Questões da Prova CESPE - 2017 - Prefeitura de São Luís - MA - Professor Nível Superior/PNS-A - Língua Portuguesa

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Q837112 Português

Texto 10A2CCC


                              Canção do Tamoio

                              (Natalícia)


                        Não chores, meu filho;

                        Não chores, que a vida

                        É luta renhida:

                        Viver é lutar.

                        A vida é combate,

                        Que os fracos abate,

                        Que os fortes, os bravos

                        Só pode exaltar.


                        Um dia vivemos!

                        O homem que é forte

                        Não teme da morte;

                        Só teme fugir;

                        No arco que entesa

                        Tem certa uma presa,

                        Quer seja tapuia,

                        Condor ou tapir.


                         E pois que és meu filho,

                         Meus brios reveste;

                         Tamoio nasceste,

                          Valente serás.

                          Sê duro guerreiro,

                          Robusto, fragueiro,

                          Brasão dos tamoios

                          Na guerra e na paz.


                           Teu grito de guerra

                           Retumbe aos ouvidos

                           D’imigos transidos

                           Por vil comoção;

                           E tremam d’ouvi-lo

                           Pior que o sibilo

                           Das setas ligeiras,

                           Pior que o trovão.


                           Porém se a fortuna,

                           Traindo teus passos,

                           Te arroja nos laços

                           Do inimigo falaz!

                           Na última hora

                           Teus feitos memora,

                           Tranquilo nos gestos,

                            Impávido, audaz.


                           E cai como o tronco

                           Do raio tocado,

                           Partido, rojado

                           Por larga extensão;

                           Assim morre o forte!

                           No passo da morte

                           Triunfa, conquista

                           Mais alto brasão.


                           As armas ensaia,

                           Penetra na vida:

                           Pesada ou querida,

                           Viver é lutar.

                           Se o duro combate

                           Os fracos abate,

                           Aos fortes, aos bravos,

                           Só pode exaltar.

Gonçalves Dias. Canção do Tamoio. Internet: <www.dominiopublico.gov.br>  (com adaptações).

A partir do texto 10A2CCC, é correto afirmar que, na poesia indianista, a configuração estética do indígena reflete valores e costumes da sociedade brasileira do século XIX, pois, no poema,
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Q837110 Português

Texto 10A2BBB


                 Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,

                 fui honrado pastor da tua aldeia;

                 vestia finas lãs e tinha sempre

                 a minha choça do preciso cheia.

                 Tiraram-me o casal e o manso gado,

                 nem tenho a que me encoste um só cajado.


                  Para ter que te dar, é que eu queria

                  de mor rebanho ainda ser o dono;

                  prezava o teu semblante, os teus cabelos

                  ainda muito mais que um grande trono.

                  Agora que te oferte já não vejo,

                  além de um puro amor, de um são desejo.


                  Se o rio levantado me causava,

                   levando a sementeira, prejuízo,

                   eu alegre ficava, apenas via

                   na tua breve boca um ar de riso.

                   Tudo agora perdi; nem tenho o gosto

                    de ver-te ao menos compassivo o rosto.

Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. In: A. Candido e A. Castello. Presença da literatura brasileira. Das origens ao Romantismo. São Paulo: Difel, 1976, p. 165-6.

As três estrofes que compõem o texto 10A2BBB são construídas a partir de uma mesma estrutura: seis versos, dos quais os quatro primeiros apresentam uma situação que é completamente invertida nos dois versos finais de cada estrofe. O elemento literário que demarca os dois momentos contrapostos da vida do eu lírico é
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Q837108 Português

Sem dúvida foram as teses ilustradas que clandestinamente entraram a formar a bagagem ideológica dos nossos árcades e lhes deram mais de um traço constante: o gosto da clareza e da simplicidade graças ao qual puderam superar a pesada maquinaria cultista; os mitos do homem natural, do bom selvagem, do herói pacífico; enfim, certo mordente satírico em relação aos abusos dos tiranetes, dos juízes venais, do clero fanático, mordente a que se limitou, de resto, a consciência libertária dos intelectuais da Conjuração Mineira. A análise a que a historiografia mais recente tem submetido o conteúdo ideológico da Inconfidência é, nesse ponto, inequívoca: zelosos de manter o fundamento jurídico da propriedade (que a Revolução Francesa, na sua linha central, iria ratificar), os dissidentes de Vila Rica apenas se propunham evitar a sangria que nas finanças mineiras, já em crise, operaria a cobrança de impostos sobre o ouro (a derrama).

Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 66-7 (com adaptações).


De acordo com o texto precedente, as relações entre o Arcadismo e a Inconfidência Mineira se limitaram aos interesses das elites locais, sem ter havido reivindicação de mudanças profundas na estrutura da sociedade brasileira. Essa perspectiva dos árcades brasileiros se expressou esteticamente pela

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Q837106 Português

Texto 10A2AAA

       Na obra satírica de Gregório de Matos, não há o ânimo documentário ou a transfiguração hiperbólica, mas o flagrante expressivo até a caricatura, o ataque se elevando a denúncia, a ironia alegre ombreando com a revolta amarga, em contraste com a transfiguração eufórica de outros autores do tempo, em relação aos quais a sua poesia satírica aparece como contracorrente desmistificadora. Ele desdenha as aparências do mundo e desvenda a sua iniquidade, com um pessimismo realista que não hesita em entrar pela obscenidade e a crueza da vida do sexo. Poucos foram tão fundo nos aspectos considerados baixos, que ele trata com uma espécie de ímpeto justiceiro, que forra de inesperado moralismo as suas diatribes. Através da sua obra de rebelde apaixonado, transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então, com uma sociedade em que o branco brutalizava o índio e o negro, as autoridades prevaricavam, os clérigos pecavam a valer e a virtude parecia às vezes uma farsa difícil de representar.

Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes.

São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1999, p. 24-5 (com adaptações)

A partir do texto 10A2AAA, é correto afirmar que a representação dos tipos sociais do Brasil do século XVII na sátira de Gregório de Matos revela
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Q837105 Português

Texto 10A2AAA

       Na obra satírica de Gregório de Matos, não há o ânimo documentário ou a transfiguração hiperbólica, mas o flagrante expressivo até a caricatura, o ataque se elevando a denúncia, a ironia alegre ombreando com a revolta amarga, em contraste com a transfiguração eufórica de outros autores do tempo, em relação aos quais a sua poesia satírica aparece como contracorrente desmistificadora. Ele desdenha as aparências do mundo e desvenda a sua iniquidade, com um pessimismo realista que não hesita em entrar pela obscenidade e a crueza da vida do sexo. Poucos foram tão fundo nos aspectos considerados baixos, que ele trata com uma espécie de ímpeto justiceiro, que forra de inesperado moralismo as suas diatribes. Através da sua obra de rebelde apaixonado, transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então, com uma sociedade em que o branco brutalizava o índio e o negro, as autoridades prevaricavam, os clérigos pecavam a valer e a virtude parecia às vezes uma farsa difícil de representar.

Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes.

São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1999, p. 24-5 (com adaptações)

De acordo com o texto 10A2AAA, a poesia satírica de Gregório de Matos, no que diz respeito à representação da realidade brasileira do século XVII, se diferencia da produção poética de seus contemporâneos barrocos porque
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Respostas
16: C
17: E
18: B
19: E
20: A