Questões de Concurso Sobre formação das palavras: composição, derivação, hibridismo, onomatopeia e abreviação em português

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Q3011444 Português
Para responder à questão, leia o trecho a seguir, retirado da crônica “Viamonense”, de Cláudio Moreno.





(Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/claudio-moreno/noticia/2023/12/viamonenseclqo9f8vl002m0134jwscr1il.html – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando o processo de formação de palavras mencionado pelo texto, assinale a alternativa em que o vocábulo sublinhado NÃO tenha sido formado por um processo de derivação.
Alternativas
Q2972645 Português

Um cão apenas


Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do jardim – plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no granito – eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal do pórtico, um cãozinho triste interrompe o seu sono, levanta a cabeça e fita-me. É um triste cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas, as mechas brancas do pêlo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrimas que há nos olhos das pessoas muito idosas. Com grande esforço acaba de levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz ali, eu não devia ter chegado. Já lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem esquecer, enquanto dormem...

Ele, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-se com dificuldade dos enfermos graves: acomodando as pastas da frente, arrastando o resto do corpo, sempre com os olhos em mim, como à espera de uma palavra ou de um gesto. Mas eu não o queria vexar nem oprimir. Gostaria de ocupar-me dele: chamar alguém, pedir-lhe que o examinasse, que receitasse, encaminha-lo para um tratamento... Mas tudo é longe, meu Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar. E ele estava na minha frente, inábil, como envergonhado de se achar tão sujo e doente, com o envelhecido olhar numa espécie de súplica.

Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu coração. Até o fim da vida sentirei esta humana infelicidade de nem sempre poder socorrer, neste complexo mundo dos homens.

Então, o triste cãozinho reuniu todas as suas forças, atravessou o patamar, sem nenhuma dúvida sobre o caminho, como se fosse um visitante habitual, e começou a descer as escadas e suas rampas, com as plantas em flor de cada lado, as borboletas incertas, salpicos de luz no granito, até o limiar da entrada. Passou por entre as grades do portão, prosseguiu para o lado esquerdo, desapareceu.

Ele ia descendo como um velhinho andrajoso, esfarrapado, de cabeça baixa, sem firmeza e sem destino. Era, no entanto, uma forma de vida. Uma criatura deste mundo de criaturas inumeráveis. Esteve ao meu alcance; talvez tivesse fome e sede: e eu nada fiz por ele; amei-o, apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão concreta. Deixei-o partir, assim humilhado, e tão digno, no entanto: como alguém que respeitosamente pede desculpas de ter ocupado um lugar que não era seu.

Depois pensei que nós todos somos, um dia, esse cãozinho triste, à sombra de uma porta. E há o dono da casa, e a escada que descemos e a dignidade final da solidão.

(Cecília Meireles, Crônicas, 1965)

“Uma criatura deste mundo de criaturas inumeráveis.” Assinale a alternativa em que a palavra destacada tem o mesmo processo de formação da que foi grifada anteriormente:

Alternativas
Q2972206 Português

Texto I


As Time Goes By


Conheci Rick Blaine em Paris, não faz muito. Ele tem uma

espelunca perto da Madeleine que pega todos os americanos

bêbados que o Harry’s Bar expulsa. Está com 70 anos, mas

não parece ter mais que 69. Os olhos empapuçados são os

5 mesmos mas o cabelo se foi e a barriga só parou de crescer

porque não havia mais lugar atrás do balcão. A princípio ele

negou que fosse Rick.

– Não conheço nenhum Rick.

– Está lá fora. Um letreiro enorme. Rick’s Café Americain.

10 – Está? Faz anos que não vou lá fora. O que você quer?

– Um bourbon. E alguma coisa para comer.

Escolhi um sanduíche de uma longa lista e Rick gritou o

pedido para um negrão na cozinha. Reconheci o negrão. Era o

pianista do café do Rick em Casablanca. Perguntei por que ele

15 não tocava mais piano.

– Sam? Porque só sabia uma música. A clientela não

agüentava mais. Ele também faz sempre o mesmo sanduíche.

Mas ninguém vem aqui pela comida.

Cantarolei um trecho de As Time Goes By. Perguntei:

20 – O que você faria se ela entrasse por aquela porta agora?

– Diria: "Um chazinho, vovó?" O passado não volta.

– Voltou uma vez. De todos os bares do mundo, ela tinha

que escolher logo o seu, em Casablanca, para entrar.

– Não volta mais.

25 Mas ele olhou, rápido, quando a porta se abriu de repente.

Era um americano que vinha pedir-lhe dinheiro para voltar aos

Estados Unidos. Estava fugindo de Mitterrand. Rick o ignorou.

Perguntou o que eu queria além do bourbon e do sanduíche

do Sam, que estava péssimo.

30 – Sempre quis saber o que aconteceu depois que ela

embarcou naquele avião com Victor Laszlo e você e o inspetor

Louis se afastaram, desaparecendo no nevoeiro.

– Passei quarenta anos no nevoeiro – respondeu ele.

Objetivamente, não estava disposto a contar muita coisa.

35 – Eu tenho uma tese.

Ele sorriu.

Mais uma...

– Você foi o primeiro a se desencantar com as grandes

causas. Você era o seu próprio território neutro. Victor Laszlo

40 era o cara engajado. Deve ter morrido cedo e levado alguns

outros idealistas como ele, pensando que estavam salvando o

mundo para a democracia e os bons sentimentos. Você nunca

teve ilusões sobre a humanidade. Era um cínico. Mas também

era um romântico. Podia ter-se livrado de Laszlo aos olhos

45 dela. Por quê?

– Você se lembra do rosto dela naquele instante?

Eu me lembrava. Mesmo através do nevoeiro, eu me

lembrava. Ele tinha razão. Por um rosto daqueles a gente

sacrifica até a falta de ideais.

50 A porta se abriu de novo e nós dois olhamos rápido. Mas

era apenas outro bêbado.

(Luis Fernando Veríssimo)

Assinale a alternativa em que a palavra tenha sido formada pelo mesmo processo que empapuçados (L.4).

Alternativas
Q2954187 Português

Sobre a questão do dialogismo, considere as seguintes afirmativas:


1. O diálogo, em Bakhtin, equivale à teoria da comunicação de Jakobson, que identifica emissor, receptor, código, mensagem e canal como os elementos da interação.

2. Diálogo, em Bakhtin, não é um conceito, é um pressuposto para a existência da linguagem, é o aspecto responsivo das línguas humanas.

3. Mesmo que não haja eqüidade social entre os interlocutores, sempre haverá a atitude responsiva, pois o caráter dialógico-responsivo é próprio da linguagem.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q2952800 Português

Leia o texto a seguir para responder as questões de língua portuguesa.


O TOLO E SEU DINHEIRO


Juliana Garzon e Jerônimo Teixeira

Em muitas das teorias econômicas fundamentais as pessoas de carne e osso, falíveis e volúveis, não existem.

Essas teorias só funcionam com o "homem estatístico", o somatório de agentes econômicos vistos como

máquinas de calcular que administram com rigor seus recursos limitados. O pai da economia moderna, o

escocês Adam Smith (1723-1790), enxergava um mundo ordenado em que cada indivíduo agia sempre no

5 interesse pessoal e da família e, assim, acabava contribuindo para a prosperidade geral da nação. Disse Smith:

"Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas

sim do empenho deles em promover o próprio autointeresse". Talvez a maioria das pessoas do século XVIII

fossem mesmo seres racionais, donos do próprio destino e empenhados na promoção do seu autointeresse

econômico. Mas é mais comum encontrar gente que gasta mais do que ganha e compra aquilo de que não

10 precisa.

Nas últimas quatro décadas, os teóricos da economia têm tentado contemplar em suas análises pessoas de

carne, osso e sangue quente. Essa escola, a "economia comportamental", nascida na década de 70 com o

trabalho dos psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman, da Universidade Hebraica de Jerusalém, incorporou

as inconstâncias humanas aos seus modelos de previsão. Tversky e Kahneman focaram seus estudos sobre o

15 comportamento das pessoas em situações de incerteza e de alta carga emotiva, consideradas por eles, com

acerto, como predominantes nas grandes decisões econômicas - seja a compra do primeiro apartamento ou a

venda de ações nos momentos de queda das bolsas.

A economia comportamental arejou o pensamento econômico dando lugar a modelos mais sensíveis às

vicissitudes da psicologia humana, com suas falhas de cálculo e percepções enganosas. Talvez seu maior

20 mérito seja entender que os criteriosos padeiros e cervejeiros de Adam Smith existem, são numerosos, mas

convivem com multidões para quem a racionalidade financeira no dia-a-dia é tão estranha quanto o popular

esporte escocês de arremesso de troncos. Kahneman ganhou o prêmio Nobel de economia em 2002, tornando-

se o único psicólogo a conseguir esse feito. No mundo de Kahneman os padeiros e cervejeiros nem sempre

tomam decisões sóbrias e corretas. Eles agem de acordo com os misteriosos mecanismos mentais de aceitação

25 e rejeição do risco. Uma mesma pessoa que só bebe água mineral e morre de medo de bactérias pode ser vista

fazendo bungee jumping, esporte em que o praticante se joga de uma ponte sobre um abismo amarrado por uma

corda elástica. No mundo econômico, atitudes incoerentes como essa são quase a regra.

Aplicadas ao estudo do comportamento dos investidores nas bolsas, as teses de Kahneman e seus colegas

mostram que a convivência de atitudes racionais e irracionais é uma força considerável. Entre o início de 2003 e

30 o máximo de alta em maio de 2008, o Índice Bovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, valorizou-se 350%.

Nesse período, a maioria dos investidores enxergou todos os acontecimentos, os bons e os ruins, com a lente

da euforia. Passaram despercebidos os sinais precoces da crise que viria a se abater sobre a economia mundial

com repercussões fortes no Brasil no fim do ano passado. Mesmo os investidores profissionais não estão

imunes a ilusões. A mais comum é acreditar que projeções baseadas em dados recentes podem ser tomadas

35 como tendências duradouras. [ ... ] Diz Plínio Chap Chap, professor de finanças corporativas da escola de

negócios Brazilian Business School (BBS): "Bastam alguns ganhos para que as pessoas se julguem mais

capazes que as outras para escolher ações."[ ... ]

Nem todos os enganos são originários da autoconfiança. O investidor também pode ser atrapalhado por uma

emoção de natureza bem diversa: a angústia. O investidor novato, sobretudo, tende a entrar no mercado com a

40 sensação de que está atrasado. [ ... ] Essa sensação conduz a escolhas precipitadas. Em vez de traçar uma

estratégia sólida, o novato dá grandes tacadas de uma vez só, para evitar a tensão de analisar e optar - ou não -

por determinada ação. A impaciência custa caro. [ ... ] As frustrações se tornam ainda mais agudas quando as

cotações caem. O investidor que tomou sua decisão de compra sem base sofre por não saber se deve vender as

ações que estão patinando e estancar as perdas ou apostar na recuperação dos papéis e mantê-los em carteira.

45 [ ... ] Mas o investidor que der um passo atrás para observar o cenário com emoções menos exacerbadas poderá

ter uma visão mais realista da economia brasileira e de suas perspectivas: uma boa oportunidade de

investimentos tanto para os padeiros e cervejeiros de Adam Smith quanto para os bungee jumpers de

Kahneman.

Texto adaptado da Revista Veja, edição 2095, ano 42, n. 2, de 14 de jan. 2009. p. 68-70

Assinale a alternativa cuja explicação para o elemento de formação da palavra NÃO está de acordo com o sentido que ela apresenta no texto.

Alternativas
Respostas
1: C
2: D
3: C
4: B
5: D