Questões de Concurso Sobre gêneros textuais em português

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Q3202781 Português
Gonçalves Dias se destacou na Primeira Fase do Romantismo. A Canção do Exílio é um destaque do projeto romântico de construção de uma identidade nacional. São características da linguagem desse escritor e de outros pertencentes ao mesmo movimento, exceto:
Alternativas
Q3202764 Português
Leia o texto a seguir.

Resultado do Pisa, expõe mais uma vez, gestão deficiente na educação.

Brasil ficou entre os 15 piores, entre 64 países, num campo crítico para a Economia Moderna: a criatividade. 
01/07/2024

O Brasil continua a colher maus resultados em testes internacionais que avaliam a educação. Na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). o resultado dos alunos brasileiros na faixa dos 15 anos de idade ficou entre os 15 piores de 64 países num campo crítico para a economia moderna: a criatividade. Com 23 pontos, 1 O abaixo da média da OCDE, o Brasil está no mesmo patamar de Peru, Panamá e EI Salvador.

Apenas um em cada dez estudantes brasileiros foi capaz de pensar em ideias originais ou abstratas para resolver problemas do dia a dia, diz Gisele Alves, gerente executiva do Edulab21, laboratório de ciências para a educação do Instituto Ayrton Senna. A criatividade está associada ao desempenho nas demais competências. De acordo com o relatório do exame, 30% da capacidade criativa tem relação com o rendimento acadêmico em matemática, disciplina em que 73% dos estudantes brasileiros estão no nível 2 em uma escala de 1 a 6. Outros 1 O'Yo estão vinculados ao nível socioeconômico. Um terceiro fato considerado inibidor da criatividade é o uso exagerado de dispositivos eletrônicos ainda que possam ser instrumentos de ensino eficazes quando usados em sala de aula.

O resultado do Pisa é mais um indicativo de que algo vai mal no sistema educacional brasileiro e deveria aprofundar a reflexão sobre a qualidade do ensino básico. A educação tem sido tratada como prioridade nas políticas públicas e recebido recursos orçamentários crescentes. Ainda assim, cada nova avaliação tem demonstrado que nada disso tem sido suficiente para melhorar o nível dos alunos. Apenas na semana passada, depois de longo atraso, o governo apresentou as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) para os próximos dez anos, sem ter cumprido integralmente nenhuma das 20 metas da versão anterior, de 2014. O novo ensino médio, aprovado em 2017, ainda nem começou a ser implementado. A depender da agilidade do Congresso, as mudanças só começarão a entrar em vigor no ano que vem.

O resultado do Pisa expõe mais uma vez a dificuldade brasileira de implementar políticas eficazes na educação e de executá-las com competência. O país vive um paradoxo. Isoladamente, diversas escolas, públicas e privadas, apresentam rendimento compatível com a OCDE. Mas tem sido um desafio reproduzir esse modelo por toda a rede de ensino. Constata-se que faltam gestão e mão de obra competente. Dentro e fora das salas de aula. 

https://oglobo. globo. com

O texto lido apresenta a opinião do Jornal O Globo sobre o resultado do PISA e o Sistema Educacional Brasileiro. Marque a alternativa que classifica corretamente esse gênero textual.
Alternativas
Q3202345 Português

Leia o Texto 1 para responder a questão.


Texto 1


Um Brasileiro em Terras Portuguesas


Prefácio à presente edição


Cláudia Castelo


Este talvez seja um prefácio pouco convencional. Não nos interessa fazer tão só uma apreciação da obra e dos méritos do autor; não nos limitamos a lidar com a gênese e o conteúdo do livro. Mais do que o texto, pretendemos abordar o contexto, fornecendo ao leitor uma série de elementos resultantes da nossa pesquisa e que podem contribuir para uma inteligibilidade do que está no e para além do texto. Um Brasileiro em Terras Portuguesas é um dos resultados editoriais da visita de Gilberto Freyre a Portugal, às colônias portuguesas da África e à Índia portuguesa, entre agosto de 1951 e fevereiro de 1952.


Disponível em:<

https://www.academia.edu/7077565/Gilberto_Freyre_Um_brasileiro_em_terr

as_portuguesas_Pref%C3%A1cio>. Acesso em: 20 ago. 2024.

De acordo com as informações do texto, o prefácio é um gênero textual de
Alternativas
Q3201606 Português
Leia o trecho a seguir:

"Prezado cliente, informamos que devido a uma manutenção em nossa rede, o fornecimento de água será interrompido das 10h às 18h no dia 15 de setembro de 2023. Pedimos desculpas pelo transtorno e agradecemos a compreensão”.
Fonte: Jornal O Dia, 10/09/2023.

O texto acima é: 
Alternativas
Q3201549 Português
Leia o trecho abaixo:

"Comunicamos a todos os moradores que a coleta de lixo no bairro será suspensa no dia 12 de outubro devido ao feriado. Solicitamos que não coloquem o lixo na rua nesse dia para evitar transtornos. A coleta será retomada no dia 13 no horário normal."
Fonte: Jornal Local de São Paulo, 10/10/2023.

O texto acima é:
Alternativas
Q3200290 Português


Como queimadas em terras indígenas aumentaram 76% e deixaram crianças e anciãos “sufocados”


Por Leandro Prazeres




(Disponível em: www.bbc.com/portuguese/articles/c9819351gq4o – texto adaptado especialmente para esta prova).


Assinale a alternativa que melhor caracteriza o gênero textual e a função da linguagem predominante no texto.
Alternativas
Q3188170 Português

A questão diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.



Q1_9.png (336×473)

Com base na composição vocabular, aponte a alternativa com a informação CORRETA.
Alternativas
Q3188169 Português

A questão diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.



Q1_9.png (336×473)

Assinale a alternativa que contenha a informação CORRETA sobre a estrutura composicional utilizada no texto.
Alternativas
Q3188090 Português

A questão  diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.



Q1_9.png (350×469)

De acordo com a formatação do texto e suas características estruturais, aponte a alternativa com a informação CORRETA.
Alternativas
Q3188089 Português

A questão  diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.



Q1_9.png (350×469)

A partir da relação entre as ideias e as características linguístico-textuais, assinale a alternativa que melhor se aplica ao texto.
Alternativas
Q3182567 Português
Escrever as emoções: o sentido de dar palavras à
ebulição interior

Julián Fuks


Às vezes sinto que minha filha tem escrito mais do que eu, ou tem sido mais verdadeira no que escreve. Mais imediata, talvez, no desembaraço de seus sete anos de idade. Criou agora seu caderno de sentimentos, algo como um diário ilustrado onde ela registra cada emoção forte que a acomete. Eu olho a urgência com que ela corre para o caderno, o vigor com que empunha o lápis, a concentração com que passa a ignorar tudo o que a cerca. Nada mais lhe importa nesse momento, a escrita toma toda a sua existência, e assim cada emoção turbulenta de origem se faz satisfação e leveza. Escreveu algo de essencial, traçou em linhas exatas seu sentimento, deu a uma vaga abstração sua forma concreta. Quisera eu escrever dessa maneira.

Seu caderno se inicia com a mais simples e expressiva das páginas. Tutu triste, vê-se em letras pequenas, e embaixo seu autorretrato de olhos pesados e duas lágrimas gordas sobre as bochechas. Segue ainda por afetos límpidos: Tutu animada, raivosa, impaciente, sonolenta, Tutu sem acreditar no que está acontecendo, neste caso um desenho de si boquiaberta e de olhos vidrados. Depois disso ela parece ter percebido a necessidade de explorar as causas subjacentes aos sentimentos, como Balzac alguma vez decidiu dar as raízes ocultas de cada fato. Passou a anotar coisas como "Tutu empolgada com o acampamento", e "Tutu aliviada porque um homem horrível não ganhou as eleições".

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador". Leio essa frase em Clarice Lispector e acredito entender algo sobre minha filha, e algo sobre mim. Clarice emenda que talvez por isso tome tantos anos entre um verdadeiro escrever e outro, ainda que se empunhe o lápis todos os dias por uma vida inteira. Para mim dá-se o mesmo, alinhavo palavras sempre que me visita o caderno de sentimentos. Ali, se o tivesse, talvez me fosse mais sincero dizer: "Julián embevecido de admiração por sua filha."

Não posso, no entanto, encerrar meu comentário sobre o caso nesse ponto, porque há um acontecimento recente muito mais digno de nota do que tudo isso que contei. Lê-se numa das páginas do caderno: "Tutu infeliz porque a Peps não está sendo uma boa pessoa". Não sei qual conflito a levou a registrar palavras tão acerbas contra a irmã, decerto alguma dessas pequenezas que diariamente trovejam na relação entre as duas, precedidas e sucedidas de risos desabridos e abraços enérgicos.

Penélope não deixou passar sem vingança a acusação insolente. Enquanto folheava o caderno da irmã e tentava decifrar as palavras escritas com que já começa a se familiarizar — começa a se irmanar, eu poderia dizer — acabou calhando de rasgar uma folha, digamos sem querer. Foi tal a indignação da irmã com o gesto destrutivo que me pareceu razoável mostrar a ela a página em que Tulipa descrevera sua decepção primeira e indagar com veemência: é isso o que você deseja? Essa é a emoção que você quer provocar na sua irmã, a infelicidade? Não seria preferível criar nela uma impressão mais positiva, e constar numa página que falasse de entusiasmo, carinho, alegria?

Penélope então me encarou com olhos indecifráveis, ainda um tanto severos, e respondeu com segurança e presteza: claro que sim, dou um jeito nisso. Correu até seu quarto, fechou-se ali por alguns minutos, criou entre os que a esperávamos um momento palpável de apreensão e suspense. Retornou com o semblante desanuviado, plena de satisfação e leveza. Numa folha avulsa ela desenhara a irmã com seu inseparável caderninho nas mãos, com um largo sorriso a lhe cruzar o rosto inteiro, e delineara na ortografia atrevida de seus quatro anos: "Tutu feliz porque a Peps se comportou bem."

Não pude senão me espantar com sua intrepidez, com sua decisão de se fazer autora da página que gostaria de ver. Sua sagacidade buscara um atalho: não era preciso suscitar na irmã o devido sentimento, a ficção poderia suprir bem esse seu desejo, e ainda expor o ridículo da bronca que o pai lhe dera. Ela é uma escritora diferente de nós, foi o que pensei, talvez mais inventiva, mais livre, menos submissa às insignificâncias da realidade e às suas emoções correspondentes. E ao pensá-lo entendi que, se tivesse afinal meu próprio caderno de sentimentos, também anotaria em página nova minha profunda admiração por ela.

Um último ato encerra a história, mostrando as intrincadas relações entre ficção e realidade, ou o modo como a escrita das emoções pode alterar nossa existência no mundo, cuidando estranhamente de nos aproximar dos outros. Tulipa viu a página que a irmã depositara sobre a mesa, e sentiu que um sorriso largo lhe cruzava o rosto inteiro, sentiu uma comoção que lhe dominava o peito. Correu nesse mesmo instante para registrar o sentimento novo em seu caderno, para criar com suas mãos a exata correspondência com o desenho da irmã. Deu assim testemunho de uma ficção que se fez emoção tão verdadeira que foi capaz de coincidir com a vida. Também assim eu desejaria a minha escrita.


Disponível em:
https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/10/12/escrever-as
-emocoes-o-sentido-de-dar-palavras-a-ebulicao-interior.htm. Acesso
em 18 out. 2024.
O texto de Julián Fuks trata-se de:
Alternativas
Q3179965 Português
Nome que se dá às diferentes formas de linguagens empregadas nos textos?
Alternativas
Q3178173 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Bater perna


Mineiro que é mineiro quando sai de casa quer resolver o mundaréu de convites que estava devendo.


Ele demora para largar o aconchego de seu lar, mas, quando decide, não quer perder a viagem. Pretende aproveitar o máximo do tempo para dar conta da blitz afetuosa e quitar a lista de intenções do ano passado.


Não é mais um passeio, e sim uma romaria. Se perigar, é capaz de visitar cinco pessoas no sábado, com um tiquinho de café num, um tiquinho de broa no outro, jamais recusando provar os petiscos.


Confunde-se com um trem: várias estações a descer até o fim dos trilhos. Não é à toa que suspira "trem" para qualquer "treco".


Mineiro é supersticioso. Não aceita abrir a boca em vão.


Pressinto a correria da esposa no momento em que confessa que a família vem reclamando que anda sumida e que, se continuar sem dar notícias, pensará que ela morreu. Aliás, mineiro apenas aceita notícias pessoalmente, caso contrário não acredita.


Conversar por telefone ameniza a saudade, ajuda um pouco a entender o problema, porém não substitui a presença em carne e osso. Aqui é São Tomé com Phd: só tocando para crer.


Minha esposa quando fala que vai visitar uma tia é uma parcela da verdade: pretende visitar todas as suas tias. É a tia Norma. É a tia Geni. É tia Therezinha. É tia Naná. Será o dia das tias. O dia exclusivo da tiarada.


Não pode deixar nenhuma de fora, para não ser injusta. Pois se uma fica sabendo, o risco da desilusão é iminente. Uma tia pode se sentir preterida e não atender mais as ligações. Mineiro quando se chateia simplesmente não atende mais as ligações. Finge-se de surdo. O silêncio é a sua terrível vingança: desaparece de repente para gerar preocupação, obrigando quem fez a desfeita a ir a sua casa e bater à porta.


A culpa em Minas está diretamente ligada ao amor. Você se vê culpado até por aquilo que não aconteceu.


Força-se a alegria com medo da tragédia.


Ela parte de manhãzinha e somente voltará à noite. Para não render o assunto comigo, avisa que será rapidinho. Leia-se rapidinho em cada uma das trocentas paradas. Já estarei dormindo, certamente, em seu regresso. Nem me preocupo mais como antes. 


Às vezes acredito que está em permanente campanha eleitoral, tentando desesperadamente não perder os votos que possuía.


Assim como há a data reservada para as tias, ainda tem o dia dos primos, dos tios, dos tios-avós, dos amigos, dos colegas de trabalho. A sorte que é filha única e sobrou um dia para mim, senão teria ainda o dia dos irmãos.


Nunca vi ninguém cuidar tanto da família como o mineiro. Não suporta o adeus, muito menos tolera o tchau. É inté! (traduzindo: volte logo, sem desculpas).


Disponível em Acesso em 25 nov 2024

O texto "Bater perna" aborda características culturais do povo mineiro por meio de uma linguagem coloquial e reflexiva, o que possibilita múltiplas interpretações do leitor. Com base nas concepções de leitura como processo interativo, dialogismo e gêneros discursivos, analise as afirmativas a seguir:

I.O texto é um exemplo de gênero discursivo crônica, pois apresenta reflexões sobre aspectos do cotidiano, com um tom leve e pessoal.
II.O autor explora o dialogismo ao integrar expressões regionais mineiras que dialogam com o repertório cultural do leitor.
III.A leitura do texto exige o uso de estratégias inferenciais, já que muitos significados dependem do contexto e das marcas culturais inseridas na narrativa.
IV.A compreensão do texto está restrita ao domínio linguístico do leitor, sendo desnecessário considerar elementos culturais para sua interpretação.

Após análise, assinale a alternativa correta:
Alternativas
Q3170895 Português

Texto para a questão.



BELTRÃO, Eliana Santos; GORDILHO, Tereza. A conquista - Língua Portuguesa. São Paulo: FTD – PNLD, 2024

De acordo com o gênero textual, o texto é classificado como
Alternativas
Q3170692 Português

O texto servirá de base para responder à questão 




(Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/cartuns-de-andre-dahmer-3/. Acesso em 11 nov. 2024.)

O texto é uma charge, gênero textual do discurso jornalístico, cujo objetivo é:
Alternativas
Q3170685 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Itamar Vieira Junior e Doramar : sobre uma épica dos excluídos


Wander Melo Miranda


A primeira impressão que se tem de Doramar ou a odisseia , de Itamar Vieira Junior, não é apenas o título inusitado e instigante, mas a de que todas as personagens, geralmente mulheres, "respiram terra, cheiram terra, são terra". A força telúrica do livro vem, pois, da simbiose perfeita entre elementos da natureza e do feminino, ligados a uma ancestralidade que o autor faz questão de afirmar na dedicatória do livro às "mulheres, maternas, ancestrais" e na epígrafe tomada de empréstimo ao poeta sírio Adonis, com a qual se identifica: "Nasci numa aldeia/ pequena, reclusa como o útero/ e ainda não saí dela".


Não se espere, por isso, uma guinada regionalista da narrativa à maneira do romance brasileiro de 1930, mesmo porque pouquíssimas vezes há localizações geográficas precisas — quase sempre feitas apenas uma só vez: Brasil, Salvador, Dakar — e nenhum apelo a vocabulário e sintaxe locais ou regionais. A aposta de Vieira Junior é outra, refinada e inovadora no contexto atual, em que o tema urbano predomina. Vale-se do problema fundiário e da questão escravocrata, que nos assolam desde que o colonizador aqui chegou, para traçar o amplo arco de desolação que acompanha historicamente os deserdados da terra, em geral afrodescendentes e indígenas, fazendo ressoar uma voz que "atroa na noite da memória".


Walter Benjamim opõe a História contínua do vencedor (branco, acrescente-se) à tradição descontínua do vencido em busca da sua própria história. Vieira Junior a transforma na narrativa meio épica, meio lírica das vicissitudes de personagens rumo à liberdade perdida na travessia do mar que traz "os nossos para morrer de maus tratos e trabalho", como diz o "nós" que narra Farol das almas e outras histórias e faz delas expressão de uma comunidade de destino. Ou então pode ser a voz solitária de Alma, no texto homônimo, escravizada que mata os senhores de engenho falidos, foge e se livra de vez da violência extrema sofrida, não sem antes enfrentar obstáculos sem fim, os quais supera com força e persistência incomuns, instigada pelo desejo do "acalanto de um lugar onde exista a liberdade".


Por sua vez, Doramar, ao sair para a rua, se depara com um "cão moribundo encolhido de morte" e se vê lançada — numa identificação inconsciente com o animal — a uma sorte de epifania às avessas das donas-de-casa de Clarice Lispector, escritora presente numa frase do texto. Mas a vez agora não é a da patroa da zona sul carioca, mas a da "empregada doméstica cansada de seu trabalho". A imagem do cão e seu desamparo, que é também o dela, desencadeia a revisita ao passado miserável que se mistura com o presente e dá à personagem — dor, amar, mar, ar: "cabe um mar inteiro em seu nome" — consciência do seu lugar subalterno na história que se conta e, enfim, a leva "ao encontro consigo mesma", num final surpreendente, como nos melhores contos clariceanos.


Como toda narrativa épica que se preza — uma épica dos excluídos, vale destacar —, peripécias, acontecimentos singulares, aventuras extraordinárias adquirem um tom fabular e encantatório que não diminui o viés participante dos textos, antes o ressalta, retomando, assim, a natureza ancestral das narrativas orais de onde parecem provir. É o caso, por exemplo, de O espírito aboni das coisas , que mistura palavras da língua jarawara com o português, para narrar o périplo de Tokowisa em busca das folhas e frutos da palmeira de abatosi para curar sua mulher Yanice, grávida. Ou então, em O que queima , onde Som-de-Pé se sente morrer com as árvores, plantas e bichos.


Apesar das dificuldades que enfrentam ou justamente por conta delas, cada uma das personagens de Vieira Junior é movida pela "vontade de ser livre", mesmo se essa vontade resulte em condenação à morte, caso do poeta preso na Ilha do Medo, líder de um movimento contra a ordem repressora e que aglutina todos aqueles que fazem "de seus caminhos uma trilha para a libertação dos outros", como está dito em A oração do carrasco . Não é outro o desejo das imigrantes de Meu mar (fé) , seja a mulher que vem de Dakar para a Bahia no contêiner de um cargueiro com um filho no ventre e na viagem perde o marido, seja a haitiana que com ela divide o trabalho de vendedora ambulante, vivendo ambas no estreito limite entre "fecundar a América" e "perecer na América".


Todas essas histórias encontram, enfim, seu desfecho ou suplemento no "manto da apresentação" de Arthur Bispo do Rosário, comovente encerramento do belo livro. A agulha que borda a palavra — do artista, do escritor, do afrodescendente — vem de "tempos imemoriais" e tece "um novo mundo para maravilhar o homem". Domada como um "cavalo arisco", ela, a palavra, pulsa viva no livro-manto que lhe devolve o fascínio original e apocalíptico ao anunciar rosianamente "o beco para a liberdade se fazer".


(In: Suplemento Pernambuco, julho de 2021. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/resenhas/ficcao/1593-itamar-vieira-ju nior-e-doramar-sobre-uma-epica-dos-excluidos. Acesso em 11 nov. 2024. Adaptado.) 

Quanto ao gênero textual, o texto Itamar Vieira Junior e Doramar: sobre uma épica dos excluídos , trata-se de:
Alternativas
Q3170684 Português
Em relação às categorias da literatura, qual das alternativas abaixo não é um exemplo de gênero lírico?
Alternativas
Q3153738 Português
OS AVÓS QUE NÃO QUEREM SER EXPLORADOS


Em playgrounds de parques, é comum se ver, durante as tardes de dias de semana, avós cuidando dos netos após a escola. A imagem pode ser bonita e tocante, transmitindo a impressão de que essas avós ou esses avôs gostam de cuidar dos netos e estão felizes em poder ajudar seus filhos nessa tarefa. Mas a imagem engana. 

Catarina Campos comunicou aos quatro filhos sua indisposição em passar a velhice cuidando de neto(s), quando eles começaram a ter parceiros estáveis. Para essa mulher de 67 anos, uma coisa é ajudar os filhos quando surge um problema específico e outra é cuidar dos netos em tempo integral, diariamente.

"Se um dia eles não puderem e precisarem que eu vá buscar a criança na escola, por exemplo, não há problema. Mas pegar o neto de manhã e ficar com ele o dia todo até os pais voltarem do trabalho, definitivamente, não é correto, porque eu tenho a minha vida e quero aproveitar o meu tempo agora que me aposentei", afirma.

"Tenho visto avós que vão buscar os netos de manhã, os levam à escola, dão alimentação e, às vezes, até os filhos saem de férias e deixam os pequenos com eles", acrescenta sobre idosos que passam a ser os principais cuidadores dos netos.

Embora admita que seus filhos gostariam de poder contar mais com ela, eles não reagiram mal diante de sua negativa. "Pra mim, isso de deixar o filho comigo e aproveitar a vida não é justo. Só tenham filhos se puderem cuidar deles! A minha obrigação eu já cumpri!", diz Catarina.

Ela critica a suposição, que muitos têm, de que "você pode ter filhos, que os avós cuidarão deles".

"Há avós que estão, praticamente, criando os netos", ela diz.

Catarina tem muitas amigas que, assim como ela, se recusam a cuidar dos netos o tempo todo, mas também conhece avós que, pressionados pelos filhos, cuidam dos netos em tempo integral.

Nem todos têm a força de Catarina em estabelecer limites.

Avós autônomos, que curtem a vida e aproveitam o tempo do qual dispõem, que não querem assumir a responsabilidade de cuidar dos filhos dos filhos, costumam ser vistos como egoístas. No entanto, é importante lembrar que priorizar o próprio conforto e bem-estar em detrimento das necessidades dos filhos é um direito daqueles que, por muitos anos, já trabalharam, cumprindo com suas obrigações, os quais merecem gozar de paz e tranquilidade.

É legítimo o direito de uma velhice digna e saudável, podendo usufruir do tempo que o não ter de trabalhar proporciona.

Não é justo que recaia sobre os avós, por vezes cansados e com limitações quanto à saúde inerentes à idade, a obrigação de assumir o cuidado de netos, uma vez que aqueles já honraram com sua obrigação. Igualmente, não é justo que os filhos cuidem de seus irmãos, o que pode comprometer a infância. 
Considerando a classificação por gêneros textuais, pode-se afirmar que o texto "Os avós que não querem ser explorados":
Alternativas
Q3145322 Português
Texto 13

PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro      

    O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.      
    
    Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos.      
    Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news.      

    Além disso, é importante destacar que o combate às fake news não é responsabilidade exclusiva do governo ou das plataformas digitais. Todos os setores da sociedade têm um papel a desempenhar nesse esforço conjunto. A educação digital, a promoção do pensamento crítico e o incentivo à responsabilidade individual são elementos-chave para enfrentar esse desafio de maneira eficaz.      

    Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.


(Editorial sobre o PL 2.630/2020)
De acordo com o Texto 13, qual é a natureza fundamental do editorial como um gênero textual?
Alternativas
Q3145165 Português
Na perspectiva bakhtiniana, os gêneros textuais:

(__)São tipos relativamente instáveis de enunciados presentes em cada esfera de comunicação, possuindo forma de composição e um plano composicional.

(__)Além do plano composicional, distinguem-se pelo conteúdo temático e pelo estilo.

(__)São entidades escolhidas, tendo em vista as esferas de necessidade temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou a intenção do interlocutor, sujeito responsável por enunciados, por unidades reais e concretas da comunicação verbal.

(__)Não são instrumentos rígidos e estanques e não se definem por sua forma, mas por sua função dentro da comunicação.

Marcando V, para verdadeiras, e F, para falsas, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
Alternativas
Respostas
141: A
142: D
143: C
144: B
145: A
146: B
147: B
148: E
149: B
150: D
151: C
152: A
153: A
154: C
155: C
156: B
157: X
158: C
159: D
160: A