Questões de Concurso Público Prefeitura de Suzano - SP 2015 para Professor de Educação Básica , 30 horas

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Q577466 Português
Leia o texto para responder à questão.

Tenho dormido muito mal. Meu prédio é tombado, metido a joia arquitetônica da cidade e não pode ter aquele layout externo grotesco dos ares-condicionados pendurados pra fora (na real, acho bom). Até tentei fazer uma gambiarra e deixar o split na área de serviço, com sua boca quente de dragão do bem voltada para uma janela escancarada. Contudo, a patuscada só faria sentido se o serviço pudesse ser executado nas paredes do meu quarto e do escritório. Resposta negativa: “é tudo viga, dona". Daí tentei na parede central da sala e... não pode, todos os canos do lavabo passam por ali. Em suma: tenho dormido muito mal. E, dada a loucura de dormir em sofrimento, sonhado coisas espetaculares.
Noite passada sonhei que eu tinha uns 16 anos (e era uma espécie de Lolitinha safada e alcoólatra, e não a adolescente nerd e careta que fui) e, por alguma razão divina, mamãe, preocupada com meus ataques sonâmbulos e constantes ao bar da casa (detalhe: nem eu bebo, nem a casa dos meus pais tinha um bar), contratou dois psicanalistas para me ajudar.
Eles vinham à noite e eram lindos, jovens e surfistas. Me atendiam sem camisa, com uma bermuda de motivos havaianos e a gente enchia a lata de vodca Absolut de pera bem gelada e ficava falando sobre Freud e mergulho no Caribe. Eu deitava entre os dois e eles me ensinavam “como me libertar das amarras familiares e da prova de física ótica" enquanto faziam carinho só com a ponta dos dedos na minha barriga. Obrigada, aquecimento global. Foi mal, urso polar, mas a coisa tá mesmo pegando fogo.

(Tati Bernardes, Sonhos de uma noite insuportável. Folha de S.Paulo, 23.01.2015).
De acordo com o texto, é correto afirmar:
Alternativas
Q577474 Português
Leia o texto para responder à questão.

Uma conhecida convidou os quatro netos pré-adolescentes para lanchar. Queria passar um tempo com eles, como fazem as avós. Sentaram-se numa lanchonete. Pediram sanduíches e refrigerantes. Daí, os quatro sacaram os celulares. Ficaram todo o tempo trocando mensagens com amigos, rindo e se divertindo. Com cara de mamão murcho, a avó esperou alguma oportunidade de bater papo. Não houve. Agora, ela já prometeu:
– Desisti. Não saio mais com meus netos.
Cada vez mais as pessoas “abandonam" os outros para viver num mundo de relações via celular. Às vezes de maneira assustadora.
Em certos almoços, mesmo de negócios, é impossível tratar do assunto que importa. O interlocutor escolhe o prato com a orelha no celular. Quando desliga, abre para verificar e-mails. Responde. Pacientemente espero. Iniciamos o papo que motivou o almoço. O celular toca novamente. Dá vontade de levantar da mesa e ir embora. Não posso, seria falta de educação. Mas não é pior ficar como espectador enquanto a pessoa resolve suas coisas pelo celular, sem dar continuidade à conversa?
Faço cara de paisagem enquanto a pessoa discute algo que nada tem a ver comigo. Penso: seria melhor, muito melhor, não ter marcado reunião nenhuma. Mais fácil seria, sim, me impor através do celular, porque através dele entro na sala de alguém quando quero, sem marcar hora. O aparelhinho invade até situações íntimas. Se fosse só comigo, estaria traumatizado por me sentir pouco interessante. Mas sei de casos em que, entre um beijo e outro, um dos parceiros atende o celular. Para tudo, sai do clima. Quando termina a ligação, é preciso de um tempo para retomar. Mas aí, pode tocar novamente e... enfim, até nos momentos mais eróticos, o aparelhinho atrapalha.
Ainda sou daquele tempo de ter conversas francas e profundas, de olhar nos olhos. Hoje é quase impossível aprofundar-se nos olhos de alguém. Estão fixados na tela de seu modelo de última geração. Conheço algumas raras pessoas que se recusam (ainda!) a ter celular. Cada vez mais, se rendem. A vida ficou impossível sem ele. Eu descobri uma estratégia que sempre funciona, se quero realmente falar com alguém. Convido para jantar, por exemplo. Ela saca o celular. Pego o meu e envio uma mensagem para ela mesma, em frente a mim. Não falha. Seja quem for, acha divertidíssimo. E assim continuamos até o cafezinho. Sem palavras, mas trocando incríveis mensagens pelo celular. Todo mundo acha divertidíssimo.

(Walcyr Carrasco, Má educação e celular. Revista Época. Disponível em: <http://epoca.globo.com>. Acesso em: 27.01.2015. Adaptado)
Para expressar seu ponto de vista acerca do uso dos celulares, o autor se vale da descrição de casos em que
Alternativas
Respostas
1: D
2: A