Questões de Concurso Público EPC 2023 para Locutor Apresentador
Foram encontradas 3 questões
Q2264790
Português
Texto associado
Leia o texto para responder à questão.
A imprensa nos tempos de Balzac
Releio “Os jornalistas”, de Honoré de Balzac, ele-mesmo
um escritor jornalista a apontar desvios da ética na imprensa
de seu tempo. Com estilete do sarcasmo, indicou a prevalência de “lados da notícia”, a duração dos fatos nas páginas e
escondimentos propositais. Beliscou a venalidade de articulistas franceses de meados do século 19. As ambições particulares se sobrepunham às carências coletivas; as impressoras se alocavam às conveniências individuais, governos,
corporações ideológicas. Mostrou o jesuitismo artificial de
colunistas cercados de bajuladores a aplaudi-los. Encenando
imparcialidade, curvavam-se aos influentes e poderosos. Altissonantes, fingiam defender grandes causas, mormente as
acenadas como modernas, libertárias.
Sobre editores-proprietários-gerentes, Balzac foi ainda
mais incisivo. Alinhavam-se ao sistema dominante cujo triunfo lhes interessava. E eram respeitados por temor. Viam na
imprensa uma aplicação de capitais cujos juros lhes eram pagos em favores econômicos e autoridade. Quando unida às
oposições, tinha consciência de que elas eram aferradas em
tomar para si os anseios e necessidades sociais, sem que o
cidadão comum lhes desse crédito.
No estilo escrutínio da escola realista, palavras do livro
se articulam para escancarar hipocrisias, falsidades. Alegando que os franceses tinham inclinação por tudo que é tedioso,
caçoava duma categoria de redatores a chamá-los de “nadólogos”. Eram notários que falavam, falavam e nada diziam.
Alcoviteiros da política, negociantes de frases, mostravam-se
superiores, promoviam gracejos para admiração de colunistas severos. Mas estes se calavam ao ingressarem no serviço público. Lá se domesticavam a gozarem do silêncio de
colegas na espera de convites e cargos.
Irritado com os críticos de arte a não lhe darem sossego, Balzac apontou-lhes o dedo. Pintou-os como vaidosos,
incultos, falaciosos que, sem talento para a arte, erguiam
muralhas de censura das ideias. Para o autor, a crítica tinha
apenas uma serventia: a sobrevivência dos críticos.
Ficção e agudo exame da sociedade se mesclaram na
obstinada defesa do bom jornalismo. Escreveu: “Se a imprensa não existisse, seria preciso inventá-la”. São mensagens
que instigam raciocínios, convidam à reflexão. Mormente dos
que buscam notícias isentas, o jornalismo amigo dos fatos.
(Romildo Sant’Anna. Diário da Região, 05.02.2023. Adaptado)
A alternativa em que a frase nominal é caracterizada por
relação de subordinação entre um termo e seu complemento é:
Q2264796
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Quando Nancy Pelosi, então presidente da Câmara
norte-americana, estendeu a mão para o ex-presidente
Donald Trump, antes da apresentação do discurso anual do
Estado da União, ele se recusou a apertá-la e virou as costas
de forma grosseira. Ao fim do discurso, Pelosi rasgou a transcrição ostensivamente como se o texto não valesse o papel
em que foi impresso e devesse ser expurgado por completo
dos registros históricos.
Esses dois gestos, infantis e impulsivos, podem ser
considerados insignificantes, mas na verdade foram emblemáticos da maneira como a oposição foi transformada em
algo muito mais profundo – um ódio e uma animosidade reais.
Naturalmente, a gentileza precisa ser uma via de mão
dupla, é difícil ser gentil com aqueles que são abertamente
desdenhosos conosco, ainda que talvez isso seja possível
para os santos. A santidade, entretanto, não é uma qualidade que se costuma encontrar na vida política, e, dessa
forma, não se pode contar com ela para a promoção de um
comportamento decente. Apenas a cultura da tolerância pode
fazer isso.
Lamentavelmente, quanto mais a tolerância é alardeada
como uma grande virtude, ou até mesmo como a maior das
virtudes, menos ela é praticada na vida cotidiana. Se as pessoas fossem tolerantes, não haveria necessidade de exaltá-la.
Na realidade somos assim com os preceitos morais sobre a
tolerância: somos tolerantes, mas odiamos pessoas que não
concordam conosco.
A tolerância requer um devido exercício de falta de sinceridade. Toleramos apenas o que nos causa desagrado, porque não há necessidade de tolerar coisas de que gostamos.
