Questões de Vestibular de Português - Variação Linguística

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Q1353369 Português

Leia o poema do poeta árcade Cláudio Manoel da Costa.


VIII

Este é o rio, a montanha é esta,

Estes os troncos, estes os rochedos;

São estes inda os mesmos arvoredos;

Esta é a mesma rústica floresta.


Tudo cheio de horror se manifesta,

Rio, montanha, troncos, e penedos;

Que de amor nos suavíssimos enredos

Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh quão lembrado estou de haver subido

Aquele monte, e as vezes, que baixando

Deixei do pranto o vale umedecido!


Tudo me está a memória retratando;

Que da mesma saudade o infame ruído

Vem as mortas espécies despertando.


(MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através de textos. São Paulo: Cultrix, 1986.) 

A respeito da construção do poema, assinale a afirmativa INCORRETA.
Alternativas
Ano: 2006 Banca: UFMT Órgão: UFMT Prova: UFMT - 2006 - UFMT - Vestibular - Primeira Fase |
Q1353366 Português

Os textos abaixo fazem parte da campanha publicitária de uma empresa fabricante de produtos eletrônicos.


TEXTO I


Noel querido,


No próximo dia 24 vou oferecer uma ceia para alguns amigos em minha casa, em petit comitê. Eu adoraria poder contar com a sua presença. E, se você quiser trazer um presente para a anfitriã, não vou me importar, pelo contrário, até dou uma sugestão: você já viu a nova linha de monitores de plasma da Gradiente? É um must! Design clean, tecnologia de última geração. Ficaria o máximo ao lado de minhas obras modernistas. Apenas um pedido, querido. Por favor, não entre pela chaminé para não assustar os convidados. Um beijo.


____________________

Seu nome


TEXTO II


E aí, Papai Noel, Belê?


A parada é a seguinte: eu, ___________________, tô muito a fim, a finzaço mesmo, de ter um Mini System Titanium da Gradiente no meu quarto, aquele que reproduz MP3 com 5.000 Watts de potência, tá ligado? Sabe como é: eu queimo uns CDs MP3, convido a mina para ouvir um som da hora, a gente troca umas idéias e aí, meu velho, você tá ligado, né? E então? Quebra essa pra mim, mano. O senhor, que já tá velhinho, não sabe como é difícil hoje em dia agradar a mulherada.


(VEJA, dezembro de 2003.) 

Sobre a linguagem utilizada nos textos I e II, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) A coloquialidade no texto I é marcada, por exemplo, pela busca de proximidade com o destinatário e por algumas escolhas lexicais; a norma padrão é predominante, como exemplifica o trecho Por favor, não entre pela chaminé para não assustar os convidados. ( ) A oralidade permeia o texto II de forma marcante, como mostram os trechos E aí, Papai Noel? Belê?, e aí, meu velho, você já ta ligado, né?, tô muito a fim, tô a finzaço mesmo. ( ) No texto II, o jovem não se dirige a Papai Noel de forma polida, respeitosa, pois utiliza gírias, como tá ligado, quebra essa e refere-se a ele como mano e meu velho. ( ) O uso, no texto I, de estrangeirismos – em petit comité, must – revela a imagem que a senhora pretende passar ao Papai Noel.

Assinale a seqüência correta.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular |
Q1353064 Português
Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e covarde

Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou minha atenção e me fez pensar como, ao longo da vida, a segregação da sociedade brasileira nos bestializa.

por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 27/01/2015 15:08, última modificação 27/01/2015 15:44


     Era a largada de duas escolas que estavam situadas uma do lado da outra, separadas por um muro altíssimo de uma delas. Da escola pública saíam crianças correndo, brincando e falando alto. A maioria estava desacompanhada e dirigia-se ao ponto de ônibus da grande avenida, que terminaria nas periferias. Era uma massa escura, especialmente quando contrastada com a massa mais clara que saía da escola particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com os pais, babás ou seguranças, caminhando duramente em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos não se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças tinham literalmente incorporado a segregação à brasileira, que se caracteriza pela mistura única entre o sistema de apartheid racial e o de castas de classes. Os corpos domesticados revelavam o triste processo de socialização ao desprezo, que tende a só piorar na vida adulta.
     Mas eis que, de repente, um menino negro, magro e sorridente, ousou subverter as regras tácitas. Brincando de correr em ziguezague, ele “invadiu” a área branca e se esbarrou num menino que, imediatamente, se agarrou desesperadamente no braço da mulher que lhe buscara. Foi um reflexo automático do medo. O menino “invasor” fez um gesto de desculpas – algo como “foi mal” -, e voltou a correr entre os seus, enquanto que a outra criança seguia petrificada.
     No olhar do menino “invadido”, havia um misto de medo, de raiva, mas principalmente, de nojo – como que se a outra criança tivesse uma doença altamente contagiosa. Não é difícil imaginar o impacto de esse olhar no inconsciente do menino negro e pobre. Este aprendia, desde muito cedo, que era um intocável, que vivia em uma sociedade na qual seu corpo, na esfera pública, valia menos que o de um menino da mesma idade, que ainda não tinha nenhum mérito conquistado, apenas privilégios herdados. As consequências desse gesto minúsculo serão trágicas para o menino "invadido", pois é vítima da ignorância social. Mas será muito mais trágica para quem é negro e desprovido de capital econômico, social e cultural. Para que essa criança não se corrompa no futuro, ela precisa ser salva do olhar de nojo.
     É possível que, por meio de leitura e mistura, o menino amedrontado se engrandeça politicamente no futuro, se liberte do muro que lhe protege e dispense o braço da babá. Mas, infelizmente, há uma tendência grande de que ele, cercado por medo e preconceito, passe o resto de sua existência se protegendo do “marginalzinho”. Pivetes, favelados, fedorentos: isso é tudo que ele ouve sobre seus vizinhos. Trata-se de uma verdade histórica a priori, para além da qual não se consegue pensar. Essas categorias compõem o discurso forjado sobre a pobreza, que, em última instância, visa à intervenção e à manutenção do poder. Reproduzindo este discurso, então, o menino tornar-se-á um adulto. Ele blindará seu carro, colocará alarme em sua casa, pedirá a morte de traficantes. Dirá que rolezinho é arrastão, pedirá mais polícia e curtirá a vida em camarotes. Pode ser até que ele peça a volta da ditadura. Achando que é um cidadão de bem que age contra a marginalidade do mal, forma-se um perfeito idiota.
(Adaptado de , 27/01/2015. Disponível em Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-asocializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde-3514.html)
Ainda no segundo parágrafo, a expressão “foi mal”:
Alternativas
Q1350245 Português
Charge

Assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma da charge.
Em “Te demitir”, tem-se o exemplo do emprego de informalidade entre os interlocutores.
Alternativas
Ano: 2013 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2013 - Esamc - Vestibular |
Q1348049 Português

Texto para a questão.


    No grande dia Primeiro de Maio, não eram bem seis horas e já o 35 pulara da cama, afobado. Estava bem disposto, até alegre, ele bem afirmara aos companheiros da Estação da Luz que queria celebrar e havia de celebrar.

    Os outros carregadores mais idosos meio que tinham caçoado do bobo, viesse trabalhar que era melhor, trabalho deles não tinha feriado. Mas o 35 retrucava com altivez que não carregava mala de ninguém, havia de celebrar o dia deles. E agora tinha o grande dia pela frente.

[...]

    Abriu o jornal. Havia logo um artigo muito bonito, bem pequeno, falando na nobreza do trabalho, nos operários que eram também os “operários da nação”, é isso mesmo. O 35 se orgulhou todo comovido. Se pedissem pra ele matar, ele matava roubava, trabalhava grátis, tomado dum sublime desejo de fraternidade, todos os seres juntos, todos bons... Depois vinham as notícias. Se esperavam “grandes motins” em Paris, deu uma raiva tal no 35. E ele ficou todo fremente, quase sem respirar, desejando “motins” (devia ser turumbamba) na sua desmesurada força física, ah, as ruças de algum... polícia? polícia. Pelo menos os safados dos polícias.

    Pois estava escrito em cima do jornal: em São Paulo a Polícia proibira comícios na rua e passeatas, embora se falasse vagamente em motins de tarde no Largo da Sé. Mas a polícia já tomara todas as providências, até metralhadoras, estavam em cima do jornal, nos arranha-céus, escondidas, o 35 sentiu um frio. O sol brilhante queimava, banco na sombra? Mas não tinha, que a Prefeitura, pra evitar safadez dos namorados, punha os bancos só bem no sol. E ainda por cima era aquela imensidade de guardas e polícias vigiando que nem bem a gente punha a mão no pescocinho dela, trilo. Mas a Polícia permitiria a grande reunião proletária, com discurso do ilustre Secretário do Trabalho, no magnífico pátio interno do Palácio das Indústrias, lugar fechado! A sensação foi claramente péssima. Não era medo, mas por que que a gente havia de ficar encurralado assim! é! E pra eles depois poderem cair em cima da gente, (palavrão)! Não vou! não sou besta! Quer dizer: vou sim! desaforo! (palavrão), socos, uma visão tumultuaria, rolando no chão, se machucava mas não fazia mal, saíam todos enfurecidos do Palácio das Indústrias, pegavam fogo no Palácio das Indústrias, não! a indústria é a gente, “operários da nação” pegavam fogo na igreja de São Bento mais próxima que era tão linda por “drento”, mas pra que pegar fogo em nada!

(Mário de Andrade. “Primeiro de Maio” in Contos novos)

No conjunto da obra de Mário de Andrade, destaca-se uma quase militância pelo uso, na literatura, de uma língua próxima àquela que se fala nas ruas. Um exemplo de aproximação com a oralidade do cotidiano pode ser encontrado na alternativa:
Alternativas
Respostas
51: E
52: B
53: E
54: C
55: B