Questões da Prova Makiyama - 2011 - ELETROBRAS-ACRE - Técnico em Contabilidade

Foram encontradas 40 questões

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Q508563 História e Geografia de Estados e Municípios
No vale do Acre está localizada a Princesinha do Acre, cidade que guarda lembranças do Ciclo da Borracha e de um ilustre filho deste território, Chico Mendes. Este município recebe o nome de
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Q508562 História e Geografia de Estados e Municípios
O segundo município com a maior população do Estado do Acre é o mais populoso na região do Alto Juruá, sendo conhecido como:
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Q508561 História e Geografia de Estados e Municípios
De acordo com a Classificação de Köppen, o clima acreano é do tipo:
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Q508560 História e Geografia de Estados e Municípios
A formação da estrutura do relevo do Estado do Acre é:
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Q508559 Português
                        O canário

            Casara-se havia duas semanas. E por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário:
            - Você compreende. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria. Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado.
            - Mas eu também tenho coração, ora essa. Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês?
            - Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom; vá.
            O sogro, a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura:
            - Vai, meu bem. Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona, e dói ver a lenta agonia de um ser tão gracioso, que viveu para cantar.
             - Primeiro me tragam um vidro de éter e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa.
             Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vítima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos, no pescoço.
            E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo.
             Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficará rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo.
            No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.
             - Ui!
             Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma fome danada?
            - Ele estava precisando mesmo era de éter - concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por sua vez.

                                                            (Carlos Drummond de Andrade. Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro, José Olympio,1976)


Na frase: “A condição humana é uma droga” – Qual figura de linguagem podemos identificar nela?
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Respostas
26: C
27: A
28: A
29: E
30: C