O altruísmo e a bondade estão em baixa. Atualmente, a preocupação com o bem-estar do outro é mais vista com desconfiança ou como sinal de ingenuidade do que como virtude. Essa é a conclusão a que chegaram a historiadora Barbara Taylor e o psicólogo Adam Phillips, autores de um livro sobre a bondade, recentemente publicado nos Estados Unidos. Com informações colhidas em estudos de teoria social, psicanálise e registros históricos, eles defendem a importância do altruísmo para a construção de uma sociedade funcional, mas também mostram quanto a noção de bondade foi distorcida e hoje é mais malvista do que entendida como algo positivo. Para especialistas, esse desencanto é fruto da derrocada ideológica e religiosa que o mundo ocidental viveu no século XX. O processo de recrudescimento da desconfiança começou com as promessas não cumpridas dos regimes políticos como o socialismo soviético, passou pela barbárie do nazismo e culminou com a criação da bomba atômica. Diante de grandes tragédias, como enchentes e furacões que deixam milhares de desabrigados, o ser humano sabe ser solidário. Esta generosidade diluída não costuma ser questionada. É diferente, porém, quando a bondade tem um único rosto. Pessoas que se dedicam a trabalhos voluntários aprenderam a lidar com essa desconfiança. O altruísmo teria nascido no tempo dos caçadores e coletores, 200 mil anos atrás, de acordo com pesquisa recém publicada. O homem altruísta surge em um contexto de guerra constante por recursos fundamentais à sobrevivência, diz Samuel Bowles, responsável por esse estudo. Grupos com indivíduos altruístas − que se solidarizavam com colegas que não eram necessariamente de suas famílias − tinham mais possibilidade de vencer a disputa por uma zona de caça, por exemplo. Em meio à crise de valores por que o mundo passa, a historiadora Barbara Taylor vê o momento como uma oportunidade para mudar. (João Loes e Maíra Magro. Istoé, 17 de junho de 2009, pp. 68-69, com adaptações) Em resumo, o assunto do texto está em: