Questões de Vestibular de Português
Foram encontradas 1.253 questões
Ano: 2021
Banca:
UNIFESP
Órgão:
UNIFESP
Prova:
UNIFESP - 2021 - UNIFESP - Vestibular - 1º Dia - Língua Portuguesa/ Língua Inglesa / Redação |
Q1682900
Português
Texto associado
— Agora você vai me contar uma história de amor — disse o rapaz à moça. — Quero ouvir uma história de amor em que entrem caravelas, pedras preciosas e satélites artificiais.
— Pois não — respondeu a moça, que acabara de concluir o mestrado de contador de histórias, e estava com a imaginação na ponta da língua. — Era uma vez um país onde só havia água, eram águas e mais águas, e o governo como tudo mais se fazia em embarcações atracadas ou em movimento, conforme o tempo. Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos, mas não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus sonhos, se recusava a casar com ele. Osmundo ofereceu-lhe um belo navio embandeirado, que ela recusou. Só aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares.
Ora, ninguém sabia fazer caravelas, era um tipo de embarcação há muito fora de uso. Osmundo apresentou um mau produto, que Sertória não aceitou, enumerando os defeitos, a começar pelas velas latinas, que de latinas não tinham um centavo. Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem êxito, pois desceu no fundo das águas e lá encontrou um cofre cheio de esmeraldas, topázios, rubis, diamantes e o mais que você imagina. Voltou à tona para oferecê-lo à rígida Sertória, que virou o rosto. Nada a fazer, pensou Osmundo; vou transformar-me em satélite artificial. Mas os satélites artificiais ainda não tinham sido inventados. Continuou humilde satélite de Sertória, que ultimamente passeava de uma lancha para outra, levando-o preso a um cordão de seda, com a inscrição “Amor imortal”. Acabou.
— Mas que significa isso? — perguntou o moço, insatisfeito. — Não entendi nada.
— Nem eu — respondeu a moça —, mas os contos devem ser contados, e não entendidos; exatamente como a vida.
O entendimento dos contos
— Agora você vai me contar uma história de amor — disse o rapaz à moça. — Quero ouvir uma história de amor em que entrem caravelas, pedras preciosas e satélites artificiais.
— Pois não — respondeu a moça, que acabara de concluir o mestrado de contador de histórias, e estava com a imaginação na ponta da língua. — Era uma vez um país onde só havia água, eram águas e mais águas, e o governo como tudo mais se fazia em embarcações atracadas ou em movimento, conforme o tempo. Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos, mas não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus sonhos, se recusava a casar com ele. Osmundo ofereceu-lhe um belo navio embandeirado, que ela recusou. Só aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares.
Ora, ninguém sabia fazer caravelas, era um tipo de embarcação há muito fora de uso. Osmundo apresentou um mau produto, que Sertória não aceitou, enumerando os defeitos, a começar pelas velas latinas, que de latinas não tinham um centavo. Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem êxito, pois desceu no fundo das águas e lá encontrou um cofre cheio de esmeraldas, topázios, rubis, diamantes e o mais que você imagina. Voltou à tona para oferecê-lo à rígida Sertória, que virou o rosto. Nada a fazer, pensou Osmundo; vou transformar-me em satélite artificial. Mas os satélites artificiais ainda não tinham sido inventados. Continuou humilde satélite de Sertória, que ultimamente passeava de uma lancha para outra, levando-o preso a um cordão de seda, com a inscrição “Amor imortal”. Acabou.
— Mas que significa isso? — perguntou o moço, insatisfeito. — Não entendi nada.
— Nem eu — respondeu a moça —, mas os contos devem ser contados, e não entendidos; exatamente como a vida.
(Contos plausíveis, 2012.)
