Questões de Concurso Sobre português para facet concursos

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Ano: 2025 Banca: FACET Concursos Órgão: Prefeitura de Pedro Velho - RN Provas: FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Advogado | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Agente de Controle Interno | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Agente de Fiscalização Ambiental | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Agente de Fiscalização de Obras e Posturas | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Agente de Fiscalização Sanitária - Nutrição | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Arquiteto | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Agente de Fiscalização Sanitária - Medicina Veterinária | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Assistente Social | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Auditor de Tributos Municipal | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Bioquímico | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Fisioterapia | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Biomédico | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Contador | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Fonoaudiólogo | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Cirurgião Dentista - UBS | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Médico Clínico Geral - PSF | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Médico Veterinário | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Educador Físico | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Enfermeiro - PSF | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Nutricionista | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Enfermeiro - Plantonista | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Engenheiro Civil | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Psicólogo | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Farmacêutico | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Engenheiro Agrônomo | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Psicopedagogo | FACET Concursos - 2025 - Prefeitura de Pedro Velho - RN - Terapeuta Ocupacional |
Q3153223 Português
Identifique a definição correta da figura de linguagem nomeada como catacrese: 
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Q3153222 Português
Todas as orações a seguir devem conter o acento grave, exceto: 
Alternativas
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Q3153221 Português
Quanto aos aspectos linguísticos, analise as frases a seguir e assinale a alternativa em que o uso da vírgula está correto:
Alternativas
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Q3153220 Português

Leia o texto a seguir:


Estudo realizado com 800 pares de gêmeos indica que DNA é o fator que mais influencia no bem-estar de uma pessoa – não o que ela vive durante a vida.


O que mais influi na felicidade de uma pessoa? As experiências que ela tem durante a vida? Ou características previamente escritas em seu código genético? Essa discussão, que mobiliza a ciência há décadas, acaba de ser desequilibrada a favor de um lado: o DNA. Foi o que concluiu um estudo feito pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, que analisou 837 pares de gêmeos. Cada par de gêmeos havia sido criado na mesma casa, pelos mesmos pais, e por isso teve experiências parecidas na vida. Metade dos gêmeos era univitelina, ou seja, com DNA idêntico, e a outra metade bivitelina, com DNA diferente. O objetivo do estudo foi comparar univitelinos e bivitelinos, e com isso identificar a influência do DNA sobre determinadas características do ser humano – inclusive de quem não é gêmeo.

Os voluntários responderam a questionários que mediam vários aspectos do bem-estar psicológico, como o grau de autonomia da pessoa e sua capacidade de ter relacionamentos saudáveis. Os gêmeos univitelinos, de DNA igual, tiveram pontuação mais parecida que os bivitelinos – que têm DNA diferentes, mas cresceram no mesmo ambiente. Ou seja: na prática, o DNA influencia mais que o ambiente no grau de felicidade da pessoa. "Houve influências genéticas substanciais em todos os componentes", diz o psicólogo Timothy Bates, autor do estudo. "Já os efeitos do ambiente foram insignificantes". Em suma: cada pessoa tende a um nível natural de felicidade, que já vem programado no seu código genético. Lembre-se disso na próxima vez em que você estiver muito feliz – ou infeliz.


Fonte: Superinteressante, Julho/2012. 

Após efetuar a leitura do texto, é correto afirmar que:


I. O estudo realizado com gêmeos univitelinos e bivitelinos sugere que as experiências de vida têm um impacto significativo e indispensável no bem-estar psicológico dos indivíduos.

II. A pesquisa conclui que a genética exerce uma influência preponderante sobre o grau de felicidade, em comparação ao ambiente em que a pessoa é criada.

III. Os gêmeos univitelinos apresentaram pontuações de bem-estar psicológico mais similares entre si do que os gêmeos bivitelinos.

