Questões de Concurso
Sobre gêneros textuais em português
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Leia o Texto 1 para responder a questão.
Texto 1
Um Brasileiro em Terras Portuguesas
Prefácio à presente edição
Cláudia Castelo
Este talvez seja um prefácio pouco convencional. Não nos interessa fazer tão só uma apreciação da obra e dos méritos do autor; não nos limitamos a lidar com a gênese e o conteúdo do livro. Mais do que o texto, pretendemos abordar o contexto, fornecendo ao leitor uma série de elementos resultantes da nossa pesquisa e que podem contribuir para uma inteligibilidade do que está no e para além do texto. Um Brasileiro em Terras Portuguesas é um dos resultados editoriais da visita de Gilberto Freyre a Portugal, às colônias portuguesas da África e à Índia portuguesa, entre agosto de 1951 e fevereiro de 1952.
Disponível em:<
https://www.academia.edu/7077565/Gilberto_Freyre_Um_brasileiro_em_terr
as_portuguesas_Pref%C3%A1cio>. Acesso em: 20 ago. 2024.
"Prezado cliente, informamos que devido a uma manutenção em nossa rede, o fornecimento de água será interrompido das 10h às 18h no dia 15 de setembro de 2023. Pedimos desculpas pelo transtorno e agradecemos a compreensão”.
Fonte: Jornal O Dia, 10/09/2023.
O texto acima é:
"Comunicamos a todos os moradores que a coleta de lixo no bairro será suspensa no dia 12 de outubro devido ao feriado. Solicitamos que não coloquem o lixo na rua nesse dia para evitar transtornos. A coleta será retomada no dia 13 no horário normal."
Fonte: Jornal Local de São Paulo, 10/10/2023.
O texto acima é:
Como queimadas em terras indígenas aumentaram 76% e deixaram crianças e anciãos “sufocados”
Por Leandro Prazeres
(Disponível em: www.bbc.com/portuguese/articles/c9819351gq4o – texto adaptado especialmente para esta prova).
A questão diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.
A questão diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.
A questão diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.
A questão diz respeito ao texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Bater perna
Mineiro que é mineiro quando sai de casa quer resolver o mundaréu de convites que estava devendo.
Ele demora para largar o aconchego de seu lar, mas, quando decide, não quer perder a viagem. Pretende aproveitar o máximo do tempo para dar conta da blitz afetuosa e quitar a lista de intenções do ano passado.
Não é mais um passeio, e sim uma romaria. Se perigar, é capaz de visitar cinco pessoas no sábado, com um tiquinho de café num, um tiquinho de broa no outro, jamais recusando provar os petiscos.
Confunde-se com um trem: várias estações a descer até o fim dos trilhos. Não é à toa que suspira "trem" para qualquer "treco".
Mineiro é supersticioso. Não aceita abrir a boca em vão.
Pressinto a correria da esposa no momento em que confessa que a família vem reclamando que anda sumida e que, se continuar sem dar notícias, pensará que ela morreu. Aliás, mineiro apenas aceita notícias pessoalmente, caso contrário não acredita.
Conversar por telefone ameniza a saudade, ajuda um pouco a entender o problema, porém não substitui a presença em carne e osso. Aqui é São Tomé com Phd: só tocando para crer.
Minha esposa quando fala que vai visitar uma tia é uma parcela da verdade: pretende visitar todas as suas tias. É a tia Norma. É a tia Geni. É tia Therezinha. É tia Naná. Será o dia das tias. O dia exclusivo da tiarada.
Não pode deixar nenhuma de fora, para não ser injusta. Pois se uma fica sabendo, o risco da desilusão é iminente. Uma tia pode se sentir preterida e não atender mais as ligações. Mineiro quando se chateia simplesmente não atende mais as ligações. Finge-se de surdo. O silêncio é a sua terrível vingança: desaparece de repente para gerar preocupação, obrigando quem fez a desfeita a ir a sua casa e bater à porta.
