Questões de Concurso Comentadas sobre português para pc-sp

Foram encontradas 375 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q2307687 Português
A igualação e a desigualdade

    A ditadura da sociedade de consumo exerce um totalitarismo simétrico ao de sua irmã gêmea, a ditadura da organização desigual do mundo.
     A maquinaria da igualação compulsiva atua contra a mais bela energia do gênero humano, que se reconhece em suas diferenças e através delas se vincula. O melhor que o mundo tem está nos muitos mundos que o mundo contém, as diferentes músicas da vida, suas dores e cores: as mil e uma maneiras de viver e de falar, crer e criar, comer, trabalhar, dançar, brincar, amar, sofrer e festejar que temos descoberto ao longo de milhares e milhares de anos.
      A igualação, que nos uniformiza e nos apalerma, não pode ser medida. Não há computador capaz de registrar os crimes cotidianos que a indústria da cultura de massas comete contra o arco-íris humano e o humano direito à identidade. Mas seus demolidores progressos saltam aos olhos. O tempo vai se esvaziando de história e o espaço já não reconhece a assombrosa diversidade de suas partes. Através dos meios massivos de comunicação, os donos do mundo nos comunicam a obrigação que temos todos de nos contemplar num único espelho, que reflete os valores da cultura de consumo.
      Quem não tem não é: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.


(Eduardo Galeano, De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso)

Observe o emprego de dois-pontos e da vírgula na passagem:


Quem não tem não é: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.


É correto afirmar que os dois-pontos sinalizam a introdução de

Alternativas
Q2307684 Português


Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras.

Sou formado em desencontros.

A sensatez me absurda.

Os delírios verbais me terapeutam.

Posso dar alegria ao esgoto (palavra aceita tudo).

(E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso

porque não encontrava um título para os seus poemas.

Um título que harmonizasse os seus conflitos.

Até que apareceu Flores do mal. A beleza e a dor.

Essa antítese o acalmou.)


As antíteses congraçam.

(Manoel de Barros, Livro sobre nada.)

O pronome “o” em – Essa antítese o acalmou – representa o complemento do verbo, tal como ocorre com a expressão destacada na passagem:
Alternativas
Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Médico Legista |
Q1955363 Português

      Um homem sem perna, agarrando-se numa muleta, parou diante dela e disse:

      – Moça, me dá um dinheiro para eu comer?

      “Socorro!!!” gritou para si mesma ao ver a enorme ferida na perna do homem. “Socorre-me, Deus”, disse baixinho. 

      Estava exposta àquele homem. Estava completamente exposta. Se tivesse marcado com “seu” José na saída da Avenida Atlântica, o hotel onde ficava o cabeleireiro não permitiria que “essa gente” se aproximasse. Mas na Avenida Copacabana tudo era possível: pessoas de toda a espécie. Pelo menos de espécie diferente da dela. “Da dela?” “Que espécie de ela era para ser ‘da dela’?”

      Pensamento do mendigo: “essa dona de cara pintada com estrelinhas douradas na testa, ou não me dá ou me dá muito pouco”. Ocorreu-lhe então, um pouco cansado: “ou dará quase nada”.

      Ela estava espantada: como praticamente não andava na rua – era de carro de porta a porta – chegou a pensar: ele vai me matar? Estava atarantada e perguntou:

      – Quanto é que se costuma dar?

      – O que a pessoa pode dar e quer dar – respondeu o mendigo espantadíssimo.

      Ela, que não pagava salão de beleza, o gerente deste mandava cada mês sua conta para a secretária de seu marido. “Marido”. Ela pensou: o marido o que faria com o mendigo? Sabia que: nada. Eles não fazem nada. E ela – ela era “eles” também.

      Perguntou:

      – Quinhentos cruzeiros basta? É só o que eu tenho.

      O mendigo olhou-a espantado.

      – Está rindo de mim, moça?

      – Eu?? Não estou não, eu tenho mesmo os quinhentos na bolsa... 

      Abriu-a, tirou a nota e estendeu-a humildemente ao homem, quase lhe pedindo desculpas.

      O homem perplexo.

      E depois rindo, mostrando as gengivas quase vazias:

      – Olhe – disse ele –, ou a senhora é muito boa ou não está bem da cabeça... Mas, aceito, não vá dizer depois que a roubei, ninguém vai me acreditar.

      – Eu não tenho trocado, só tenho essa nota de quinhentos.



(Clarice Lispector, “A Bela e a Fera ou a Ferida Grande Demais”. O primeiro beijo e outros contos. Fragmento)


Assinale a alternativa em que o enunciado está em conformidade com a norma-padrão de colocação pronominal.
Alternativas
Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Médico Legista |
Q1955362 Português

      Um homem sem perna, agarrando-se numa muleta, parou diante dela e disse:

      – Moça, me dá um dinheiro para eu comer?

      “Socorro!!!” gritou para si mesma ao ver a enorme ferida na perna do homem. “Socorre-me, Deus”, disse baixinho. 

      Estava exposta àquele homem. Estava completamente exposta. Se tivesse marcado com “seu” José na saída da Avenida Atlântica, o hotel onde ficava o cabeleireiro não permitiria que “essa gente” se aproximasse. Mas na Avenida Copacabana tudo era possível: pessoas de toda a espécie. Pelo menos de espécie diferente da dela. “Da dela?” “Que espécie de ela era para ser ‘da dela’?”

      Pensamento do mendigo: “essa dona de cara pintada com estrelinhas douradas na testa, ou não me dá ou me dá muito pouco”. Ocorreu-lhe então, um pouco cansado: “ou dará quase nada”.

      Ela estava espantada: como praticamente não andava na rua – era de carro de porta a porta – chegou a pensar: ele vai me matar? Estava atarantada e perguntou:

      – Quanto é que se costuma dar?

      – O que a pessoa pode dar e quer dar – respondeu o mendigo espantadíssimo.

      Ela, que não pagava salão de beleza, o gerente deste mandava cada mês sua conta para a secretária de seu marido. “Marido”. Ela pensou: o marido o que faria com o mendigo? Sabia que: nada. Eles não fazem nada. E ela – ela era “eles” também.

      Perguntou:

      – Quinhentos cruzeiros basta? É só o que eu tenho.

      O mendigo olhou-a espantado.

      – Está rindo de mim, moça?

      – Eu?? Não estou não, eu tenho mesmo os quinhentos na bolsa... 

      Abriu-a, tirou a nota e estendeu-a humildemente ao homem, quase lhe pedindo desculpas.

      O homem perplexo.

      E depois rindo, mostrando as gengivas quase vazias:

      – Olhe – disse ele –, ou a senhora é muito boa ou não está bem da cabeça... Mas, aceito, não vá dizer depois que a roubei, ninguém vai me acreditar.

      – Eu não tenho trocado, só tenho essa nota de quinhentos.



(Clarice Lispector, “A Bela e a Fera ou a Ferida Grande Demais”. O primeiro beijo e outros contos. Fragmento)


Assinale a alternativa em que o enunciado é coerente com o sentido do texto e as palavras estão grafadas e acentuadas de acordo com a norma-padrão.
Alternativas
Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Médico Legista |
Q1955361 Português

      Um homem sem perna, agarrando-se numa muleta, parou diante dela e disse:

      – Moça, me dá um dinheiro para eu comer?

      “Socorro!!!” gritou para si mesma ao ver a enorme ferida na perna do homem. “Socorre-me, Deus”, disse baixinho. 

      Estava exposta àquele homem. Estava completamente exposta. Se tivesse marcado com “seu” José na saída da Avenida Atlântica, o hotel onde ficava o cabeleireiro não permitiria que “essa gente” se aproximasse. Mas na Avenida Copacabana tudo era possível: pessoas de toda a espécie. Pelo menos de espécie diferente da dela. “Da dela?” “Que espécie de ela era para ser ‘da dela’?”

      Pensamento do mendigo: “essa dona de cara pintada com estrelinhas douradas na testa, ou não me dá ou me dá muito pouco”. Ocorreu-lhe então, um pouco cansado: “ou dará quase nada”.

      Ela estava espantada: como praticamente não andava na rua – era de carro de porta a porta – chegou a pensar: ele vai me matar? Estava atarantada e perguntou:

      – Quanto é que se costuma dar?

      – O que a pessoa pode dar e quer dar – respondeu o mendigo espantadíssimo.

      Ela, que não pagava salão de beleza, o gerente deste mandava cada mês sua conta para a secretária de seu marido. “Marido”. Ela pensou: o marido o que faria com o mendigo? Sabia que: nada. Eles não fazem nada. E ela – ela era “eles” também.

      Perguntou:

      – Quinhentos cruzeiros basta? É só o que eu tenho.

      O mendigo olhou-a espantado.

      – Está rindo de mim, moça?

      – Eu?? Não estou não, eu tenho mesmo os quinhentos na bolsa... 

      Abriu-a, tirou a nota e estendeu-a humildemente ao homem, quase lhe pedindo desculpas.

      O homem perplexo.

      E depois rindo, mostrando as gengivas quase vazias:

      – Olhe – disse ele –, ou a senhora é muito boa ou não está bem da cabeça... Mas, aceito, não vá dizer depois que a roubei, ninguém vai me acreditar.

      – Eu não tenho trocado, só tenho essa nota de quinhentos.



(Clarice Lispector, “A Bela e a Fera ou a Ferida Grande Demais”. O primeiro beijo e outros contos. Fragmento)


No texto, a tensão estabelecida entre as personagens se dá, também, por uma relação de
Alternativas
Respostas
11: D
12: E
13: A
14: D
15: E