Questões de Concurso Público Prefeitura de Campinas - SP 2023 para Agente de Ação Social
Foram encontradas 2 questões
Ano: 2023
Banca:
VUNESP
Órgão:
Prefeitura de Campinas - SP
Prova:
VUNESP - 2023 - Prefeitura de Campinas - SP - Agente de Ação Social |
Q2250715
Português
Texto associado
Leia o texto para responder à questão.
Como conciliar a rotina num século em
que o tempo se tornou privilégio?
Publicada em 1865, a obra Aventuras de Alice no País
das Maravilhas, uma das mais importantes da literatura mundial, foi fruto da imaginação e das indagações sobre a relatividade temporal do escritor e matemático Lewis Carroll (1832-
1898). O personagem Coelho Branco pode simbolizar, por
meio de sua obsessão pelo tempo, a angústia causada pela
brevidade da experiência humana.
Afinal, na época em que a história foi escrita, os dias passaram a ser contados pelos ponteiros do relógio, e não mais
pelo nascer e pôr do sol. Foi a partir da Revolução Industrial,
na segunda metade do século 18, que a vida foi compartimentada em horas, minutos e segundos, entre “tempo de trabalho”
e “tempo livre”. Assim como Alice, a humanidade caiu na toca
do Coelho Branco e começou a correr atrás do tempo.
Desde então, a sociedade sonha com a dilatação das
24 horas do dia para conciliar o rendimento no trabalho com
momentos de lazer com família e amigos, fazer atividade
física, ler um livro ou simplesmente ficar de pernas para o ar.
Num século em que gerenciar o tempo se tornou privilégio, a
consequência dessa aceleração vem provocando quadros
de ansiedade, depressão e outros sofrimentos psíquicos. De
acordo com o mais recente mapeamento global de transtornos
mentais, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
o Brasil possui a população mais ansiosa do mundo.
“Precisamos ter em mente que questões de saúde mental estão estreitamente relacionadas aos modos de vida, ao
quadro cultural do país e como está organizada a vida social.
Então, eu colocaria a questão do tempo na perspectiva desse arranjo social, político e econômico neoliberal, que leva
a uma mobilização integral da nossa vida para o trabalho”,
aponta o professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(USP) Ricardo Rodrigues Teixeira, que coordena a diretoria
de Saúde Mental e Bem-Estar Social da pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento da instituição.
Autor do livro Sem tempo para nada, o cientista social Luís
Mauro Sá Martino endossa esse diagnóstico. “Como sociedade, podemos nos perguntar o quanto esse ritmo acelerado está
nos fazendo bem, sobretudo a longo prazo. Você pode tentar
levar uma vida adequada à sua saúde e bem-estar, porém
como fazer isso se tudo ao seu lado está em um ritmo rápido e
contínuo?”, dispara.
(LLEDÓ, Maria Júlia. Como conciliar a rotina num século em que o tempo se
tornou privilégio?. Revista E (Sesc Edições). 01.05.2023. Adaptado)
O termo destacado na frase “Como sociedade, podemos
nos perguntar o quanto esse ritmo acelerado está nos
fazendo bem, sobretudo a longo prazo.” (5º
parágrafo)
apresenta, respectivamente, sua classificação gramatical
e substituição igualmente correta em:
Ano: 2023
Banca:
VUNESP
Órgão:
Prefeitura de Campinas - SP
Prova:
VUNESP - 2023 - Prefeitura de Campinas - SP - Agente de Ação Social |
Q2250723
Português
Texto associado
Leia o texto para responder à questão
Quando criança, os meus pais me acordavam com a didática do grito. Não surtindo efeito, iam lá mexer nos meus ombros.
Não cumprindo a sua missão ainda, puxavam as minhas cobertas. Na época, não havia celular, muito menos alarme dos aplicativos. Rádio-relógio era caro e ficava na cabeceira dos adultos.
Eu lutava contra as táticas militares materna e paterna.
Procurava uma prorrogação, uma soneca, um adiamento fingindo dormir. Só não resistia à estratégia da avó Elisa. Ela
sabia acordar as pessoas, inspirar o sonho de olhos abertos.
Tinha PhD do sereno da madrugada e do galo cantando.
Ela me despertava pelo olfato. Pois não é pelo ouvido
que acordamos, mas pelo nariz.
Ela recolhia um maço de hortelã da horta e espalhava perto de mim. Não soltava um pio, não falava nada. Entrava silenciosamente no quarto abafando as tiras do seu velho chinelo e
largava o seu contrabando de ervas pelos travesseiros.
Com o cheiro forte do tempero, estranhíssimo naquele
cenário de linho e penas de ganso, eu saía do conforto dos
lençóis. Não tinha como continuar dormindo — a curiosidade
se fazia mais forte do que a dormência. A hortelã berrava com
o seu perfume. É impossível para alguém se defender do seu
aroma forte, lembrando os assados do Natal e do Ano-Novo.
Provocava imediata fome e repentina avidez pelo sol.
Assim que me punha de pé, a avó zombava de mim, vitoriosa de seu jeitinho:
— Já se levantou? Podia ter dormido mais. Acordou dez
minutos antes da hora.
Até hoje, no momento de pular da cama, procuro por perto
o ramo de hortelã para ver se não o encontro no travesseiro
ao lado.
Minha avó não está mais aqui, o câncer a levou para
longe, mas ela achou um modo todo seu de entrar em minha
respiração e me dar bom-dia.
(CARPINEJAR, Fabrício. Cuide de seus pais antes que seja tarde.
Editora Bertrand Brasil, 2018. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a alteração da posição do
pronome em relação ao verbo, conforme indicada nos
colchetes, está em conformidade com a norma-padrão
da língua.