicho perigoso. E lendo no dicionário encarnado, onde existiam bandeiras de todos os países e retratos de personagens vultosas, que Nero tinha sido o maior dos monstros, duvidei. Maior que Fernando? A afirmação do livro me embaraçava. Como seria possível medir por dentro as pessoas? E senti pena de Nero, que nunca me havia feito mal. Fernando me atormentava e era péssimo. Talvez não fosse o pior monstro da Terra, mas era safadíssimo. O rosto de caneco amassado, a fala dura e impertinente, os resmungos, o olho oblíquo e cheio de fel, um jeito impudente e desgostoso, um ronco asmático findo em sopro, tudo me dava a certeza de que Fernando encerrava muito veneno. Se aquele sopro, rumor de caldeira, se transformava em palavras, saíam dali brutalidades. O sujeito se tornou para mim um símbolo — e pendurei nele todas as misérias.
(RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008. pp. 185-6.)
Em “lendo no dicionário encarnado”, o narrador se refere a um:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q1354373 Português
Texto para a questão:


     É uma das recordações mais desagradáveis que me fi caram: sujeito magro, de olho duro, aspecto tenebroso. Não me lembro de o ter visto sorrir. A voz áspera, modos sacudidos, ranzinza, impertinente, Fernando era assim. E junto a isso qualquer coisa de frio, úmido, viscoso, que me dava a absurda impressão de uma lesma vertebrada e muito rápida. [...]
     Essas noções me chegavam lentas e incompletas. Novo ainda, eu não entendia certas coisas. Entretanto, aquele indivíduo me causava arrepios. Sempre foi demasiado grosseiro comigo, e isto me levou a aceitar sem exame os boatos que circulavam a respeito dele. Acostumei-me a julgálo um bicho perigoso. E lendo no dicionário encarnado, onde existiam bandeiras de todos os países e retratos de personagens vultosas, que Nero tinha sido o maior dos monstros, duvidei. Maior que Fernando? A afirmação do livro me embaraçava. Como seria possível medir por dentro as pessoas? E senti pena de Nero, que nunca me havia feito mal. Fernando me atormentava e era péssimo. Talvez não fosse o pior monstro da Terra, mas era safadíssimo. O rosto de caneco amassado, a fala dura e impertinente, os resmungos, o olho oblíquo e cheio de fel, um jeito impudente e desgostoso, um ronco asmático findo em sopro, tudo me dava a certeza de que Fernando encerrava muito veneno. Se aquele sopro, rumor de caldeira, se transformava em palavras, saíam dali brutalidades. O sujeito se tornou para mim um símbolo — e pendurei nele todas as misérias.
(RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008. pp. 185-6.)
Uma das características de uma narrativa de memória é a constante avaliação que o narrador realiza a partir das lembranças evocadas do passado. Tal característica se verifica em:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q1354374 Português

Texto para a questão:


Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

há calma e frescura na superfície intata.

Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consume

com seu poder de palavra

e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.

Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-o

como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada

no espaço.


Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?

(DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. A rosa do povo (1945). Rio de Janeiro: Record, 2006. pp. 25-6 (fragmento)

Partindo de definições de dicionários, como o Aulete digital, estão, entre os sentidos de poética: “1. Arte de fazer poemas. 2. Ciência que estuda os recursos técnicos em poesia. 3. Obra didática sobre essa ciência”. (http://www.aulete.com.br/po%C3%A9tica#ixzz3kkCsExUq).

Sob a perspectiva dessas definições, o poema de Drummond:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q1354375 Português

Texto para a questão:


Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

há calma e frescura na superfície intata.

Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consume

com seu poder de palavra

e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.

Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-o

como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada

no espaço.


Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?

(DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. A rosa do povo (1945). Rio de Janeiro: Record, 2006. pp. 25-6 (fragmento)

NÃO corresponde à ideia de poemas em “estado de dicionário”:
Alternativas
Respostas
11: E
12: B
13: D
14: B
15: D