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Q2203690 Português
Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido


País foi o primeiro a regulamentar o tratamento de doação mitocondrial, que utiliza parte de um óvulo de uma doadora para evitar a transmissão de uma doença grave pela mãe

O primeiro bebê com DNA de três pessoas diferentes nasceu no Reino Unido. O país é pioneiro na regulamentação da técnica chamada de tratamento de doação mitocondrial (TDM), aprovada em 2015, que até então havia sido realizada apenas em procedimentos experimentais. Segundo a Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia britânica (HFEA, da sigla em inglês), um total de 32 pacientes já receberam aval para realizar o tratamento.

O TDM é destinado a mulheres que tenham um alto risco de transmitir uma doença mitocondrial - disfunções sem cura que afetam a mitocôndria, parte da célula responsável pela produção de energia. Com ele, elas podem ter filhos biológicos sem passar o diagnóstico aos bebês. No Reino Unido, a regulamentação permite apenas que indivíduos com formas graves do quadro estejam elegíveis ao tratamento e eles devem passar antes por uma análise e aprovação da HFEA.

No procedimento, os médicos utilizam as mitocôndrias de um óvulo de uma doadora saudável para substituir a parte que carrega as mutações danosas do gameta da mãe. Existem dois métodos aprovados no Reino Unido, mas em ambos o material da doadora corresponde a menos de 1% da genética final da criança. Por isso, ela não tem qualquer direito legal sobre o bebê e deve permanecer em anonimato.

Os dois métodos são chamados de transferência do fuso materno (TFM) e transferência pronuclear (TPN). No primeiro, o material genético nuclear é removido do óvulo da mãe e transferido para o da doadora. O gameta, então, é fecundado por meio de fertilização in vitro (FIV) com o esperma do pai para se criar o embrião saudável.

Na TPN, o óvulo da mãe é fertilizado com o esperma do pai em laboratório, e o gameta doado é também fertilizado com o mesmo esperma. Depois, os médicos trocam o material genético nuclear do embrião formado com o óvulo da doadora pelo material do outro embrião, que carrega as informações de quem de fato será a mãe.

"Em ambas as técnicas, os embriões são criados usando seu material genético nuclear (os genes que fazem de você quem você é) e mitocôndrias saudáveis doadas", explica a página sobre o tratamento da HFEA. Em comunicado, a autoridade diz que, desde 2018, quando a clínica de Newcastle se tornou o primeiro centro licenciado para realizar o procedimento, mais de 30 aprovações já foram concedidas.

"Até 10 de maio de 2023, 32 pacientes receberam aprovação para tratamento de doação mitocondrial pelo Comitê Estatutário de Aprovações da HFEA. São decisões tomadas caso a caso, não havendo outras opções para as famílias envolvidas e no estrito cumprimento da lei", diz a nota.

Ao jornal britânico The Guardian , que questionou o órgão sobre quantos nascimentos já haviam sido registrados no país, já que até então nenhum havia sido divulgado, a HFEA confirmou que o primeiro bebê fruto do tratamento já havia nascido.

Além disso, disse que até abril deste ano foi registrado um total "inferior a cinco". A autoridade não forneceu números precisos por alegar que isso "poderia levar à identificação de uma pessoa a quem o HFEA deve o dever de confidencialidade". A resposta foi concedida ao jornal apenas após um pedido de liberdade de informação, uma legislação britânica semelhante à Lei de Acesso à Informação no Brasil.

O procedimento

Estimativas apontam que um a cada seis mil bebês são afetados por doenças chamadas de mitocondriais, que, por envolverem a geração de energia, podem impactar diversos órgãos do corpo, como músculos, fígado, coração e cérebro.

Embora o Reino Unido tenha sido o primeiro local a regulamentar a prática inovadora que diminui o risco desses problemas, o primeiro nascimento por meio do TDM no mundo foi registrado no México, anunciado em 27 de setembro de 2016.

O feito foi parte de um experimento conduzido pelo cientista norte-americano John Zhang, da clínica de fertilidade New Hope , que realizou a técnica de TFM na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. A equipe criou cinco embriões, mas apenas um se desenvolveu normalmente.

Ele, então, enviou o embrião saudável para o México, onde foi inserido no útero da mãe. A mulher tinha genes para Síndrome de Leigh, uma doença mitocondrial considerada fatal. O bebê nasceu meses antes do anúncio, no dia 6 de abril, sem a doença.

O sucesso do procedimento foi celebrado pela comunidade científica, porém despertou preocupações pelo fato de Zhang ter realizado o tratamento no México para fugir das regulamentações rígidas dos EUA. Em entrevista ao portal New Scientist na época, o cientista insistiu que fez o certo. "Salvar vidas é a coisa ética a fazer", disse.

