Questões de Concurso Comentadas por alunos

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Q2473671 Português
A questão refere-se ao texto a seguir.

A fisiologia do corpo desempregado 

Veny Santos

             Ao receber a notícia, colocou as mãos diante dos olhos, não tão próximas ao rosto, e esperou. Aos poucos, cobriu-se o corpo com a dormência da aurora no amanhecer de um dia já perdido. Estavam ambas petrificadas. As mãos, por anos encarregadas de trabalhar, agora eram observadas como se função não mais tivessem. Perderam o emprego. Anatomicamente as mesmas. Fisiologicamente desconhecidas.                     Quando passa muitos dos anos vividos em um trabalho, dedicando-se não apenas à sobrevivência mas também ao ofício que confere sentido às habilidades adquiridas, o corpo pode se confundir com o cargo. O conjunto de partes que monta o ser passa a estabelecer uma relação funcionalista com o cotidiano e seus vínculos empregatícios. Opera-se uma máquina, uma tecnologia, uma série de processos administrativos, um comércio, no intuito de sentir que ainda se está funcionando. Que ainda há alguma função. Que presta para algo —ou alguém— o funcionário.
           O desemprego vem, então, como a descaracterização do personagem trabalhador, aquele necessário de ser encenado todos os dias para que seja possível cultivar uma real vida fora da esfera profissional. Tal ruptura, para além das suas supostas bases técnicas e pragmáticas, como justificativas clichês para se dispensar alguém sem justa causa, quebra também o corpo, não só em partes, mas nas funções que cada uma delas parece ter para existir. Quebra-o por inteiro e o faz desconhecer a si enquanto capaz de manter o sustento no dia seguinte. Um corpo desconhecido. É o fim da sensação de utilidade e a causa de seu medo quase paralisante. Uma justa causa para tamanho temor, compreendemos.
        Começou ele pelas mãos, mas a tudo sentiu tremer. Os olhos tentavam enxergar saídas de emergência para a situação financeira. A boca seca não dizia, os ouvidos zuniam e voz nenhuma vinha para lhe confortar —o que ecoava em sua mente era a pergunta repetitiva, mania anunciada na mesma velocidade que o desligamento: "Como vou contar para a família e pagar as contas?". Peito mais subia que descia, e no descompasso do respiro, nenhum alívio. Crise disso, crise daquilo, ansiedade e angústia já não mais se distinguiam uma da outra. Acharam um ponto de convergência: a paúra. As pernas inquietas a balançar não sabiam para onde ir, por onde começar a procurar outro carreiro para recolocar o corpo nas trilhas de suas funções que garantiam o sustento.
        De que servia a língua agora? E os argumentos? De que servia sua realidade concreta, uma vez que era no abismo da abstração onde se findava o mais sólido dos fatos: sem dinheiro não se dura e duro não se vive. Ainda assim, é com a carne do pescoço rija que ele mira o nada e desenha no horizonte a imaginária linha reta que ilude ao promoter alguma direção e estabilidade. O zunido diminui. Passa a ganhar um ritmo lento, primeiro opressivo, depois desolador, triste. A cor escurecida de sua pele parece ser a única a não ter perdido a função junto com a demissão. Ao encobri-lo, cantou um blues.
        A depender das posições no tabuleiro do serviço, há quem jogue —por prazer ou horror— com os peões para não comprometer reis e rainhas. Pelas bordas, esmagam feito as torres, condenam como os bispos ou simplesmente saltam de oportunidade em oportunidade montados nos alazões a pisotear o que lhes obriga a fazer curva. Os peões, como se sabe, não jogam, de fato. Os peões são jogados.
         Em 2023, o Instituto Cactus lançou o iCASM (Índice Instituto Cactus — Atlas de Saúde Mental) no intuito de levantar dados sobre os diferentes aspectos da vida social que impactam na psique da população brasileira. Destacou-se um alerta sobre a condição das pessoas desempregadas. Estão elas entre as mais abaladas psicologicamente e, com isso, pode-se supor, suscetíveis às psicopatologias que crescem a cada ano no país.
         As mãos, ainda diante dos olhos, seguram-se. No toque, parecem lembrar para que servem. Recobram a função. As mãos servem para carregar o recomeço.

Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em: 08 mar. 2024
No quarto parágrafo, o autor faz uso da citação 
Alternativas
Q2473643 Administração Geral

Leia o texto a seguir.


Processo de coordenação do trabalho dos membros de uma organização e alocação dos recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos de uma forma eficaz e eficiente.


SOBRAL, Filipe. PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.


O texto faz referência ao conceito de

Alternativas
Q2473063 Legislação Federal
A participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos são fundamentais para garantir a qualidade, eficiência e transparência na prestação dos serviços pela Administração Pública. No Brasil, diversas normas e dispositivos legais são estabelecidos com o objetivo de assegurar esses direitos e promover a cidadania. São direitos básicos do usuário nos termos da Lei nº 13.460/2017: 
Alternativas
Q2473058 Direito Constitucional
O Congresso Nacional é o órgão máximo do Poder Legislativo no Brasil e tem uma série de atribuições fundamentais para o funcionamento do Estado democrático. Composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, o Congresso exerce diversas competências que incluem desde a elaboração de leis até o controle e fiscalização do poder Executivo. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
Alternativas
Q2473057 Direito Constitucional
A competência comum entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios está prevista na Constituição Federal brasileira e abrange diversas áreas de atuação, nas quais todos os entes federativos têm responsabilidades compartilhadas. Essa competência visa promover a cooperação entre os diversos níveis de governo para o cumprimento de objetivos comuns e para o atendimento das necessidades da sociedade. Além disso, ela contribui para a descentralização administrativa e para a eficiência na prestação dos serviços públicos. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Alternativas
Respostas
6: C
7: C
8: D
9: B
10: A