Questões de Concurso

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Q2447668 Português
Nós



      Segredos escondidos. Planos de dominação mundial. Cumplicidade de edredom. Voz no silêncio. Suspiros. Raiva. Você pensa em mim no futuro?

           “Aonde você for eu vou ao lado.”

            Nós.

         Plural, duplinha, mãos dadas. O outro lado do fone de ouvido. Playlist secreta. Piadas internas. Apelidos que não fazem sentido algum para o resto do mundo.

          Nós contra o resto do mundo. Nosso pequeno universo, nossa caixa, nosso quarto, nosso bunker.

        Nós e a minha dúvida do quanto o amor dura. Essa minha ideia de que amor é algo comestível, suculento, a melhor refeição da sua vida, mas com o tempo embolora.

            Como faz pra continuar junto por muitos anos, ainda se amando, ainda cultuando essa seita secreta que eu chamo de “nós”?

           Não te contei, mas ando com uma obsessão de querer saber isso dos casais que também são “eles” há muito tempo. Quero aprender pra te ensinar.

         Nós e essa minha teimosia em insistir no amor mesmo com tantas cicatrizes de guerra espalhadas pelo meu corpo.

             Você nem questiona quem as fez. O que te importa é esse meu pequeno pedaço de carne que ainda não tem nenhuma marca. É pequeno. Mas é fértil.
 
              Você sussurra no meu ouvido que “dessa vez vai ser diferente” e eu seguro nas suas mãos com essa fé cega que na verdade é pura teimosia.

               Dessa vez vai ser diferente.



(GICOVATE, Paula. Este é um livro sobre amor, 2014.)
Em “Você pensa em mim no futuro?” (1º§), o termo em destaque corresponde a um(a):
Alternativas
Q2447666 Português
Nós



      Segredos escondidos. Planos de dominação mundial. Cumplicidade de edredom. Voz no silêncio. Suspiros. Raiva. Você pensa em mim no futuro?

           “Aonde você for eu vou ao lado.”

            Nós.

         Plural, duplinha, mãos dadas. O outro lado do fone de ouvido. Playlist secreta. Piadas internas. Apelidos que não fazem sentido algum para o resto do mundo.

          Nós contra o resto do mundo. Nosso pequeno universo, nossa caixa, nosso quarto, nosso bunker.

        Nós e a minha dúvida do quanto o amor dura. Essa minha ideia de que amor é algo comestível, suculento, a melhor refeição da sua vida, mas com o tempo embolora.

            Como faz pra continuar junto por muitos anos, ainda se amando, ainda cultuando essa seita secreta que eu chamo de “nós”?

           Não te contei, mas ando com uma obsessão de querer saber isso dos casais que também são “eles” há muito tempo. Quero aprender pra te ensinar.

         Nós e essa minha teimosia em insistir no amor mesmo com tantas cicatrizes de guerra espalhadas pelo meu corpo.

             Você nem questiona quem as fez. O que te importa é esse meu pequeno pedaço de carne que ainda não tem nenhuma marca. É pequeno. Mas é fértil.
 
              Você sussurra no meu ouvido que “dessa vez vai ser diferente” e eu seguro nas suas mãos com essa fé cega que na verdade é pura teimosia.

               Dessa vez vai ser diferente.



(GICOVATE, Paula. Este é um livro sobre amor, 2014.)
Assinale, a seguir, a alternativa em que está INCORRETA em relação à classificação do termo em destaque.
Alternativas
Q2447467 Português
Beijinho, beijinho


Na festa dos 34 anos da Clarinha, o seu marido, Amaro, fez um discurso muito aplaudido. Declarou que não trocava a sua Clarinha por duas de 17, sabiam por quê? Porque a Clarinha era duas de 17. Tinha a vivacidade, o frescor e, deduzia-se, o fervor sexual somado de duas adolescentes. No carro, depois da festa, o Marinho comentou:

‒ Bonito, o discurso do Amaro.

‒ Não dou dois meses para eles se separarem ‒ disse a Nair.

‒ O quê?

‒ Marido, quando começa a elogiar muito a mulher…

Nair deixou no ar todas as implicações da duplicidade masculina.

‒ Mas eles parecem cada vez mais apaixonados ‒ protestou Marinho.

‒ Exatamente. Apaixonados demais. Lembra o que eu disse quando a Janice e o Pedrão começaram a andar de mãos dadas?

‒ É mesmo…

‒ Vinte anos de casados e de repente começam a andar de mãos dadas? Como namorados? Ali tinha coisa.

‒ É mesmo…

‒ E não deu outra. Divórcio e litigioso.

‒ Você tem razão.

‒ E o Mário com a coitada da Marli? De uma hora para outra? Beijinho, beijinho, “mulher formidável” e descobriram que ele estava de caso com a gerente da loja dela.

‒ Você acha, então, que o Amaro tem outra?

‒ Ou outras.

Nem duas de 17 estavam fora de cogitação.

‒ Acho que você tem razão, Nair. Nenhum homem faz uma declaração daquelas assim, sem outros motivos.

‒ Eu sei que tenho razão.

‒ Você tem sempre razão, Nair.

‒ Sempre, não sei.

‒ Sempre. Você é inteligente, sensata, perspicaz e invariavelmente acerta na mosca. Você é uma mulher formidável, Nair. Durante algum tempo, só se ouviu, dentro do carro, o chiado dos pneus no asfalto. Aí Nair perguntou:

‒ Quem é ela, Marinho?


(Luís Fernando Veríssimo. Em: Cultura Genial.)
No trecho “Tinha a vivacidade, o frescor e, deduzia-se, o fervor sexual somado de duas adolescentes.” (1º§), as palavras em destaque podem ser consideradas:
Alternativas
Q2447283 Português

Assinale a frase na qual há um adjetivo na função de predicativo do objeto direto.


Alternativas
Q2447183 Português
Chuva


     Houve um prefeito, paisano e sem imaginação, que resolveu acabar com as inundações do Rio. Foi o engenheiro João Carlos Vital, cujo breve reinado se perde, na série imensa dos prefeitos, entre um calvo general atrabiliário que construiu o Maracanã e um bravo coronel do P.T.B. que ali recebeu a mais estrondosa das manifestações.

     Vital foi um Frontin às avessas, e conseguiu livrar o Rio do excesso de água com esta providência original: mandou desentupir os bueiros. Nunca ninguém se lembrara disso antes; e depois, como se viu no dia de ontem, nunca ninguém voltou a se lembrar. Tivemos ruas, praças e amplas avenidas transformadas em córregos, lagoas e rios. Foi a bela resposta do coronel à populaça que no estádio lhe gritava: água, água! “Pois tomem água”! – Disse ele.

          Eu tive pena foi de sair de casa calçado e, além disso, com 30 anos de idade mais do que o conveniente. Descalço e menino, faria o que os meninos descalços eu vi fazendo: entraria na enchente, patinaria na lama, soltaria na esquina meus barcos de papel, e me divertiria imenso com a aflição da gente grande a empilhar trastes e móveis no andar térreo e a buzinar nervosamente atrás de um carro de capota levantada e distribuidor enlameado.

       A infância pobre do Rio, sempre esquecida, teve ontem um lindo dia de folga e festa: desculpa para não ir à escola e divertimentos animados na grande alegria das enxurradas.

       Quando a infância ri, Deus está contente. O telhado de minha mansarda amanheceu limpinho, e as árvores da rua engordaram de verde, pingando alegria, muito gratas ao senhor prefeito. Os chauffeurs de táxi tungaram alegremente seus passageiros; não é à toa que esses marotos gostam de ter, no quadro do carro, a imagem de São Cristóvão carregando o menino Jesus no ombro durante uma enchente.

          Salve, portanto, a chuva, amiga das crianças, da lavoura e dos motoristas. Cheguei em casa de pés molhados, mas um gole de pisco, lembrança do Peru, me esquentou os pés e a alma. Para dizer a verdade, foi um gole para os pés e outro para a alma; e para dizer toda a verdade, houve mais um de lambuja. Haja pisco; motivos para beber não hão de faltar neste país sempre desgovernado e às vezes, graças a Deus, chuvoso.


(BRAGA, Rubem. Dois pinheiros e o mar: e outras crônicas sobre meio ambiente. Brasil, Global Editora, 2017.)
Considere os termos sublinhados no trecho “motivos para beber não hão de faltar neste país sempre desgovernado e às vezes, graças a Deus, chuvoso” (6º§). É correto dizer que eles foram formados, respectivamente, por:
Alternativas
Respostas
46: D
47: D
48: B
49: A
50: A