Questões de Vestibular UFT 2019 para Vestibular - Segundo Semestre - Língua Portuguesa, Inglês e Matemática
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Sobre o texto II, assinale a alternativa INCORRETA.
Leia o fragmento do Poema sujo, de Ferreira Gullar, para responder a QUESTÃO.
(...) Sobre os jardins da cidade
urino pus. Me extravio
Na Rua da Estrela, escorrego
No Beco do Precipício.
Me lavo no Ribeirão.
Mijo na Fonte do Bispo.
Na Rua do Sol me cego,
na Rua da Paz me revolto
na do Comércio me nego
mas na das Hortas floresço;
na dos Prazeres soluço
na da Palma me conheço
na do Alecrim me perfumo
na da Saúde adoeço
na do Desterro me encontro
na da Alegria me perco
Na Rua do Carmo berro
na Rua Direita erro
e na da Aurora adormeço (...)
Fonte: GULLAR, Ferreira. Poema sujo. Rio de Janeiro, José Olympio, 2004, p. 52-53.
Sobre o fragmento, é INCORRETO afirmar que o eu-lírico:
não quero perdoar por receio quero um deus mais justo não um deus justiceiro
não somos do tamanho do corpo ou do muro somos do tamanho do que sentimos – de preferência juntos
um dia eu vi a nobreza em pés descalços e a revelação num site de denúncia
um dia eu vi a beleza pagã da bateria versus sua rainha que pagava para ser vista
a sinapse ganha o mundo em novos neurônios de preferência juntos
Fonte: YUKA, Marcelo. Astronautas Daqui. Brasília, DF: IMP, 2014, p. 171.
O eu-lírico apresenta percepções em relação àquilo que observa. É CORRETO afirmar que tais percepções podem ser vistas como uma
Nasci nesta casa e criei-me nela. Nunca saí. Ao entardecer encosto o corpo contra o cristal das janelas e contemplo o céu. Gosto de ver as labaredas altas, as nuvens a galope, e sobre elas os anjos, legiões deles, sacudindo as fagulhas dos cabelos, agitando as largas asas em chamas. É um espetáculo sempre idêntico. Todas as tardes, porém, venho até aqui e divirto-me e comovo-me como se o visse pela primeira vez. A semana passada Félix Ventura chegou mais cedo e surpreendeu-me a rir enquanto lá fora, no azul revolto, uma nuvem enorme corria em círculos, como um cão, tentando apagar o fogo que lhe abrasava a cauda. — Ai, não posso crer! Tu ris?! Irritou-me o assombro da criatura. Senti medo mas não movi um músculo. [Félix Ventura] tirou os óculos escuros, guardou-os no bolso interior do casaco, despiu o casaco, lentamente, melancolicamente, e pendurou-o com cuidado nas costas de uma cadeira. Escolheu um disco de vinil e colocou-o no prato do velho gira-discos. “Acalanto para um Rio”, de Dora, a Cigarra, cantora brasileira que, suponho, conheceu alguma notoriedade nos anos setenta. Suponho isto a julgar pela capa do disco. É o desenho de uma mulher em biquíni, negra, bonita, com umas largas asas de borboleta presas às costas. “Dora, a Cigarra – Acalanto para um Rio – O Grande Sucesso do Momento”. A voz dela arde no ar. Nas últimas semanas tem sido esta a banda sonora do crepúsculo. Sei a letra de cor. (...)
Fonte: AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. Rio de Janeiro: Gryphus, 2004, p. 03. [adaptado]
Sobre o fragmento de O vendedor de passados é CORRETO afirmar que o narrador