Podemos pensar que alguém que tem uma opinião diferente
da nossa é um canalha, mas não podemos ter uma discussão civilizada com essa pessoa se revelarmos nossa opinião
sincera.
Infelizmente, existe um culto de sinceridade no mundo
moderno de acordo com o qual nada que esteja na mente de
alguém deve ser contido. Porque, se for, vai infectar e acabar
causando uma espécie de septicemia psicológica, que vai entrar em erupção como algo terrível. Nessa escala de valores,
a insinceridade é o pior dos pecados, e não algo muitas vezes
virtuoso e necessário, o óleo que mantém a vida tranquila e
relativamente sem fricção.
Dessa forma, estamos vivendo sob dois imperativos
opostos: o primeiro é ser sempre sincero, e o segundo, ser ao
mesmo tempo tolerante. Só podemos reconciliar esses dois
imperativos se transformarmos a necessidade da tolerância
em seu oposto, isto é, afirmando que opiniões diferentes ou
opostas às nossas são, em si, manifestações de intolerância,
a única coisa que não podemos tolerar. Assim, começando
na tolerância chegamos ao totalitarismo, isto é, ao totalitarismo em nome da tolerância.
(Theodore Dalryme, A novilíngua como língua nativa. Disponível em: <revistaoeste.com<. Acesso em 14.02.2023. Adaptado)
Assinale a alternativa que reescreve livremente passagem do texto, de acordo com a norma-padrão de concordância.
Q2264799
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Quando Nancy Pelosi, então presidente da Câmara
norte-americana, estendeu a mão para o ex-presidente
Donald Trump, antes da apresentação do discurso anual do
Estado da União, ele se recusou a apertá-la e virou as costas
de forma grosseira. Ao fim do discurso, Pelosi rasgou a transcrição ostensivamente como se o texto não valesse o papel
em que foi impresso e devesse ser expurgado por completo
dos registros históricos.
Esses dois gestos, infantis e impulsivos, podem ser
considerados insignificantes, mas na verdade foram emblemáticos da maneira como a oposição foi transformada em
algo muito mais profundo – um ódio e uma animosidade reais.
Naturalmente, a gentileza precisa ser uma via de mão
dupla, é difícil ser gentil com aqueles que são abertamente
desdenhosos conosco, ainda que talvez isso seja possível
para os santos. A santidade, entretanto, não é uma qualidade que se costuma encontrar na vida política, e, dessa
forma, não se pode contar com ela para a promoção de um
comportamento decente. Apenas a cultura da tolerância pode
fazer isso.
Lamentavelmente, quanto mais a tolerância é alardeada
como uma grande virtude, ou até mesmo como a maior das
virtudes, menos ela é praticada na vida cotidiana. Se as pessoas fossem tolerantes, não haveria necessidade de exaltá-la.
Na realidade somos assim com os preceitos morais sobre a
tolerância: somos tolerantes, mas odiamos pessoas que não
concordam conosco.
A tolerância requer um devido exercício de falta de sinceridade. Toleramos apenas o que nos causa desagrado, porque não há necessidade de tolerar coisas de que gostamos.
Podemos pensar que alguém que tem uma opinião diferente
da nossa é um canalha, mas não podemos ter uma discussão civilizada com essa pessoa se revelarmos nossa opinião
sincera.
Infelizmente, existe um culto de sinceridade no mundo
moderno de acordo com o qual nada que esteja na mente de
alguém deve ser contido. Porque, se for, vai infectar e acabar
causando uma espécie de septicemia psicológica, que vai entrar em erupção como algo terrível. Nessa escala de valores,
a insinceridade é o pior dos pecados, e não algo muitas vezes
virtuoso e necessário, o óleo que mantém a vida tranquila e
relativamente sem fricção.
Dessa forma, estamos vivendo sob dois imperativos
opostos: o primeiro é ser sempre sincero, e o segundo, ser ao
mesmo tempo tolerante. Só podemos reconciliar esses dois
imperativos se transformarmos a necessidade da tolerância
em seu oposto, isto é, afirmando que opiniões diferentes ou
opostas às nossas são, em si, manifestações de intolerância,
a única coisa que não podemos tolerar. Assim, começando
na tolerância chegamos ao totalitarismo, isto é, ao totalitarismo em nome da tolerância.
(Theodore Dalryme, A novilíngua como língua nativa. Disponível em: <revistaoeste.com<. Acesso em 14.02.2023. Adaptado)
Assinale a alternativa que identifica, correta e respectivamente, as relações de sentido estabelecidas pelos elementos de sequenciação textual destacados no terceiro
parágrafo.