IV. O estudo desconsidera a influência do ambiente na formação do bem-estar psicológico das pessoas. 

Alternativas
Q3151892 Português
Identifique a figura de linguagem presente no trecho a seguir:
“Chove, Chuva, chove sem parar.” (Jorge Ben Jor)
Alternativas
Q3151891 Português
Analise o trecho a seguir e afirme a opção correta quando à reescrita:
Quando chegar a hora de voltar à sua estrela, poderá ser difícil dizer adeus para aquele mundo estranhamente lindo. (Sempre em frente, filme)
Alternativas
Q3151890 Português
Leia o trecho a seguir:

E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: – Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor? (Clarice Lispector, A hora da estrela, 1977)

No fragmento: “E Macabéa, com medo de”, classifique “com medo de”:
Alternativas
Q3151889 Português
Leia o texto:

Há 70 anos, em 3 de outubro de 1953, era criada a PETROBRÁS, uma empresa estatal que detinha o monopólio da prospecção e exploração do petróleo no território brasileiro. A criação da empresa foi fruto da campanha “O petróleo é nosso”, iniciada após a eleição de Getúlio Vargas para seu segundo, período na Presidência. Sete décadas após sua criação, ficaram para trás o acento agudo e o foco exclusivo no território brasileiro. A PETROBRAS do século XXI opera em 14 países, prioritariamente nas áreas de exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo, gás natural e seus derivados, e ganhou reputação internacional no desenvolvimento de tecnologia avançada para a exploração petrolífera em águas profundas e ultraprofundas. Ficou para trás também o caráter 100% estatal. 
Atualmente, PETROBRAS está organizada como sociedade de economia mista, submete-se às regras gerais da administração pública e não mais detém o monopólio da exploração do petróleo em território nacional. Seu papel, no entanto, vai além da obtenção de lucro e envolve aspectos como geração de emprego e renda, além da promoção do desenvolvimento local nos lugares onde instala suas unidades e empreendimentos. Estes, muitas vezes, se situam em regiões remotas, que não despertam o apetite de companhias privadas. Permanece, assim, uma empresa estratégica para diversos aspectos do desenvolvimento econômico do país. Renato Coelho. Jornal da UNESP, 3/10/2023 (com adaptações)

Identifique o gênero textual presente no texto acima:
Alternativas
Q3151888 Português
Assinale a alternativa que contém um verbo copulativo:
Alternativas
Q3151887 Português
Leia o trecho a seguir:
A palavra alegria vem do latim alacer, alecris, que significa animado, vivaz, alegre, jovial ou risonho. Então, o estado de alegria é uma emoção boa, cheia de satisfação, plenitude e confiança. Quando estamos alegres, temos a sensação de que devemos seguir em frente. Sentimos vontade de realizar coisas, enfim, de viver.
A alegria é uma atitude, por isso, não devemos esperar que os outros nos alegrem. Aliás, é muito ruim quando a gente depende das ações dos outros. Afinal, achamos que eles é que tem a obrigação de trazer ânimo e satisfação para as nossas vidas. Entenda que você é o único responsável pelas suas emoções! https://blog.eurekka.me/alegria/?ist_privacy_policy=acc epted

Com relação à transitividade do verbo no trecho “aliás, é muito ruim quando a gente depende das ações dos outros”, é correto afirmar: 
Alternativas
Q3151886 Português
No trecho “Gostando ou não dessa gente, eu não perdia a noção de que estava cumprindo um destino, uma missão: conhecer o mundo. Um dia voltaria para dentro de mim, farto dos outros, farto de mim mesmo. A busca transformou-se num retorno — por isso, talvez, minha atividade mais constante é escrever. Um gesto tão infantil como o de escovar os dentes, sentir na boca o gosto da espuma crescendo”, o pronome “se” é classificado como: 
Alternativas
Q3151885 Português

Leia o texto a seguir:


AUTORRETRATO


Até hoje, quando me olho ao espelho, fico assombrado. Então, eu sou aquilo que aparece escovando os dentes, fazendo a barba, verificando o estrago do tempo nos meus olhos? Sempre fui assim? Ou fui pior ou melhor? Quando escovo os dentes, por exemplo, sinto o gosto da infância que nunca foi embora, que me persegue e, em certo sentido, me ameaça.


Não pedi para nascer e muito menos para crescer. Não tenho nada com o adulto que substituiu a criança espantada diante do mundo, gostando e temendo o mundo. Fugindo e querendo ser do mundo. Não sou nostálgico, tenho até aversão aos nostálgicos. Sou melancólico — o que é outra coisa, apesar de parecida. Em criança, gostava das histórias em que um menino partia para conhecer o mundo, envolvia-se com os outros, o gigante que morava no castelo, o duende que morava na floresta, a bruxa de olhos verdes que tinha uma cesta de maçãs (como na história da Branca de Neve), a fada que não tinha rosto, silhueta apenas, e que, apesar de tudo, me protegia.


Gostando ou não dessa gente, eu não perdia a noção de que estava cumprindo um destino, uma missão: conhecer o mundo. Um dia voltaria para dentro de mim, farto dos outros, farto de mim mesmo. A busca transformou-se num retorno — por isso, talvez, minha atividade mais constante é escrever. Um gesto tão infantil como o de escovar os dentes, sentir na boca o gosto da espuma crescendo. 


Um rito infantil que talvez nunca tenha mudado, é sempre o mesmo. Daí a pouca ou nenhuma importância que dou ao adulto que me sucedeu. É um farsante. Finge levar a vida com a seriedade possível, mas está louco para que a missão acabe e ele possa voltar a ser o menino que cresceu contra a vontade. Por isso, foi mudo até os cinco anos, não conseguia pronunciar nenhuma palavra, nenhum som articulado. E quando falou, falou errado. Trocava as letras, até os 15 anos tropeçava nas palavras. Fez testes (científicos na época) para avaliar o grau de sua dormência mental. No fundo, ele até que se distraía: falar errado ou nada falar era um recurso para não assumir a vida que não quis nem pediu. Até que fingiu bem. Entre mortos e feridos, teve seus momentos. Mais do que merecia ou precisava. Mesmo assim, nunca soube aproveitar esses momentos. Aos outros, sempre deu a impressão de não estar ali, de estar indo para outro lugar, aflito para ir embora e chegar a um lugar indeterminado onde não é esperado. Mas não importa. A convulsão de ir e de nunca chegar é um truque que ele aprendeu sem querer. Seria impossível viver sem esse truque.


O menino mudo até os cinco anos só falou quando levou um susto. Sua primeira palavra foi um grito. Prometeu-se nunca mais gritar, ainda que o preço do não grito fosse a palavra finalmente falada ou confusamente escrita. O menino encontrou um ofício, mas não um destino.


(Carlos Heitor Cony, do livro O harém das bananeiras)



Leia atentamente o trecho abaixo e indique qual foi a figura de linguagem utilizada:


"Quando escovo os dentes, por exemplo, sinto o gosto da infância que nunca foi embora, que me persegue e, em certo sentido, me ameaça." 

Alternativas
Q3151884 Português
Identifique a alternativa em que a classe gramatical está identificada de maneira incorreta:
Alternativas
Q3151883 Português
Identifique a alternativa que possui erro no acento grave:
Alternativas
Q3067890 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Um quadro
(Sérgio Porto)

Até bem pouco caminhava de um lado para o outro. Depois sentou-se algum tempo e deixou-se ficar, respirando fundo a cada instante, em pleno estado de expectativa. Mas já agora levantase, vai ao bar e começa a preparar uma bebida. Mede a dose (forte) e atravessa a sala em direção à cozinha, em busca de gelo e água.

Faz tudo isso automaticamente, sem pensar. E volta a sentar-se no sofá da sala; desta vez de pernas cruzadas e copo na mão. Sorve um gole grande e desce-lhe pelo corpo uma dormência boa, uma quase carícia.

Nervoso? Não, não está nervoso. Apenas – é claro – este não é um momento qualquer.

Ao segundo copo está, por assim dizer, ouvindo o silêncio. Há barulhos que aumentam a quietude da noite: piano bem longe, assovio de alguém que passa, buzina numa esquina distante, latido de cachorro no morro, pio de ave, o mar. As luzes estão apagadas e a claridade que vem de fora projeta-se contra a parede e ilumina o quadro.

É um velho quadro a óleo, representando um homem de meiaidade, com barbas grisalhas e basto bigode. Está há tanto tempo pendurado na parede que raramente repara nele. Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era. Disseram-lhe que era o fundador da família, um antepassado perdido no tempo, que um pintor da época retratara sabe lá Deus por quantos patacos.

“Ele é o pai do pai do pai do pai do pai de meu pai”, pensou.

Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar. Quando os irmãos se separaram e deixaram a casa que seria demolida, talvez tivesse apanhado o “velho dos bigodes” (que é como o chamavam os meninos) e metido em um dos caixotes.

Agora estava ali a fazer-lhe companhia, espiando-o com seus olhos mansos em nada diferentes dos de seus semelhantes, outros avós, de outras famílias, em outras molduras.

Seu olhar calmo, de uma meiguice que os homens de hoje esqueceram de conservar, quanta coisa já contemplou? Quantos dramas, comédias, gestos, atitudes, festas, velórios? Quantas famílias de sua família?

Por certo viu moças que feneceram, homens que já não são mais. Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas. Na sua longa experiência de emoldurado provavelmente pouco se comoveu com as comemorações e os lamentos, fracassos ou júbilos dos que transitaram, através dos tempos, frente às muitas paredes em que o colocaram.

Em 1850 morava numa fazenda, casa do bisavô. Depois, ao findar o século, noutra fazenda, de terras menos pródigas, foi testemunha muda e permanente de um lento caso de morte.

“Meu avô”, pensou o que esperava, dando mais um gole na bebida. Será que pressentira a chegada da morte? A saúde do velho esvaindo-se, apagando-se lentamente, como um chio. As intermináveis noites de apreensão, a tosse quebrando o silêncio, angustiando os que esperavam. Depois não foi preciso esperar mais. Depois mais nada.

Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes. 

O telefone toca violentamente. O que aguarda a notícia salta para ele e com voz rouca atende:

- Seu filho já nasceu – informa a voz do outro lado. E acrescenta:

- Tudo vai bem.

O homem volta sereno para o bar. Enche novamente o copo, agora a título de comemoração. Levanta-o à altura do peito, mas na hora de beber lembra-se do velho do quadro e saúda-o sem dizer qualquer palavra. Não fosse o nervosismo de há pouco e também os uísques que tomara, seria capaz de jurar que o “velho dos bigodes” sorrira. Manchete, 23/01/1957.

PORTO, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto 1ª edição. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
A palavra buzina, que aparece no texto, é grafada com a letra Z. Marque a opção em que TODAS as palavras da sequência também são grafadas assim:
Alternativas
Q3067889 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Um quadro
(Sérgio Porto)

Até bem pouco caminhava de um lado para o outro. Depois sentou-se algum tempo e deixou-se ficar, respirando fundo a cada instante, em pleno estado de expectativa. Mas já agora levantase, vai ao bar e começa a preparar uma bebida. Mede a dose (forte) e atravessa a sala em direção à cozinha, em busca de gelo e água.

Faz tudo isso automaticamente, sem pensar. E volta a sentar-se no sofá da sala; desta vez de pernas cruzadas e copo na mão. Sorve um gole grande e desce-lhe pelo corpo uma dormência boa, uma quase carícia.

Nervoso? Não, não está nervoso. Apenas – é claro – este não é um momento qualquer.

Ao segundo copo está, por assim dizer, ouvindo o silêncio. Há barulhos que aumentam a quietude da noite: piano bem longe, assovio de alguém que passa, buzina numa esquina distante, latido de cachorro no morro, pio de ave, o mar. As luzes estão apagadas e a claridade que vem de fora projeta-se contra a parede e ilumina o quadro.

É um velho quadro a óleo, representando um homem de meiaidade, com barbas grisalhas e basto bigode. Está há tanto tempo pendurado na parede que raramente repara nele. Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era. Disseram-lhe que era o fundador da família, um antepassado perdido no tempo, que um pintor da época retratara sabe lá Deus por quantos patacos.

“Ele é o pai do pai do pai do pai do pai de meu pai”, pensou.

Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar. Quando os irmãos se separaram e deixaram a casa que seria demolida, talvez tivesse apanhado o “velho dos bigodes” (que é como o chamavam os meninos) e metido em um dos caixotes.

Agora estava ali a fazer-lhe companhia, espiando-o com seus olhos mansos em nada diferentes dos de seus semelhantes, outros avós, de outras famílias, em outras molduras.

Seu olhar calmo, de uma meiguice que os homens de hoje esqueceram de conservar, quanta coisa já contemplou? Quantos dramas, comédias, gestos, atitudes, festas, velórios? Quantas famílias de sua família?

Por certo viu moças que feneceram, homens que já não são mais. Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas. Na sua longa experiência de emoldurado provavelmente pouco se comoveu com as comemorações e os lamentos, fracassos ou júbilos dos que transitaram, através dos tempos, frente às muitas paredes em que o colocaram.

Em 1850 morava numa fazenda, casa do bisavô. Depois, ao findar o século, noutra fazenda, de terras menos pródigas, foi testemunha muda e permanente de um lento caso de morte.

“Meu avô”, pensou o que esperava, dando mais um gole na bebida. Será que pressentira a chegada da morte? A saúde do velho esvaindo-se, apagando-se lentamente, como um chio. As intermináveis noites de apreensão, a tosse quebrando o silêncio, angustiando os que esperavam. Depois não foi preciso esperar mais. Depois mais nada.

Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes. 

O telefone toca violentamente. O que aguarda a notícia salta para ele e com voz rouca atende:

- Seu filho já nasceu – informa a voz do outro lado. E acrescenta:

- Tudo vai bem.

O homem volta sereno para o bar. Enche novamente o copo, agora a título de comemoração. Levanta-o à altura do peito, mas na hora de beber lembra-se do velho do quadro e saúda-o sem dizer qualquer palavra. Não fosse o nervosismo de há pouco e também os uísques que tomara, seria capaz de jurar que o “velho dos bigodes” sorrira. Manchete, 23/01/1957.

PORTO, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto 1ª edição. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Releia e responda: “Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar.” A palavra em destaque está grafada separada e com acento. O sistema ortográfico de nossa língua prevê outras variações nessa palavra. Marque a opção em que a grafia da palavra sublinhada contém DESVIO ortográfico:
Alternativas
Q3067888 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Um quadro
(Sérgio Porto)

Até bem pouco caminhava de um lado para o outro. Depois sentou-se algum tempo e deixou-se ficar, respirando fundo a cada instante, em pleno estado de expectativa. Mas já agora levantase, vai ao bar e começa a preparar uma bebida. Mede a dose (forte) e atravessa a sala em direção à cozinha, em busca de gelo e água.

Faz tudo isso automaticamente, sem pensar. E volta a sentar-se no sofá da sala; desta vez de pernas cruzadas e copo na mão. Sorve um gole grande e desce-lhe pelo corpo uma dormência boa, uma quase carícia.

Nervoso? Não, não está nervoso. Apenas – é claro – este não é um momento qualquer.

Ao segundo copo está, por assim dizer, ouvindo o silêncio. Há barulhos que aumentam a quietude da noite: piano bem longe, assovio de alguém que passa, buzina numa esquina distante, latido de cachorro no morro, pio de ave, o mar. As luzes estão apagadas e a claridade que vem de fora projeta-se contra a parede e ilumina o quadro.

É um velho quadro a óleo, representando um homem de meiaidade, com barbas grisalhas e basto bigode. Está há tanto tempo pendurado na parede que raramente repara nele. Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era. Disseram-lhe que era o fundador da família, um antepassado perdido no tempo, que um pintor da época retratara sabe lá Deus por quantos patacos.

“Ele é o pai do pai do pai do pai do pai de meu pai”, pensou.

Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar. Quando os irmãos se separaram e deixaram a casa que seria demolida, talvez tivesse apanhado o “velho dos bigodes” (que é como o chamavam os meninos) e metido em um dos caixotes.

Agora estava ali a fazer-lhe companhia, espiando-o com seus olhos mansos em nada diferentes dos de seus semelhantes, outros avós, de outras famílias, em outras molduras.

Seu olhar calmo, de uma meiguice que os homens de hoje esqueceram de conservar, quanta coisa já contemplou? Quantos dramas, comédias, gestos, atitudes, festas, velórios? Quantas famílias de sua família?

Por certo viu moças que feneceram, homens que já não são mais. Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas. Na sua longa experiência de emoldurado provavelmente pouco se comoveu com as comemorações e os lamentos, fracassos ou júbilos dos que transitaram, através dos tempos, frente às muitas paredes em que o colocaram.

Em 1850 morava numa fazenda, casa do bisavô. Depois, ao findar o século, noutra fazenda, de terras menos pródigas, foi testemunha muda e permanente de um lento caso de morte.

“Meu avô”, pensou o que esperava, dando mais um gole na bebida. Será que pressentira a chegada da morte? A saúde do velho esvaindo-se, apagando-se lentamente, como um chio. As intermináveis noites de apreensão, a tosse quebrando o silêncio, angustiando os que esperavam. Depois não foi preciso esperar mais. Depois mais nada.

Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes. 

O telefone toca violentamente. O que aguarda a notícia salta para ele e com voz rouca atende:

- Seu filho já nasceu – informa a voz do outro lado. E acrescenta:

- Tudo vai bem.

O homem volta sereno para o bar. Enche novamente o copo, agora a título de comemoração. Levanta-o à altura do peito, mas na hora de beber lembra-se do velho do quadro e saúda-o sem dizer qualquer palavra. Não fosse o nervosismo de há pouco e também os uísques que tomara, seria capaz de jurar que o “velho dos bigodes” sorrira. Manchete, 23/01/1957.

PORTO, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto 1ª edição. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Releia e responda: “Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era.” Classifique o sujeito da oração sublinhada:
Alternativas
Q3067887 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Um quadro
(Sérgio Porto)

Até bem pouco caminhava de um lado para o outro. Depois sentou-se algum tempo e deixou-se ficar, respirando fundo a cada instante, em pleno estado de expectativa. Mas já agora levantase, vai ao bar e começa a preparar uma bebida. Mede a dose (forte) e atravessa a sala em direção à cozinha, em busca de gelo e água.

Faz tudo isso automaticamente, sem pensar. E volta a sentar-se no sofá da sala; desta vez de pernas cruzadas e copo na mão. Sorve um gole grande e desce-lhe pelo corpo uma dormência boa, uma quase carícia.

Nervoso? Não, não está nervoso. Apenas – é claro – este não é um momento qualquer.

Ao segundo copo está, por assim dizer, ouvindo o silêncio. Há barulhos que aumentam a quietude da noite: piano bem longe, assovio de alguém que passa, buzina numa esquina distante, latido de cachorro no morro, pio de ave, o mar. As luzes estão apagadas e a claridade que vem de fora projeta-se contra a parede e ilumina o quadro.

É um velho quadro a óleo, representando um homem de meiaidade, com barbas grisalhas e basto bigode. Está há tanto tempo pendurado na parede que raramente repara nele. Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era. Disseram-lhe que era o fundador da família, um antepassado perdido no tempo, que um pintor da época retratara sabe lá Deus por quantos patacos.

“Ele é o pai do pai do pai do pai do pai de meu pai”, pensou.

Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar. Quando os irmãos se separaram e deixaram a casa que seria demolida, talvez tivesse apanhado o “velho dos bigodes” (que é como o chamavam os meninos) e metido em um dos caixotes.

Agora estava ali a fazer-lhe companhia, espiando-o com seus olhos mansos em nada diferentes dos de seus semelhantes, outros avós, de outras famílias, em outras molduras.

Seu olhar calmo, de uma meiguice que os homens de hoje esqueceram de conservar, quanta coisa já contemplou? Quantos dramas, comédias, gestos, atitudes, festas, velórios? Quantas famílias de sua família?

Por certo viu moças que feneceram, homens que já não são mais. Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas. Na sua longa experiência de emoldurado provavelmente pouco se comoveu com as comemorações e os lamentos, fracassos ou júbilos dos que transitaram, através dos tempos, frente às muitas paredes em que o colocaram.

Em 1850 morava numa fazenda, casa do bisavô. Depois, ao findar o século, noutra fazenda, de terras menos pródigas, foi testemunha muda e permanente de um lento caso de morte.

“Meu avô”, pensou o que esperava, dando mais um gole na bebida. Será que pressentira a chegada da morte? A saúde do velho esvaindo-se, apagando-se lentamente, como um chio. As intermináveis noites de apreensão, a tosse quebrando o silêncio, angustiando os que esperavam. Depois não foi preciso esperar mais. Depois mais nada.

Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes. 

O telefone toca violentamente. O que aguarda a notícia salta para ele e com voz rouca atende:

- Seu filho já nasceu – informa a voz do outro lado. E acrescenta:

- Tudo vai bem.

O homem volta sereno para o bar. Enche novamente o copo, agora a título de comemoração. Levanta-o à altura do peito, mas na hora de beber lembra-se do velho do quadro e saúda-o sem dizer qualquer palavra. Não fosse o nervosismo de há pouco e também os uísques que tomara, seria capaz de jurar que o “velho dos bigodes” sorrira. Manchete, 23/01/1957.

PORTO, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto 1ª edição. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Releia e responda: “Mas já agora levanta-se, vai ao bar e começa a preparar uma bebida.” Dê a função sintática da palavra em destaque:
Alternativas
Q3067886 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Um quadro
(Sérgio Porto)

Até bem pouco caminhava de um lado para o outro. Depois sentou-se algum tempo e deixou-se ficar, respirando fundo a cada instante, em pleno estado de expectativa. Mas já agora levantase, vai ao bar e começa a preparar uma bebida. Mede a dose (forte) e atravessa a sala em direção à cozinha, em busca de gelo e água.

Faz tudo isso automaticamente, sem pensar. E volta a sentar-se no sofá da sala; desta vez de pernas cruzadas e copo na mão. Sorve um gole grande e desce-lhe pelo corpo uma dormência boa, uma quase carícia.

Nervoso? Não, não está nervoso. Apenas – é claro – este não é um momento qualquer.

Ao segundo copo está, por assim dizer, ouvindo o silêncio. Há barulhos que aumentam a quietude da noite: piano bem longe, assovio de alguém que passa, buzina numa esquina distante, latido de cachorro no morro, pio de ave, o mar. As luzes estão apagadas e a claridade que vem de fora projeta-se contra a parede e ilumina o quadro.

É um velho quadro a óleo, representando um homem de meiaidade, com barbas grisalhas e basto bigode. Está há tanto tempo pendurado na parede que raramente repara nele. Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era. Disseram-lhe que era o fundador da família, um antepassado perdido no tempo, que um pintor da época retratara sabe lá Deus por quantos patacos.

“Ele é o pai do pai do pai do pai do pai de meu pai”, pensou.

Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar. Quando os irmãos se separaram e deixaram a casa que seria demolida, talvez tivesse apanhado o “velho dos bigodes” (que é como o chamavam os meninos) e metido em um dos caixotes.

Agora estava ali a fazer-lhe companhia, espiando-o com seus olhos mansos em nada diferentes dos de seus semelhantes, outros avós, de outras famílias, em outras molduras.

Seu olhar calmo, de uma meiguice que os homens de hoje esqueceram de conservar, quanta coisa já contemplou? Quantos dramas, comédias, gestos, atitudes, festas, velórios? Quantas famílias de sua família?

Por certo viu moças que feneceram, homens que já não são mais. Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas. Na sua longa experiência de emoldurado provavelmente pouco se comoveu com as comemorações e os lamentos, fracassos ou júbilos dos que transitaram, através dos tempos, frente às muitas paredes em que o colocaram.

Em 1850 morava numa fazenda, casa do bisavô. Depois, ao findar o século, noutra fazenda, de terras menos pródigas, foi testemunha muda e permanente de um lento caso de morte.

“Meu avô”, pensou o que esperava, dando mais um gole na bebida. Será que pressentira a chegada da morte? A saúde do velho esvaindo-se, apagando-se lentamente, como um chio. As intermináveis noites de apreensão, a tosse quebrando o silêncio, angustiando os que esperavam. Depois não foi preciso esperar mais. Depois mais nada.

Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes. 

O telefone toca violentamente. O que aguarda a notícia salta para ele e com voz rouca atende:

- Seu filho já nasceu – informa a voz do outro lado. E acrescenta:

- Tudo vai bem.

O homem volta sereno para o bar. Enche novamente o copo, agora a título de comemoração. Levanta-o à altura do peito, mas na hora de beber lembra-se do velho do quadro e saúda-o sem dizer qualquer palavra. Não fosse o nervosismo de há pouco e também os uísques que tomara, seria capaz de jurar que o “velho dos bigodes” sorrira. Manchete, 23/01/1957.

PORTO, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto 1ª edição. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Releia e responda: “Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas.” Dê a classe gramatical da palavra grifada:
Alternativas
Q3067885 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Um quadro
(Sérgio Porto)

Até bem pouco caminhava de um lado para o outro. Depois sentou-se algum tempo e deixou-se ficar, respirando fundo a cada instante, em pleno estado de expectativa. Mas já agora levantase, vai ao bar e começa a preparar uma bebida. Mede a dose (forte) e atravessa a sala em direção à cozinha, em busca de gelo e água.

Faz tudo isso automaticamente, sem pensar. E volta a sentar-se no sofá da sala; desta vez de pernas cruzadas e copo na mão. Sorve um gole grande e desce-lhe pelo corpo uma dormência boa, uma quase carícia.

Nervoso? Não, não está nervoso. Apenas – é claro – este não é um momento qualquer.

Ao segundo copo está, por assim dizer, ouvindo o silêncio. Há barulhos que aumentam a quietude da noite: piano bem longe, assovio de alguém que passa, buzina numa esquina distante, latido de cachorro no morro, pio de ave, o mar. As luzes estão apagadas e a claridade que vem de fora projeta-se contra a parede e ilumina o quadro.

É um velho quadro a óleo, representando um homem de meiaidade, com barbas grisalhas e basto bigode. Está há tanto tempo pendurado na parede que raramente repara nele. Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era. Disseram-lhe que era o fundador da família, um antepassado perdido no tempo, que um pintor da época retratara sabe lá Deus por quantos patacos.

“Ele é o pai do pai do pai do pai do pai de meu pai”, pensou.

Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar. Quando os irmãos se separaram e deixaram a casa que seria demolida, talvez tivesse apanhado o “velho dos bigodes” (que é como o chamavam os meninos) e metido em um dos caixotes.

Agora estava ali a fazer-lhe companhia, espiando-o com seus olhos mansos em nada diferentes dos de seus semelhantes, outros avós, de outras famílias, em outras molduras.

Seu olhar calmo, de uma meiguice que os homens de hoje esqueceram de conservar, quanta coisa já contemplou? Quantos dramas, comédias, gestos, atitudes, festas, velórios? Quantas famílias de sua família?

Por certo viu moças que feneceram, homens que já não são mais. Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas. Na sua longa experiência de emoldurado provavelmente pouco se comoveu com as comemorações e os lamentos, fracassos ou júbilos dos que transitaram, através dos tempos, frente às muitas paredes em que o colocaram.

Em 1850 morava numa fazenda, casa do bisavô. Depois, ao findar o século, noutra fazenda, de terras menos pródigas, foi testemunha muda e permanente de um lento caso de morte.

“Meu avô”, pensou o que esperava, dando mais um gole na bebida. Será que pressentira a chegada da morte? A saúde do velho esvaindo-se, apagando-se lentamente, como um chio. As intermináveis noites de apreensão, a tosse quebrando o silêncio, angustiando os que esperavam. Depois não foi preciso esperar mais. Depois mais nada.

Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes. 

O telefone toca violentamente. O que aguarda a notícia salta para ele e com voz rouca atende:

- Seu filho já nasceu – informa a voz do outro lado. E acrescenta:

- Tudo vai bem.

O homem volta sereno para o bar. Enche novamente o copo, agora a título de comemoração. Levanta-o à altura do peito, mas na hora de beber lembra-se do velho do quadro e saúda-o sem dizer qualquer palavra. Não fosse o nervosismo de há pouco e também os uísques que tomara, seria capaz de jurar que o “velho dos bigodes” sorrira. Manchete, 23/01/1957.

PORTO, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto 1ª edição. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Releia e responda: “Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes.”
Os pronomes sublinhados, respectivamente, são:
Alternativas
Respostas
41: A
42: E
43: B
44: B
45: D
46: A
47: B
48: B
49: C
50: B
51: B
52: E
53: A
54: D
55: B
56: C
57: D
58: A
59: E
60: A