Questões de Concurso
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Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ - Secretário Escolar III |
Q2488484
Português
Texto associado
Texto I
Se eu fosse eu
Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um
papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase “se
eu fosse eu”, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento:
a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias
de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os
amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu
terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
“Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto
tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo.
Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também
seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum
modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.
(LISPECTOR. Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.)
Texto II
Como é que se escreve?
Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das
mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?
Porque, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? e que é que se faz
com o papel em branco nos defrontando tranquilo?
Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda
não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever. Será
que escrever não é um ofício? Não há aprendizagem, então? O que é? Só me considerarei escritora no dia em que eu disser: sei
como se escreve.
(LISPECTOR. Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.)
Considere o termo sublinhado no trecho do texto I “Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase ‘se eu fosse eu’, que a
procura do papel se torna secundária, e começo a pensar.” (1º§). Em relação ao processo de formação de palavras que o
originou, é correto afirmar que se trata de um caso de:
Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ - Secretário Escolar III |
Q2488483
Português
Texto associado
Texto I
Se eu fosse eu
Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um
papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase “se
eu fosse eu”, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento:
a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias
de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os
amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu
terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
“Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto
tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo.
Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também
seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum
modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.
(LISPECTOR. Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.)
Texto II
Como é que se escreve?
Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das
mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?
Porque, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? e que é que se faz
com o papel em branco nos defrontando tranquilo?
Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda
não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever. Será
que escrever não é um ofício? Não há aprendizagem, então? O que é? Só me considerarei escritora no dia em que eu disser: sei
como se escreve.
(LISPECTOR. Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.)
Conforme a Novíssima Gramática da Língua Portuguesa de Domingos Paschoal Cegalla, emprega-se o modo subjuntivo do verbo
de modo a “exprimir um fato possível, incerto, hipotético, irreal ou dependente de outro”. Assinale a alternativa que corretamente
dispõe, sublinhado, um exemplo de verbo conjugado nesse modo.
Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ - Secretário Escolar III |
Q2488478
Português
Texto associado
Texto I
Se eu fosse eu
Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um
papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase “se
eu fosse eu”, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento:
a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias
de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os
amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu
terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
“Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto
tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo.
Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também
seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum
modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.
(LISPECTOR. Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.)
Texto II
Como é que se escreve?
Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das
mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?
Porque, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? e que é que se faz
com o papel em branco nos defrontando tranquilo?
Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda
não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever. Será
que escrever não é um ofício? Não há aprendizagem, então? O que é? Só me considerarei escritora no dia em que eu disser: sei
como se escreve.
(LISPECTOR. Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.)
Ao início do segundo parágrafo do texto I, Clarice Lispector propõe uma conversa direta com seu leitor, incluindo-o no texto, ao
lhe sugerir o questionamento que permeia sua reflexão. Ela ainda o acusa de mentir ou ao menos participar de uma mentira,
ao usar a 1ª pessoa do plural no trecho “[...] a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar
onde se acomodara.” (2º§) É correto dizer, atentando-se à flexão verbal do termo sublinhado na reprodução do excerto e à
sequência sugerida dos fatos, que a mentira:
Ano: 2024
Banca:
FUNATEC
Órgão:
Prefeitura de Santo Amaro do Maranhão - MA
Prova:
FUNATEC - 2024 - Prefeitura de Santo Amaro do Maranhão - MA - Professor de Educação Infantil |
Q2484793
Português
Texto associado
Texto 03:
“UNABOMBER” É UMA DAS VÍTIMAS DA MÍDIA
(Texto de Marcelo Coelho. Adaptado do Original. Disponível emhttps://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/9/22/ilustrad a/23.html).
A sociedade industrial moderna impôs
condições insuportáveis ao ser humano: densidade
demográfica excessiva, separação entre o homem e
a natureza, rapidez extrema das transformações
sociais.
Os conservadores se queixam da
decadência dos valores tradicionais, mas apoiam
entusiasticamente o progresso tecnológico e o
crescimento econômico.
Nunca lhes ocorre que não se pode operar transformações drásticas na tecnologia e na economia de uma sociedade sem provocar transformações velozes em outros aspectos da sociedade também, e que tais transformações levam inevitavelmente à ruptura dos valores tradicionais.
Os esquerdistas se identificam profundamente com os problemas de grupos que transmitem imagens de fracos e derrotados; é por masoquismo que se identificam com tais problemas.
Não escrevi os três parágrafos acima. Reproduzo trechos do manifesto feito pelo terrorista Unabomber, publicado pelo "Washington Post" nesta semana.
Unabomber já matou 3 pessoas, por meio de cartas-bomba. Age desde 1978. Exigiu que o "Washington Post" e o "New York Times" publicassem um manifesto de sua autoria (um caderno especial de oito páginas), comprometendo-se, em troca, a não matar mais ninguém.
Os dois jornais cederam à chantagem, obedecendo aliás a instruções do governo americano. Ambos racharam os gastos com a publicação do manifesto, que por razões técnicas só pôde ser reproduzido integralmente pelo "Washington Post".
O caso é espantoso sob vários aspectos, mas o mais espantoso de todos é o fato de que as ideias de Unabomber, pelo menos os trechos traduzidos pela Folha na quarta-feira, não têm nada de maluco ou de demente.
São, ao contrário, de grande sensatez. Um terrorista sensato: só isso é o que faltava para a loucura mundial.
Criticar o avanço tecnológico, os extremos da densidade demográfica, a ingenuidade dos conservadores, como nos trechos que reproduzi no começo do artigo, pode ser uma atitude polêmica, pode suscitar discussões ou dúvidas, mas não é sintoma paranoico nem loucura.
Unabomber vê com preocupação os avanços da tecnologia. Nota que a sociedade industrial é patológica, doente. Critica os conservadores com inteligência. Desconfia, nietzscheanamente, dos motivos ocultos atrás do esquerdismo.
Não que eu concorde com o que ele diz. Mas só o fato de ele ter produzido um texto com o qual se possa debater já é admirável.
Unabomber se revela um discípulo de Rousseau, de Nietzsche, de Thoreau; nota o desajuste entre natureza e sociedade. Nota o que talvez seja um dos problemas mais graves da sociedade contemporânea: o avanço tecnológico, destinado a dar mais conforto à humanidade, termina tornando a vida ainda mais insuportável.
Alguns exemplos. Um carro foi feito para levar as pessoas mais depressa de um ponto a outro da cidade. É uma grande invenção. Mas por isso mesmo todo mundo compra um carro, e termina engarrafado. Tudo é feito para economizar tempo. Teoricamente, um computador eliminaria as filas de bancos. Mas acontece que um computador, quando quebra, impõe o caos e filas quilométricas.
Mais grave: os esforços no sentido de melhorar a tecnologia, de ganhar tempo acabam por ocupar a mão-de-obra disponível de forma frenética.
O executivo ganha tempo ao falar no telefone celular, ao mexer em seu computador – e vive se queixando de falta de tempo. Seu lazer é cronometrado: nada melhor, então, que entrar no drive-through do McDonald's, com o celular em punho, para "ganhar tempo". Só que ele não "ganha tempo", numa sociedade em que o tempo está sempre se acelerando. Ele apenas se adapta às novas exigências da eficácia moderna.
A tecnologia tinha tudo para trazer felicidade à espécie humana, mas o ambiente social nada mais fez senão frustrar essa utopia.
O terrorista Unabomber está certo em seu descontentamento. Mas é também um louco e um assassino. Como entender essa contradição?
Tenho a seguinte hipótese. O grande problema de Unabomber não é a sociedade tecnológica, os conservadores ou a esquerda. Acho que ele sofre de solidão política. É uma vítima dos meios de comunicação. Trata-se, talvez, de um caso radicalizado daquelas pessoas que mandam cartas para jornais. Falei delas há pouco tempo. Criticam ou adoram, insultam ou enaltecem os colunistas e comentaristas; psicologicamente, encontram nos meios de comunicação um reflexo ou um antirreflexo de tudo o que pensam.
É um novo tipo de excluído: não o operário destituído dos meios de produção, mas o pensador rejeitado pelos meios de comunicação. A mídia contemporânea tem uma forma, um ambiente de totalitários.
Minha modesta opinião, assim como a de Arnaldo Jabor, Antônio Callado ou Fernando Gabeira, assumem involuntariamente um caráter totalitário, profético, definitivo, o que é irritante ou insultuoso para o leitor comum.
Unabomber radicaliza essa ideia do leitor comum. É capaz de matar, pelo simples fato de que não dizem o que ele gostaria de dizer. Mas sua mensagem ideológica é menos importante do que a vontade de ser criminoso e chantagista. Suas ideias são até certo ponto corretas, mas ao mesmo tempo são sintomas de sua frustração.
Nunca lhes ocorre que não se pode operar transformações drásticas na tecnologia e na economia de uma sociedade sem provocar transformações velozes em outros aspectos da sociedade também, e que tais transformações levam inevitavelmente à ruptura dos valores tradicionais.
Os esquerdistas se identificam profundamente com os problemas de grupos que transmitem imagens de fracos e derrotados; é por masoquismo que se identificam com tais problemas.
Não escrevi os três parágrafos acima. Reproduzo trechos do manifesto feito pelo terrorista Unabomber, publicado pelo "Washington Post" nesta semana.
Unabomber já matou 3 pessoas, por meio de cartas-bomba. Age desde 1978. Exigiu que o "Washington Post" e o "New York Times" publicassem um manifesto de sua autoria (um caderno especial de oito páginas), comprometendo-se, em troca, a não matar mais ninguém.
Os dois jornais cederam à chantagem, obedecendo aliás a instruções do governo americano. Ambos racharam os gastos com a publicação do manifesto, que por razões técnicas só pôde ser reproduzido integralmente pelo "Washington Post".
O caso é espantoso sob vários aspectos, mas o mais espantoso de todos é o fato de que as ideias de Unabomber, pelo menos os trechos traduzidos pela Folha na quarta-feira, não têm nada de maluco ou de demente.
São, ao contrário, de grande sensatez. Um terrorista sensato: só isso é o que faltava para a loucura mundial.
Criticar o avanço tecnológico, os extremos da densidade demográfica, a ingenuidade dos conservadores, como nos trechos que reproduzi no começo do artigo, pode ser uma atitude polêmica, pode suscitar discussões ou dúvidas, mas não é sintoma paranoico nem loucura.
Unabomber vê com preocupação os avanços da tecnologia. Nota que a sociedade industrial é patológica, doente. Critica os conservadores com inteligência. Desconfia, nietzscheanamente, dos motivos ocultos atrás do esquerdismo.
Não que eu concorde com o que ele diz. Mas só o fato de ele ter produzido um texto com o qual se possa debater já é admirável.
Unabomber se revela um discípulo de Rousseau, de Nietzsche, de Thoreau; nota o desajuste entre natureza e sociedade. Nota o que talvez seja um dos problemas mais graves da sociedade contemporânea: o avanço tecnológico, destinado a dar mais conforto à humanidade, termina tornando a vida ainda mais insuportável.
Alguns exemplos. Um carro foi feito para levar as pessoas mais depressa de um ponto a outro da cidade. É uma grande invenção. Mas por isso mesmo todo mundo compra um carro, e termina engarrafado. Tudo é feito para economizar tempo. Teoricamente, um computador eliminaria as filas de bancos. Mas acontece que um computador, quando quebra, impõe o caos e filas quilométricas.
Mais grave: os esforços no sentido de melhorar a tecnologia, de ganhar tempo acabam por ocupar a mão-de-obra disponível de forma frenética.
O executivo ganha tempo ao falar no telefone celular, ao mexer em seu computador – e vive se queixando de falta de tempo. Seu lazer é cronometrado: nada melhor, então, que entrar no drive-through do McDonald's, com o celular em punho, para "ganhar tempo". Só que ele não "ganha tempo", numa sociedade em que o tempo está sempre se acelerando. Ele apenas se adapta às novas exigências da eficácia moderna.
A tecnologia tinha tudo para trazer felicidade à espécie humana, mas o ambiente social nada mais fez senão frustrar essa utopia.
O terrorista Unabomber está certo em seu descontentamento. Mas é também um louco e um assassino. Como entender essa contradição?
Tenho a seguinte hipótese. O grande problema de Unabomber não é a sociedade tecnológica, os conservadores ou a esquerda. Acho que ele sofre de solidão política. É uma vítima dos meios de comunicação. Trata-se, talvez, de um caso radicalizado daquelas pessoas que mandam cartas para jornais. Falei delas há pouco tempo. Criticam ou adoram, insultam ou enaltecem os colunistas e comentaristas; psicologicamente, encontram nos meios de comunicação um reflexo ou um antirreflexo de tudo o que pensam.
É um novo tipo de excluído: não o operário destituído dos meios de produção, mas o pensador rejeitado pelos meios de comunicação. A mídia contemporânea tem uma forma, um ambiente de totalitários.
Minha modesta opinião, assim como a de Arnaldo Jabor, Antônio Callado ou Fernando Gabeira, assumem involuntariamente um caráter totalitário, profético, definitivo, o que é irritante ou insultuoso para o leitor comum.
Unabomber radicaliza essa ideia do leitor comum. É capaz de matar, pelo simples fato de que não dizem o que ele gostaria de dizer. Mas sua mensagem ideológica é menos importante do que a vontade de ser criminoso e chantagista. Suas ideias são até certo ponto corretas, mas ao mesmo tempo são sintomas de sua frustração.
(Texto de Marcelo Coelho. Adaptado do Original. Disponível emhttps://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/9/22/ilustrad a/23.html).
Na frase “Teoricamente, um computador
eliminaria as filas de bancos. Mas acontece que
um computador, quando quebra, impõe o caos e
filas quilométricas” podemos dizer corretamente
que os termos sublinhados estão em que tempo
e modo verbal, respectivamente?
Ano: 2024
Banca:
FGV
Órgão:
AL-SC
Provas:
FGV - 2024 - AL-SC - Analista Legislativo III - Qualquer Área
|
FGV - 2024 - AL-SC - Analista Legislativo III - Analista de Sistemas |
FGV - 2024 - AL-SC - Analista Legislativo III - Médico |
FGV - 2024 - AL-SC - Analista Legislativo III - Administrador |
FGV - 2024 - AL-SC - Analista Legislativo III - Direito |
FGV - 2024 - AL-SC - Analista Legislativo III - Contador |
FGV - 2024 - AL-SC - Analista Legislativo III - Economista |
Q2484632
Português
Observe a frase a seguir.
“Os verdadeiros amigos são aqueles que realmente o conhecem e o amam independentemente de qualquer outra coisa.”
O problema estrutural desse pensamento é que
“Os verdadeiros amigos são aqueles que realmente o conhecem e o amam independentemente de qualquer outra coisa.”
O problema estrutural desse pensamento é que