Mulheres fortes estão em todo lugar
Ao mostrar a determinação, resiliência e
adaptabilidade de mulheres de diferentes
origens, provamos que as mulheres não
apenas são capazes de prosperar em qualquer
ambiente, mas também são agentes
indispensáveis de mudança
Iona Szkurnik | 29 de fevereiro de 2024
Como mulher navegando pelas
diversas adversidades e escolhas da vida,
compreendi a profunda importância da
determinação, da resiliência e da
adaptabilidade. Essas qualidades não são
apenas traços admiráveis; são ferramentas
indispensáveis na trajetória pela liberdade e
pelo empoderamento. Em um mundo repleto
de preconceitos inconscientes e barreiras
sistêmicas, é essencial para as mulheres
utilizar essas habilidades para romper os tetos
de vidro impostos sobre nós. As histórias de
todas as mulheres fortes e lutadoras que eu
conheço passam por essas características.
A determinação, uma forma de
perseverança inabalável para alcançar
objetivos de longo prazo apesar dos
contratempos, é um pilar do empoderamento.
Ao longo da História, inúmeras mulheres
exibiram uma garra extraordinária. Vemos
algumas delas retratadas em livros e filmes,
mas essas mulheres existem à nossa volta
também.
Pegue o exemplo de Maria Toledo, que
deixou a carreira em Direito para empreender
em Moda. Contra a corrente, ela abriu sua
própria marca de sapatos aos 22 anos, foi
agente crucial no desenvolvimento da cena da
moda carioca nos anos 2000 e teve uma
colaboração relevante com os primórdios da
Reserva. Maria entendeu que quebrar
barreiras significava sair do Rio e ir para São
Paulo, onde os gigantes da indústria estão.
Sua paixão por sapatos a levou a Schutz, uma
das 20 marcas do maior grupo de moda do
país.
A fusão da Arezzo&Co e grupo Soma
anunciada no início de fevereiro criou um
gigante da moda com R$12 bilhões em
faturamento, R$1,5 bi em EBITDA e R$750
milhões de lucro líquido. Não era assim
quando Maria largou tudo para trás ao se
mudar sozinha para São Paulo. Há 13 anos na
capital paulista, ela vem traçando uma bela carreira, hoje à frente da marca Arezzo Brizza.
Se esse spin-off aconteceu e ela é a “CEO da
marca” é porque conquistou a confiança de
Luciana Wodzik, CEO do grupo Arezzo&Co,
uma das referências em gestão e liderança no
mercado.
Infelizmente, ainda é raro ter uma
mulher apoiando e confiando na outra dentro
do mesmo grupo. Exemplos como o da Maria
Toledo e Luciana Wodzik devem ser
ressaltados e compartilhados para inspirar e
estimular mais mulheres a segurar a porta para
a outra passar. Sua resiliência diante de
desafios aquém do próprio controle, sua
liderança centrada nas pessoas e seu senso
de dono feroz fazem com que a adaptabilidade
seja praticada e aprimorada a cada curva que
a vida faz. Maria lidera com proximidade e
transparência porque entende que a prioridade
número um são pessoas – gestão,
treinamento, ajustes, estratégia, tudo que faz é
centrado em pessoas. E isso requer muita
adaptabilidade sem perder a determinação.
A resiliência, a capacidade de se
recuperar de contratempos e desafios, é outra
habilidade crítica para as mulheres que
buscam o empoderamento. Roseane Vitória,
uma jovem de 21 anos de Diamantina, Minas
Gerais, é uma das finalistas no processo
altamente seletivo da Universidade de
Stanford. Roseane sonha em “ajudar as
pessoas” e em “resolver problemas reais”. A
sua capacidade de enfrentar todo e qualquer
desafio sem perder de vista seu sonho ou a
ternura nas palavras, me impactaram
profundamente. Ao entrevistá-la essa semana
como parte do meu voluntariado para
selecionar brasileiros de alto potencial para
ingressar na faculdade americana, Roseane
comprovou que mulheres fortes estão em todo
lugar.
Ao completar o ensino médio no ano da
pandemia, seus planos de ensino superior
foram pelos ares. Com uma irmã debilitada e a
mãe cuidadora de idosos, além de um irmão
adotivo, Roseane prioriza sustentar a família
com seus três empregos, sete dias por
semana. Sua jornada serve como um
testemunho do poder da resiliência para
superar adversidades e perseguir o sucesso.
Ela é um exemplo de como muitas de
nós nos colocamos em segundo lugar e muitas
vezes nos perdemos com as obrigações que
tomamos para si. Deixamos nosso sonho “para
depois” durante anos a fio. Roseane não quer
deixar isso acontecer. Quebrar barreiras para
ela é, aos 21 anos, estar aplicando para
Stanford, se permitindo seguir seu rumo.
Esses exemplos de força e
determinação quebram preconceitos
inconscientes que limitam o potencial das
mulheres. Ao mostrar a determinação, a
resiliência e a adaptabilidade de mulheres de
diferentes origens, idades, talentos e crenças,
desafiamos estereótipos e redefinimos normas
sociais. Provamos que as mulheres não
apenas são capazes de prosperar em qualquer
ambiente, mas também são agentes
indispensáveis de mudança.
É chover no molhado dizer que a
jornada ao empoderamento está longe de ser
fácil. As mulheres continuam a enfrentar
barreiras sistêmicas e preconceitos arraigados
que impedem nosso progresso. É crucial para
cada uma de nós cultivar e nutrir nossa
determinação, resiliência e adaptabilidade
enquanto navegamos por esse terreno
desafiador. Parece piegas, mas precisamos
acreditar que juntas podemos desmantelar as
barreiras que nos seguram e criar um mundo
em que cada mulher tenha a oportunidade de
alcançar seu potencial.
Estejamos no início, no meio, no ápice,
ou desacelerando, o caminho para o
empoderamento é pavimentado com
determinação, resiliência e adaptabilidade. Ao
abraçar essas habilidades e aprender com os
exemplos de mulheres fortes, podemos romper
preconceitos inconscientes e forjar um futuro
mais equitativo para todos. Enquanto continuo
minha jornada, sou inspirada pelo espírito
indomável das mulheres que se recusam a ser
limitadas pelas expectativas da sociedade.
Com empatia e ternura, continuaremos a
desafiar as expectativas e a traçar nossos
próprios destinos.
SZKURNIK, Iona. Mulheres fortes estão em todo lugar. Forbes
Brasil, 29 de fevereiro de 2024. Disponível em:
https://forbes.com.br/forbes-mulher/2024/02/mulheres-fortesestao-em-todo-lugar/. Acesso em: 29 fev. 2024. Adaptado.