O título do conto antecipa seu caráter
Ano: 2021
Banca:
CEV-URCA
Órgão:
URCA
Prova:
CEV-URCA - 2021 - URCA - Prova II - História / Geografia / Português / Inglês |
Q1676046
Português
Leia o trecho a seguir e
assinale a alternativa que contém os números corretos de letras e fonemas das palavras
destacadas:
Somos todos juntos uma miscigenação E não podemos fugir da nossa etnia Índios, brancos, negros e mestiços Nada de errado em seus princípios O seu e o meu são iguais Corre nas veias sem parar
(SCIENCE, Chico. Etnia. Disponível em <https://www.letras.mus.br/chico-science/83236/>)
Somos todos juntos uma miscigenação E não podemos fugir da nossa etnia Índios, brancos, negros e mestiços Nada de errado em seus princípios O seu e o meu são iguais Corre nas veias sem parar
(SCIENCE, Chico. Etnia. Disponível em <https://www.letras.mus.br/chico-science/83236/>)
Ano: 2021
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNESP
Prova:
VUNESP - 2021 - UNESP - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas |
Q1675405
Português
Texto associado
Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,
Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada
que haviam empreendido juntos1
e colocaram numa clareira
tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três
tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num
tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
— Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha
do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você,
que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre
rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça
em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato,
até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande
amigo burro em paz para deliberar.
Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2
e
ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha
feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça
em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois
voltando, o burro perguntou ao leão:
— Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada
na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
— Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão
de que concorda em que não podíamos suportar a presença
de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu
não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo
do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe
calma para uma deliberação sensata.
Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida.
Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça,
inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio,
quando o rato o chamou:
— Compadre leão, está pronta a partilha!
O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não
pôde deixar de cumprimentar o rato:
— Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como
você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer
muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a
minha — é claro que você precisa de muito maior volume de
alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha
só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo
espírito!
— Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que
argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha,
juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como
você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta
sabedoria?
— Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender
tudo agora mesmo, com o burro morto.
Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.
1
A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.
2
Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava
sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.
(100 fábulas fabulosas, 2012.)
“E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais.” (12° e 13° parágrafos)
Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, o termo sublinhado assume a seguinte forma:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais.” (12° e 13° parágrafos)
Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, o termo sublinhado assume a seguinte forma:
Ano: 2021
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNESP
Prova:
VUNESP - 2021 - UNESP - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas |
Q1675404
Português
Texto associado
Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,
Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada
que haviam empreendido juntos1
e colocaram numa clareira
tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três
tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num
tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
— Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha
do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você,
que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre
rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça
em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato,
até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande
amigo burro em paz para deliberar.
Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2
e
ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha
feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça
em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois
voltando, o burro perguntou ao leão:
— Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada
na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
— Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão
de que concorda em que não podíamos suportar a presença
de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu
não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo
do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe
calma para uma deliberação sensata.
Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida.
Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça,
inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio,
quando o rato o chamou:
— Compadre leão, está pronta a partilha!
O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não
pôde deixar de cumprimentar o rato:
— Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como
você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer
muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a
minha — é claro que você precisa de muito maior volume de
alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha
só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo
espírito!
— Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que
argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha,
juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como
você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta
sabedoria?
— Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender
tudo agora mesmo, com o burro morto.
Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.
1
A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.
2
Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava
sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.
(100 fábulas fabulosas, 2012.)
“Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida.”
(8°
parágrafo)
Em relação à oração que a sucede, a oração sublinhada expressa ideia de
Em relação à oração que a sucede, a oração sublinhada expressa ideia de
Ano: 2021
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNESP
Prova:
VUNESP - 2021 - UNESP - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas |
Q1675403
Português
Texto associado
Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,
Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada
que haviam empreendido juntos1
e colocaram numa clareira
tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três
tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num
tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
— Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha
do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você,
que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre
rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça
em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato,
até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande
amigo burro em paz para deliberar.
Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2
e
ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha
feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça
em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois
voltando, o burro perguntou ao leão:
— Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada
na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
— Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão
de que concorda em que não podíamos suportar a presença
de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu
não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo
do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe
calma para uma deliberação sensata.
Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida.
Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça,
inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio,
quando o rato o chamou:
— Compadre leão, está pronta a partilha!
O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não
pôde deixar de cumprimentar o rato:
— Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como
você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer
muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a
minha — é claro que você precisa de muito maior volume de
alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha
só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo
espírito!
— Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que
argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha,
juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como
você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta
sabedoria?
— Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender
tudo agora mesmo, com o burro morto.
Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.
1
A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.
2
Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava
sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.
(100 fábulas fabulosas, 2012.)
Uma moral para a narrativa de Millôr Fernandes em conformidade com uma fábula tradicional seria: