Questões de Concurso Sobre português para câmara municipal de sorocaba
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Ano: 2014
Banca:
VUNESP
Órgão:
Câmara Municipal de Sorocaba
Prova:
VUNESP - 2014 - Câmara Municipal de Sorocaba - Oficial Legislativo |
Q475558
Português
Texto associado
Matusalém*
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Considerando as regras de concordância da norma-padrão da língua portuguesa, a frase que se mantém correta após a substituição da forma destacada pela forma entre parênteses está em:
Ano: 2014
Banca:
VUNESP
Órgão:
Câmara Municipal de Sorocaba
Prova:
VUNESP - 2014 - Câmara Municipal de Sorocaba - Oficial Legislativo |
Q475557
Português
Texto associado
Matusalém*
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Ao concluir o texto com a frase – Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar, matusalênico das novas tecnologias. – a autora reforça
Ano: 2014
Banca:
VUNESP
Órgão:
Câmara Municipal de Sorocaba
Prova:
VUNESP - 2014 - Câmara Municipal de Sorocaba - Oficial Legislativo |
Q475556
Português
Texto associado
Matusalém*
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Na passagem do penúltimo parágrafo – A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. –, o termo estopim contribui para apresentar a internet como o meio usado para
Ano: 2014
Banca:
VUNESP
Órgão:
Câmara Municipal de Sorocaba
Prova:
VUNESP - 2014 - Câmara Municipal de Sorocaba - Oficial Legislativo |
Q475555
Português
Texto associado
Matusalém*
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
A autora afirma preferir o e-mail, por tratar-se de uma forma de comunicação
Ano: 2014
Banca:
VUNESP
Órgão:
Câmara Municipal de Sorocaba
Prova:
VUNESP - 2014 - Câmara Municipal de Sorocaba - Oficial Legislativo |
Q475554
Português
Texto associado
Matusalém*
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)
* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo
Uma passagem do texto que explica o porquê de a autora não querer participar de sites de relacionamentos é: