Questões da Prova FUNCERN - 2017 - IF-RN - Professor - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira

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Q845306 Literatura

Considere os dois poemas:

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Em relação aos poemas, é correto afirmar: 

Alternativas
Q845305 Português

BANHO (RURAL)


De cabaça na mão, céu nos cabelos

à tarde era que a moça desertava

dos arenzés da alcova. Caminhando


um passo brando pelas roças ia

nas vingas nem tocando; reesmagava

na areia os próprios passos, tinha o rio


com margens engolidas por tabocas,

feito mais de abandono que de estrada

e muito mais de estrada que de rio


onde em cacimba e lodo se assentava

água salobre rasa. Salitroso

era o também caminho da cacimba


e mais: o salitroso era deserto.

A moça ali perdia-se, afundava-se

enchendo o vasilhame, aventurava


por longo capinzal, cantarolando:

desfibrava os cabelos, a rodilha

e seus vestidos, presos nos tapumes


velando vales, curvas e ravinas

(a rosa de seu ventre, sóis no busto)

libertas nesse banho vesperal.


Moldava-se em sabão, estremecida,

cada vez que dos ombros escorrendo

o frio d'água era carícia antiga.


Secava-se no vento, recolhia

só noite e essências, mansa carregando-as

na morna geografia de seu corpo.


Depois, voltava lentamente os rastos

em deriva à cacimba, se encontrava

nas águas: infinita, liquefeita.


Então era que a moça regressava

tendo nos olhos cânticos e aromas

apreendidos no entardecer rural.

                                     Fonte: MAMEDE, Z. O arado. Rio de Janeiro: São José, 1954. p.17-18.


O BANHO DA CABLOCA


Teima dos sapos...

Chiado dos ramos nos balcedos...

Chóóóóó... da levada...

— Noitinha —

Acocorada num cepo põe sobre os cabelos compridos

As primeiras cuias d’água: — Choá! Choá! Choá” —


A lua treme n’água remexida...


Ruque! ruque! das mãos esfregando as carnes rijas...

Um pedaço de canção alegra o banho...

E a teima dos sapos: — foi! Não foi!

E a camisa é posta sobre a carne molhada e nova

E a sombra passa entre as árvores — ligeira — úmida e morna —

Num pedaço de canção que alegrou o banho...

Fonte: FERNANDES, J. Livro de poemas. Introdução, organização e notas de Maria Lúcia de Amorim Garcia. 5. ed. Natal: EDUFRN, 2008. p. 49. 

Considere o trecho:


velando vales, curvas e ravinas

(a rosa de seu ventre, sóis no busto)

libertas nesse banho vesperal.


Na tessitura poética do trecho, o uso dos parênteses evidencia

Alternativas
Q845304 Literatura

BANHO (RURAL)


De cabaça na mão, céu nos cabelos

à tarde era que a moça desertava

dos arenzés da alcova. Caminhando


um passo brando pelas roças ia

nas vingas nem tocando; reesmagava

na areia os próprios passos, tinha o rio


com margens engolidas por tabocas,

feito mais de abandono que de estrada

e muito mais de estrada que de rio


onde em cacimba e lodo se assentava

água salobre rasa. Salitroso

era o também caminho da cacimba


e mais: o salitroso era deserto.

A moça ali perdia-se, afundava-se

enchendo o vasilhame, aventurava


por longo capinzal, cantarolando:

desfibrava os cabelos, a rodilha

e seus vestidos, presos nos tapumes


velando vales, curvas e ravinas

(a rosa de seu ventre, sóis no busto)

libertas nesse banho vesperal.


Moldava-se em sabão, estremecida,

cada vez que dos ombros escorrendo

o frio d'água era carícia antiga.


Secava-se no vento, recolhia

só noite e essências, mansa carregando-as

na morna geografia de seu corpo.


Depois, voltava lentamente os rastos

em deriva à cacimba, se encontrava

nas águas: infinita, liquefeita.


Então era que a moça regressava

tendo nos olhos cânticos e aromas

apreendidos no entardecer rural.

                                     Fonte: MAMEDE, Z. O arado. Rio de Janeiro: São José, 1954. p.17-18.


O BANHO DA CABLOCA


Teima dos sapos...

Chiado dos ramos nos balcedos...

Chóóóóó... da levada...

— Noitinha —

Acocorada num cepo põe sobre os cabelos compridos

As primeiras cuias d’água: — Choá! Choá! Choá” —


A lua treme n’água remexida...


Ruque! ruque! das mãos esfregando as carnes rijas...

Um pedaço de canção alegra o banho...

E a teima dos sapos: — foi! Não foi!

E a camisa é posta sobre a carne molhada e nova

E a sombra passa entre as árvores — ligeira — úmida e morna —

Num pedaço de canção que alegrou o banho...

Fonte: FERNANDES, J. Livro de poemas. Introdução, organização e notas de Maria Lúcia de Amorim Garcia. 5. ed. Natal: EDUFRN, 2008. p. 49. 

Em relação aos poemas, é correto afirmar:
Alternativas
Q845302 Literatura

Considere os comentários:


(I)

Obra inovadora, uma narrativa poética, na qual plantas, pássaros e insetos são apresentados de forma afetiva. Constitui um romance de costumes que traz a vida e a morte de pequenos animais. Esses vivem em uma chácara urbana, onde a batalha pela vida pode significar a luta pela sobrevivência humana.


(II)

Currais Novos e o Seridó são o ambiente dessa narrativa em primeira pessoa. O narrador é um menino do sertão que vem morar na cidade para estudar. A linguagem apresenta-se duramente poética, sem rodeios, confrontando o rural e o urbano.


(III)

A narrativa desenvolve-se na Natal do início do século XX, período em que a cidade sofreu grandes transformações impulsionadas pelos ecos de uma modernidade que acontecia nas grandes metrópoles. A personagem principal, de comportamento, supostamente, transgressor, acaba se rendendo às imposições sociais e abdicando de seus desejos.


(IV)

A transformação da personagem principal, um sertanejo submisso e libidinoso da região do Seridó, é motivo para tornar visíveis elementos tradicionais dessa região norte-rio-grandense. A narrativa, construída à semelhança das narrativas de cordel, evidencia mitos, lendas e diversas figuras que compõem a cultura popular.

Fonte: FUNCERN, 2017.


Considerando o percurso da prosa da literatura do Rio Grande do Norte, os comentários referem-se, respectivamente, aos seguintes romances:

Alternativas
Q845301 Literatura

Considere o excerto:

Romantismo, indianismo, nativismo e paixão pela cultura popular vingaram no mesmo clima de emancipação do Antigo Regime. O processo atravessou duas ou três gerações e, embora tenha sido mais agudo no período das independências, persistiu até o século seguinte, resistindo bravamente às ondas cosmopolitas do pensamento evolucionista, aqui ajustadas e filtradas de tal modo que se misturaram generosamente com o folclorismo romântico.

No Brasil, trabalhos de levantamento e transcrição dos materiais de base foram empreendidos por José de Alencar, Juvenal Galeno, Celso de Magalhães, Couto de Magalhães, Sílvio Romero, João Ribeiro e, no século XX, por Amadeu Amaral, Mário de Andrade, Renato Almeida, Lindolfo Gomes, Augusto Meyer, Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, Cavalcanti Proença, Oswaldo Elias Xidieh, Theo Brandão, Ariano Suassuna e tantos outros. Colheram todos a relação entre os agentes da cultura não letrada, quase sempre anônimos, e a palavra oral, pois o imaginário popular se exprimiu, durante séculos, abaixo do limiar da escrita.

No conjunto, o que aconteceu foi uma verdadeira operação de passagem, pela qual o letrado brasileiro foi incorporando ao repertório do leitor culto os signos e as imagens de um estilo de vida interiorano, rústico e pobre. Valorizando estética e moralmente as tradições populares, carreava-se a água para o moinho das identidades regionais e, no limite, da identidade nacional.

Fonte: BOSI, A. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 259-260.


O personagem da literatura brasileira que melhor ilustra essa operação de passagem, contribuindo, significativamente, para a construção da identidade regional e nacional configura-se em

Alternativas
Respostas
11: D
12: D
13: D
14: C
15: C