Questões de Concurso Comentadas por alunos sobre uso dos conectivos em português

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Q2408183 Português

Texto 1


Clonar para biodiversidade


Em dezembro de 2020, o Centro de Conservação de Vida Selvagem do Colorado, nos EUA, foi palco de um nascimento histórico. Elizabeth Ann é o primeiro clone de uma espécie de furão ameaçada de extinção: o furão-de-patas-pretas. Ela é cópia de um ancestral que morreu na década de 1980 e teve suas células congeladas, uma fêmea chamada Willa. À primeira vista, o fato não impressiona. Afinal, quem não se lembra da ovelha Dolly, em 1996? Nas últimas décadas, a clonagem de mamíferos tornou-se lugar comum, utilizada constantemente para clonar animais de criação, esporte e domésticos. O que tem de tão especial neste novo clone?

A novidade não está na técnica, mas no uso. Elizabeth Ann foi criada com uma técnica muito similar à da ovelha Dolly. Óvulos de uma fêmea doméstica doadora foram coletados e tiveram seus núcleos removidos. O material genético de Willa foi então inserido neles, e um estímulo elétrico fez com que começassem a se dividir. O embrião foi implantado em uma fêmea doméstica, dentro de um esquema "barriga de aluguel”. Mas Elizabeth Ann não é um animal de criação ou de corrida, nem um pet. Ela é o primeiro mamífero clonado para um programa de conservação ambiental.

A espécie — furão-de-patas-pretas (Mustela nigripes) — já foi considerada extinta nos EUA na década de 1970, provavelmente devido à caça desenfreada do cão-da-pradaria, que era seu prato preferido. Na década de 1980, no entanto, foi descoberta uma pequena colônia destes animais, e teve início um programa de conservação. Não foi fácil, porque apenas sete animais conseguiram se reproduzir, o que diminui muito a diversidade genética dos descendentes, aumentando inclusive a suscetibilidade a doenças.

Uma estratégia para aumentar a diversidade é introduzir genes de populações diferentes, mas como fazer isso em uma espécie em extinção, onde todos os indivíduos são geneticamente muito próximos? Elizabeth Ann vem para resolver este problema. Ela traz genes de um animal que morreu há 35 anos, com uma diversidade genética três vezes maior do que a encontrada na população existente. É como se todos os furões-de-patas-pretas fossem primos de primeiro grau, e ela, uma estrangeira de um país distante.

Elizabeth Ann, agora sexualmente madura, após seu primeiro aniversário, aguarda a escolha do parceiro, que está sendo cuidadosamente selecionado entre os machos da espécie. E preciso, segundo os tratadores, escolher o macho mais “cavalheiro”, porque não se pode correr o risco de um namorado mais brutamontes machucar a única fonte de genes diferentes. Se ela conseguir se reproduzir e ter descendentes saudáveis, seu caso pode marcar o início de novos programas de conservação e reintrodução de genes para outras espécies em extinção.

O sucesso do programa em furões pode beneficiar muito mais do que os furões em si. Pode ser uma prova de conceito e atrair interesse e financiamento para repetir o processo com outras espécies. Clonar animais selvagens sempre foi um desafio muito maior do que animais domésticos, até porque as técnicas de criação e reprodução em cativeiro não são tão bem estabelecidas para espécies com as quais a Humanidade não convive tanto. O Zoológica de San Diego, por exemplo, está nos primeiros estágios para tentar o mesmo processo com o rinoceronte-branco-do-Norte, espécie da qual existem hoje só dois indivíduos. O sucesso de Elizabeth Ann pode servir para impulsionar programas como esse.

Clones normalmente nos levam a pensar em cópias e redução de diversidade. Elizabeth Ann vem para nos lembrar que clonagem e modificação genética são apenas ferramentas. O que fazemos com elas depende de nossa criatividade, ética e recursos. Clones podem ser usados para promover biodiversidade, e quem sabe, resgatar mais espécies em extinção.


Natália Pastenak

(O Globo, 31 de janeiro de 2022)

“Elizabeth Ann vem para resolver este problema. Ela traz genes de um animal que morreu há 35 anos, com uma diversidade genética três vezes maior do que a encontrada na população existente.” (4º parágrafo)


O conectivo que explicita a relação de sentido estabelecida entre as frases no trecho acima é:

Alternativas
Q2408122 Português

Texto I


À natureza nos ensina a agir coletivamente

Clarice Cudischevitch


Por que peixes nadam em cardumes? Como pássaros voam em bando tão harmonicamente? O que motivou pessoas a não usarem máscara em uma pandemia? Um dos fenômenos mais fascinantes das ciências da vida é, justamente, o conflito entre o comportamento individual e o coletivo. Mas ele não é exclusivo do mundo biológico. O ecólogo Simon Levin o extrapola para as ciências sociais buscando entender condutas de uma espécie em particular: a humana.

Isso porque, embora a seleção natural atue nas diferenças entre indivíduos, a cooperação existe na natureza desde o nível celular até em diferentes animais. Diretor do Centro de BioComplexidade e professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Princeton (EUA), Levin aplica a matemática, sua formação original, para estudar essas duas tendências conflitantes.

Na biologia, elas já são relativamente conhecidas. Pela seleção natural, os organismos mais aptos a sobreviver têm mais chances de passar suas características para os descendentes e, assim, perpetuar seus genes. Em “O Gene Egoista”, o biólogo Richard Dawkins afirma que um comportamento coletivo, como voar em bando, é adotado por conferir maior probabilidade de sobrevivência a uma linhagem genética.

Quando falamos de interações humanas, no entanto, a conversa é mais complexa. Se peixes nadam em cardumes para benefício mútuo — lutar contra predadores, por exemplo —, adotar um comportamento coletivo que gere benefícios em maior escala para a sociedade geralmente implica restringir ações individuais. “Precisamos aprender com a natureza como alcançar a cooperação”, diz Levin.

Na matemática, é a teoria dos jogos, técnica que modula o comportamento estratégico de agentes em diferentes situações, que dá conta de entender essas relações. Um exemplo clássico: se as pessoas priorizassem o transporte público ao carro, o congestionamento diminuiria, beneficiando a todos. Nesse cenário, no entanto, indivíduos acabariam saindo de carro para aproveitar o fluxo do trânsito, voltando a sobrecarregar as vias. Para a coletividade, seria melhor a cooperação do que ações individuais egoístas.

Essa mistura de matemática com sociologia e toques de biologia é útil para entender a pandemia da Covid-19. Levin, que passou mais de 40 anos estudando a dinâmica de doenças infecciosas, explica que, no caso do coronavirus, aplicamos modelos que predizem a disseminação do vírus, as diferenças entre pacientes com e sem sintomas e outros aspectos que ajudam a pensar em estratégias. Mas falta o componente social.

“Vemos grupos que hesitaram em se vacinar. Por quê?”, questiona Levin. “Há os que se recusaram a usar máscaras. China, Japão e Ásia em geral são países mais abertos a esse tipo de proteção, enquanto outros, como a Suécia, resistiram. Entender isso é um problema das ciências sociais.”

Levin vai além: como decisões coletivas são tomadas? Como normas sociais são criadas e mantidas? Como indivíduos interagem? Um de seus estudos do momento quer entender a dinâmica das polarizações políticas. “Pessoas fazem parte de grupos diferentes, que às vezes se sobrepõem. Desenvolvemos modelos em que os indivíduos mudam suas opiniões ou migram de grupo baseados em interações com outras pessoas.”

Modelos desse tipo também são aplicados em contextos internacionais. Analisam, por exemplo, não apenas as relações entre nações, mas também as influências de organizações como ONU e OMS nas decisões e mudanças de posicionamento dos países.

Disponível em https://cienciafundamental.blogfolha.uol.com.br/ 2021/02/27/a-natureza-nos-ensina-a-agir-coletivamente/ (Adaptado)

No trecho “Isso porque, embora a seleção natural atue nas diferenças entre indivíduos, a cooperação existe...” ( 2º parágrafo), o conectivo em destaque tem como função:

Alternativas
Q2406708 Português
Por uma reescrita da história literária brasileira  






FAEDRICH, Anna. Escritoras silenciadas: Narcisa Amália, Júlia Lopes de Almeida, Albertina Bertha e as adversidades da escrita literária de mulheres. Rio de Janeiro: Macabéa, 2022, págs. de 39 a 64, com adaptações.

Tendo em vista a estrutura gramatical do texto, julgue (C ou E) o item a seguir. 



O conectivo “pois” (linha 8) tem valor conclusivo acerca do silenciamento de escritores que acabam sendo esquecidos, uma vez que a referida conjunção se apresenta após a forma verbal “é”. 

