Questões de Concurso Para prefeitura de anápolis - go

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Ano: 2015 Banca: FUNCAB Órgão: Prefeitura de Anápolis - GO
Q1206428 Português
O tempo amarrota a lembrança e subverte a ordem.
Parecia muito pequeno o ideal de meu pai, naquele tempo, lá. A escola, onde me matriculou também na caixa escolar – para ter direito a uniforme e merenda –, devia me ensinar a ler, escrever e a fazer conta de cabeça. O resto, dizia ele, é só ter gratidão, e isso se aprende copiando exemplos. Difícil não conferir razão a meu pai em seus momentos de anjo. Ele pendia a cabeça para a esquerda, como se escutando o coração, e falava sem labirintos. Dizia frases claras, acordando sorrisos e caminhos. Parecia querer argumentar sem ele mesmo ter certeza, tornando assim as palavras cuidadosas. Um pesar estrangeiro andou atordoando meu pouco entendimento. Ir para a escola era abandonar as brincadeiras sob a sombra antiga da mangueira; era renunciar o debaixo da mesa resmungando mentiras com o silêncio; era não mais vistoriar o atrás da casa buscando novas surpresas e outros convites. Contrapondo-se a essas perdas, havia a vontade de desamarrar os nós, entrar em acordo com o desconhecido, abrir o caderno limpo e batizar as folhas com a sabedoria da professora, diminuir o tamanho do mistério, abrir portas para receber novas lições, destramelar as janelas e espiar mais longe. Tudo isso me encantava. Por definição minha, perseguindo respostas, eu desconfiava ser a escola um lugar de muito respeito. Era preciso ter as unhas limpas e aparadas, cabelo penteado, caderno caprichado dentro do embornal, uniforme lavado – calça azul-marinho e camisa de fustão branco – e passado com ferro de brasa, goma de polvilho rala na gola, para não arranhar o pescoço. A professora, quando os alunos ainda na fila e do lado de fora da sala, lia a gente como se fosse um livro. E mãe nenhuma gostaria de ser chamada de desmazelada pela mulher mais respeitada do lugar. [...] Eu carregava comigo um chocalho de cascavel amarrado em um cordão encardido, preso no pescoço. Simpatia de minha mãe para eu não urinar na cama. A gola engomada de minha camisa não escondia essa sentença peçonhenta. Eu vivia como a canção: “camisa aberta ao peito, pés descalços e braços nus”. [...] Eu corria pelos matos cheio de carrapichos e carrapatos, saltando córrego, me equilibrando em pinguelas, descobrindo frutas maduras, suspeitando ninhos e passarinhos. Trazia, ainda, uma vergonha de todo mundo, mas deixar sumir na “campina” o chocalho, simpatia de mãe, seria brincar com sua fé. Então eu andava devagarinho, pisando certo,aprumado e manso, para evitar o chiquechique do chocalho. Cascavel anda em dupla, me diziam, e o chocalho serve para chamar o outro. [...] Vi meu pai cochichar com minha mãe, e de início enredei ser carinho, como o de Dr. Júlio Leitão e Dona Pequenina. Abri bem os ouvidos, pois os olhos não dava. Ele dizia ser o Dr. Jair, seu patrão, como uma cobra: mordia e soprava. Eu balançava a cabeça, com força, de vez em quando, acordando a simpatia de minha mãe. Vontade de chamar outra cascavel só para ver uma cobra mordendo e soprando, se frio ou quente seu bafo. Dr. Jair visitou minha mãe, uma noite [...]. Não saí de perto dele nem tirei os olhos de sua boca, esperando o homem morder e soprar. Ele falou foi muito de riqueza e de como contava com o trabalho de meu pai, seu melhor empregado, capaz de carregar água em peneira. Perdi meu tempo.
BARTOLOMEU CAMPOS QUEIRÓS. Ler, escrever e fazer conta de cabeça. São Paulo: Global, 2004.
Vocabulário destramelar: destrancar embornal: sacola peçonhenta: venenosa
“Ele dizia ser o Dr. Jair, seu patrão, como uma cobra: mordia e soprava.” O uso dos dois-pontos no fragmento se justifica por introduzir uma:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: FUNCAB Órgão: Prefeitura de Anápolis - GO
Q1206398 Português
O tempo amarrota a lembrança e subverte a ordem.
