Questões de Concurso Público Prefeitura de Serrana - SP 2018 para Professor de Educação Básica - Ensino Fundamental - Séries Iniciais
Foram encontradas 2 questões
Ano: 2018
Banca:
VUNESP
Órgão:
Prefeitura de Serrana - SP
Prova:
VUNESP - 2018 - Prefeitura de Serrana - SP - Professor de Educação Básica - Ensino Fundamental - Séries Iniciais |
Q1043161
Português
Texto associado
Uma amiga me disse que em alguns cursos da Universidade de Princeton o celular e o iPad foram proibidos porque
os estudantes filmavam e fotografavam as aulas, ou simplesmente brincavam com joguinhos eletrônicos. A proibição
do uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula numa das
maiores universidades dos Estados Unidos e do mundo não
é nada desprezível. O celular na palma da mão desconcentra
o estudante e abole uma prática antiga: a caligrafia.
Dos milenares hieróglifos egípcios gravados em pedra e
palavras escritas em pergaminho à mais recente prescrição
médica, a caligrafia tem uma longa história. Mas essa história – que marca uma forte relação da palavra com o gesto da
mão – parece fenecer com o advento do minúsculo teclado
e sua tela.
Lembro uma entrevista radiofônica com Roland Barthes,
em que o grande crítico francês dizia que as correções das
provas tipográficas dos romances de Balzac pareciam fogos
de artifícios. É uma bela imagem do efeito estético da caligrafia no papel impresso, da relação do corpo com a escrita,
as letras que vêm da mão, e não da máquina. Quando pude
ver essas páginas numa exposição de manuscritos, fiquei
impressionado com a metáfora precisa de Barthes, e admirado com a obsessão de Balzac em acrescentar, cortar e
substituir palavras e frases, e alterar a pontuação, como se a
respiração e o tempo da leitura fossem – como de fato são –
importantes para o ritmo da escrita.
Mas há beleza também na caligrafia torta e hesitante de
uma criança, numa carta de amor escrita a lápis ou à tinta,
na mensagem pintada à mão no para-choque de um caminhão, nas paredes de banheiros públicos, no muro grafitado
da cidade poluída, nada impoluta.
Na mão que move a escrita há um gesto corporal atávico, um desejo da nossa ancestralidade, que a maquininha
subtrai, ou até mesmo anula. Ainda escrevo alguns textos à
mão, antes de digitá-los no computador. No trabalho diário
de um jornalista, isso é quase impossível, mas na escrita de
uma crônica, pego a caneta e o papel e exercito minha pobre
caligrafia.
(Milton Hatoum. “Linguagem da mão”.
https://oglobo.globo.com, 11.08.2017. Adaptado)
Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que está
escrita de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
Ano: 2018
Banca:
VUNESP
Órgão:
Prefeitura de Serrana - SP
Prova:
VUNESP - 2018 - Prefeitura de Serrana - SP - Professor de Educação Básica - Ensino Fundamental - Séries Iniciais |
Q1043164
Português
Texto associado
Leia trecho de entrevista com o escritor moçambicano Mia
Couto e responda a questão:
Revista Nova Escola: Em algum momento, a escola
seduziu você?
Mia Couto: Eu sempre conto essa mesma história. Foi de
um professor que não deu uma aula, e sim uma lição – que é
uma coisa diferente. Ele nos mandou fazer uma redação que
seria apresentada à turma. No dia seguinte, ele trouxe um
caderno e sentou-se em uma das nossas cadeiras. Ele era
um homem enorme, muito grande. Ficou ali todo desajeitado.
Converteu-se num menino, como nós, numa criança – e com
as mãos tremendo, leu a redação que tinha feito em casa, à
noite, como se fosse um de nós. O texto dele chamava-se As
mãos da minha mãe. E as mãos da mãe dele também eram
as mãos da minha mãe: ele falava de mãos marcadas pelo
trabalho, pelo sofrimento, pela vida e de como ele gostava
daquelas mãos marcadas. Eu tinha talvez uns 9 ou 10 anos,
mas nunca me esqueci disso. Esse foi o momento em que eu
pensei que a escola fazia algum sentido.
NE: Como esse episódio se reflete na sua carreira
como escritor?
Couto: Aquilo deixou uma grande impressão por duas
razões: a primeira é que percebi que o que eu via como um
texto obrigatório era sem sabor nenhum. Simplesmente porque tinha que estar atento à ortografia e normas da gramática. Eu notei que o prazer que tinha ao escrever uma história
é o de viver no texto o que está dentro do nosso peito. A
segunda razão é que aquele professor, de repente desamparado na cadeira, transformou-se num colega meu. Não é
só uma questão curricular, uma questão de programa. É uma
questão de atitude do professor.
(Wellington Soares. “Mia Couto: ‘O professor tem que ser um contador de
histórias’”. https://novaescola.org.br, 10.04.2018. Adaptado)
Encontra-se escrita corretamente, segundo a norma-padrão
da língua portuguesa, a frase: