Questões de Concurso Comentadas sobre português para professor - ciências naturais

Foram encontradas 32 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q2279185 Português
Você é um número


    Se você não tomar cuidado, vira número até para si mesmo. Porque a partir do instante em que você nasce, classificam-no com um número. O registro civil é um número. Seu título de eleitor é um número. Profissionalmente falando você também é. Para ser motorista, tem carteira com número e chapa de carro. No Imposto de Renda, o contribuinte é identificado com um número. Seu prédio, seu telefone, seu número de apartamento — tudo é número.

    Se abre crediário, para eles você é um número. Se tem propriedade, também. Se é sócio de um clube, tem um número. Se é imortal da Academia Brasileira de Letras, tem o número da cadeira.

    Se é contribuinte de qualquer obra de beneficência, também é solicitado por um número. Se faz viagem de passeio ou de negócio, também recebe um número. Para tomar um avião, dão-lhe um número. Se possui ações, também recebe um. É claro que você é um número de recenseamento. Se é católico, recebe número de batismo. No registro civil ou religioso, você é numerado. Se possui personalidade jurídica, tem. E quando morre, no jazigo, tem um número. E a certidão de óbito também.

    Nós não somos ninguém? Protesto. Aliás, é inútil o protesto. E vai ver meu protesto também é número.

    Uma amiga minha contou que no Alto Sertão de Pernambuco uma mulher estava com o filho doente, desidratado, foi ao Posto de Saúde. E recebeu a ficha número 10. Mas dentro do horário previsto pelo médico a criança não pôde ser atendida porque só atenderam até o número 9. A criança morreu por causa de um número. Nós somos culpados.

    Se há uma guerra, você é classificado por um número. Numa pulseira com placa metálica, se não me engano.

    Nós vamos lutar contra isso. Cada um é um, sem número. O si-mesmo é apenas o si-mesmo.

    Vamos ser gente, por favor. Nossa sociedade está nos deixando secos como um número seco, como um osso branco seco exposto ao sol. Meu número íntimo é 9. Só. 8. Só. 7. Só. Sem somá-los nem transformá-los em novecentos e oitenta e sete. Estou me classificando como um número? Não, a intimidade não deixa. Veja, tentei várias vezes na vida não ter número e não escapei. O que faz com que precisemos de muito carinho, de nome próprio, de genuinidade. Vamos amar que amor não tem número. Ou tem?


(LISPECTOR, Clarice — adaptado.)
Analisar a oração a seguir e, em seguida, assinalar a alternativa que apresenta a indicação CORRETA das classes a que pertencem as palavras sublinhadas, na ordem em que aparecem:

A criança morreu por causa de um número.
Alternativas
Q2174285 Português

Leia os textos a seguir.


Imagem associada para resolução da questão



TEXTO II

“O romance ‘Grande Sertão: Veredas’ é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e inovadora.”


“GRANDE Sertão: Veredas” – Resumo da obra de Guimarães Rosa. Guia do Estudante, 03 de setembro de 2012. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/grande-sertaoveredas-resumo-da-obra-de-guimaraes-rosa/. Acesso em: 10 mar. 2023.


A referência feita pelo texto I a uma famosa obra da literatura brasileira configura-se como um exemplo de 

Alternativas
Q2174284 Português
Leia o fragmento a seguir.
“Pressinto a catástrofe esperada. Salto da cama e aguço o ouvido: barulho de luta. Corro à escada, galgo-a aos três degraus e no topo esbarro com a porta fechada. Tento abri-la: não cede. Escuto: era de fato luta. Rolavam corpos pelo chão, fazendo retinir os vidros da lanterna, e ouvia-se um resfolego surdo, entremeado de embates contra os móveis. Trevas absolutas. Nenhuma réstia de luz coava para a escada.”
MONTEIRO LOBATO, José Bento Renato. Os faroleiros. In: Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1969. 

Os sujeitos gramaticais dos verbos “escutar” e “ouvir” empregados nesse excerto são classificados, respectivamente, como 
Alternativas
Q2174282 Português
Leia o texto a seguir.
“A semelhança entre o padrão de interação dos neurônios do cérebro humano e a colônia de formigas torna esta última objeto da hipótese de ser uma estrutura apta a ter uma consciência. [...] A colônia de formigas, se considerada um organismo, poderia ser um sujeito apto a ter experiências internas.”
FONSECA, Anderson Luiz do Vale. É a colônia de formigas um organismo consciente? Griot: Revista de Filosofia, Amargosa-BA, v. 23, n. 1, p. 70-86, fevereiro de 2023. Disponível em: http://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/3220/1838. Acesso em: 13 mar. 2023.
Quantos ditongos decrescentes existem no texto? 
Alternativas
Q2174279 Português
Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública?

Estudos mostram aumento de mortalidade ou de riscos à saúde entre pessoas afetadas por este sentimento

Claudio Lottenberg
2 de março de 2023

    Você, leitor, talvez já tenha passado por um dia “daqueles”: reuniões em série, demandas urgentes e inconciliáveis, telefone tocando sem parar, múltiplas mensagens em diversos aplicativos, e-mails a responder, aulas, compromissos familiares e sabe-se lá mais quanta coisa a requerer sua atenção. Num dia assim, é bem fácil que já tenha recorrido àquela fantasia, à primeira vista tranquilizadora, de estar numa praia deserta. Desconectado do mundo, sem ninguém por perto. Curtindo um estado do que pareceria a mais plena solidão.
    Essa fantasia romântica da solidão só parece positiva porque a imaginamos como um estado que nos ajudará a ter sossego, que poderá estimular nossa criatividade, ou coisas assim. E isso até tem validade – mas é só uma face da moeda. A outra, nem sempre presente naqueles momentos em que ela parece ser tudo que queremos, é o seu sentido mais real: um sentimento de mal-estar ou angústia atribuído à falta de relacionamento com outras pessoas com quem trocar impressões e fazer coisas, na definição sugerida pelo psicólogo holandês René Diekstra, em artigo no site da Organização Mundial de Saúde.
    Pesquisas mostram inclusive que, mesmo sendo um estado subjetivo, a solidão ganhou proporções de crise de saúde pública – muito na esteira do que a pandemia, com o isolamento social necessário para conter a transmissão da Covid-19, provocou. Um relatório da OMS de 2021 mostrou que a solidão afeta entre 20% e 34% dos idosos de China, Europa, América Latina e Estados Unidos. O documento ainda registrou uma associação entre a solidão sentida por pacientes recém-operados e um risco mais de óbito nos 30 dias subsequentes (o estudo foi feito com mais de 4 mil idosos, e foi publicado no Jama Surgery (Diário da Associação Médica Americana)).
    A associação Americana do Coração, por sua vez, ainda verificou num estudo uma associação entre solidão, isolamento social e aumento (de 30%) nos riscos de AVC (acidente vascular cerebral) e ataques cardíacos. Jovens são igualmente vítimas da solidão – outro estudo mostrou uma associação desse estado com índices mais altos de tabagismo (e nem é preciso descer a detalhes sobre os efeitos do tabaco na saúde).
    Impressiona que, em uma sociedade em que a conexão de todos com todos seja cada vez mais abrangente, a sensação de isolamento se faça sentir cada vez mais. O sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017) disse em entrevista ao “El País” em 2016 que “a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas”. Segundo ele, muita gente usa as redes sociais para se fechar em zonas de conforto, nas quais ouvem apenas as próprias vozes – e não para dialogar, criar conexões de qualidade com as pessoas. Podem oferecer uma sensação de pertencimento a alguma comunidade, mas, diz ele, “são uma armadilha”.     A romantização da ideia de solidão está presente no pensamento de inúmeros pensadores, escritores, poetas. O escritor francês Paul Valéry teria dito que solidão e silêncio podem ser meios de liberdade; Jean-Jacques Rousseau a via como uma vantagem, de estar sempre na companhia de alguém que sabe pensar; Arthur Schopenhauer a encarava como uma sorte de espíritos excepcionais. Tais noções dificultam a compreensão do fenômeno da solidão e a busca por formas de conviver com ela – e de ajudar aqueles que a vivem como uma patologia.
    Na “Política”, uma de suas muitas obras, o filósofo grego Aristóteles define o ser humano como um “animal político” – ou seja, como aquele que vive na pólis, na cidade. É, portanto, um ser gregário, social, não existe para viver sozinho. Numa caracterização mais contemporânea – mas basicamente sinônima –, o neurocientista argentino Facundo Manes disse que o sentimento da solidão é como um alarme que nos recorda de que somos seres sociais (como o sábio grego já havia entendido há cerca de 2.500 anos), da mesma forma que a fome nos lembra de que temos que nos alimentar. O ditado popular diz que o remédio se diferencia do veneno pela dose; com a solidão talvez seja a mesma coisa.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

LOTTENBERG, Claudio. Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública? Forbes Brasil, 02 de março de 2023. Saúde. Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/2023/03/claudio-lottenberg-por-que-devemostratar-a-solidao-como-uma-questao-de-saude-publica/. Acesso em: 10 mar. 2023
As aspas duplas foram empregadas no texto para indicar uma palavra utilizada fora de seu contexto usual em
Alternativas
Respostas
1: E
2: E
3: D
4: C
5: A