Alternativas
Ano: 2024 Banca: IBADE Órgão: Prefeitura de Recife - PE Provas: IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Assistente Social - 30 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Assistente Social - 20 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Geriatria | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Cardiologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Imaginologia Pediátrica | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Alergia e Imunologia Pediátrica | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Anestesiologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Angiologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Cardiologia Pediátrica | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Citopatologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Clínica Médica | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Endocrinologia e Metabologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Ergometria | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Gastroenterologia Pediátrica | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Ginecologia e Obstetrícia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Homeopatia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Medicina do Adolescente | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Medicina Física e Reabilitação | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Neurologia Pediátrica | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Oftalmologia Cirúrgica | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Ortopedia e Traumatologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Pediatria | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Perícias Médicas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Pneumologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Psiquiatria | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Reumatologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Psiquiatria Infância e Adolescência | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Médico 20 Horas - Alergia e Imunologia | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Enfermeiro - 40 Horas USF | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Enfermeiro - 40 Horas - Obstetra/Saúde da Mulher | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Farmacêutico - 30 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Farmacêutico - 40 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Fisioterapeuta - 20 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Fisioterapeuta - 30 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Fonoaudiólogo - 30 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Fonoaudiólogo - 40 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Psicólogo - 40 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Fonoaudiólogo - 30 Horas - Infantil | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Psicólogo - 30 Horas - Infantil | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Terapeuta Ocupacional - 20 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Terapeuta Ocupacional - 30 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Terapeuta Ocupacional - 30 Horas - Infantil | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Sanitarista - 40 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Cirurgião Dentista - 20 Horas - Pacientes Com Necessidades Especiais | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Cirurgião Dentista - 40 Horas | IBADE - 2024 - Prefeitura de Recife - PE - Cirurgião Dentista - 20 Horas - Disfunção Têmporo-Mandibular e Dor Orofacial |
Q2405959 Português
E na vida real...

Independentemente de audiência e de repercussão, um programa de tevê como o Big Brother Brasil vai além do entretenimento. A desistência de uma participante, nos primeiros dias, trouxe um importante alerta sobre o comportamento social da atualidade. Patrick Selvatti | 05/02/2024

            Embora seja um dos produtos televisivos mais assistidos e comentados, um reality show — seja qual for a sua temática — não é uma unanimidade. Há quem ame, há quem odeie e há quem ignore. Fato é que, independentemente dessa questão sobre audiência e REPERCUÇÃO/REPERCUSSÃO, um programa de tevê como o Big Brother Brasil vai além do entretenimento. Logo nos primeiros dias[,] por exemplo[,] a desistência de uma participante trouxe um importante alerta sobre o comportamento social da atualidade.

         Há uma simbologia importante no ato de se apertar um botão de desistência em um reality show. O que levaria[,] por exemplo[,] uma jovem influenciadora de 22 anos, com um total de 40 milhões de seguidores, acostumada a exposição pública, a1 abrir mão de uma experiência como essa? Repercutiu-se muito sobre as razões da participante Vanessa Lopes, que nitidamente vivenciou uma espécie de surto dentro do confinamento com outras 25 pessoas, longe da família e dos amigos e, principalmente, do acesso às2 redes sociais.

           A internet permeia as nossas vidas, e a juventude contemporânea é a primeira a ser criada em um ambiente ________ a conexão virtual supera a interação cara a 3 cara. A tecnologia proporciona inúmeras oportunidades, mas há que se analisarem os potenciais danos que uma geração excessivamente conectada pode enfrentar, especialmente quando esse lugar se distancia da vida real.

  A perda do desenvolvimento de habilidades sociais INTER-PESSOAIS/INTERPESSOAIS é real. Jovens que passam grande parte do tempo on-line enfrentam dificuldades ao se comunicarem pessoalmente, ao expressarem emoções e ao interpretarem sutilezas na linguagem corporal. Essa falta de interação presencial pode inviabilizar a construção de relacionamentos sólidos.

       A exposição constante a padrões irreais nas redes sociais pode contribuir para a formação de uma AUTOIMAGEM/AUTO-IMAGEM distorcida. No caso de Vanessa Lopes, o principal drama foi se enxergar em um jogo em que todos os atores envolvidos estavam posicionados em volta da sua história. Essa busca incessante por validação on-line, muitas vezes baseada em likes e em comentários, pode levar os jovens à 4 uma caça constante por aceitação que prejudica a AUTOESTIMA/AUTO-ESTIMA quando não são alcançados os padrões inatingíveis estabelecidos pelos ambientes virtuais que domina.

         Aos pais, cabe a orientação das crianças e dos adolescentes sobre como utilizar o smartphone de maneira responsável. Estabelecer limites de tempo on-line, incentivar a participação em atividades sociais e promover a comunicação aberta são estratégias essenciais para ajudar a juventude a5 encontrar um equilíbrio saudável entre as interações virtuais e reais.

      Enquanto a internet e a tecnologia continuam a moldar o mundo, é vital que as futuras gerações sejam estimuladas a navegar neste ambiente digital sem que se perca uma conexão significativa com a vida real. O desafio é esse.


Fonte: SELVATTI, Patrick. E na vida real... Correio Braziliense, 05 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2024/02/6 797902-e-na-vida-real.html. Acesso em: 06 fev. 2024. Adaptado.
Qual das expressões abaixo completa adequadamente a lacuna inserida no terceiro parágrafo do texto? 
Alternativas
Q2405585 Português
Texto

Crônica de Ano  Novo

Luis Fernando Veríssimo



         Existem muitas superstições sobre a melhor maneira de entrar o Ano-Novo. Na nossa casa, por exemplo, nunca falta um prato de lentilha para ser consumido nos primeiros minutos do ano que começa. Dá sorte. Ouvi dizer que na Espanha, ao soar da meia-noite, deve-se comer uma uva para cada badalada do relógio. Este costume chegou à Bulgária mas, por uma falha na tradução, lá se come um melão para cada batida do relógio, e os hospitais ficam cheios no dia 1º. Na Suíça, comem o relógio.
         Algumas crenças persistem através do tempo, desafiando toda lógica. Se o champanhe aberto à meia-noite não estourar e se tiver alguém na família chamado Edgar, é sinal de que a casa será arrasada por uma manada de elefantes e o champanhe está choco. Na Rússia, depois de brindarem o Ano-Novo com vodca, os convidados devem atirar suas taças contra a parede e depois ficar muito brabos porque não há mais copos na casa e atirar o anfitrião contra a parede. De qualquer maneira, a festa termina cedo.
           Na Índia se a primeira criança que nascer no Ano-Novo tiver bigode, fumar de piteira e pedir para falar urgentemente com o Kofi Anan, é mau sinal. Na Polinésia, em certas tribos primitivas, o guerreiro mais audaz deve levar a virgem mais bonita até a boca do vulcão e atirá-la para a morte, como um sacrifício aos deuses. Mas a encosta do vulcão é comprida, os dois param para descansar um pouco e, quando chegam à boca do vulcão, estabelece-se o paradoxo: se o guerreiro era audaz, a moça não é mais virgem, se a moça ainda é virgem, o guerreiro não era audaz, e o sacrifício sempre fica para o ano que vem. Na Austrália, todos se atiram contra a parede.
       Entrar o Ano-Novo de gravata-borboleta pode comprometer seriamente as relações entre o Oriente e o Ocidente. O primeiro animal que você encontrar na rua no Ano-Novo pode significar uma coisa. Cachorro é sorte. Gato é dinheiro. Rato é saúde. Um bando de hienas é azar, corra. Um cavalo roxo dançando o xaxado na calçada significa que você está bêbado. Vá dormir.
           Em certos lugares, é costume derramar champanhe no decote da mulher ao seu lado, o que lhe trará, a longo prazo, bons negócios, e, a curto prazo, um tapa-olho. Se você estiver num réveillon junto com seu patrão, não esqueça de se colocar estrategicamente para ser o primeiro a abraçá-lo à meia-noite. Dance com a mulher dele. Insista para que ele dance com a sua. Proponha vários brindes. Pule em cima da mesa. Proponha mais brindes. Diga que agora você é quem vai dançar com o patrão e não quer nem saber. Acabe lhe dizendo algumas verdades. Proteste que ninguém precisa segurar você, você está sóbrio, entende? Sóbrio! Só não sabe como uma manada de elefantes roxos invadiu o salão, ou será que a mulher do patrão trouxe a família toda? No dia 1º você não se lembrará de nada. No dia 2, você vai procurar outro emprego. Chato.
         Outro costume é fazer previsões na véspera do Ano-Novo. Pode chover. Alguém, em algum lugar do Brasil, está dizendo: “Boas-entradas nada, eu quero saber onde fica a saída…”. E a previsão mais fácil de todas…
                 – Qual é?
                 – Amanhã eu vou estar de ressaca!
           Enfim, o Ano-Novo já está quase aí e, apesar de muita gente no Brasil telefonar para os parentes no Japão, onde o 2013 chegará mais cedo, querendo saber que tal o ano, como quem pergunta como é que está a água, ninguém sabe como ele será. Farei o possível para entrar nele com o pé direito, mas, quando perceber, ele é que terá entrado em mim, não dará para recuar.
             Só sei uma coisa. Assim que o relógio terminar de bater a meia-noite, comerei meu prato de lentilha para dar sorte. Pedirei outro. E derramarei lentilha no colo, destruindo para sempre A) um bom par de calças e B) minha fé em qualquer tipo de superstição.” 


Disponível em https://arararevista.com/cronica-de-ano-novo-luis-fernando-verissimo/. 
No período “Algumas crenças persistem através do tempo(1), desafiando toda lógica(2).”, entre as orações 1 e 2, mesmo sem elemento de coesão, como as conjunções, nota-se que se estabelece entre elas uma ideia de 
Alternativas
Respostas
21: B
22: C
23: E
24: E
25: B