A culpa em Minas está diretamente ligada ao amor. Você se vê culpado até por aquilo que não aconteceu.
Força-se a alegria com medo da tragédia.
Ela parte de manhãzinha e somente voltará à noite. Para não render o assunto comigo, avisa que será rapidinho. Leia-se rapidinho em cada uma das trocentas paradas. Já estarei dormindo, certamente, em seu regresso. Nem me preocupo mais como antes.
Às vezes acredito que está em permanente campanha eleitoral, tentando desesperadamente não perder os votos que possuía.
Assim como há a data reservada para as tias, ainda tem o dia dos primos, dos tios, dos tios-avós, dos amigos, dos colegas de trabalho. A sorte que é filha única e sobrou um dia para mim, senão teria ainda o dia dos irmãos.
Nunca vi ninguém cuidar tanto da família como o mineiro. Não suporta o adeus, muito menos tolera o tchau. É inté! (traduzindo: volte logo, sem desculpas).
Disponível em Acesso em 25 nov 2024
I.O texto é um exemplo de gênero discursivo crônica, pois apresenta reflexões sobre aspectos do cotidiano, com um tom leve e pessoal.
II.O autor explora o dialogismo ao integrar expressões regionais mineiras que dialogam com o repertório cultural do leitor.
III.A leitura do texto exige o uso de estratégias inferenciais, já que muitos significados dependem do contexto e das marcas culturais inseridas na narrativa.
IV.A compreensão do texto está restrita ao domínio linguístico do leitor, sendo desnecessário considerar elementos culturais para sua interpretação.
Após análise, assinale a alternativa correta:
Texto para a questão.
BELTRÃO, Eliana Santos; GORDILHO, Tereza. A conquista - Língua Portuguesa. São Paulo: FTD – PNLD, 2024
O texto servirá de base para responder à questão
(Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/cartuns-de-andre-dahmer-3/. Acesso em 11 nov. 2024.)
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Itamar Vieira Junior e Doramar : sobre uma épica dos excluídos
Wander Melo Miranda
A primeira impressão que se tem de Doramar ou a odisseia , de Itamar Vieira Junior, não é apenas o título inusitado e instigante, mas a de que todas as personagens, geralmente mulheres, "respiram terra, cheiram terra, são terra". A força telúrica do livro vem, pois, da simbiose perfeita entre elementos da natureza e do feminino, ligados a uma ancestralidade que o autor faz questão de afirmar na dedicatória do livro às "mulheres, maternas, ancestrais" e na epígrafe tomada de empréstimo ao poeta sírio Adonis, com a qual se identifica: "Nasci numa aldeia/ pequena, reclusa como o útero/ e ainda não saí dela".
Não se espere, por isso, uma guinada regionalista da narrativa à maneira do romance brasileiro de 1930, mesmo porque pouquíssimas vezes há localizações geográficas precisas — quase sempre feitas apenas uma só vez: Brasil, Salvador, Dakar — e nenhum apelo a vocabulário e sintaxe locais ou regionais. A aposta de Vieira Junior é outra, refinada e inovadora no contexto atual, em que o tema urbano predomina. Vale-se do problema fundiário e da questão escravocrata, que nos assolam desde que o colonizador aqui chegou, para traçar o amplo arco de desolação que acompanha historicamente os deserdados da terra, em geral afrodescendentes e indígenas, fazendo ressoar uma voz que "atroa na noite da memória".
Walter Benjamim opõe a História contínua do vencedor (branco, acrescente-se) à tradição descontínua do vencido em busca da sua própria história. Vieira Junior a transforma na narrativa meio épica, meio lírica das vicissitudes de personagens rumo à liberdade perdida na travessia do mar que traz "os nossos para morrer de maus tratos e trabalho", como diz o "nós" que narra Farol das almas e outras histórias e faz delas expressão de uma comunidade de destino. Ou então pode ser a voz solitária de Alma, no texto homônimo, escravizada que mata os senhores de engenho falidos, foge e se livra de vez da violência extrema sofrida, não sem antes enfrentar obstáculos sem fim, os quais supera com força e persistência incomuns, instigada pelo desejo do "acalanto de um lugar onde exista a liberdade".
Por sua vez, Doramar, ao sair para a rua, se depara com um "cão moribundo encolhido de morte" e se vê lançada — numa identificação inconsciente com o animal — a uma sorte de epifania às avessas das donas-de-casa de Clarice Lispector, escritora presente numa frase do texto. Mas a vez agora não é a da patroa da zona sul carioca, mas a da "empregada doméstica cansada de seu trabalho". A imagem do cão e seu desamparo, que é também o dela, desencadeia a revisita ao passado miserável que se mistura com o presente e dá à personagem — dor, amar, mar, ar: "cabe um mar inteiro em seu nome" — consciência do seu lugar subalterno na história que se conta e, enfim, a leva "ao encontro consigo mesma", num final surpreendente, como nos melhores contos clariceanos.
Como toda narrativa épica que se preza — uma épica dos excluídos, vale destacar —, peripécias, acontecimentos singulares, aventuras extraordinárias adquirem um tom fabular e encantatório que não diminui o viés participante dos textos, antes o ressalta, retomando, assim, a natureza ancestral das narrativas orais de onde parecem provir. É o caso, por exemplo, de O espírito aboni das coisas , que mistura palavras da língua jarawara com o português, para narrar o périplo de Tokowisa em busca das folhas e frutos da palmeira de abatosi para curar sua mulher Yanice, grávida. Ou então, em O que queima , onde Som-de-Pé se sente morrer com as árvores, plantas e bichos.
Apesar das dificuldades que enfrentam ou justamente por conta delas, cada uma das personagens de Vieira Junior é movida pela "vontade de ser livre", mesmo se essa vontade resulte em condenação à morte, caso do poeta preso na Ilha do Medo, líder de um movimento contra a ordem repressora e que aglutina todos aqueles que fazem "de seus caminhos uma trilha para a libertação dos outros", como está dito em A oração do carrasco . Não é outro o desejo das imigrantes de Meu mar (fé) , seja a mulher que vem de Dakar para a Bahia no contêiner de um cargueiro com um filho no ventre e na viagem perde o marido, seja a haitiana que com ela divide o trabalho de vendedora ambulante, vivendo ambas no estreito limite entre "fecundar a América" e "perecer na América".
Todas essas histórias encontram, enfim, seu desfecho ou suplemento no "manto da apresentação" de Arthur Bispo do Rosário, comovente encerramento do belo livro. A agulha que borda a palavra — do artista, do escritor, do afrodescendente — vem de "tempos imemoriais" e tece "um novo mundo para maravilhar o homem". Domada como um "cavalo arisco", ela, a palavra, pulsa viva no livro-manto que lhe devolve o fascínio original e apocalíptico ao anunciar rosianamente "o beco para a liberdade se fazer".
(In: Suplemento Pernambuco, julho de 2021. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/resenhas/ficcao/1593-itamar-vieira-ju nior-e-doramar-sobre-uma-epica-dos-excluidos. Acesso em 11 nov. 2024. Adaptado.)
(__)São tipos relativamente instáveis de enunciados presentes em cada esfera de comunicação, possuindo forma de composição e um plano composicional.
(__)Além do plano composicional, distinguem-se pelo conteúdo temático e pelo estilo.
(__)São entidades escolhidas, tendo em vista as esferas de necessidade temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou a intenção do interlocutor, sujeito responsável por enunciados, por unidades reais e concretas da comunicação verbal.
(__)Não são instrumentos rígidos e estanques e não se definem por sua forma, mas por sua função dentro da comunicação.
Marcando V, para verdadeiras, e F, para falsas, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: