Questões de Concurso Público Prefeitura de Ribeirão Preto - SP 2021 para Agente de Administração
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Leia os versos da música “Asa Branca” para responder à questão.
Quando olhei a terra ardendo
Tal qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornaia
Nenhum pé de plantação
Por falta d’água, perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar, ir pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro, não chore não, viu
Que eu voltarei, viu, meu coração
(GONZAGA, Luiz; TEIXEIRA, Humberto. Asa Branca. Intérprete: Luiz Gonzaga.
Disponível em<https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/47081/>
Acesso em: 20/08/2-21. Adaptado)
Furto em Flor
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
— Que ideia a sua vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos Plausíveis.
In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa e Poesia, 8. ed.
Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1992. p. 1266.