Parecia muito pequeno o ideal de meu pai, naquele tempo, lá. A escola, onde me matriculou também na caixa escolar – para ter direito a uniforme e merenda –, devia me ensinar a ler, escrever e a fazer conta de cabeça. O resto, dizia ele, é só ter gratidão, e isso se aprende copiando exemplos. Difícil não conferir razão a meu pai em seus momentos de anjo. Ele pendia a cabeça para a esquerda, como se escutando o coração, e falava sem labirintos. Dizia frases claras, acordando sorrisos e caminhos. Parecia querer argumentar sem ele mesmo ter certeza, tornando assim as palavras cuidadosas. Um pesar estrangeiro andou atordoando meu pouco entendimento. Ir para a escola era abandonar as brincadeiras sob a sombra antiga da mangueira; era renunciar o debaixo da mesa resmungando mentiras com o silêncio; era não mais vistoriar o atrás da casa buscando novas surpresas e outros convites. Contrapondo-se a essas perdas, havia a vontade de desamarrar os nós, entrar em acordo com o desconhecido, abrir o caderno limpo e batizar as folhas com a sabedoria da professora, diminuir o tamanho do mistério, abrir portas para receber novas lições, destramelar as janelas e espiar mais longe. Tudo isso me encantava. Por definição minha, perseguindo respostas, eu desconfiava ser a escola um lugar de muito respeito. Era preciso ter as unhas limpas e aparadas, cabelo penteado, caderno caprichado dentro do embornal, uniforme lavado – calça azul-marinho e camisa de fustão branco – e passado com ferro de brasa, goma de polvilho rala na gola, para não arranhar o pescoço. A professora, quando os alunos ainda na fila e do lado de fora da sala, lia a gente como se fosse um livro. E mãe nenhuma gostaria de ser chamada de desmazelada pela mulher mais respeitada do lugar. [...] Eu carregava comigo um chocalho de cascavel amarrado em um cordão encardido, preso no pescoço. Simpatia de minha mãe para eu não urinar na cama. A gola engomada de minha camisa não escondia essa sentença peçonhenta. Eu vivia como a canção: “camisa aberta ao peito, pés descalços e braços nus”. [...] Eu corria pelos matos cheio de carrapichos e carrapatos, saltando córrego, me equilibrando em pinguelas, descobrindo frutas maduras, suspeitando ninhos e passarinhos. Trazia, ainda, uma vergonha de todo mundo, mas deixar sumir na “campina” o chocalho, simpatia de mãe, seria brincar com sua fé. Então eu andava devagarinho, pisando certo,aprumado e manso, para evitar o chiquechique do chocalho. Cascavel anda em dupla, me diziam, e o chocalho serve para chamar o outro. [...] Vi meu pai cochichar com minha mãe, e de início enredei ser carinho, como o de Dr. Júlio Leitão e Dona Pequenina. Abri bem os ouvidos, pois os olhos não dava. Ele dizia ser o Dr. Jair, seu patrão, como uma cobra: mordia e soprava. Eu balançava a cabeça, com força, de vez em quando, acordando a simpatia de minha mãe. Vontade de chamar outra cascavel só para ver uma cobra mordendo e soprando, se frio ou quente seu bafo. Dr. Jair visitou minha mãe, uma noite [...]. Não saí de perto dele nem tirei os olhos de sua boca, esperando o homem morder e soprar. Ele falou foi muito de riqueza e de como contava com o trabalho de meu pai, seu melhor empregado, capaz de carregar água em peneira. Perdi meu tempo.
BARTOLOMEU CAMPOS QUEIRÓS. Ler, escrever e fazer conta de cabeça. São Paulo: Global, 2004.