O tratamento não é, porém, a única saída para mães que carregam os genes e desejam ter filhos. Além da adoção e do uso de um óvulo completo de uma doadora, os pais que possuem uma doença genética que possa ser transmitida aos filhos podem realizar biópsias nos embriões gerados para identificar aqueles saudáveis. No entanto, nem sempre a eficácia é 100%.

Retirado e adaptado de: YONESHIGUE, Bernardo. Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido. O Globo. Disponível em: - coom-ddna--detres-pessoas-nasceno-reenoounnido.ghtml05/primeiro-bebe-com-dna-de-tres-pessoas-nasce-no-reino-unido.ghtml Acesso em: 14 maio, 2023.
Analise a sintaxe do seguinte período, retirado de "Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido":
Até 10 de maio de 2023, 32 pacientes receberam aprovação para tratamento de doação mitocondrial pelo Comitê Estatutário de Aprovações da HFEA.
Agora, analise as afirmações a seguir. Marque V, para verdadeiro, e F, para falso:

(__) Podemos classificar o período como simples.
(__) O período apresenta um adjunto adverbial.
(__) "para tratamento de doação mitocondrial" e "pelo Comitê Estatutário de Aprovações da HFEA" são complementos nominais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
Alternativas
Q2203688 Português
Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido


País foi o primeiro a regulamentar o tratamento de doação mitocondrial, que utiliza parte de um óvulo de uma doadora para evitar a transmissão de uma doença grave pela mãe

O primeiro bebê com DNA de três pessoas diferentes nasceu no Reino Unido. O país é pioneiro na regulamentação da técnica chamada de tratamento de doação mitocondrial (TDM), aprovada em 2015, que até então havia sido realizada apenas em procedimentos experimentais. Segundo a Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia britânica (HFEA, da sigla em inglês), um total de 32 pacientes já receberam aval para realizar o tratamento.

O TDM é destinado a mulheres que tenham um alto risco de transmitir uma doença mitocondrial - disfunções sem cura que afetam a mitocôndria, parte da célula responsável pela produção de energia. Com ele, elas podem ter filhos biológicos sem passar o diagnóstico aos bebês. No Reino Unido, a regulamentação permite apenas que indivíduos com formas graves do quadro estejam elegíveis ao tratamento e eles devem passar antes por uma análise e aprovação da HFEA.

No procedimento, os médicos utilizam as mitocôndrias de um óvulo de uma doadora saudável para substituir a parte que carrega as mutações danosas do gameta da mãe. Existem dois métodos aprovados no Reino Unido, mas em ambos o material da doadora corresponde a menos de 1% da genética final da criança. Por isso, ela não tem qualquer direito legal sobre o bebê e deve permanecer em anonimato.

Os dois métodos são chamados de transferência do fuso materno (TFM) e transferência pronuclear (TPN). No primeiro, o material genético nuclear é removido do óvulo da mãe e transferido para o da doadora. O gameta, então, é fecundado por meio de fertilização in vitro (FIV) com o esperma do pai para se criar o embrião saudável.

Na TPN, o óvulo da mãe é fertilizado com o esperma do pai em laboratório, e o gameta doado é também fertilizado com o mesmo esperma. Depois, os médicos trocam o material genético nuclear do embrião formado com o óvulo da doadora pelo material do outro embrião, que carrega as informações de quem de fato será a mãe.

"Em ambas as técnicas, os embriões são criados usando seu material genético nuclear (os genes que fazem de você quem você é) e mitocôndrias saudáveis doadas", explica a página sobre o tratamento da HFEA. Em comunicado, a autoridade diz que, desde 2018, quando a clínica de Newcastle se tornou o primeiro centro licenciado para realizar o procedimento, mais de 30 aprovações já foram concedidas.

"Até 10 de maio de 2023, 32 pacientes receberam aprovação para tratamento de doação mitocondrial pelo Comitê Estatutário de Aprovações da HFEA. São decisões tomadas caso a caso, não havendo outras opções para as famílias envolvidas e no estrito cumprimento da lei", diz a nota.

Ao jornal britânico The Guardian , que questionou o órgão sobre quantos nascimentos já haviam sido registrados no país, já que até então nenhum havia sido divulgado, a HFEA confirmou que o primeiro bebê fruto do tratamento já havia nascido.

Além disso, disse que até abril deste ano foi registrado um total "inferior a cinco". A autoridade não forneceu números precisos por alegar que isso "poderia levar à identificação de uma pessoa a quem o HFEA deve o dever de confidencialidade". A resposta foi concedida ao jornal apenas após um pedido de liberdade de informação, uma legislação britânica semelhante à Lei de Acesso à Informação no Brasil.

O procedimento

Estimativas apontam que um a cada seis mil bebês são afetados por doenças chamadas de mitocondriais, que, por envolverem a geração de energia, podem impactar diversos órgãos do corpo, como músculos, fígado, coração e cérebro.

Embora o Reino Unido tenha sido o primeiro local a regulamentar a prática inovadora que diminui o risco desses problemas, o primeiro nascimento por meio do TDM no mundo foi registrado no México, anunciado em 27 de setembro de 2016.

O feito foi parte de um experimento conduzido pelo cientista norte-americano John Zhang, da clínica de fertilidade New Hope , que realizou a técnica de TFM na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. A equipe criou cinco embriões, mas apenas um se desenvolveu normalmente.

Ele, então, enviou o embrião saudável para o México, onde foi inserido no útero da mãe. A mulher tinha genes para Síndrome de Leigh, uma doença mitocondrial considerada fatal. O bebê nasceu meses antes do anúncio, no dia 6 de abril, sem a doença.

O sucesso do procedimento foi celebrado pela comunidade científica, porém despertou preocupações pelo fato de Zhang ter realizado o tratamento no México para fugir das regulamentações rígidas dos EUA. Em entrevista ao portal New Scientist na época, o cientista insistiu que fez o certo. "Salvar vidas é a coisa ética a fazer", disse.

O tratamento não é, porém, a única saída para mães que carregam os genes e desejam ter filhos. Além da adoção e do uso de um óvulo completo de uma doadora, os pais que possuem uma doença genética que possa ser transmitida aos filhos podem realizar biópsias nos embriões gerados para identificar aqueles saudáveis. No entanto, nem sempre a eficácia é 100%.

Retirado e adaptado de: YONESHIGUE, Bernardo. Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido. O Globo. Disponível em: - coom-ddna--detres-pessoas-nasceno-reenoounnido.ghtml05/primeiro-bebe-com-dna-de-tres-pessoas-nasce-no-reino-unido.ghtml Acesso em: 14 maio, 2023.
Assinale a alternativa que apresenta correção no emprego do acento grave (crase):
Alternativas
Q2203683 Português
Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido


País foi o primeiro a regulamentar o tratamento de doação mitocondrial, que utiliza parte de um óvulo de uma doadora para evitar a transmissão de uma doença grave pela mãe

O primeiro bebê com DNA de três pessoas diferentes nasceu no Reino Unido. O país é pioneiro na regulamentação da técnica chamada de tratamento de doação mitocondrial (TDM), aprovada em 2015, que até então havia sido realizada apenas em procedimentos experimentais. Segundo a Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia britânica (HFEA, da sigla em inglês), um total de 32 pacientes já receberam aval para realizar o tratamento.

O TDM é destinado a mulheres que tenham um alto risco de transmitir uma doença mitocondrial - disfunções sem cura que afetam a mitocôndria, parte da célula responsável pela produção de energia. Com ele, elas podem ter filhos biológicos sem passar o diagnóstico aos bebês. No Reino Unido, a regulamentação permite apenas que indivíduos com formas graves do quadro estejam elegíveis ao tratamento e eles devem passar antes por uma análise e aprovação da HFEA.

No procedimento, os médicos utilizam as mitocôndrias de um óvulo de uma doadora saudável para substituir a parte que carrega as mutações danosas do gameta da mãe. Existem dois métodos aprovados no Reino Unido, mas em ambos o material da doadora corresponde a menos de 1% da genética final da criança. Por isso, ela não tem qualquer direito legal sobre o bebê e deve permanecer em anonimato.

Os dois métodos são chamados de transferência do fuso materno (TFM) e transferência pronuclear (TPN). No primeiro, o material genético nuclear é removido do óvulo da mãe e transferido para o da doadora. O gameta, então, é fecundado por meio de fertilização in vitro (FIV) com o esperma do pai para se criar o embrião saudável.

Na TPN, o óvulo da mãe é fertilizado com o esperma do pai em laboratório, e o gameta doado é também fertilizado com o mesmo esperma. Depois, os médicos trocam o material genético nuclear do embrião formado com o óvulo da doadora pelo material do outro embrião, que carrega as informações de quem de fato será a mãe.

"Em ambas as técnicas, os embriões são criados usando seu material genético nuclear (os genes que fazem de você quem você é) e mitocôndrias saudáveis doadas", explica a página sobre o tratamento da HFEA. Em comunicado, a autoridade diz que, desde 2018, quando a clínica de Newcastle se tornou o primeiro centro licenciado para realizar o procedimento, mais de 30 aprovações já foram concedidas.

"Até 10 de maio de 2023, 32 pacientes receberam aprovação para tratamento de doação mitocondrial pelo Comitê Estatutário de Aprovações da HFEA. São decisões tomadas caso a caso, não havendo outras opções para as famílias envolvidas e no estrito cumprimento da lei", diz a nota.

Ao jornal britânico The Guardian , que questionou o órgão sobre quantos nascimentos já haviam sido registrados no país, já que até então nenhum havia sido divulgado, a HFEA confirmou que o primeiro bebê fruto do tratamento já havia nascido.

Além disso, disse que até abril deste ano foi registrado um total "inferior a cinco". A autoridade não forneceu números precisos por alegar que isso "poderia levar à identificação de uma pessoa a quem o HFEA deve o dever de confidencialidade". A resposta foi concedida ao jornal apenas após um pedido de liberdade de informação, uma legislação britânica semelhante à Lei de Acesso à Informação no Brasil.

O procedimento

Estimativas apontam que um a cada seis mil bebês são afetados por doenças chamadas de mitocondriais, que, por envolverem a geração de energia, podem impactar diversos órgãos do corpo, como músculos, fígado, coração e cérebro.

Embora o Reino Unido tenha sido o primeiro local a regulamentar a prática inovadora que diminui o risco desses problemas, o primeiro nascimento por meio do TDM no mundo foi registrado no México, anunciado em 27 de setembro de 2016.

O feito foi parte de um experimento conduzido pelo cientista norte-americano John Zhang, da clínica de fertilidade New Hope , que realizou a técnica de TFM na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. A equipe criou cinco embriões, mas apenas um se desenvolveu normalmente.

Ele, então, enviou o embrião saudável para o México, onde foi inserido no útero da mãe. A mulher tinha genes para Síndrome de Leigh, uma doença mitocondrial considerada fatal. O bebê nasceu meses antes do anúncio, no dia 6 de abril, sem a doença.

O sucesso do procedimento foi celebrado pela comunidade científica, porém despertou preocupações pelo fato de Zhang ter realizado o tratamento no México para fugir das regulamentações rígidas dos EUA. Em entrevista ao portal New Scientist na época, o cientista insistiu que fez o certo. "Salvar vidas é a coisa ética a fazer", disse.

O tratamento não é, porém, a única saída para mães que carregam os genes e desejam ter filhos. Além da adoção e do uso de um óvulo completo de uma doadora, os pais que possuem uma doença genética que possa ser transmitida aos filhos podem realizar biópsias nos embriões gerados para identificar aqueles saudáveis. No entanto, nem sempre a eficácia é 100%.

Retirado e adaptado de: YONESHIGUE, Bernardo. Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido. O Globo. Disponível em: - coom-ddna--detres-pessoas-nasceno-reenoounnido.ghtml05/primeiro-bebe-com-dna-de-tres-pessoas-nasce-no-reino-unido.ghtml Acesso em: 14 maio, 2023.
A respeito das relações coesivas estabelecidas no texto "Primeiro bebê com DNA de três pessoas nasce no Reino Unido", analise o trecho a seguir:
O feito foi parte de um experimento conduzido pelo cientista norte-americano John Zhang, da clínica de fertilidade New Hope , que realizou a técnica de TFM na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. A equipe criou cinco embriões, mas apenas um se desenvolveu normalmente.
Ele, então, enviou o embrião saudável para o México, onde foi inserido no útero da mãe. A mulher tinha genes para Síndrome de Leigh, uma doença mitocondrial considerada fatal. O bebê nasceu meses antes do anúncio, no dia 6 de abril, sem a doença.
Agora, analise as afirmações a seguir. Marque V, para verdadeiro, e F, para falso:

(__) No trecho, o pronome "ele" se trata de um elemento anafórico.
(__) O referente de "ele" é ambíguo e só pode ser resolvido considerando-se as informações do contexto.
(__) O termo "a equipe" é um elemento coesivo cujo referente só pode ser resolvido a partir do conhecimento prévio do leitor.

Assinale a alterativa que apresenta a sequência correta:
Alternativas
Q2013741 Português

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Alternativas
Q2013738 Português
Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apresentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

      Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.
        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que reparte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).
        É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.
         Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em 4 vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.           
     Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um horizonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e limites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.             
       Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movimento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.
          Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuseram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.     
         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como consigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre ambos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.
          Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda  ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.
          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é construção planejada e persistente, em vez de pura espera.
         Para que harmonia, então?
      Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cuidado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.
           O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felicidade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao essencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.
           O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.
          Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraternidade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulneráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.
               E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo esperançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que resolva, espero que funcione.” Isso não é esperança.
              Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente. 
             Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.
            Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vidae-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

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Respostas
6: E
7: D
8: D
9: B
10: B