Vocabulário destramelar: destrancar embornal: sacola peçonhenta: venenosa
Reescrevendo apenas o que se destacou no fragmento “Eu CARREGAVA comigo um chocalho de cascavel.” na voz passiva analítica sem alterar o sentido, ter-se-ia:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: FUNCAB Órgão: Prefeitura de Anápolis - GO
Q1202525 Música
Um trompista que utiliza seu instrumento em Fá quer executar o uníssono de um trompetista em Si bemol. Sabendo que o trompetista está tocando a nota Réb, que nota deverá executar o trompista para obter êxito no uníssono?
Alternativas
Ano: 2015 Banca: FUNCAB Órgão: Prefeitura de Anápolis - GO
Q1197933 Português
Rapidinho
Todos nos beneficiamos e nos orgulhamos das conquistas da vida moderna, especialmente da crescente velocidade com que fazemos as coisas acontecerem.
Mudanças que antigamente levavam séculos Para se efetivarem agora podem ser realizadas em poucos anos, às vezes em poucos meses. Quando não em poucas semanas ou até em poucos dias. Nas sociedades tradicionais, as normas de conduta, as leis, os costumes, o modo de se vestir, os estilos artísticos tinham uma extraordinária capacidade de perdurar. Tudo se modificava, é claro, mas sempre muito devagar.
Também na utilização dos meios de transporte o tempo transcorria com lentidão. Até meados do século passado, a pé, a cavalo ou em diligências, os viajantes se deslocavam a uns 20 quilômetros por hora. Marco Polo, na Idade Média, foi à China, mas saiu da Itália ainda adolescente e só regressou quando já estava bastante velhusco.
A partir da metade do século XIX, foram sendo adotados meios de locomoção mais velozes( ... ).
( ... ) Nã'o somos bobos, tratamos de aproveitar as. possibilidades criadas por todos os novos recursos. tecnológicos. Para que perder tempo? Se podemos. fazer depressa o que nossos antepassados só ,conseguiam fazer devagar, por que não haveríamos. de acelerar nossas ações?
Um dos expoentes do espírito pragmático da. modernidade, o americano Benjamim Franklin, já ensinava no século XVIII: "Tempo é dinheiro•, time ls money.
E explicava: se você desperdiça a oportunidade de ganhar uma moeda, não está perdendo apenas a moeda que deixou de ganhar, mas de fato está se privando de muitas pilhas de, moeda que poderia adquirir por meio de bons e oportunos investimentos.
( . . . ) Dedicamo-nos, então, a uma frenética corrida. contra os ponteiros do relógio. Para sermos eficientes, competitivos, apressamos cada vez mais nossos movimentos. Sai mos de casa correndo para o trabalho, somos cobrados para dar conta correndo de nossas tarefas e - habituados à corrida - alimentamo-nos às pressas (ah, a chamada fast food), para depois voltarmos, correndo, para casa.
Esse corre-corre não é casual. sabemos que, na nossa sociedade, os mais rápidos s.ão os. vitoriosos. Paga-se um preço altíssimo pelo atraso. Só os insensatos andariam em câmera lenta no confronto com uma história cada vez mais vertiginosa.
Impõem-se, contudo, algumas perguntas: nas. condições em que somos mais ou menos obrigados a viver, não estaremos, de qualquer maneira, pagando· um preço altíssimo, mesmo se formos bons. corredores e nos mostrarmos aptos para vencer? Os ritmos que nos são impostos e que· aguçam algumas das nossas faculdades não· resultam, ao mesmo tempo, num empobrecimento de· alguns aspectos importantes da nossa sensibilidade· e da nossa inteligência?
A necessidade de assimilar com urgência as. informações essenciais para a ação imediata não acarreta uma grave incapacidade de digerir conhecimentos sutis e complexos, cheios de caroços. e mediações, que, embora careçam de serventia direta, são prescindíveis ao aprofundamento da minha compreensão da condição humana?
Uma reflexão que se sabe condenada a. desenvolver-se num exíguo prazo predeterminado não será, inevitavelmente, superficial?
O pensamento que se formula rapidinho não tende a ser sempre meio oco?
KONDER, Leandro. Rapidinho. ln O Globo, 29 set. 1996.

Assinale a opção que apresenta, correta e ,respectivamente, o significado das palavras destacadas em:
"Um dos EXPOENTES do espírito PRAGMÁTICO da ,modem Idade, o americano Benjamim Franklin ..."

" ... desenvolver-se num EXlGUO prazo .. ."
Alternativas
Ano: 2015 Banca: FUNCAB Órgão: Prefeitura de Anápolis - GO
Q1192901 Português
O poder das palavras
Sustentabilidade ou responsabilidade social empresarial? Mas por que apenas social? Não deveria ser responsabilidade socioambiental? E onde foi parar o desenvolvimento sustentável? Essas e outras perguntas parecidas têm rondado as conversas e os pensamentos de muita gente, sinalizando uma perigosa confusão. Cada um desses conceitos tem um importante valor, e o que significam vai muito além dos modismos de gestão ou de comunicação.
É fácil errar quando uma empresa ou seus dirigentes não têm clareza sobre o que de fato significam as bonitas palavras que estão em suas missões e valores ou em seus relatórios e peças de marketing. Infelizmente, não passa um dia sem vermos claros sintomas de confusão. O que dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? Ou da que anuncia sua “responsabilidade social” divulgando em caros anúncios os trocados que doou a uma creche ou campanha de solidariedade? Na melhor das hipóteses, elas não entenderam o significado desses conceitos. Ou, se formos um pouco mais críticos, diremos tratar-se de oportunismo irresponsável, que não só prejudica a imagem da empresa mas — principalmente — mina a credibilidade de algo muito sério e importante. Banaliza conceitos vitais para a humanidade, reduzindo-os a expressões efêmeras, vazias.
Hoje, vejo empresas criando áreas de “sustentabilidade” em paralelo com seus departamentos de “responsabilidade social” ou simplesmente rebatizando as áreas que já tinham. Vejo tratarem “responsabilidade social” como uma ideia fora de moda, envelhecida frente à atualíssima “sustentabilidade”. Isso já seria grave pela confusão que cria entre seus funcionários. Porém, ainda mais grave é a dúvida transmitida ao mercado e aos demais stakeholders: qual o real compromisso da empresa? É com a construção de um mundo socialmente justo, ecologicamente viável e economicamente próspero? Ou é com seu desejo de parecer atualizada e sintonizada com as prioridades de momento?
A questão não é a precisão técnica das palavras utilizadas: é o que a maneira de usá-las revela sobre quem realmente somos e sobre o que de fato desejamos.
É bom que as empresas queiram ser sustentáveis e socialmente responsáveis. É ótimo que comecem a fazer algo nesse sentido. Mas é péssimo quando, ao tentar fazer isso, elas reforçam os argumentos de quem deseja jogar a responsabilidade social empresarial na vala comum das espertezas marqueteiras.
Para concluir, um lembrete prático: sustentabilidade é a qualidade do que é sustentável, ou seja, da situação que pode se manter continuamente, pois não exaure os recursos de que necessita. É a situação que a humanidade almeja para não correr o risco de sua autoextinção. Desenvolvimento sustentável é o modelo de progresso econômico e social que permitirá que todos os seres humanos atinjam boas condições de vida — sem comprometer nossa sustentabilidade.   Finalmente, ter responsabilidade social empresarial (ou corporativa) é conduzir uma empresa de forma que ela contribua para o desenvolvimento sustentável (incluindo assim tanto os aspectos ligados ao meio ambiente como os ligados às condições sociais e às relações saudáveis com consumidores, trabalhadores e demais stakeholders).
Em suma, não são modas novas versus antigas ou conceitos que se substituem indiscriminadamente: são faces de um mesmo processo. Peças do mesmo quebra-cabeça que —juntos — estamos aprendendo a montar.
BELINKY, Aron. . O poder das palavras Guia Exame de Sustentabilidade. São Paulo:Abril, 2008. 
stakeholders: designa pessoas e grupos mais importantes para um planejamento estratégico ou plano de negócios, ou seja, as partes interessadas.
Considerando o contexto em que se produziu a colocação do pronome oblíquo, em “Banaliza conceitos vitais para a humanidade, reduzindo-os a expressões efêmeras, vazias.”, pode-se afirmar, corretamente, que foi assim realizada porque:
Alternativas
Respostas
11: E
12: B
13: B
14: C
15: E